Te Espero a Ti escrita por R_Che


Capítulo 3
Capitulo 3




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Rachel estava nervosa já sentada no restaurante combinado. Chegou antes de Quinn e quando viu a loira chegar, percebeu que felizmente tinha acertado no dress code. Quinn tinha-se arranjado um bocadinho mais, e Rachel estava com um vestido bege e um blazer preto que lhe ressaltava os olhos.

Quando a loira bateu o olho nela, ouviu de novo Olivia na sua cabeça a dizer que aquele sentimento não tinha passado. Quinn sentiu as borboletas e o friozinho na barriga como se fosse a primeira vez que vira Rachel. Mas esta Quinn não reagia mal a esses sintomas como a de há anos atrás, esta sorriu disfarçando e deu um beijo na cara de Rachel com carinho sentando-se de seguida na cadeira em frente a ela. 

— Desculpa o atraso, mas tive de voltar para trás quando percebi que tinha deixado o telemóvel em casa. - disse Quinn com um sorriso rasgado. Rachel tinha um tão ou mais grande que o dela. 

— Não faz mal nenhum, eu cheguei há muito pouco tempo também. 

— Como estás? - perguntou Quinn simpática. 

— Bem, estou feliz de te reencontrar. E curiosa confesso. 

— Curiosa?

— Sim. Pareces realmente diferente. 

— O que é que queres saber Rach? - perguntou Quinn directamente com um sorriso carinhoso. A morena envergonhou-se mas sorriu de volta. 

— O teu estilo, essa tatuagem que tens no pescoço, as roupas menos convencionais, a tua descontracção...

— Nunca achei que acreditasses muito em estereótipos. 

— Como assim? - Rachel ficou confusa, e Quinn por vê-la confusa confundiu-se também. 

— Qual é a tua teoria?

— Não tenho, e é isso que me desperta curiosidade. O que é que te aconteceu? - Quinn percebeu de imediato que Rachel achava que ela tinha passado por algum trauma que a tinha mudado, e decidiu que não podia deixá-la a acreditar em ilusões. 

— Vou-te contar, mas vou começar pelo inicio. - disse Quinn simpática. 

— Não quero que te sintas na obrigação, realmente não tenho nada a ver com a tua vida, desculpa se te deixo desconfortável. 

— Nada Rachel. Eu não o era há 10 anos, mas hoje em dia sou uma pessoa bastante bem resolvida. - a morena sorriu ao ouvi-la dizer isso, mas era um sorriso sincero. - A última vez que nos vimos eu tinha acabado uma relação com um professor meu da faculdade e tinha começado uma com o Puck, lembras-te disto?

— Perfeitamente. Ele era um auto-centrado e sem noção. - Quinn riu-se. 

— Sim, de facto. Então, entretanto o Puck estava no exército e viamo-nos poucas vezes, mas a minha vida social naquele ano era muito activa. Estava já no último ano de faculdade e sabes que quando és sénior as festas começam a ser mais pesadas e frequentes. - Rachel seguiu curiosa tudo o que dizia Quinn. - Numa das festas bebi demais e estava bastante desinibida embora me lembre de tudo daquela noite e acabei por me envolver com a minha colega de quarto. - A morena corou de imediato, Quinn sorriu ao perceber mas continuou. - A verdade é que ela era uma mulher super atraente e muito bonita, por isso não foi dificil sentir interesse nela. Não foi a minha primeira experiência, porque... 

— Santana. - disse Rachel baixinho, e Quinn confirmou com a cabeça. 

— Mas foi diferente, porque com a San eu não consegui olhar para aquilo como mais do que uma experiência, ela era a minha melhor amiga e foi uma experiência engraçada, já com a Amaya a coisa foi diferente, porque era desejo e era interesse. - Rachel mexeu-se desconfortável na cadeira. - A verdade é que depois dessa noite nós começamos uma relação bastante... diferente da que tinhamos, por assim dizer.  - E agora foi Quinn quem se envergonhou. - Bom, mas voltando ao Puck, ele chegou e depois de estar com ele percebi que nunca tinha tido interesse de verdade em homens. Contei-lhe e ele, por mais que tivesse o orgulho ferido, não é um santo, eu sabia que ele tinha várias aventuras, mas não me incomodava porque realmente o meu sentimento por ele sempre foi de melhor amigo. 

