O Diabo Mora ao Lado escrita por Erzy, Gin


Capítulo 4
Desentendimento


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! Aqui é o Gin novamente, e esse capítulo foi escrito por mim! Espero que estejam gostando da história e continuem nos acompanhando como vocês estão fazendo, obrigado por ler e bom capítulo.



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Terminando de pôr a mesa, Willian percebeu que havia colocado um prato a mais ali, e que de alguma forma o prato possuía quatro pães, e eram todos recheados até a ponta com bacon e ovos. Ele ficou por alguns segundos encarando o prato e logo se lembrou que já fazia dois dias que Allena não ia até sua casa para comer alguma coisa, por conta de uma tal “briga” que os dois tiveram, que ele fazia questão em insistir que era drama, até porque aquela garota era muito dramática, fazendo teatro então, a situação piora, ele respirou fundo e deu de ombros, menos uma pessoa para perturbar sua paz de espírito.

Se arrumou para mais um dia de aula, e quando foi saindo, encarou a porta de Allena, ela não sabia cozinhar e Willian não sabia de onde ela tirava renda. Ele pegou o prato com os quatro pães, e colocou em frente a porta da garota, assim que o prato encostou no chão, como mágica os pães sumiram, e apenas um bilhetinho foi deixado no lugar dizendo: “Como tudo mesmo”.

— Você parece um bicho de estimação! Só ver comida que aparece e some com tudo! – Gritou Willian pela porta.

Chomo tutu mesmu (Como tudo mesmo). – Pela porta, Allena repetiu as palavras escritas em seu bilhete, agora com a boca cheia de comida.

Willian ignorou, e saiu na frente, pelo menos não teria que andar com o Tiririca ambulante do seu lado.

Resolvendo matar um pouco o tempo, ele subiu em uma árvore próxima a faculdade, e ali se deitou, e ficou relaxando enquanto o vento passava, ele via as pessoas passarem ali, mas as ignorou, ignorou até mesmo uma maçã furiosa que caiu em cima de sua cabeça, mas infelizmente não conseguiu ignorar a dor que seguiu após a queda dela. Ele viu então, Allena passando, com suas roupas coloridas que chamavam mais atenção que fantasia de baile de carnaval no deserto.

Allena havia entrado sozinha na faculdade, o que não era algo normal, já que logo no primeiro dia, ela arranjou mais amigos do que Will em sua vida inteira, devia ser uma bela de uma humorista pra juntar tanta gente assim, ou era simplesmente uma pessoa comum, que era social. Willian riu consigo mesmo desse último pensamento, não tinha jeito dela ser uma pessoa comum, era completamente maluca.

Caminhando pela faculdade, Will viu que havia uma pequena pichação em um armário, e algumas pessoas ao redor estavam comentando, ao se aproximar viu que estava escrito “Vadia” em uma letra super feia e mal desenhada. Ele parou próximo e encarou aquilo, sério. Francamente, quem em plena faculdade tinha uma letra tão horrível daquele jeito? Era como se houvesse espirrado e ficasse aquilo lá, pelo menos se fosse desse jeito dava para considerar que era uma obra de arte.

Sentou-se em uma cadeira no refeitório e pouco tempo depois viu surgir a garota de cabelos dourados e olhos azuis cintilantes, era Lana, sua amiga de infância.

— Bom dia, Will, fez o trabalho? – Disse ela se aproximando e sentando próximo a Willian, com um sorriso tão radiante que poderia iluminar o que quisesse.

Willian evitou olhar diretamente para ela naquele momento, apenas abriu sua bolsa, pegou o trabalho e deu para ela.

— Obrigado, meu bem. – Disse ela dando um beijo em seu rosto. – Sei que sempre posso contar com você. – E ao dizer isso, se levantou e foi embora, desaparecendo no vasto oceano de pessoas que estavam ali naquele horário.

Willian evitou pensar muito em Lana naquele momento, provavelmente o deixaria triste, e o faria retornar para casa, ele observou o nada por alguns segundos, e depois olhou para suas mãos que estavam doloridas, efeito de ter passado quase a noite toda para fazer o trabalho para aquela garota, mas assim como tudo naquele dia, ele ignorou.

Com olhos distantes, Willian encontrou Allena, sentada em uma mesa isolada, ela estava cabisbaixa e triste, o que não era do seu feitio, e aquilo por algum motivo, deixou Will super incomodado. Ele pensou em ir até lá, mas repensou e achou melhor não, apenas ficou observando de longe, algumas pessoas passarem e cochicharem, dando risinhos, o que o deixou super curioso em saber o motivo daquilo. Pouco tempo depois, viu alguém se aproximar e falar algo no ouvido de Allena, e a mesma responder com uma reação assustada, e logo em seguida abaixar a cabeça, e muitos olhares direcionados para ela. Com suas roupas, ela chamava atenção, mas hoje estava sendo um pouco exagerado.

Willian se aproximou, e viu mais de perto o homem que conversava com ela, ele era alto e forte, bem aparecido, provavelmente o tipo de garoto que uma menina fitaria por um bom tempo, possuía cabelos curtos e pretos, vestia uma jaqueta esbranquiçada, ele conversava com Allena, que parecia ignorar.

