TWD - Quinta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 11
Sete


Notas iniciais do capítulo

"Pessoal...Este é o Aaron"



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Ao sentir sua mão encostar em minha barriga e me puxar um pouco para trás, abri um dos meus olhos. Na minha frente, a três passos de distância, dormia um Sam de barriga para cima, com um de seus braços sob os olhos e atrás de mim, Daryl tinha finalmente se deitado, depois de passar a noite acordado, vigiando a porta e os caminhantes lá fora. Entre Sam e eu, estava Theodore, deitado sob sua manta vermelha, já de olhinhos abertos e quietinho, com metade da mão dentro da boca.

Coloquei uma de minhas mãos sobre a barriguinha de Theo e com a outra, toquei a mão do caçador. E o fato dele não ter correspondido ao toque, me mostrou que ele já estava dormindo. Com cuidado, me sentei, tirando a mão de Daryl de cima de mim e antes de me levantar, tirei o elástico do pulso e prendi meu cabelo em um coque. Depois de me levantar e pegar meu filho no colo, me afastei do grupo que dormia e fui me sentar nos fundos do celeiro, para poder lhe dar de comer.

Pareceu que depois que passou uns bons minutos que Maggie e Sasha saíram, as pessoas começaram a acordar de vez e isso inclui meu marido, o homem que não dormiu nada, exatamente nada.

— Para de me olhar assim. – Daryl disse baixo, balançando a cabeça negativamente enquanto limpava suas flechas em seu lenço de bolso

— Vá dormir. – Resmunguei, de lábios franzidos

— Já dormi o suficiente.

Resmunguei alguns xingamentos, fazendo com que Daryl resmungasse e antes mesmo de eu poder falar mais uma vez ele deveria dormir, a porta do celeiro se abriu e Maggie colocou a cabeça para dentro.

— Oi. – Ela entreabriu a porta – Pessoal... – Chamou nossa atenção e assim que teve nossos olhares sob si, abriu a porta e entrou, sendo seguida por um homem – Este é o Aaron.

Todos nós nos levantamos, uns mais lentos do que os outros. Enquanto alguns empunhavam suas armas, Daryl atravessou o celeiro rapidamente e foi checar o lado de fora, para ver se não tinha mais ninguém lá.

— Nós encontramos ele lá fora, sozinho. – Sasha anunciou, enquanto o tal de Aaron entrava lentamente, com as mãos levantadas – Pegamos a arma e o equipamento dele.

E como se não bastasse, Daryl deixou sua besta no chão próxima aos seus pés e revistou o homem, enquanto Maggie fechava a porta do celeiro.

— Oi. – O homem nos cumprimentou, totalmente sem jeito

Judith começou a chorar, como se estivesse respondendo o homem e por isso, Rick entregou sua filha para seu menino mais velho. Eu sabia que ela não estava com fome, tinha tomado leite assim que se levantou.... Deveria estar apenas com cólicas ou alguma dor na gengiva.

— Oi. – Eu lhe cumprimentei, lentamente, enquanto colocava a mão protetoramente sob o corpinho do meu filho em meus braços

Aquele homem estava visivelmente desconfortável com a quantidade de pessoas dentro do celeiro e eu apenas queria fazer ele falar, algo que pareceu agradá-lo, dado em conta a pequena expressão de alívio ao escutar que alguém lhe cumprimentou de volta.

— Oi! – Ele disse mais uma vez, rápido, soltando a ar pela boca enquanto olhava brevemente para mim – Eu... – Ele desviou o olhar, ao escutar o grunhido de Daryl perto o suficiente dele e encarou Rick – Muito prazer. – Disse estendendo a mão, e ao dar alguns passos na direção do meu amigo barbudo, parou, quando notou as armas apontadas para ele

— Disse que ele tinha uma arma? – Rick perguntou, olhando para Sasha e ao vê-la afirmar, esperou a mulher atravessar o celeiro para lhe entregar o revolver do homem, e enquanto checava as balas do revolver e Sasha se afastava, meu amigo barbudo deu de ombros, para depois guardar a arma no cós da sua calça – Há algo que você precise? – Ele perguntou, olhando agora diretamente para o homem chamado Aaron

— Ele tem um acampamento próximo. – Maggie nos contou, respondendo à pergunta de Rick – Quer que façamos uma audição para entrar no grupo.

Franzi o cenho, meio confusa, para dizer o mínimo.

