O Leão e a Donzela de Safira escrita por ludif
Notas iniciais do capítulo
Os capítulos seguem estritamente paralelos.
Brienne POV
Ela cavalgava com o queijo erguido. Jamais ia deixar aqueles homens saber da vergonha que assomava em seu interior. Vergonha por ter sido derrotada. Vergonha por não ter cumprido a missão que a senhora Catelyn lhe confiou. Vergonha por ter sido enganada e desafiada por mercenários.
"Ei, quando eles vieram a noite, não lute. Será mais fácil e acabará rápido"
Brienne tinha que admitir que levara alguns segundos pra entender do que o Regicida estava falando mas notou nesse momento que o olhar que os homens lhe dirigiam não era apenas de vigilância de um prisioneiro. Eles a desejavam. Em nenhum momento se sentiu lisonjeada. Sabia que esse tipo de homem olharia da mesma forma pra uma porca perdida na mata: qualquer coisa com uma 'buceta quente' é bom o suficiente pra enfiar os pênis imundos deles.
O Regicida a olhava exasperado. Ele realmente não entende. Não entende o que é ser mulher. Sempre foi homem, rico, loiro, lindo, famoso. Brienne nunca fora nada disso - bom, rica, talvez, mas mesmo assim. Ela duvidava que ele soubesse como era ser do sexo feminino nesse mundo. Estranhara o aviso, mas daí lembrou que ele tinha uma irmã gêmea. Quem sabe crescer ao lado de uma cópia feminina não o fez enxergar melhor alguns augúrios de seu sexo, mas ainda assim, ele jamais entendera de verdade. E jamais entenderia.
Escureceu e os homens a amarrou junto ao loiro numa árvore. Ele parecia mais entediado que cansado mas a essa altura já se acostumara com essa expressão. Tinha que admitir:o Lannister nunca reclamava. Parte do motivo pelo qual ela também não se deixava abater era pra não mostrar fraqueza diante aquele homem que parecia não sentir o estômago embrulhar de fome ou a garganta arder de sede.
A noite chegou e com ela, os homens se animaram. A arrastaram sem cerimônia pra um arbusto próximo. Se acharam que ela iria sem lutar, acharam errado. Mesmo amarrada era grande e forte e há muito aprendera a lutar com homens maiores do que aqueles mercenários mal nutridos. rasgaram-lhe o blusão. Ela se remexia, chutava, mordia, socava. E lhe batiam de volta. Eles eram maioria. Mas não importa. Não iria ceder.
Brienne resistia cada vez menos. Nunca cederia mas eles eram três e ela uma. E uma desgastada pela viagem, exaurida pela luta, enfraquecida pela fome. Lágrimas vazavam de seus olhos. Lágrias de desespero, medo, raiva. Até que ouviu a voz do Regicida meio longe.
"Não vai querer macular a herdeira de Tarth"
"Que me importa isso?"
"Não conhece Tarth? Provavelmente não, sendo nortista... Tarth é chamada de Ilha Safira por um motivo..." - Não sabia o que ou porquê ele falava isso mas após muito tempo, rezou para a Mãe, mesmo em meio a luta. "Tenho certeza que o pai dela pagaria seu peso em ouro - ou safiras - se você pedisse.. Mas ela teria que estar... Intocada. Afinal, que pai conseguiria um bom casamento pra uma filha desvirtuada?"
Brienne ficou tão surpresa quanto os homens quando o líder chegou até onde estavam e mandou que lhe soltassem. Mas ainda quando ele a ajudou a levantar e a levou para mais perto da fogueira.
Ela não encontrava palavras nem mesmo em seus pensamentos. Sabia que não podia dizer nada mas também não seria capaz nesse momento. Olhou para o loiro que a encarou de volta. Havia um ar de riso em seu semblante, até um pouco de orgulho. Comeu o caldo ralo que lhe ofereceram antes de a amarrarem de volta à árvore. Sentada de costas a ele, quis agradecer.
"Tarth é chamada de Ilha Safira pela cor das águas ao seu redor..." - foi o que saiu no lugar.
"Eu sei. Quer contar a ele e voltar com seus amiguinhos pro arbusto?"
Não havia necessidade de resposta.
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