O Diabo Mora ao Lado escrita por Erzy, Gin


Capítulo 12
Você é a melhor!


Notas iniciais do capítulo

Bom dia pessoal, esse capítulo ficou pronto um dia depois do anterior ter sido postado, mas eu resolvi postar só agora para dar tempo pro outro ficar feito, espero que gostem!



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Allena mal conseguia pregar seus olhos naquela noite, o que era uma coisa completamente estranha, já que ela sempre conseguia dormir muito independente do que acontecia, mas toda aquela ansiedade não deixava ela dormir. Amanhã era o dia da peça, a primeira oportunidade que ela sonhou tanto em ter, ela iria se apresentar para várias pessoas, e por mais que não fosse o personagem principal, tinha muitas falas e destaque, toda aquela pressão estava esmagando ela.

— Ah, que fome! Vou pedir o Will para cozinhar... – Mas ao falar isso para si mesma, se lembrou das palavras do seu vizinho no dia anterior, quando ela havia perguntado se ele estava com ciúmes de Alex.

E se eu estiver, qual o problema? ”, ele havia dito, e só de relembrar isso, fazia o coração de Allena disparar ainda mais.

— Por que diabos estou pensando nisso agora? Eu tenho uma peça para me preocupar, e essa fome para lidar! – Ela se deitou e revirou de um lado para o outro. – É minha grande chance, se eu conseguir fazer uma boa interpretação, vou conseguir realizar meu sonho... – Ela falou, se aconchegando com suas próprias palavras, adormecendo um pouco em seguida.

Allena acordou com barulho de uma porta sendo arrancada a força, arremessada e quase derrubada em cima dela, se levantou assustada, vendo Will do outro lado com muita raiva no olhar.

— Sua louca! Levanta logo! – Ele falou, gritando.

Allena ainda estava meio zonza, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

— Sei que você tem TPM todo dia Will, mas esse estresse logo de madrugada... – Ela falou.

— De madrugada é o cacete! Já são dez horas da manhã! Você não acordava de jeito nenhum, então tive que arrombar a porta! – Willian estava irritado, mas também parecia bastante preocupado.

Allena se levantou num pulo.

— Dez horas da manhã?! O que vou fazer, eu perdi doze refeições nesse meio tempo! Rápido, Will, me alimente agora!

— Não é com isso que você deveria se preocupar, estomago de dinossauro! A peça é hoje você sabia? Sabia também que você vai se apresentar nela? Ou essa sua barriga está engolindo até seu cérebro?

— Ah, não precisa se preocupar, a peça é apenas as duas da tarde, temos quatro horas ainda.

— Quatro horas, não é? Uma pena que leva aproximadamente uma hora e meia para chegar no local, e mais de duas horas para você se caracterizar, fora o tempo do ensaio final, que com toda certeza você não vai participar.

Allena quase vomita de tanto susto.

— Por que diabos você não me acordou mais cedo?! Sabia que eu tinha essa peça hoje!

Willian deu um cascudo na cabeça de Allena.

— Você é a responsável para fazer isso! Além do mais é sempre você que me acorda atrás de comida, como não veio, achei que tinha saído mais cedo, porém escutei esse seu ronco, que dá para ouvir do outro lado da cidade, e descobri que você ainda estava aqui! – Ele trouxe uma pequena mesa com alguns pães.

Allena olhou para aqueles pães, e sua barriga reagiu no momento exato, fazendo com que em um leve movimento os alimentos se transportassem para sua barriga.

— Como você quer que eu sobreviva o dia apenas com isso, Will? O quão horrível um ser humano pode chegar? – Allena choramingou.

— Você não tem tempo para comer, Lion, se arruma logo e vai correndo para a estação, você não pode perder de jeito nenhum!

Allena se levantou e começou a trocar de roupa.

— Não na minha frente, sua idiota! – Ele virou o rosto.

Allena então se acalmou e pensou no que ele havia dito “... vai correndo para a estação”.

— Will, você não vai comigo? – Ela perguntou.

Toda aquela raiva de Will pareceu sumir, e deu espaço para um olhar cabisbaixo.

— Não posso lhe ver hoje, eu tenho turno no trabalho mais cedo. – Ele falou.

