Regulus Black, filho Orion e Walburga Black, um dos dez casais mais influentes da Grã-Bretanha. Os dois participavam de eventos de caridade apenas para se mostrar, como num ato de enaltecer a si mesmos, como se para mostrar que eles eram bons e melhores do que os outros, melhores até mesmo daqueles que não podiam fornecer ajuda. Eram preconceituosos com quase todo e qualquer tipo de diferença que pudesse haver, e eram temidos por quase todos. Não apenas Orion e Walburga, mas os primos de Regulus também - Bellatrix e Narcissa e os pais delas, Cygnus e Druella. 

Eles eram a elite da cidade, e eram temidos e admirados na mesma medida. Bellatrix e Narcissa eram cercadas de "amigos", se é que eles poderiam ser chamados assim. Essas pessoas as acompanhavam e praticamente lambiam o chão onde elas pisavam, mas Regulus nunca exerceu o poder dos pais para ser enaltecido, muito pelo contrário. O jovem Black ficava sempre nas sombras, preferindo não ser visto por ninguém. Seus olhos, quando não estavam fixos no chão, observavam atentamente a tudo a sua volta, sem interação alguma. 

Regulus estava sentado no sofá de casa, sozinho. Aparentemente, os pais achavam que o filho precisava de alguma privacidade para estar com os amigos. Mal sabiam eles que Regulus não tinha nenhum. Balões de festa coloridas voavam pela sala, deixando o chão bagunçado e algumas até mesmo caindo em cima do bolo, deixando o desenho da serpente de glacê em cima deste distorcido. 

Sirius, irmão de Regulus, tinha oferecido convidar alguns de seus amigos para a festa, e ele logo desviou da proposta. Os amigos de Sirius não gostariam dele, com toda a certeza. Eram todos corajosos, brincalhões, espirituosos e com o humor negro afiado igual ao de Sirius. Regulus gostaria deles, mas o contrário não aconteceria de modo algum. 

Bravos, populares, chamavam atenção de todos. Não era o tipo de pessoas com quem Regulus andava, não que houvesse um tipo, é claro. Ele não andava com ninguém. 

Os olhos fundos do garoto estavam fixos nos balões coloridos no chão, desviando ocasionalmente para a parede. Ninguém tinha vindo, e ninguém viria. Regulus começou a pensar se ter permitido que Sirius convidasse seus amigos poderia ter sido uma boa ideia, mas logo tirou isso da cabeça. Ele não tinha amigos. Ele estaria sempre sozinho. Regulus não queria usar o poder da sua família para fazer com que outros adolescentes o visitassem no seu aniversário, e não tinha feito isso. Ele apenas tinha colocado a sua maldita alma, dado o seu sangue para colocar a sua maldita letra cursiva em cada maldito papel de carta, e nenhum deles viria. Por que diabos ele tinha feito aquilo?, era a pergunta que se passava pela sua cabeça. Todo aquele trabalho, toda aquela preocupação... Teria sido bem mais fácil pagar alguém para fazer o serviço de montar um convite de festa de aniversário, mas Regulus tinha cismado em colocar sua letra cursiva bonita e arredondada em cada um dos convites. Talvez no fundo ele achasse que, se as pessoas vissem que ele se deu ao trabalho de escrever os convites um a um, elas viriam a festa, mesmo que por pena. 

Foi ao ter essa percepção que a primeira lágrima escapou dos olhos do jovem Black, e também foi quando ele percebeu que, por essa primeira ter caído, as outras não tardariam a fazer o mesmo. Foi ao ter essa percepção que Regulus percebeu que, se as pessoas tivessem ido à sua festa de aniversário por pena, também não seria nada melhor do que a ausência delas. 

Foi ao ter essa percepção que Regulus percebeu que não era nada a não ser um garoto solitário. Que não era nada a não ser um garoto que só tinha essa opção - ser solitário e continuar preso na própria solidão. Preso na própria gaiola de ouro, cheio de luxo, mas, mesmo que, para os outros, não parecesse... Continuava sendo uma gaiola.