— Sempre achei que a vossa história era especial, que vocês gostavam genuinamente um do outro. - disse Rachel com cuidado.

— E gosto, é o homem da minha vida. - responde Quinn divertida. - É o pai da minha filha e tenho uma ligação eterna com ele, mas a realidade é que não é bem o meu género para determinadas finalidades... - continuou ela no mesmo tom. - Rachel, eu nesse ano assumi a mim própria que não gostava de homens, e a verdade é que era o último ano e eu estava a encontrar-me finalmente. Então decidi inscrever-me noutro curso, que foi bom porque acabou por ser a minha vocação, para poder continuar a amadurecer as minhas decisões e a minha libertação interna. Hoje tenho a certeza de quem sou por ter tomado a decisão de me manter em Yale nesses anos. 

— Então hoje em dia... - Rachel realmente estava a processar toda a informação e não conseguia verbalizar a maneira correcta de perguntar. Quinn percebeu e facilitou. 

— Hoje em dia sou uma mulher resolvida, que gosta de mulheres e que vive a vida em função das suas escolhas e da capacidade que tem de julgar as consequências delas. - A morena sorriu com a sensação estranha que lhe cresceu na barriga, mas os nervos eram sintomas que se apresentavam assim normalmente. Rachel cresceu com dois pais, não tem qualquer preconceito a respeito, mas a verdade é que vindo de Quinn lhe nascia uma sensação esquisita no corpo. 

— Ninguém do Glee Club sabe disso, não é? Digo, sem ser o Puck. 

— Sabe o Blaine. Há coisa de 2 anos encontrei-o num bar onde ele estava a tocar e tomamos um copo juntos. Acabei por lhe contar porque estávamos divertidos a falar nas voltas que a vida dá. Mas depois disso troco uns emails com ele de vez enquanto mas nunca mais nos vimos. Foi aqui em NY. - Rachel sorriu ao ouvir falar de Blaine. 

— E... sei lá, depois tiraste arquitectura e vieste para cá trabalhar. 

— Sim, exacto. - Quinn sorriu. - Demasiada informação? Porque percebi que havia qualquer coisa que não te estava a fazer sentido, mas acho que estavas a ir pelo caminho errado. Não te quero induzir em erro Rachel, a minha mudança não é consequência de nenhum trauma ou acontecimento esquisito na minha vida.  

— Pois, eu não estava à espera confesso, achei que tinha acontecido alguma coisa, porque a última vez que te vi mudar de estilo..- Quinn riu-se à gargalhada. 

— Já não tenho a tatuagem daquele personagem no corpo. Fiz-lhe uma caveira mexicana por cima. - e voltou a rir-se mas desta vez acompanhada por Rachel. 

— Imagino que tenhas imensa saída... - começou a dizer Rachel mas arrependeu-se. Quinn achou fofo e riu-se. 

— Não me posso queixar. Costumo frequentar um bar de duas amigas, todas as noites lá vou e normalmente saio acompanhada. - A morena franziu a testa descaradamente. 

— Quinn Fabray és uma espécie de playgirl? - disse ela em repreensão, o que fez Quinn gargalhar de novo. 

— Depende do ponto de vista. O meu trabalho consome-me muito tempo, e não acredito que exista alguém que queira aturar o meu feitio o tempo inteiro, por isso não tenho nem tempo nem disponibilidade para relações sérias. - Rachel revira os olhos mas Quinn nota-lhe alguma nostalgia. - Podemos parar de falar de mim? Quero saber de ti. 

— Não queres, acredita. - disse ela deprimida. 

— Quero sim. És uma diva da Broadway que eu percebei no outro dia que se sente incompleta. Conta-me. 

— Eu preferia ser a Rachel Berry. De que te vale realizar o teu maior sonho se mais nenhum vai ser o suficientemente forte para te motivar a seguir em frente?! 

— Rachel, o que se passa? - perguntou Quinn com calma e preocupação. Rachel achou ridiculo estar a mudar a conversa para outro tom e decidiu esboçar um sorriso. 

— Nada. Vamos falar de outras coisas. Eu contei-te que mantenho contacto...

— Não. - disse Quinn enquanto agarrava na mão dela. Mas no mesmo momento a largou com o choque eléctrico que sentiu. Rachel sentiu o mesmo e corou. - Quero que me contes o que ias contar. - concluiu Quinn disfarçando. 