Allena se desesperou e correu até Willian, vestindo apenas as roupas intimas.

— Sua idiota, se vista! Você está quase na rua, alguém vai te ver! – Ele fechou os olhos enquanto ela empurrava ele.

— Você tem que ir me ver, Will! Como vou conseguir fazer a peça se você não vem? Vai ser algo muito ruim!

— É claro que não, você ensaiou muito e se dedicou bastante, não tem como fazer algo ruim. – Ele disse.

Allena choramingou um pouco.

— Mas se você não vai estar lá... – Ela foi interrompida e impressionada pelo que o jovem fez.

Willian, se soltou dos braços de Allena e os segurou, em seguida a abraçou e beijou sua testa, deixando a finalmente perceber a maneira como estava vestida na frente dele.

— Você é a melhor. – Ele falou, se afastando e novamente virando o olhar. – Agora se arruma, que tenho certeza que o dia de hoje vai ser muito especial para você. – Ao dizer isso, ele fechou a porta, deixando Allena no quarto, sentada, corada e com o coração parecendo uma escola de samba em dia de desfile.

— Você demorou demais! – Disse Alex enquanto Allena chegava totalmente cansada e ofegante. – Onde diabos se meteu? Nós já fizemos o ensaio prévio, agora não tem mais tempo para passar todas suas falas. – Ele se acalmou. – Você vai ficar bem?

Allena parecia uma torneira, de tanto suor que saia dela, resultado da correria que teve para chegar no teatro.

— E-Eu estou bem sim! – Ela falou, dando um sorriso, completamente motivada.

Alex correspondeu o sorriso.

— Ótimo, vá se preparar, parece que vamos ter a casa lotada hoje, então vai ser um grande espetáculo.

— Certo! – Ela disse, já correndo para a sala de preparação.

O teatro era grande, cabia aproximadamente duas mil pessoas ali, as cadeiras em confortáveis, e o cheio era de marfim e laranja-lima, Allena se perguntou se as pessoas que viriam assistir eram de alta classe, mas preferiu não pensar muito nisso enquanto se arrumava.

— Olha só pessoal, vamos dar nosso melhor, ensaiamos bastante, tivemos muitas dificuldades no processo, mas com toda certeza chegamos em um ótimo nível. – Reyna era a diretora do projeto, uma mulher alta, de cabelos longos e muito bonita, era muito severa, mas sempre dava um jeito de ser gentil também.

O grupo estava todo reunido atrás das cortinas do palco, conversavam baixinho para não dar a noção de que estavam ali, Allena conseguia ouvir os cochichos das pessoas, realmente parecia ter muita gente naquele teatro.

— Hoje temos uma missão de não fazer feio, e não vamos de jeito nenhum, cada um de vocês está pronto para subir nesse palco e fazer essa noite memorável para todo mundo que vai assistir. – Reyna continuava a falar, enquanto todos os outros escutavam. – E não tenho muito a dizer, só que estou orgulhosa do trabalho de vocês, boa sorte a todos.

Os integrantes então, se cumprimentaram e falavam baixinho enquanto a peça não começava, a ansiedade de Allena estava a mil, por mais que ela soubesse todas suas falas, ela imaginava que não conseguiria interpretar, mas aparentemente não era a única, alguns também estavam se sentindo assim. Alguns minutos depois, as luzes se apagaram e o narrador começou.

Allena não entrava de imediato, então ficou observando enquanto seus companheiros faziam o primeiro ato, eles eram bons, e já de começo arrancavam algumas gargalhadas da plateia. A garota ficou curiosa em ver como estava o palco antes de entrar, porém não conseguia de onde estava.

— E então, onde está sua prima, Beth? – Disse um dos atores que estava na peça.

— Ah, ela está aqui, prima Beth! – Disse o outro.

Esse era o sinal para a entrada de Allena, ela interpretaria uma moça do interior que estava vindo para a cidade, o papel dela era difícil por mudar a forma de falar, ao mesmo tempo em que ela teria que demonstrar o quão difícil seria a transição de um lugar para o outro, ao mesmo tempo que ficasse engraçado, já que o drama cabia para os outros personagens da peça.

