Valoroso escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Valoroso


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá e olá :)
Fiquei um tempinho sem postar nada de AkaYona, mas depois do último capítulo que saiu do mangá PRECISEI tirar isso de dentro de mim.

Para quem não acompanha o mangá, tem spoilers, ok? ;)
Boa leitura!



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Valoroso

Por Deusa Nariko

— Isso seria o suficiente?

Hak observou, em choque, enquanto Yona estendia a pequena caixa de madeira para Ogi. Estava destampada, de modo a exibir o item mais valoroso que ela possuía consigo desde que fugiram às pressas do palácio Hiryū.

Era uma presilha de cabelo valiosíssima, tão bela quanto cara. O artesão que a fizera sem dúvidas era talentosíssimo. As pétalas da flor, na ponta do grampo, eram cor-de-rosa e nelas uma borboleta de asas violeta viera repousar. Mas, mais do que uma joia, era uma lembrança, uma memória, a última que ela possuía de um doce e atencioso Soo-won.

Ogi esbugalhou os olhos para a presilha dentro da caixa. Tratou de apanhá-la imediatamente, avaliando-a e estipulando um preço para o item.

— M-mas que diabos?! — ofegou, maravilhado com a possibilidade de possuir (e vender) tal adereço.

Não era todos os dias que aceitava joias como pagamento pelas suas informações e favores, mas certamente abriria uma exceção para aquela presilha de cabelo. Inferno, aquilo valia uma pequena fortuna.

— Princesa... — Hak a chamou, alarmado; o coração lhe socava as costelas e ele sentiu um suor frio e pegajoso escorrer pela sua nuca, sob o capuz do manto.

Yona, entretanto, continuava a olhar para frente, para Ogi. Seu olhar não vacilava.

— É o suficiente? — voltou a perguntar com uma nota de impaciência na voz, mas Ogi ainda estava avaliando a preciosidade que continha em mãos quando a respondeu, mal piscava, decerto temia que o objeto evaporasse dos seus dedos a qualquer instante.

— Você nem precisa se dar ao trabalho de perguntar, ora.

Yona se empertigou. A postura dela fascinava Hak, de certa forma.

— Então, eu deixo essa tarefa em suas mãos.

— E que inferno de tarefa vocês me arranjaram! — deliciou-se ele, ainda se agarrando à presilha como um mendigo se agarraria aos seus trocados, suor escorria pelo seu rosto pálido.

Yona anuiu, parecia satisfeita, mas Hak achou a expressão no rosto dela completamente ilegível. Não conseguia decifrá-la, não naquele momento. E isso o frustrava. Como ela estaria se sentindo? Havia acabado de se desfazer da presilha de cabelo, a mesma presilha que segurou os pedaços do seu mundo quando o próprio Soo-won o estilhaçou.

Impaciente — e se sentindo imensamente frustrado —, Hak cerrou a mandíbula e segurou a princesa pelo braço, levando-a para um canto mais afastado do cômodo abafado. Queria privacidade. Vold e Algira ainda discutiam o que eles deveriam fazer a partir dali, de modo que não se incomodaram em acompanhá-los.

— Hak? — Yona o chamou e levantou o rosto para que ele visse a confusão infundida na sua expressão.

— Princesa, está certa disso? — ele perguntou enquanto uma dor familiar lhe afligia o peito, não queria perguntar, seu lado egoísta digladiava com ele, ao mesmo tempo em que a porção racional do seu cérebro lhe dizia que se separar da presilha desolaria Yona, afinal era tudo o que restava do homem que ela ainda amava.

— Se estou certa de mandar a mensagem para o Mundok? Mas a ideia foi sua — ela adejou as longas pestanas, aturdida, e Hak balançou a cabeça devagar.

Sim, a ideia havia sido dele. Jamais permitiria que Soo-won envolvesse sua família em um assunto tão sério e os arrastasse para uma guerra sangrenta contra o reino de Xing e a Princesa Kouren. Mundok o ouviria e apoiaria a resolução pacífica de Yona. Mas não foi isso o que ele quis dizer.

— Não, não me refiro à mensagem. Mas à forma como pagou Ogi para enviar a mensagem — explicou, sentindo a bile lhe subir à garganta por ter de mencionar a presilha de cabelo.

