Sentimentos Cíclicos escrita por LizAAguiar


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Well, eu acordei com isso na cabeça de um jeito tão aleatório que estou até agora sem entender =X
Mas já que a criatividade é um exercício espontâneo, por que não ceder a ela?
Eu não tive um tempo hábil para revisar, pode conter algumas atrocidades e.e
Tenham uma boa leitura ^^



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O primeiro dia de outono era sempre o mesmo para Perséfone.

Sua mãe chorando e a agarrando, a despedida menos dramática com as irmãs e irmãos, ela se dirigindo até seu quarto no Olimpo onde na penteadeira se encontrava uma rosa vermelha solitária que nunca murchava por completo, tocava suas pétalas levemente, fazendo-a rejuvenescer e voltar a se tornar um botão.

Daqui a seis meses estaria completamente desabrochada.

Fitava-se no grande espelho do local, os cachos castanhos moldavam seu rosto moreno, perfeitamente bronzeado pelo sol, assim como o restante de seu corpo, em outro dia de primavera e de verão seu vestido teria estampas floridas e nunca seria monocromático, aquele vestido branco e sóbrio não combinava com ela, tão pouco os negros em suas malas, cores opacas e sem vida.

Mas era exatamente nisso que teria que se transformar outra vez.

Fechou os olhos e respirou fundo, quando voltou a abri-los estava novamente a frente do palácio que chamava de casa no outono e inverno por milênios.

Frio, vazio, solene e morbidamente bonito.

Sua pele arrepiou quando as portas se abriram, a morada conseguia ser mais gelada que o campo parcialmente coberto de areia cinza e estéril.

"É assim que você deve ser agora."

Enquanto andava pelo hall de entrada até as grandes escadas, Perséfone se lembrou de um antigo comentário de Athena.

Ártemis é uma adulta em corpo de criança, você é uma criança em corpo de adulta.

Não poderia negar que seus passatempos preferidos eram passear no jardim do Olimpo e colher flores, sentir a terra molhada nos pés e a luz cálida do sol em sua pele, de passear entre os mortais em seus festivais, cuidar de suas orquídeas e bonsais.

"O que será que ela pensaria se me visse assim?"

Alcançando o corrimão a deusa já conseguia notar a cor saindo da mão, em questão de horas seu corpo estaria pálido, o cabelo tão escuro quanto o Tártaro, ela se transformaria na rainha do Submundo.

Aquela mudança em sua personalidade era tão gritante que os romanos a separaram, sua forma mais aberta e resplandecente, a garota, era Koré. Proserpina era a mulher, com um papel maior e com mais responsabilidades, a que não tinha tempo para se lamentar por ter comido das romãs ou para se esconder na estufa do castelo.

Perséfone havia demorado anos para entender que o sequestro não teria um fim, que não seria resgatada, que ficaria ali por não ter sido resistente o suficiente e, que teria que passar a encarar o tio que sequer conhecia como marido.

Parou na metade da escada quando passos pesados ecoaram pelo ambiente silêncio, seus olhos castanhos seguiram até o topo da escada, onde os vermelhos a sondavam. Ainda se lembrava de tremer na primeira vez que esteve naquela situação, temendo a um estranho e o que mais ele poderia fazer com ela.

— Olá, Lorde Hades. — Mas já fazia muito tempo desde que temera seu esposo pela última vez.

— Seja bem-vinda de volta, Lady Perséfone. — O tom grave tomou conta do espaço, a deusa teve que se controlar para não sorrir.

Ela gostava da forma educada que se portavam um com o outro, a fazia se lembrar dos tempos antigos, mas a tensão que aprendeu a identificar nele a fazia se perguntar porque ficava daquele jeito.

"Já fizemos isso um milhão de vezes."

Hades nunca mudava.

— Aconteceu algo enquanto estive fora? — Voltou a subir os degraus lentamente, atenta a reação familiar.

O senhor do Submundo desviou o olhar para o andar de baixo, o desconforto óbvio em seu maxilar quase a fez rir.

— Nada que valha a pena se levar a diante. — A voz monótona soou, sem qualquer indício de querer prolongar a conversa.