— Eu tô aqui, sô! – Disse ela, entrando no palco, mas completamente nervosa, percebeu a plateia realmente lotada, não havia sequer uma cadeira vaga ali, viu também um público diverso, homens, mulheres, crianças, o que a deixou um pouco mais relaxada, mas ainda assim não tirou seu nervosismo.

A cena de Allena continuou, mas a mesma deixou um pouco o nervosismo atrapalhar, nada que fosse tão perceptível assim, até que chegou em uma parte da sua interpretação, em que ela teria que olhar para a plateia, e quando olhou para a primeira fila, se surpreendeu, e quase perdeu o passe, lá estava Willian, sentado, acenando para ela, dando um sorriso também. Allena ficou um segundo parada, quase deixando um grande sorriso escapar, porém o próprio Will fez sinal com a mão, para ela continuar a peça, e então não tinha mais para ninguém, era como se todo o seu nervosismo tivesse sido desfeito, e ela conseguiu interpretar e arrancar risos da plateia inteira como ninguém.

A peça continuava, e cada vez que Allena trocava de cena, Reyna e Alex diziam que ela estava indo muito bem, a garota mal conseguia conter sua empolgação, tanto por estar conseguindo fazer um bom papel, e por saber que Willian estava assistindo ela também, sempre que trocava de ato, Allena sorria bobamente.

— Vai lá, sua vez. – Disse, Alex, na última cena de Allena.

A plateia não conseguia se controlar diante da personagem da jovem, sempre ria bastante com o sotaque e a forma de não entender a cidade, Allena não fazia a personagem ser um estereótipo, ela sabia muito bem como transformar a moça que interpretava em um personagem único e convincente, fazendo a plateia rir só de ver ela chegando palco.

— E num é que a gente consegue mermo?

As frases que Allena dizia, se tornavam bordões, e logo conquistavam ainda mais as pessoas que assistiam, Willian parecia bem descontraído, e por mais que estivesse em tom sério, Allena percebia que as vezes ele dava algumas gargalhadas também, não só pela personagem, mas por ser ela quem estava interpretando.

A peça então teve seu final, e tudo correu perfeitamente bem, até melhor do que se esperava, fazendo Reyna derramar algumas lágrimas de orgulho, quando as cortinas se abaixaram após a cena final, todos se reuniram, dando as mãos, Allena estava quase chorando de alegria, de ter feito um ótimo trabalho, e todo mundo parecia fazer o mesmo, olhavam para ela com orgulho, e felicidade.

— Você foi incrível. – Disse Reyna para ela, segurando suas mãos.

Nesse momento, Allena não se conteve, e quando as cortinas se levantaram para as pessoas aplaudirem os atores, Allena começou a chorar bastante, lágrimas de alegria e de gratidão. A plateia aplaudiu de pé, muitos olhavam para a jovem enquanto faziam isso, como se realmente soubessem que mesmo não sendo a protagonista, foi ela quem brilhou no espetáculo.

Quando a cortina fechou, todo mundo se abraçou, em harmonia, conversavam e sorriam comentando sobre a peça e algumas cenas, também sobre a plateia, e o quão lotada ela estava. Allena conversava com algumas pessoas, até que Alex segurou seu ombro.

— Allena, tem uma pessoa que quer lhe ver, devo chama-la? – Ele perguntou.

Quem seria? Allena se perguntava, mas aceitou o convite.

Seu coração acelerou quando viu Willian entrar nos bastidores, ele era conhecido dos atores, pois havia acompanhado Allena nos ensaios, por isso foi bem recepcionado também, Allena ficou imóvel ao vê-lo caminhando, porém sempre interrompido pelas pessoas que falavam com ele, até que ela caminhou, e fez algo que surpreendeu a si mesma, pulou em cima de Will, o abraçando, quase o derrubando também, mas o jovem conseguiu segura-la nos braços.

— O que está pensando, Lion? Quer morrer e me levar junto? Eu ainda tenho muito para viver, sabia? – Ele disse, mas não parecia nem um pouco irritado.

— Você não morreria tão fácil, realeza. – Ela disse.

Willian vestia um terno, talvez o mesmo que ele usava para trabalhar no restaurante, estava bem vestido, e se você se confundisse, poderia realmente achar que ele era um príncipe.

