Pov. Kagome

— Tem certeza disso, menina Kagome? — Kaede perguntou levemente preocupada.

— Não há problemas! Nesse estado, a senhora deve descansar! — Falei arrumando minha mochila — Se eles precisam de uma miko para o festival, eu irei em seu lugar!

— O Festival de Tsukiyomi é muito importante para eles, afinal ela é a protetora daquela vila!

— Certo, certo! — Coloquei minha bolsa na costa — Não vou lhe decepcionar! Tchau, Kaede!

— Tchau, minha querida! — Ela falou deitada em seu futon, gripada aos cuidados de Sango e Rin.

Pedindo para que kirara me levasse até lá, pousando ainda um pouco distante, pois não sabia se lá permitiriam a presença dela.

Cheguei andando e me direcionaram para o templo... lá eu vesti a roupa que usaria para o Kagura miku, uma dança que Kaede me ensinou, a roupa era azul meia-noite bordada com flores de lótus detalhadas, os Taikos começaram a tocar me avisando que era hora da apresentação, peguei os leques com símbolos da lua e subi no pequeno palco, com o rosto impassível sem olhar muito para os que assistiam para não ficar mais nervosa do que já estava, comecei a dança.

Pov. Kimiko

Estou sentada ansiosamente a espera de Satori-hime, que poderá chegar a qualquer momento com notícias de meu noivado, como hime da Terra do Norte estou prometida para o Lorde do Oeste acho que desde sempre... de fato, não me lembro de uma época a qual não era noiva do Lorde do Oeste.

Fui praticamente vendida pela proteção do meu reino das constantes invasões do Leste, que desde a morte do meu pai é governado pelo meu irmão, um youkai tolo e fraco, que pensa que todos podem ser enganados, mas sinceramente o único que ele engana é ele mesmo.

“Um reino governado por um rei tolo é fraco e sem futuro! ” Quantas vezes eu ouvi isso, o lema que meu pai sempre falava, quem imaginaria que seu filho seria esse tolo. Queria apenas ter a força para tirá-lo do trono, mas sei que ele espera que eu o faça para ser acusada de traição, minha única esperança de salvar meu reino é esse casamento.

Perdida em pensamentos, não escutei quando Satori-hime pousou em meu jardim, fui desperta com ela tocando em meu ombro.

— Você... distraída? Que raridade! — Ela falou e sorri, fazendo uma mesura para me desculpar — Não há necessidade de se desculpar — Ela sorriu.

Pov. Satori-hime

Olhei para ela e dava para ver quão ansiosa ela estava com a minha chegada, suspirei enquanto aqueles olhos púrpuras me encaravam, Kimiko nasceu quando sua mãe quase foi purificada por uma miko, a mãe sobreviveu ao ataque, mas não ao parto prematuro que ele acarretou. Nasceu fraca e tinha todas as chances de não sobreviver e hoje ela completa 120 anos, sendo considerada agora uma youkai adulta.

Lembro-me como se fosse ontem, quando seu pai, um youkai orgulhoso e frio, se curvou diante curvou diante de mim pedindo, se não, implorando para que eu a salvasse, mas mesmo com todos os meus poderes, tive que pedir ajuda a Tsukiyomi, que pediu em troca a voz daquela criança, o grande youkai relutou, mas não havia outro jeito.

— Lorde Katazawa está em seu shiro, Kimiko? — Recebendo como resposta um sinal respeitoso de que sim.

— Devo falar com ele sobre seu noivado! — Ela arregalou os olhos, colocando as mãos em meu ombro, ela sabia que Sesshoumaru não a queria, mas ela não aparentava querer desistir daquilo, uma ideia veio em minha mente.

— Se quer tanto assim casar com Sesshoumaru, vai ter que conquistá-lo! — Ela parou para prestar atenção e acabei soltando um suspiro — Vou avisar a Katazawa, você irá comigo para o Oeste!

Ela sorriu e se levantou, fez uma leve mesura e foi em direção a seus aposentos.

“Não pensou nem duas vezes em sair desse castelo! ” Falei olhando ao redor e procurando o Lorde daquelas terras. Quando o encontrei o informei que Kimiko iria comigo, mas ele não pareceu se importar, talvez até desejando que ela não voltasse, talvez pois ele nunca falaria abertamente.

Pov. Sesshoumaru

Estava voltando para meu castelo, quando senti seu cheiro, deixando Jaken e os outros dois para atrás, sem pensar muito apenas estava a seguir o cheiro, cheguei a uma vila no meio de um festival, olhei para aquela vila e reconheci onde eu estava. Resolvi que era melhor sair dali, já que aquela era a aldeia da mãe de Inu Yasha, a aldeia em que Inu Taishou a conheceu.