Ela disse audição? Teríamos que fazer o quê, um teste para um grupo musical, um exame antidrogas ou algo assim?

— Queria que houvesse outra palavra. – Aaron comentou, olhando-a brevemente – “Audição” nos faz parecer um grupo de dança. – Ele nos deu um pequeno sorriso – Mas isso é só nas noites de sexta. – E ao ver que a piada não foi muito bem-vinda, balançou a cabeça negativamente – Não é um acampamento. É uma comunidade. Acho que todos vocês dariam adições valiosas. Mas não depende de mim. Minha função é convencê-los a ir comigo para casa. – O homem notou nosso longo silêncio e logo acrescentou – Eu sei. Se eu fosse vocês, também não iria. Não até saber exatamente onde estava me metendo. – E então se virou para uma das mulheres que o trouxe aqui – Maggie, pode entregar minha mochila ao Rick? – Minha amiga olhou para ele, e depois de respirar fundo, caminhou em direção ao Rick, tirou a mochila de suas costas e entregou para ele – Há um envelope no bolso da frente. – Aaron ficou alguns segundos em silêncio, observando Rick colocar a mochila dele no chão e abrir o bolso da frente, procurando pelo tal envelope – Não há como convencê-los a virem comigo só falando da nossa comunidade. – E indicou levemente o envelope que Rick estava tirando da mochila – Por isso as trouxe. Perdão, de antemão, pela qualidade das fotos. Achamos uma câmera antiga...

— Ninguém dá a mínima. – Daryl o interrompeu, sério

É, realmente, não estávamos muito interessados naquela informação.

— Você... – Aaron disse lentamente, assim que se virou para olhá-lo – Você tem toda razão. – Ele voltou a se virar para Rick, e ao ver que o homem barbudo já tinha aberto o envelope, disse – É a primeira foto que eu queria mostrar a vocês, pois nada sobre nossa comunidade terá importância ao menos que saibam que estarão seguros. Caso se juntem a nós, estarão seguros. Cada painel nesse muro tem 4,5 metros de altura por 3,5 metros de largura de puro aço, emoldurados por vigas e tubos quadrados de aço laminado. Nada vivo ou morto atravessa nem nossa permissão. – Ele observou Rick se levantar, com a mesma expressão séria de antes e continuou – Como eu disse, segurança é obviamente importante. Na verdade, só há um recurso mais crucial à sobrevivência da nossa comunidade. – Ele comentou com a gente, me fazendo querer perguntar quanto tempo ele demorou para decorar aquele discurso – As pessoas. – Disse, e não pareceu notar o olhar que Rick e Michonne trocaram – Juntos, somos fortes. Vocês podem nos fortalecer ainda mais. – Aaron deu alguns segundos de pausa, para avaliar nossas expressões – Na próxima foto, verá além dos portões. – Vi que o homem engoliu a saliva, ao ver que Rick estava começando a caminhar em sua direção – Nossa comunidade foi construída...

Não sabia se agradecia ou se repudiava a atitude que Rick teve. Meu amigo barbudo atravessou o celeiro, caminhando na direção daquele homem e o acertou com um soco forte no rosto, fazendo-o desmaiar.

— Foi um soco e tanto. – Comentei como quem não quer nada, enquanto Rick se afastava do homem desmaiado – Depois peça pra Kylie verificar se você não quebrou seus ossos.

Rick resmungou, balançando a mão no ar enquanto voltava ao lugar em que estava anteriormente.

— Só para esclarecer, - Mich disse meio baixo, para Rick – não era um olhar de “Vamos atacar o cara”. – Ela resmungou, balançando a cabeça negativamente – Era de “Ele parece legal para mim”.

— Precisamos verificar. – Rick lhe disse, olhando brevemente para o homem – Esvazie a mochila. – Pediu, olhando para seu filho – Vamos ver como esse cara realmente é.

— Rick. – Michonne o chamou, mas não obteve a atenção dele

— Todos os demais, precisamos observar todos os lados. – Rick chamou nossa atenção – Estão vindo atrás de nós. Podemos não saber como ou quando, mas estão.

Daryl se abaixou perto do corpo de Aaron e coma ajuda de Carol, revistou melhor o homem, enquanto do outro lado do celeiro, Carl revirava sua mochila. Metade do grupo começou a se mover pelo celeiro, indo até as frestas das janelas de madeira e ficaram lá, observando.

