Polêmico escrita por themuggleriddle


Capítulo 1
polêmico




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“É um sujeito polêmico,” dissera Meadowes, enquanto eles estavam agachados no meio do mato coberto por orvalho, esperando para que o bruxo que estavam tentando emboscar saísse do seu esconderijo.

“Como assim polêmico?”

Polêmico era algo muito relativo. Seu irmão mais novo, Newt, causava polêmica com seu amor por bestas, mas isso não era algo ruim... Bom, não até alguma criatura escapar, o que, graças à Merlin, nunca havia acontecido. Dumbledore era polêmico, mas ninguém reclamava disso. A bruxa que trabalhava como secretária do departamento de Segurança Mágica era polêmica, por conta da insistência dela de que as aurores mulheres deviam ganhar o mesmo que os homens, mas isso não causava nada a não ser alguma dor de cabeça.

Dessa forma, aquele tal Grindelwald ser polêmico não significava nada.

“Ele tem essa ideia de que bruxos deveriam sair das sombras,” Meadowes explicou. “Se temos magia, deveríamos governar, é assim que o homem pensa.”

“Ora,” Theseus murmurou, franzindo o cenho ao ver o mato se agitar, mas era apenas o vento balançando os arbustos. “Sair do esconderijo não seria de todo mal.”

“Claro, seria ótimo poder sair na rua sem ter que aderir à moda trouxa ou, não sei, poder fazer um feitiço simples na frente deles,” o outro auror falou. “Mas você sabe que seria um desastre. Trouxas... Eles não estão preparados para a magia. Além do mais, eles conseguiram chegar em um ponto muito bom sem ela.”

Scamander trancou o maxilar para não deixar a resposta que lhe veio em mente sair pela boca. Ignatius Meadowes não havia participado da guerra, ele não sabia do que os trouxas eram capazes... Armas de fogo e bombas químicas, trincheiras cheias de lama, soldados perdendo pés e pernas por conta de infecções, cavalos presos no meio dos arames farpados dos campos de batalha, mortos meio afundados na lama. Trouxas eram capazes de muita coisa e eles, bruxos, tinham que sofrer as consequências disso.

Theseus havia visto muita coisa, havia lançado inúmeros feitiços na tentativa de salvar seus compatriotas ou de matar o inimigo. Bruxos e trouxas, ambos foram as suas vítimas. Ele vira como os bruxos tinham que se controlar para não lançar uma maldição da morte na frente dos soldados trouxas e como isso custara a vida de muitos; ele vira as tropas aéreas terem que se infiltrar nos campos de batalha apenas quando a fumaça estava alta, dificultando-lhes a visão e os tornando alvos fáceis; ele vira as carcaças de dragões que haviam sido atingidos pela artilharia trouxa do inimigo, vira seu irmão tentando manter o rosto sério enquanto chorava em silêncio pelas bestas mortas em batalhas. Trouxas não eram inocentes, longe disso, eles tinham tanto poder quanto eles.

E era esse o perigo. Trouxas tinham rifles e metralhadoras. Trouxas tinham bombas de gás. Trouxas tinham aviões. Por mais que um bruxo tivesse uma varinha e diversos feitiços de ataque, uma dose de fosgênio ou cloro era o suficiente para deixar um grupo avançado de aurores mortos no meio de uma batalha.

Trouxas não teriam medo dos bruxos caso eles não demonstrassem serem mais perigosos. Trouxas os olhariam com desdém, veriam as roupas coloridas e as varinhas mágicas e não tardariam até pegar as suas armas. Eles apenas não arriscariam caso tivessem medo, caso alguém demonstrasse que a magia pode ser algo além da superstição e fantasia, pode ser algo perigoso, uma arma de guerra.

“Só que ele é meio descontrolado,” Meadowes continuou. “Vários atentados aqui no continente estão sendo atribuídos à ele.”

“É por isso que estamos aqui?” perguntou Theseus, apontando para o campo logo a sua frente.

Era estranho o Ministério mandar os seus melhores aurores para fora das ilhas britânicas. Mas ele e Ignatius não questionaram quando os mandaram para Meerssen, no sudeste da Holanda, perto da fronteira com a Bélgica. Havia um boato de alguns bruxos envolvidos nos atentados comandados por Grindelwald estarem nas proximidades e tanto o Ministério britânico quanto o francês estava preocupado com a proximidade os ataques... Se aqueles homens continuassem daquele jeito, logo chegariam à Paris ou ao Canal da Mancha.

“Se conseguirmos pegar pelo menos um deles, podemos questioná-los sobre Grindelwald.”

Scamander permaneceu em silêncio, estreitando os olhos e mantendo-se mais alerta. A grama e a terra úmida sob o seu corpo o fazia sentir mais frio do que o normal, seus braços já estavam quase dormentes de ficarem naquela posição por tanto tempo e seus sentidos começavam a se confundir. Mas, apesar do cansaço, ele podia jurar que o movimento do matagal não era mera ação do vento...

“Por que aqui?”

“Houve um acidente em Maastricht,” o outro auror explicou. “Uma explosão que os trouxas atribuíram ao gás, mas... Não parecia isso. Uma bruxa mais sensível à magia disse que sentiu o traço de uma magia estranha nesses arredores.”

Theseus apertou a varinha nos dedos enluvados. Ele conseguia sentir algo diferente, apesar de muito sutil. Era como uma brisa que não devia estar ali, algo que se embrenhava pelas suas roupas e fazia seus pelos eriçarem. Meadowes não parecia sentir isso.

“Ignatius?” ele chamou o colega, erguendo a varinha e colocando-se em uma posição de ataque, ainda deitado de bruços no chão, escondido pelo matagal.

“Viu algum-?”

“Estupefaça!” Scamander murmurou, apoiando a varinha nas costas do outro auror.

O homem caiu inconsciente, o rosto colado na grama coberta de orvalho.

“Desculpe,” ele murmurou, antes de guardar a varinha e se ajoelhar, erguendo as mãos em um sinal de paz.

Aquela sensação esquisita pareceu se intensificar. Subia pelos seus braços e pernas, causava-lhe arrepios e fazia o ar ficar preso em seus pulmões. Aquele era o sinal de uma magia poderosa, ele sabia (nunca iria admitir isso, mas sentia algo parecido quando estava perto de Newt, dependendo da situação) e não tardou para suas suspeitas serem confirmadas.

“Auror Scamander,” disse uma voz suave, em tom de brincadeira. “É um prazer finalmente vê-lo fora das visões.”


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Notas finais do capítulo

Sabe quando você só quer escrever alguma coisa, mas está sem inspiração, então vai qualquer coisa mesmo? É isso. Baseado em alguns headcanons meus sobre o Theseus depois de ver a carta dele para o Newt no jogo do Lego e no livro de artes de AFEOH.

(queria ter motivação e tempo para escrever mais disso, mas eu também queria ter escrito algo melhor)


Desculpem pela fic bem... bleh.