Yona piscou os grandes olhos violáceos para ele e Hak suspirou, cansado.

— Podemos dar um jeito de arranjar dinheiro. Melhor: eu consigo encontrar outro meio. Não tem que se desfazer da... presilha de cabelo que ele te deu.

— Por que você acha que não devo me livrar da presilha, Hak? — ela perguntou a ele num murmúrio velado.

— É... importante para você, não é? — respondeu depois de debater consigo mesmo por alguns instantes. — Não tem de fazer isso, princesa. Podemos negociar com Ogi.

Foi a vez de Yona suspirar profundamente. Ela abaixou a fronte por um momento e Hak precisou lembrar a si mesmo de respirar uma vez de cada. Imaginou que ela concordaria com sua proposta, que sua expressão firme fraquejaria agora que perceberia que não podia se desfazer da presilha.

Ao invés disso, Yona tornou a levantar o rosto e a olhá-lo com determinação. Seus olhos flamejavam, tanto quanto era possível que duas pedras ametistas queimassem sob um fogo ardente.

— Hak, a presilha de cabelo já não importa. Não mais. É só isso: uma presilha de cabelo.

As palavras dela o aturdiram num primeiro momento, deixaram-no desconcertado e encheram seu coração de uma esperança vã que ele estava farto de alimentar. Yona não tinha acabado ainda, contudo:

— Sabe o que realmente importa? O que é realmente valoroso para mim? Yun, Jae-ha, Kija, Zeno e Shin-Ah. Eles me são importantes, mais do que tudo. Mais do que qualquer presilha de cabelo estúpida. Eles são a minha família e nesse momento estão correndo perigo por conta da decisão de Soo-won de ir à guerra contra Xing.

Hak abriu a boca para tentar dizer algo, mas foi interrompido pela voz de Yona.

— O que importa agora é que nós os salvemos, que salvemos a princesa Tao e o seu povo de perecer numa guerra sem sentido. Isso importa, Hak. Mais do que tudo.

— Sinto muito, princesa, eu pensei... — murmurou depressa suas desculpas, abaixando a fronte porque temia encará-la naquele instante e se deixar ser consumido pelo amor que queimava no seu peito.

— Não precisa se desculpar por nada, Hak — ela garantiu num tom doce ao estender a mão para afagar o braço dele, sob o manto. — Eu é que não deixei claro o bastante como me sinto agora a respeito daquela presilha.

O toque dela, mesmo com camadas de tecido separando-os, queimou sua pele.

— Princesa, eu... — tentou articular qualquer palavra, mas falhou.

— Está tudo bem — assegurou com um sorriso terno para ele. Só para ele. — Você também é valoroso para mim, Hak. Preciso que saiba disso. Você é importante demais, nunca duvide disso, por favor.

Hak anuiu, sentindo-se mais e mais desnorteado a cada palavra dita. E pensar que há alguns dias quase confessara o seu amor a ela. E havia recuado no último instante por medo de ser rejeitado! O medo lhe parecia tolo e vazio agora, ante a essas palavras tão cheias de ternura.

Então, fez o que pôde no momento: espelhou o sorriso de Yona enquanto ela assegurava tanto a si mesma quanto a ele.

— Nós impediremos essa guerra. Nós vamos salvar todos, Hak.

E ele assentia enquanto seu coração se enchia de confiança mais uma vez. Quem sabe, quando se deparasse de novo com a oportunidade perfeita, ele lhe revelasse seus sentimentos mais íntimos e secretos.

Da próxima vez, não recuaria. Confessaria a Yona todo o seu amor. Nunca mais se conteria por conta do fantasma de um homem na vida dela, ou da mera lembrança de uma presilha de cabelo.

 

 


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Notas finais do capítulo

E é o fim da maldita presilha de cabelo, meus amigos! Quero dizer, aparentemente é, vai saber se ainda não seremos trollados Hahahaha

Agora que a presilha se foi, HakYona pode finalmente deslanchar rumo ao Canon, amém! Ao menos eu espero que o Hak perceba com isso que a Yona não tá mais apaixonada pelo Soo-won.

Nos vemos nos reviews! :*