— Sasha e eu não o vimos. – Maggie disse a Rick, estava abaixada perto do corpo do homem, observando seus dois amigos trabalharem – Teria nos machucado se quisesse.

— Alguém está vendo algo? – Rick perguntou alto, ignorando a mulher

— Apenas muitos lugares para se esconder. – Glenn lhe respondeu, um pouco mais afastado de nós

— Certo, – Rick disse, afirmando com a cabeça, enquanto andava de um lado para o outro – continuem observando. – Eu o observei parar o que estava fazendo e caminhar em direção ao seu filho e a mochila – O que encontrou?

— Nunca vi uma arma assim antes. – Escutei Carl comentar e mesmo meio longe, pude ver a arma de flare

Desviei minha atenção deles e olhei para o corpo caído no meio do celeiro, respirei fundo, não acreditando no que eu mesma iria fazer. Caminhei até Sam e lhe entreguei meu filho, algo que ultimamente, eu estava fazendo muito. E assim que me distanciei dos dois e me ajoelhei perto do homem caído, com as mãos amarradas nas costas e agora rodeado por novas pessoas, conferi o trabalho que Kylie estava fazendo.

Ela estava colocando um simples pano molhado na testa do homem e mesmo sabendo que não teria muita coisa que poderíamos fazer, achei que talvez, ele precisaria de mais alguma coisa.

Mas ao ver o corpo do homem reagindo ao pano molhado, mudei de ideia.

Ele estava começando a acordar e estava.... Sorrindo?

— Foi um belo cruzado de direita, Rick. – Foi a primeira coisa que Aaron disse ao retomar a consciência

— Sente-o. – Rick mandou, olhando do homem para Michonne, que estava agachada ao meu lado, perto do homem

— Acho que é melhor...

— Tudo bem. – Aaron interrompeu Kylie, e logo em seguida, abriu a boca algumas vezes, acho que para ver se estava tudo no lugar

— Ele está bem. – Rick disse, meio sem paciência – Sente-o.

Michonne crispou seus lábios e com nada de delicadeza, puxou o homem para cima, para sentá-lo. Ao escutá-lo gemer de dor, Kylie colocou a mão brevemente em suas costas e o ajudou a se arrumar no chão.

Parece que uma vez paramédica, sempre paramédica.

— Estão sendo cautelosos. – Aaron comentou com a gente, balançando a cabeça positivamente – Entendo perfeitamente.

— Há quantos de vocês lá fora? – Rick perguntou sério, assim que o homem deu uma pausa no que estava dizendo – Tem um sinalizador. – Ele ergueu levemente o flare que segurava, para mostrar para o homem – Deve avisar ao seu pessoal. Quantos estão lá fora? – Perguntou novamente

— Isso importa? – Aaron perguntou de volta, logo em seguida

— Sim. – Rick lhe respondeu – Sim, isso importa.

— Quero dizer, claro. – Aaron lhe disse, enquanto balançava levemente a cabeça – Importa quantos estão mesmo lá fora, mas importa quantos eu falar? Tenho certeza que seja qual número eu der, - Ele respirou fundo, antes de falar – oito, – Disse, e deu uma pequena pausa, apenas para ver nossas reações – trinta e dois, quatrocentos e quarenta e quatro, zero... – Balançou a cabeça negativamente – Não importa o que eu diga, não vai acreditar.

— É. – Rick retrucou – É meio difícil acreditar em qualquer um que sorri logo após um soco na cara.

— Que tal acreditar em quem deixa garrafas de água na estrada para vocês na estrada? – Aaron perguntou logo em seguida, chamando toda a nossa atenção para suas palavras

Vi Rick olhar diretamente para o lado, onde Daryl estava de pé e depois, os dois olharam para as garrafas de água que estavam em cima de uma caixa, as mesmas das estradas, porem agora, tiradas da mochila daquele homem.

— Há quanto tempo estão nos seguindo? – Daryl praticamente rosnou sua pergunta, enquanto dava alguns passos na direção do homem

— O bastante para ver que praticamente ignoram um bando de errantes em seu caminho. – Aaron lhe respondeu e eu fechei meus olhos por alguns segundos, começando a ficar irritada com nós mesmos, me perguntando como que não escutamos nada incomum – O bastante para ver que mesmo faltando comida ou água, nunca se viram contra os outros. Vocês são sobreviventes e são pessoas. – Ele respirou fundo, olhando diretamente para Rick – Como eu disse, e espero não levar outro soco ao repetir, este é o recurso mais importante do mundo.