O taikos começaram a tocar, me fazendo parar de imediato, pela energia do local, Kagome era a única miko no festival e estaria dançando naquele momento, fui em direção a vila, minha fera interior queria vê-la e não nego que não estou fazendo nenhum tipo de resistência a ela.

Quando cheguei ao centro da vila, lá estava ela, com os símbolos de Tsukiyomi em suas roupas, agora sabia qual era aquele festival e poderia achar irônico a coincidência se não estivesse a olhando, seus movimentos eram suaves, prendendo minha atenção completamente, o semblante compenetrado, como se estivesse perdida em pensamentos, tudo que estava vendo ali, agitou algo dentro de mim.

Quando a dança acabou, notei duas presenças conhecidas ao meu lado, olhei para elas apenas para confirmar e lá estavam Satori-hime e Kimiko-hime, que também olhavam para o palco, os humanos ao nosso redor também pareceram nos notar junto com Kagome, mas ao invés de correrem de medo, gritaram de alegria, como Tsukiyomi era nossa regente, nossa presença ali não era vista como uma maldição e sim, uma benção.

— Que coincidência o encontras aqui, meu filho! — Satori falou me fuzilando com os olhos — A Deusa da Lua com toda a certeza queria que nos encontrássemos hoje!

Não falei nada, ainda observando Kagome, de canto de olho, que vinha em nossa direção no meio da multidão e ela continuou:

— Tsukiyomi, com toda certeza abençoa o seu noivado! — Vi a miko estancar no lugar no mesmo momento e soltei um rosnado de alerta a Satori, ela se aproximou de mim e falou baixo apenas para que eu a escute — Está nas terras de Kimiko, é sua vez de mostrar seu respeito!

— Creio que não saiba o que me trouxe aqui! — Eu falei no mesmo tom irônico, mas para que tanto Satori quanto Kimiko me escutassem — Katazawa está querendo tomar minhas terras, mandando lacaios para me derrotar! Se já não desejava esse noivado, considere que ele agora está cancelado! — Me virando para ir embora.

Pov. Kimiko

Ao escutar aquilo eu entrei em desespero, não podia estar acontecendo, não... Era aquilo que Aoi queria, desfazer meu noivado “Kami-sama, me ajude” pensei olhando para o templo de Tsukiyomi que ficava em um morro acima da vila, corri em direção com os olhos em lágrimas, segurei sua mão.

Ele me encarou friamente, mas eu não me importava “Tsukiyomi, eu lhe imploro, eu preciso da ajuda dele”, foi quando a menina que dançava veio em nossa direção, entrei imediatamente em guarda por ser uma miko, até notar sua aura.

Aquela não era mais a miko que estava dançando, sua roupa havia mudado, estava negra com várias fases da lua e o céu estrelado bordado nela, aquele era tsukiyomi diante de nòs. Ele parou na minha frente e eu fiquei imóvel, encostou a mãos em meu pescoço, olhando em meus olhos.

— Minha criança, como cresceste! — Ele falou e notei um brilho forte em suas mãos — Esperava seu retorno a esse templo!

— Tsukiyomi-sama! — Falei, entrando em choque “Eu falei! ” E lágrimas se tornaram mais espessas.

— Este é o presente de seu pai a você, pelo dia de hoje! — Ele sorriu, colocando as pontas do dedo indicador e médio na minha testa — E esse é o meu!

Depois disso, eu desmaiei.

Horas depois, já estava anoitecendo...

Pov. Kagome

Acordei sobressaltada, olhando ao redor, estava em um quarto luxuoso e bem espaçoso, vi uma porta de correr e fui em sua direção, dando de cara com uma varanda e um imenso e jardim, olhei para os lados e sentado a alguns metros de mim, Sesshoumaru me olhava, o que me fez corar imediatamente.

— Vejo que está melhor! — Ele falou de forma fria, voltando a olhar o jardim.

— O que aconteceu? — Falei e notei seus olhos arregalarem levemente.

— Do que você se lembra, humana? — Ele falou, e eu tentei buscar na minha mente algo, mas vinha apenas flashes, me sentando do seu lado.

— Eu lembro do Matsuri... me lembro de dançar e.... — Disse fechando os olhos — Não.... Nada! O que aconteceu?

— Tsukiyomi possuiu seu corpo, para devolver a voz da noiva de meu filho! — Uma youkai muito parecida com Sesshoumaru apareceu, sendo seguida por outra, mais jovem, logo atrás de cabelos vermelhos e olhos púrpuras, muito bonita —Nós, Satori-hime e a Kimiko-hime, viemos te agradecer!

