Olhar para ela era como travar uma batalha perdida.

Não importava que ter adrenalina pulsando nas veias e seu Hsu Quandao dançando pelas suas mãos numa batalha fosse um estado quase constante de sua vida, daqueles últimos meses. Porque Hak poderia mover-se com a maestria de um lutador num confronto desde os doze anos de idade, mas seus movimentos travavam e ele podia sentir o nervosismo comendo por dentro de si mesmo toda vez que Yona sequer dirigia um olhar mais demorado para ele.

Ela era, afinal, forte demais. Com seu tamanho pequeno, com seus olhos cálidos, com os bicos irritados que ela fazia quando ele deixava um comentário provocador escapar. Em como ela poderia parecer indomável e eterna mesmo apesar de tudo isso, o céu do amanhecer mesclando com sua silhueta quase que numa extensão de um quadro.

Yona era a coisa mais preciosa que ele já tivera na vida, condensada numa pequena garota que tinha o mundo nas costas. Ele queria poder guardá-la numa caixinha e livrá-la de todos os perigos que podia ter; queria poder até salvá-la de si mesmo e das intenções que ele inevitavelmente tinha por ela.

Mas Hak sabia que ela era forte demais, gentil demais. Yona carregaria o peso da nação inteira com um sorriso no rosto, se pudesse, queria poder proteger tudo de importante que ela ainda não perdera. Que não iria perder de novo.

E ele não podia impedi-la de fazer isso. Tudo o que poderia fazer era se restringir e aceitar, aceitar que ela era a única pessoa que nunca conseguiria ser contida, a única que ele nunca venceria verdadeiramente.

Então quando ele a observa se aproximar, olhos tímidos mas mesmo assim com aquele fogo familiar que Yona sempre parecia ter quando determinada, sua mente se retrai em negações de que não, não pode ser, não tem como ela possivelmente querer-

Mãos alcançam a manga de suas vestes, e ele flagra as pinceladas de vermelho em seu rosto. Ele já sabe que perdeu antes mesmo dos orbes violetas dela encontrarem os seus.

— Hak, ela murmura, quase que numa ordem, rosto a centímetros de distância. Ele sabe que deveria estar se afastando e a questionando nesse exato momento, mas não encontra forças para ir contra sua princesa.

Ele fecha os olhos e decide que, se fosse sempre tão doce, poderia se acostumar com o gosto da derrota.