Respirei fundo, enquanto me levantava do chão e dava algumas batidinhas em meus joelhos, para tirar o feno. Como nós não percebemos que tinha alguém nos seguindo?

— Quantos estão lá fora? – Rick voltou a perguntar, se aproximando alguns passos de onde Aaron estava sentado, depois de ter recebido nossos olhares

— Um. – Aaron lhe respondeu, e desta vez, não sorriu. Mas ao ver a expressão no rosto de Rick, ele balançou a cabeça negativamente – Sabia que não acreditaria. Se não são palavras, nem fotos, o que é preciso para convencê-los que é para valer? –  Ele nos perguntou, olhando para os nossos rostos – E se eu os levasse à comunidade? Todos vocês.se sairmos agora, chegaremos na hora do almoço.

— Não sei como dezenove de nós caberão no carro em que você e seu amigo vieram. – Rick disse para ele, depois que o homem terminou de falar

— Viemos separados. – Aaron nos contou, logo em seguida – Se achamos um grupo, queremos conseguir levar todos para casa. Tem espaço para todos nós.

— E estacionou a poucos quilômetros, certo? – Carol lhe perguntou

— Leste da Ridge Road, logo após a Rota 16. – Aaron contou, e logo em seguida balançou a cabeça negativamente – Nós queríamos parar mais perto, mas a tempestade bloqueou a estrada. Não conseguimos passar.

— Sim, você realmente pensou em tudo. – Rick comentou com ele, apoiando a mão no coldre onde seu revolver estava

— Rick, se eu quisesse emboscá-los, faria isso aqui. – Aaron lhe disse, parecia meio perplexo – Queimaria o celeiro enquanto dormem, capturando-os ao correrem pela única saída. Pode confiar em mim.

Passei a mão pelo cabelo e novamente, fechei meus olhos por alguns segundos, enquanto pensava no que ele disse. Realmente tinha muito sentido o que ele estava dizendo e parecia tudo se encaixar.... Mas tínhamos que saber sobre uma única coisa.

— Ok. – Disse meio alto, abrindo meus olhos – Eu vou checar os carros. 

— Não tem carro nenhum. – Rick me disse lentamente, enquanto crispava seus lábios finos

— É? E como pode saber? – Perguntei para ele, enquanto balançava a cabeça negativamente – Olha, só há um meio de descobrir.

— Não precisamos descobrir. – Rick disse sério, agora olhando diretamente para o meu rosto

— Precisamos. – Retruquei, fazendo o máximo de esforço para não soar irritada com ele, justamente quando o homem estava uma pilha de nervos e paranoico – Olha, você sabe o que sabe e está certo disso, mas irmão, eu não estou.

— Nem eu. – Maggie comentou, logo depois que eu falei

Rick balançou a cabeça negativamente, enquanto alternava o olhar entre nós duas e então, olhou brevemente para nossos maridos, como se pedisse algum tipo de ajuda, mas não esperou nenhuma resposta deles e voltou a me olhar.

— Seu jeito é perigoso, – Ele me disse – o meu não.

— Dispensando um lugar onde podemos viver? – Perguntei para ele, franzindo o cenho – Onde Judith e Theodore podem viver? Isso é ser perigoso. – Respirei fundo, balançando a cabeça levemente – Precisamos descobrir o que isso é.

— Nós podemos cuidar de nós mesmos, Rick. – Michonne comentou, me dando um apoio – E é isso que vamos fazer.

— Então eu também farei. – Glenn anunciou e eu quase, quase lhe olhei agradecida – Eu vou.

Rick balançou a cabeça negativamente, claramente contrariado e nada à vontade com o que estávamos prestes a fazer.

— Sam. – Rick chamou por ele, enquanto virava seu rosto para olhá-lo

— Pode deixar. – O homem que carregava meu filho no colo disse, afirmando com a cabeça

— Abraham. – Rick o chamou, olhando diretamente para o homem ruivo perto da janela

— É. – Abraham murmurou – Eu vou com eles.

— Kylie?

— Ok. – A mulher loira concordou assim que escutou Rick chamá-la, balançando a cabeça positivamente  

— Vocês têm munição caso haja algum problema? – Rick perguntou, alternando o olhar entre Glenn e eu

— Apenas o que restou. – Glenn lhe respondeu, depois de me olhar por alguns segundos e ver minha resposta em uma pequena careta

— Aqui. – Rick disse, ao pegar o revolver de Aaron do cós da calça e entregá-lo para o coreano – Os rádios não funcionam. – Ele comentou, olhando para todos nós que íamos – Se não voltarem em 60 minutos, nós iremos. O que pode ser o que eles quiserem.