— Muito Obrigada, Senhorita Kagome! — A jovem fez uma mesura e se retirou seguindo Satori-hime de volta para dentro do Shiro.

— Sua noiva, Sesshoumaru-sama? — Ah, Kagome... Kagome! Ele provavelmente não vai se dar nem ao trabalho de te responder, afinal o que você é para ele, nada, mas mesmo assim...

Pov. Inu Yasha

Estava a mais de um dia a procura de Kikyou sem nenhum sucesso, subindo na maior árvore que encontrei para descansar, ocultando meu cheiro e presença sempre, pois se ela estava fugindo de mim, no momento que me sentisse por perto sairia para o mais longe que pudesse.

Suspirei, já tinha anoitecido e eu tinha apenas aquela noite antes da lua nova, mas não voltaria sem ela. Eu estava olhando para o céu noturno, quando o vi, estava longe, mas eu sabia que era o familiar de Kikyou, prontamente o segui, pulando de galho em galho, oculto pelas folhas, enquanto o via entrar em uma casa abandonada.

Quando entrei, encontrei Kikyou escorada em uma parede, olhando para o nada, meu coração gelou naquele momento.

— Kikyou! — Me aproximei, ajoelhando no seu lado — Kikyou!

— O que faz aqui, Inu Yasha? — Ela falou igual a primeira vez que nos encontramos depois que reencarnou, de forma fria, distante.

— Eu vim atrás de você! — Eu falei.

— Eu devia estar feliz, Inu Yasha? — Ela falou se levantando.

— Kikyou, por favor, me escuta! — Segurei seu braço, mas ela não se virou para mim — Admito que errei e sei muito bem que errei feio, mas eu estou aqui para te dizer, que eu não vou ser capaz de suportar perder você novamente!

— Você acha que é assim? Me achar, pedir desculpas e está tudo bem? —Ela falou se virando para me encarar.

— Não.... Eu sei que não é tão simples assim! — Falei lhe tocando o rosto — Se você permitir, consertarei meus erros e vou te mostrar que vai ter valido a pena, me dar uma nova chance. Kikyou, eu amo você!

Pov. Sesshoumaru

— Sua noiva, Sesshoumaru-sama? — Senti o cheiro de lágrimas, enquanto observava a porta por onde sumiram as duas youkais, que eu desejo expulsar de minhas terras, o que me fez olhar para Kagome “Eu era o causador delas? ”

— Ela não é minha noiva... — Falei limpando algumas delas do rosto da miko.

— Mas a sua mãe... — Ela começou a falar, mas eu logo a cortei:

— Satori-hime, já é uma youkai senil apesar da aparência! — Falei escutando rosnados de dentro do castelo — E aparentemente, não entende quando eu digo que não vou me casar! — Escutando novamente um rosnado, aquilo realmente melhorou meu dia.

— E aquela moça que estava com ela?

— Kimiko-hime é uma hóspede, que veio me pedir ajuda! — Falei sabendo que ela também estava a escutar aquela conversa — Ajuda esta que irei oferecer, pois seu pai foi um grande aliado!

Pov. Kagome

Eu o olhava, confusa com tudo aquilo, confusa por estar feliz pelo fato dele não ter uma noiva, confusa por ele estar ficando cada vez mais acessível a mim, chegando a responder boa parte das perguntas que eu fazia. Quando de repente escuto passos rápidos vindos de onde as duas himes haviam saído, Kimiko-hime havia voltado correndo e falou:

— Obrigada, Sesshoumaru-sama! — Notando que havia se entregue, no fato de estar escutando a conversa.

Minutos constrangedores de silêncio, enquanto eu a via ficar vermelha como um pimentão, fez uma mesura e saiu sem jeito, eu segurei o riso, sabendo que ela podia escutar, quando me virei para Sesshoumaru novamente, sentindo o meu rosto esquentar instantaneamente.

Pov. Sesshoumaru

Fui me aproximando lentamente dela, escutando seu coração disparar e seu rosto corar com a minha aproximação, ela tentou se afastar, mas não permiti que o fizesse colocando meu braço ao redor de sua cintura, aproximei meu rosto do dela e fitei aqueles olhos azuis por algum tempo, antes descer até seu pescoço dando leves lambidas e beijos, deixando pequenas marcas nele e tirando um gemido de Kagome.

O cheiro de desejo se tornou evidente, senti as mãos dela em minha nuca e levantei o rosto para beijá-la, sentindo nenhuma resistência vindo da miko, a levantei no colo e a levei até o quarto de onde ela havia saído, fechando a porta atrás de mim.