— Realmente não creio que seja um bom momento para falar nisto, é mais do mesmo. É como se estivesse às voltas no mesmo assunto, mas não o verbalizo. 

— Verbaliza agora. - acrescenta Quinn com segurança. Rachel sorri com carinho. 

— Estou um bocado cansada da rotina. É sempre a mesma coisa. Não tenho nada de novo na minha vida há anos. Actuo, volto para casa, volto a actuar, ganho um prémio, volto para casa, volto a actuar, e assim sucessivamente. 

— E os teus amigos? Um namorado? - Embora quase que se lhe cortava a voz a perguntar, fê-lo. 

— Soubeste do Brody, verdade?

— Sim, e não achei muita graça enquanto tua amiga, se queres que seja honesta. 

— Pois, ninguém achou. Aquilo morreu ali, e depois estive com o Jesse de novo. 

— Pois... - disse Quinn com tom depreciativo. 

— Soubeste?

— Eu li qualquer coisa a respeito. Aliás, achei que ainda estivesses com ele. 

— Acabou há 3 anos. Já não dava. Ele é totalmente compatível comigo profissionalmente, temos muitos gostos em comúm e tal...

— Mas isso não chega, se tu quisesses uma pessoa igual a ti é que era estranho. 

— Exacto! Eu gosto muito do Jesse, mas o meu amor por ele é mais de amigo que de qualquer outra coisa. 

— E depois do Jesse? - perguntou Quinn curiosa.

— E depois do Jesse fiquei comigo. - respondeu Rachel envergonhada. - Não há depois do Jesse. - Quinn surpreendeu-se mas ao mesmo tempo respirou de alivio. 

— E isso deixa-te triste? 

— Não é isso que me deixa triste. Os meus melhores amigos vivem do outro lado do país, a minha amiga mais próxima aqui é casada e tem dois filhos pequenos, pelo que o seu tempo é curto. Neste mundo não fazes amigos Quinn... - a arquitecta começou a rezar automaticamente para que não lhe saísse pela boca o que estava prestes a sair, e foi em vão, porque disse-o e disse de uma maneira bastante segura e confiante. 

— Então fico muito feliz que nos tenhamos reencontrado, embora eu seja uma pessoa diferente de quem estavas à espera, porque não penso perder mais o contacto contigo, e vamos divertir-os muito nesta cidade. - Rachel olhou para Quinn com um brilho nos olhos que a encandeou, e a loira percebeu perfeitamente que lhe devia aquilo por todo o mal que lhe fez em miúdas. 

— Nunca usamos os bilhetes de comboio. - disse Rachel com um sorriso esperançoso. 

— Pois não, mas agora já não precisamos deles, parece que somos vizinhas de novo. 

 

—x-

 

— Ou seja, prometeste que ias fazer parte da vida dela. - disse Olivia com um sorriso malandro. 

— Sim, basicamente. Mas quando lhe vi o brilho nos olhos, não consegui arrepender-me. 

— Mentirosa. 

— Como? - perguntou Quinn quase ofendida. 

— A desculpa do brilho nos olhos não pega, achas mesmo que eu acredito que tu não querias tê-la por perto?

— Olivia por favor. Eu sei perfeitamente que a Rachel vai ser uma tortura para mim, achas que queria isso?

— Claro que querias. E queres. Aliás, tu vais dar conta dessa tortura sozinha. - disse a mulher com convicção. - Tens de a trazer cá. Quero conhecê-la. 

— Credo, estás louca! Nunca na vida. 

— Porque não? Vais começar a ir à concorrência quando saíres com ela? Achas isso justo para com as tuas amigas? - perguntou Olivia ofendida. 

— Não dramatizes. Isto não é o género dela. 

— Convida-a a primeira vez numa quarta-feira. Sempre há música ao vivo e não são só mulheres desesperadas para ir para a cama contigo. - sorriu a mulher maldosa. 

— És terrível. 

— Quero conhecê-la, já disse e não volto a dizer. 

— Vou pensar no teu caso. - respondeu Quinn com autoridade mas com um sorriso pequenino no rosto. 

 


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Notas finais do capítulo

Vai melhorando?
Bejio



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