Enquanto escutava Rick falar mais alguma coisa sobre ficar a salvo, fui pegar meu filho mais uma vez no colo, apenas para abraça-lo um pouco e depois colocá-lo nos braços de Tara, perguntando em múrmuros se ela poderia olhá-lo enquanto eu estivesse fora. Não esperava que ela dissesse não, mas mesmo assim coloquei Theodore em seu colo antes de ouvir uma resposta.

Depois de pegar todas as minhas coisas e me despedir de Daryl, com um beijinho em sua bochecha, fiz meu caminho para o lado de fora do celeiro, onde os outros estavam me esperando.

— Ei, Lopes. – Escutei Jason me chamar e parei, no meio da porta do celeiro, para olhar em sua direção – Cuide deles por mim e tenha cuidado lá fora.

— Cuidarei. – Prometi, acenando brevemente – E terei.

— Ei! – Escutei Aaron dizer alto, mas não parei para ver o que estava acontecendo lá dentro, pois Kylie já me puxava pelo braço, me chamando de lesma

Fizemos uma boa caminhada pela rua até realmente avistarmos a placa da rota 16. Durante o caminho, passamos a maior parte do tempo em silêncio, atentos como se a qualquer momento, um grupo enorme de pessoas surgiriam atrás das árvores e nos atacasse. E nos poucos minutos que conversamos, o assunto principal foi aquele homem e o que ele estava propondo.

— Fiquem atentos pessoal. – Glenn nos disse, enquanto caminhava ao nosso lado – Deixem as armas prontas. Se virem algo, atirem.

— Entendido. – Abraham murmurou, um pouco atrás

— Então se alguém aparecer, nós simplesmente atiramos? – Michonne perguntou, balançando a cabeça negativamente – O que? É uma boa pergunta.

— É, também acho. – Concordei logo em seguida, enquanto mantinha meu olhar na estrada – E se houver alguém como a gente? E se o Aaron falou a verdade? E se aparecer alguém que não tem nada a ver com isso?

— Nós somos sete pessoas caminhando armadas. – Glenn me respondeu, como se estivesse cansado – Ninguém aparecerá para dizer “Oi”.

— Não foi exatamente isso que aconteceu? – Perguntei, olhando para ele como se fosse o homem mais interessante da Terra

— Olha, se forem como nós, deveríamos temê-los. – Glenn me disse, balançando a cabeça negativamente por causa do meu olhar – Ele disse que nos observava, não é? Então ele nos viu ontem. E depois do que fizemos, por que eles nos aceitariam?

— Era questão de sobrevivência. – Sam comentou, olhando para ele – Nós fizemos o que tínhamos que fazer. E Glenn, pessoas como nós salvaram um padre. Salvaram uma garota que atacou a prisão com o Governador. – Ele olhou brevemente para Michonne, com um pequeno sorriso se formando em seus lábios – Até salvaram uma mulher louca com uma espada.

— Acolheram um dos homens do Governador. — Michonne retrucou, olhando para ele com um pequeno sorriso

— É, bom, eu tinha uma boa bagagem. – Sam comentou com ela, dando de ombros – Quem diria que aguentar anos e anos de gritaria de uma Chefe cabeça-quente iria vir a calhar no fim do mundo?

— Tá bom, vamos voltar ao assunto principal, por favor. – Resmunguei, alternando meu olhar entre eles – O Aaron viu isso em nós.

— Eu não sei o que ele viu. – Glenn comentou, balançando a cabeça

Quase revirei os olhos, faltou bem pouco para isso e a única coisa que evitou que eu revirasse os olhos para o meu melhor amigo, foi a visão que tivemos mais pra frente na estrada, de umas árvores caídas. Conforme nos aproximávamos e víamos o que tinha além das árvores, um sentimento bom de “Estou certa, porra, vocês todos estão errados e eu estou certa” invadiu o meu corpo.

— Parece que o homem disse a verdade. – Kylie comentou, olhando para os carros, enquanto afirmava com a cabeça

Glenn e os outros abaixaram as armas, enquanto eu ainda olhava maravilhada para o carro e o trailer, o qual lembrava absurdamente Dale.