E Perséfone não entendia aquilo.

Quando fora raptada por ele, a deusa supôs primeiramente que era uma refém, que outro motivo haveria de ter além de um conflito com seu pai?

Depois de dez dias zanzando pelo palácio, tentando de todas as formas escapar de sua prisão e não encontrá-lo, Hermes conseguiu contata-la. Se antes se encontrava assustada, as informações que recebeu a aterrorizou.

Hades quer se casar com você.

Se ele fora capaz de sequestra-la, era difícil imaginar o que mais poderia fazer para conseguir seus objetivos.

"O que acabou sendo um grande nada."

Havia demorado anos para entender que aquilo era uma mistura de remorso, culpa e esperança, sentimentos que nunca fizera questão de explorar.

Sua culpa não a levaria de volta, o remorso era insuficiente para que pudesse perdoa-lo e nunca pedira por seu amor.

— Minha mãe ameaçou passar algumas semanas aqui quando me despedi dela. — Mais alguns passos, pode ver uma carranca cruzar com sua expressão, amava Deméter, mas até ela se irritava quando a deusa da agricultura dava as caras.

Aquele castelo se tornara sua casa também, ouvi-la dizer o quanto era frio e escuro não era nada agradável.

— É bom que ela trate de tirar essa ideia da cabeça. — Tinham se passado anos desde a última vez, mas seu esposo continuava traumatizado. — Seu quarto já está pronto. — Disse assim que seus pés se nivelaram aos dele. — Até o jantar. — Despediu-se sem encara-la, dando-lhe as costas e caminhando pelo corredor.

Desde que podia se lembrar Hades sempre fugia dela.

"Para alguém que me trouxe para cá a força você tem um jeito estranho de cortejar."

Cortejo que nunca chegou a acontecer, seu quarto e o dele eram ligados por uma porta, que nunca fora aberta, em seus primeiros anos ali Perséfone teve tanto receio que não conseguiu dormir, atenta a cada mínimo som que vinha da parede, eles eram casados, uma hora aquele pacto deveria ser consumado.

Mas milênios depois e eles nunca chegaram as vias de fato, aliás, nunca haviam chegado a lugar algum.

Por mais que notar que Hades não tinha intensão de fazer aquilo a deixasse aliviada a princípio, Perséfone se sentia intrigada, ele estava disposto a esperar por algo que nunca ofereceu e, perceber aquilo havia feito mais do que dispersar seu medo e deixa-la mais tranquila.

Tornara a convivência mais fácil, a cada dia ficava mais fácil.

***

Todos os primeiros dias de outonos eram iguais, não apenas em sua despedida do Olimpo, mas também em sua chegada ao castelo.

Ele sempre estava bagunçado, os servos pareciam deletar suas ordens assim que a primavera chegava, Hades também não movia um dedo para arrumar aquela desordem.

Depois de colocar tudo em seu devido lugar Perséfone se dirigia a estufa, apenas para cantarolar partes de As Quatro Estações enquanto tocava suas plantas, dando-lhes nova vida e por fim terminava com aquela tradição a mesa de jantar.

— Nico veio até aqui. — Seu esposo comentou entre as garfadas, apenas para afastar o silêncio.

— Ele não precisa vir visitar só quando eu não estou. — A deusa ainda se sentia envergonhada ao se lembrar do próprio comportamento.

"Você não é uma cópia barata de Hera."

Mas seu orgulho fora ferido e infelizmente havia se comportado como aquela víbora doentia. Era um acordo subentendido entre ambos: enquanto morassem sobre o mesmo teto os casos não aconteceriam, o casamento deles não era real de fato, entretanto as regras não deixavam de existir e para todos os efeitos eram felizes e tinham uma relação estável.

Olha só, até seu maridinho apaixonado pula a cerca.

Depois daquele dia todas as flores que eram agraciadas pela presença da deusa do amor murchavam.

"Diga adeus aos seus chazinhos afrodisíacos também."

Perséfone não entendia como uma deusa que na teoria deveria ser pacífica poderia carregar tanto rancor.

"Adônis está no campo de Asfodelos a milênios, supere!"