— Posso leva-la para um lugar um pouco mais calmo? Aqui está realmente bem barulhento, mas não tiro a razão deles, foi uma excelente peça, eles merecem gritar bastante. – Ele olhou ao redor.

Allena sorriu, e concordou, assim os dois foram caminhando até próximo da sala de preparação, ficando a sós.

— O que houve? Você não ia trabalhar? – Ela perguntou.

— Bom, eu fui trabalhar, mas... – Ele revirou os olhos. – Meus superiores sabiam que era sua apresentação, e me deixaram sair mais cedo para assistir, um deles até me deu um ingresso da primeira fila.

Allena deu uma gargalhada.

— Até seu trabalho me ama, Will! – Ela disse.

Willian então encarou Allena, fazendo ela corar um pouco, por alguns segundos, fez o coração de Allena quase parar.

— É... sobre a peça! – Ele se apressou a dizer. – Você não poderia interpretar de uma forma melhor? Francamente, Lion, pareceu um sertanejo vindo do mato!

Allena quase cuspiu, dando uma gargalhada.

— Deixa de ser mentiroso, Michels! Eu vi você rindo da minha apresentação, não precisa mentir. – Disse ela dando cotoveladas no jovem.

Willian virou o rosto.

— Você não deveria estar prestando atenção em mim enquanto interpretava, mantenha isso na sua cabeça.

— Sim, eu vou manter.

Allena abraçou Willian bem apertado, mais forte do que ela já sentiu vontade antes.

— Meus ossos!

— Muito obrigado, Will, você me deu forças para continuar e me apresentar, tenho certeza que não teria toda essa repercussão se não fosse você.

Willian se soltou do abraço de Allena, quase morrendo sufocado.

— Bom... você é talentosa também, eu só dei um empurrão, na verdade eu acreditava que você conseguiria ser a melhor hoje mesmo...

— O que?! Diga isso de novo!

Willian virou o rosto.

— Nunca que eu diria isso de novo, sua palhaça! Eu estava mentindo, queria mesmo era que você caísse do palco e assim daria prejuízo de comida para o hospital, não para mim!

Allena chutou a canela de Willian.

— É assim né, sua princesinha da Disney! Pois que você quebre sua mão e não consiga tocar nenhum instrumento!

Os dois então continuavam a discutir, mas nenhum parecia irritado de verdade, muito pelo contrário, eles sorriam o tempo todo em que faziam isso.

— Bom, agora que a peça acabou, eu preciso comer pelo menos o sêxtuplo do que eu comeria pelo dia de hoje. – Allena falou, cruzando os braços. – Preciso que me alimente, e rápido.

Will quase deu um salto para trás.

— Sêxtuplo?!!! Isso é mais que 45 kgs de carne! Nem quatro elefantes comem isso por dia!

Ela socou Willian na barriga.

— Ai!

— É o que você ganha por não ter me alimentado bem hoje de manhã, agora estou quase desnutrida.

— Desnutrida nada! Você comeu muito ontem também!

— Mas isso foi ontem! Hoje é um novo dia, dia de fazer tudo diferente!

— Mas você está comendo tudo do mesmo jeito, sua monstra!

— Não se importe com detalhes triviais. – Allena disse abrindo a porta. – Bom, vamos comer em qualquer lanchonete que acharmos, acho que até você está com fome, não é?

Will respirou fundo.

— Bom, é verdade.

Os dois foram caminhando, até que Will fez uma pergunta que deixaria Allena sem expressão.

— Posso... segurar sua mão? – Ele perguntou.

Allena o encarou por alguns segundos, ele virou o rosto, completamente vermelho, de vergonha.

— Se não quiser não tem problema. – Se apressou a dizer, logo seguindo em frente sem ela.

Allena ficou um pouco para trás, sem reação ainda, até que correu até Willian, e com coragem, segurou sua mão.

— Acho que... não tem problema fazermos isso de vez em quando, não é? – Ela perguntou.

— Sim, é verdade, só de vez em quando. – Ele respondeu.

E assim, Willian e Allena caminhavam juntos, sentindo o calor da mão do outro, estavam completamente envergonhados, mas por dentro, cada um sentia uma felicidade que não saberia explicar.


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Notas finais do capítulo

:3



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