Me aproximei lentamente dos carros, mas um barulho na mata fez com que parte do sentimento de estar certa fosse embora e quase todos os meus amigos levantarem suas armas.

— Nem mais um passo, babaca! – Glenn quase gritou, enquanto arrumava a metralhadora e mirava na mata

E ao vermos dois caminhantes saírem da mata, ao ver meus amigos abaixarem as armas, um riso de nervoso saiu pelos meus lábios.

— Deixa comigo. – Kylie falou, assim que viu Sam colocar a metralhadora sob os ombros e abrir a boca para falar 

— É, só porque você quer. – Sam comentou, ignorando o que ela disse

Observei meu amigo caminhar atrás da mulher loira e assim que chegaram perto dos caminhantes, cada um cuidou de um e depois, tivemos que escutar Kylie trocar xingamentos leves com Sam, antes de finalmente irmos revistar os carros.

— Ok, já que vocês dois estão tão à-vontades um com o outro, podem revistar o trailer juntos. – Comentei com eles, assim que os dois pararam de trocar ofensas e assim que percebi o olhar de Sam, acrescentei – Ora, de nada, meu caro amigo, você também tem um espaço no meu coração.

— Cala a boca, Gabriela. – Sam resmungou ao passar por mim enquanto caminhava em direção ao trailer

— Ele já está apaixonado por mim. – Kylie me disse, e riu alto, enquanto seguia ele – Eu sei que está, por mais que ele negue.

Ri daqueles dois, e antes de me afastar em direção ao outro carro, vi Sam abrir bruscamente a porta do trailer e escutei Kylie dizer que ele deveria ser mais delicado, o que me arrancou ainda mais risos.

Abri a porta do carro branco e me sentei no banco do motorista, enquanto do outro lado de porta aberta, Glenn garantia que não teria armadilha nenhuma. Deixei com que Glenn olhasse o porta-luvas enquanto eu revistava em baixo dos bancos procurando por qualquer coisa útil para nós ou que tornasse ainda mais verdadeira a história de Aaron.

— Gabriela. – A voz de Glenn estava contida e assim que o olhei, vi que ele estava segurando alguma coisa, uma espécie de foto ou algo assim

— Pornô? – Perguntei, segurando o riso

— Não. – Glenn negou e me olhou por alguns segundos, como se estivesse segurando o riso e tentando continuar sério – Apenas.... Olhe.

Ao vê-lo me estender o que segurava e ver que era uma foto, senti uma leve palpitada no coração. Aquela não era apenas uma foto, era A Foto. Peguei a fotografia de família das mãos do coreano e levei até meus olhos, vendo minha família sorrir para mim através daquela fotografia. Eu me lembrava daquela foto, afinal, como não lembrar das pouquíssimas vezes em que nossas festas não eram estragadas por conta de coisas relacionadas ao trabalho? Estávamos em um grande churrasco no quintal da casa dos meus pais, com primos, tios, amigos de amigos... estávamos comemorando o noivado do Zachary com a Faith, dias depois dele ter feito o grande pedido. Meu pai estava na churrasqueira, com um avental ridículo dizendo que ele era um grande chefe e ao seu lado, estava o pai da esposa do meu irmão. Perto deles, com uma bandeja de bebidas estava Andrew, com um sorriso enorme enquanto jogava uma lata de cerveja na direção de Adrian, o qual na época não era tão detestável quanto se mostrou ser meses depois. Minha mãe estava tendo uma grande conversa com Lisa, enquanto colocava a mão na barriga dela, pois ela havia acabado de descobrir que estava grávida. Faith estava em uma pequena roda de conversa com algumas tias de parte paterna, provavelmente discutindo sobre o quão enorme era sua aliança de noivado que seu super noivo advogado lhe deu. Aquele dia ela foi bem superficial, devo admitir, mas de resto, passou a ser uma boa mulher. E ao fundo daquilo tudo, estava Zachary e eu, meu irmão tinha me pego no colo e ameaçado me jogar na piscina por conta dos meus comentários maldosos, mas logo depois que a foto foi tirada, me lembro da nossa mãe acabando com a graça dele.

No verso da foto, estava escrito com a letra totalmente caprichosa da minha mãe “Família Lopes, 2008 – Festa de Noivado do Zach e Faith”.

— Onde encontrou isso? – Perguntei, desviando o olhar da foto para encarar o coreano – Esquece, nós... temos que voltar, tenho que descobrir onde o Aaron encontrou isso.   