— Então, qual escola de samba você veio servir hoje? Império do circo, ou então Unidos da vila ridícula? – Falou o jovem.

Will se indignou naquele momento, o que aquele cara estava pensando? Só ele podia falar mal de Allena, e ainda por cima ele tinha piadas super horríveis, e as pessoas ao redor riam, como assim?

— Para, Mattew. – Disse Allena, com o rosto escondido, ainda sim mostrando seus cabelos espalhafatosos.

— Mas se você está se vestindo assim e não quer nem ao menos ser chamada de palhaço? Parece meio estranho, não é? – Mattew falava, e as pessoas ao redor davam risadinhas, aproveitando o show, na sua maioria eram garotas.

Willian observou Allena, ela estava realmente incomodada, e balançava a cabeça, ignorando tudo que o aprendiz de cara sarado falava. Até, que Willian viu uma pequena lágrima descer no rosto da garota, era uma lágrima realmente pequena, que se você não olhasse direito, não conseguiria ver. Até então, ele havia ignorado muitas coisas nesse dia, mas naquela hora, aquela pequena gota, não foi algo que ele conseguiria ignorar.

Caminhando e passando pela multidão, empurrando levemente as pessoas, ele chegou até onde Mattew estava e deu um pequeno empurrão em seu peito, tirando ele de perto de Allena.

— Ela não tá gostando cara, você é cego ou o que? – Disse ele, encarando o rapaz.

Mattew parecia abismado com aquela situação, provavelmente nunca ninguém teve a coragem de fazer isso com ele, o que explicava sua reação. Willian era do seu tamanho, porém com certeza perdia em músculos, mas naquele momento ele não estava pensando nisso, só estava irritado, muito irritado.

— E quem é você? – Disse ele. – Bancando o herói?

— Melhor do que bancar o idiota, mas acho que você não está bancando, você realmente é um idiota. – Falou Willian.

Allena encarou Will com uma expressão ainda mais abismada, ela não pareceu acreditar no que estava acontecendo. Mattew por sua vez, parecia muito irritado, e Willian estava contando mentalmente quando ele iria levar um soco.

— Isso não tem nada a ver com você, retardado. – Disse ele, se aproximando frente a frente com Will.

— Você faz um alvoroço, faz piadinhas super idiotas, incomodando as pessoas, e eu que sou o retardado? – Will deu um sorriso irônico.

Mattew se preparou para socar Willian, porém ele se afastou, evitando o soco.

— Tá com medo agora, covarde? – Disse Mattew, provocando.

— Covarde? Você faz tudo isso, e depois tenta partir para violência, e me chama de covarde? – Willian então respirou fundo. – Tragam um prêmio para esse homem, ele merece o troféu de maior imbecil dessa faculdade. – Se aproximou e olhou nos olhos de Mattew. – Achei que aqui tinha gente inteligente, mas pelo que vejo... – olhou para a multidão, que agora se afastava e parou de rir. – Não é tanta vantagem estudar aqui, não.

Mattew bufava de raiva, e pensou novamente em tentar socar Willian, porém se conteve, lançando a ele um olhar de fúria. Ele assentiu sorrindo friamente, enquanto se afastava, não disse nenhuma palavra, apenas foi embora.

Willian respirou fundo, observando as pessoas que agora, ainda cochichando se afastaram e diminuíram mais a intensidade. Allena olhava para Willian como se procurasse alguma coisa nele, como se não o reconhecesse.

— Quem é você? – Perguntou ela.

— Alguém que é contra a discriminação de fantasias de carnaval na faculdade.

— E o que fez com o Will?

— Já disse pra não me chamar de Will.

— Will! Quem é você?! – Allena se levantou, e pegou na blusa de Willian.

— Meio contraditório você falar meu nome e perguntar quem eu sou. – Disse Willian, enquanto passava a mão nos cabelos de Allena, quase como se acaricia um cachorrinho.

— É porque não é você!

— Infelizmente sou eu, mas nem eu quero ser eu, então posso não ser, enfim.

Allena então pegou Willian pelo braço e o arrastou até fora da faculdade.

— O que diabos está fazendo? As aulas já vão começar. – Disse ele, sem entender nada.

— Que mané aulas, eu to com fome, vamos voltar e você vai me fazer comida. – Disse ela.

— Não vou coisa nenhuma, você já sumiu com meus pães hoje de manhã! – Disse ele.

— Mas eles já foram embora, minha barriga dissolve tudo em oito minutos! – Ela falou passando a mão na barriga.

— Eu preciso estudar! – Disse ele.

— Estuda amanhã, eu preciso comer!

— Coma amanhã, então, filhote de baleia terrestre. – Willian balançou a cabeça.

— Não posso, preciso alimentar meus leões no estomago.

Willian respirou fundo, e ergueu as mãos ao céu.

— Deus, me leva, porque aqui eu já estou no inferno.

Então, os dois foram caminhando lado a lado e conversando enquanto isso.

— Você foi super maneiro lá, Willian. – Allena falou dando um tapinha em seu braço.

— Não espere que isso aconteça novamente.

— Ah, qual é!

— O que vai querer comer? – Perguntou Will, mudando de assunto.

— Ovos, bacon, carne, pão, bife, pedaços de frango e.... panqueca!


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, pessoal!



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