— Gabriela...

— Apenas vamos embora, ok? – Perguntei para ele, balançando a cabeça negativamente enquanto fechava a porta do carro – Vou dirigir este daqui.

Fiquei ali sentada no banco do motorista esperando alguém entrar no banco do passageiro e fiquei muito feliz quando ninguém entrou, porque sinceramente, estava a ponto de entrar em colapso.

Como Aaron e seu amiguinho tinha uma foto da minha família?

Assim que chegamos no celeiro e estacionamos os carros próximos a entrada, deixei com que os outros descarregassem os suprimentos que tinham achado no trailer dolorosamente igual ao de Dale e fui tratar dos meus próprios assuntos, com Aaron.

— Você achou, não achou? – Ele perguntou, assim que notou meu olhar

— Explique-se. – Mandei, tirando a foto dobrada de dentro do bolso da calça – E explique-se muito, muito bem, Aaron.

— Enquanto eu observava vocês, não ouvi ninguém te chamar pelo seu sobrenome, apenas por Dixon. – Aaron me disse um pouco baixo, enquanto me observava ajoelhar à sua frente, para ficar cara a cara com ele – E eu pensei.... Bem, existe muitas Gabriela’s por aí, não sabia quem era até Jason lhe chamar.

— Lopes é meu sobrenome de solteira. – Murmurei, girando a foto com minhas mãos – Agora é Dixon. Onde encontrou esta foto? – Perguntei para ele, estreitando os olhos – Responda direito, colega, esta foto estava em Morrow.

— Angela, quer dizer, a Senhora Lopes me entregou. – Aaron me respondeu, enquanto olhava para os meus olhos – Ela me fez prometer que como recrutador, eu te levaria para a nossa comunidade. Ela está lá Gabriela, todos eles estão.... Andrew, Lisa, George, Faith, Zachary.... Você sabia que Andrew e Lisa tiveram um menino? O nome dele é Jayden.

Fechei meus olhos por alguns segundos e respirei fundo, ele estava ali, falando sobre minha família, dizendo seus nomes com tanta certeza... E ainda tinha o bebê de Andrew.... Eu não tinha certeza se era verdade, mas o que impedia de ser? Lisa e Andrew não quiseram saber do sexo do filho deles, queriam uma grande surpresa...

Jayden...

Abri meus olhos quando alguém passou por mim, e observei Carl atravessar o celeiro com latas e latas de comida em seus braços, para deixá-las na pilha de latas que já tinham descarregado. Depois de me levantar, dei umas batidinhas em meus joelhos e me afastei de Aaron, me perguntando qual era a chance de aquilo acontecer, qual a probabilidade da minha outra família estar em uma comunidade perto de nós? Perto de mim?

— Ótimo. – Escutei Rick dizer, e enquanto eu ia pegar meu filho dos braços de Tara, lhe vi jogar uma latinha de feijão para cima e pegá-la no ar, enquanto olhava para Aaron – Isso aqui é nosso agora.

— Tem mais do que o suficiente. – Aaron lhe disse, afirmando com a cabeça  

— É nosso. – Rick disse novamente – A gente indo ou não ao seu acampamento.

— Rick. – Eu o chamei, um tanto quanto apressada e quando ele me olhou, fiz uma pequena careta – Olha irmão, eu.... Eu vou para o acampamento dele. Aaron não mentiu, não nos machucou e... Ele ainda disse que minha família.... Minha outra família está lá, disse seus nomes e ainda tem uma foto nossa... E não é apenas por isso que eu vou. Nós precisamos disso, nós precisamos. Esta família aqui, – apontei ao redor, enquanto falava – esta família precisa. Então nós vamos, não apenas eu, nós. Todos nós. E por favor, se alguém não concordar, diga que eu o obrigarei a mudar de ideia.

— Não sei, cara. – Daryl comentou com Rick, estava sentado um pouco afastado de nós, mas ainda sim estava prestando atenção – Esse celeiro fede a merda de cavalo.

Olhei para ele, mostrando minha gratidão com o olhar.

— É. – Rick murmurou – Nós vamos. – Ele passou a mão pelo cabelo, enquanto me via sorrir aliviada e alternou seu olhar para Aaron – Então, onde vamos? Onde fica o seu acampamento?

— Sempre que fiz isso, eu estava atrás do volante, – Aaron disse, um pouco rápido – levando recrutas para lá. Acredito que são boas pessoas, aposto minha vida nisso. Só não posso apostar a dos meus amigos ainda.

— Amigo, você não vai dirigir. – Falei para ele, balançando a cabeça negativamente – Então, se quiser cumprir a promessa que fez a minha mãe e voltar pra casa, terá que nos dizer como.

— Vão para o norte, pela Rota 16. – Aaron nos disse, depois de respirar fundo e olhar para Rick, o qual estava abaixado olhando para um mapa da Georgia

— Ok, e depois? – Perguntei, dando uma olhada em Rick

— Digo quando chegarmos lá. – Aaron me respondeu, olhando para o meu rosto

— Vamos para o norte pela Rota 23. – Rick nos informou e depois olhou diretamente para Aaron – Vai nos dizer como ir por ela.

— Isso é... – Aaron murmurou, balançando a cabeça negativamente – Não sei mais como dizer. É uma má ideia. Limpamos a Rota 16. Será mais rápido.

— Vamos pela Rota 23. – Rick disse novamente, olhando para ele – Nós sairemos ao pôr-do-sol.

— Vamos fazer isso à noite? – Sasha perguntou, franzindo as sobrancelhas

— Olha, – Rick nos disse, enquanto voltava a enrolar o mapa – eu sei que é perigoso. Mas é melhor chegar lá de dia. Ajudaremos a Gabriela a checar se a história da família dela é real e se não for, se for perigoso e nada seguro, partiremos antes que nos notem.

— Eu estou dizendo a verdade. – Aaron disse alto, para ele – Os Lopes estão lá e ninguém vai machucar vocês. Você tenta proteger seu grupo, mas os coloca em perigo.  

— Diga onde fica o acampamento e iremos agora. – Rick disse, se virando para olhá-lo e ao não receber resposta, ele se levantou, enquanto alternava o olhar entre nossos rostos – Vai ser uma noite longa. Comam. Descansem um pouco, se puderem.

Eu o observei atravessar o celeiro e passar pela porta, dei uma olhada em Michonne e indiquei a porta para ela. Minha amiga afirmou lentamente com a cabeça e seguiu o homem barbudo até lá fora.

Espero realmente que ela o faça mudar de ideia.

— Ei. – Escutei Daryl me chamar e me virei para olhá-lo, ele estava segurando duas latinhas – O que prefere, grão de bico ou feijão?

— O que der para mastigar. – Respondi, enquanto caminhava ao encontro dele – Na verdade, quero feijão.  

— É pra já, Dixon.

Enquanto Daryl abria a latinha de feijão, fui me sentar ao seu lado, e ajeitei meu filho em meus braços enquanto o pai dele fazia todo o trabalho com aquele abridor de lata fajuto para me dar de comer o que tem dentro dela.

Mas se tinha uma coisa que eu não poderia e nem conseguiria tirar da minha cabeça, era o fato de que Aaron estava falando a verdade e que minha outra família estava lá naquela comunidade, esperando por mim.

— Obrigada. – Agradeci, ao receber a latinha já aberta em mãos

— Olha, – Daryl disse baixo, me olhando atentamente nos olhos – nós vamos checar a história dele sobre sua família.... Mas você precisa ficar com os pés no chão.

— Aqui. – Murmurei, ao lhe entregar a foto – Ele estava com isso. Este é meu pai, na churrasqueira. – Apontei para o homem por volta dos 47 anos na época – Consequentemente, seu sogro. – Olhei brevemente para ele, procurando por uma reação além do rosto meio sério – O homem que está segurando a bandeja de bebidas é meu irmão mais velho, o primeiro que nasceu, Andrew... Ele trabalhava comigo no Benning, como Chefe dos Blindados. – Movi meu dedo para a próxima – Essa mulher morena é a minha mãe, ela está conversando com a esposa do Andrew, Lisa. Lá no fundo, me segurando no colo, está Zachary, meu outro irmão mais velho, ele é o filho do meio. – Me ajeitei no chão, respirando fundo – E Daryl, a última vez que vi essa foto, ela estava em Morrow, no álbum da família. Então eu realmente acho que ele pode estar falando a verdade.

Daryl murmurou dizendo que esperava que fosse verdade e pegou nosso filho do meu colo, para eu poder comer direito, torcendo para que as horas se passassem rápido e o pôr-do-sol chegasse.


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Notas finais do capítulo

:3

Suspeitas parcialmente confirmadas.



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