— O filho de Apolo queria conhecer o Submundo. — Ele apenas completou, sem fita-la nos olhos, o barulho dos talheres voltou a ser a música que acompanhava a refeição.

A mesa de jantar era enorme e apinhada de todos os tipos de alimentos, a deusa preferia uma refeição sem tantos exageros, mas seu primeiro jantar de outono sempre era assim, um dos únicos momentos em que estavam no mesmo ambiente sem servos, generais ou monstros, o único momento em que poderia tentar olhar para o marido sem que cargos importassem e, a única coisa que conseguia era distinguir sobrancelhas franzidas e uma feição concentrada.

Nos primeiros séculos esse era o momento que mais odiava, Hades a deixava em paz a ponto de não vê-lo por dias, mas sempre fizera questão daquele jantar, mesmo que mal a encarasse ou não falasse com ela.

Era agoniante ter que esperar pelo próximo passo dele e a raiva em seu interior só crescia, por que ela?

Seu pai merecia uma lição.

Essa foi a única resposta que obteve quando o indagou, a milênios atrás, mas ainda não era satisfatória. A única com quem Zeus realmente se importava era Athena, Perséfone era apenas uma deusa menor e, gostaria de ter continuado assim pela eternidade, sem holofotes ou importância elevada.

Livre.

Bebericou da taça de vinho enquanto ele comia, aparentemente sem notar seu olhar, o que era fingimento, para quem sempre jantava sozinho era impossível ficar alheio a isso.

Era difícil engolir aquela desculpa, mas era mais plausível que ter o Senhor do Submundo caindo de amores por ela.

Embora as mensagens de afeto e desejo sendo ditas nas entrelinhas durante séculos fossem impossíveis de se ignorar.

Eles não se conheciam, Deméter a protegera de tudo e todos durante sua vida como Koré, havia o visto rapidamente em alguns conselhos olimpianos, mas nunca notara qualquer olhar dirigido a sua pessoa.

"Ele sempre fugiu de mim."

Foi difícil, porém não impossível, aceitar que nada voltaria a ser como era antes, que teria que permanecer ali por meio ano de qualquer forma, mesmo que não tivesse feito nada para merecer tamanho castigo, depois do medo, o sentimento que Hades lhe despertou foi a raiva.

Raiva por ter sua vida simples e pacata transformada em uma tragédia digna de Homero, por ser alvo do afeto de alguém que nunca lhe importara e ainda ter que ser parte de sua frustração. De ouvir que não fora um sequestro, de que queria aquilo, como se sentir o corpo esfriar a cada dia, sentir o Submundo roubando sua cor não fosse o suficiente para entrar em desespero e procurar energia na primeira coisa viva que achasse.

Seis sementes de romã foram responsáveis pelo momento de maior desespero de sua eternidade.

— O que acha de convidarmos eles para o natal? — Indagou voltando-se para o próprio prato.

Uma das coisas que mais lhe fazia falta era a ausência de festas, a única vez que havia convencido o deus a fazer fora um tanto conturbada.

"Mas também foi quando comecei a enxergar coisas boas em você."

Seu esposo era um bom dançarino.

— Isso pode ser arranjado. — Sorriu para a própria refeição, ele nunca lhe negava nada naquele dia.

"Como se eu ainda me sentisse uma estranha e precisasse ser agradada."

E de alguma forma aquilo era irritante.

— Lorde Hades. — Chamou suavemente depois de tomar um gole generoso da taça.

— Sim? — Pela primeira vez os olhos dele se ergueram até os seus.

— Por que me raptou? — O deus apenas continuou a fita-la, os talheres parados no ar, era como se o tempo tivesse parado também.

— Já disse isso você, seu pai estava merecendo uma lição. — O tom um tanto ranzinza não passou desapercebido, seu esposo detestava ter suas atitudes questionadas, portanto na maior parte do tempo Perséfone atendia aquela reivindicação muda, mas não naquele dia.

Por que ele não poderia admitir?

— Mas por que eu?

Por que não pedir desculpas?

— Athena teria sido um golpe mais duro. — Comentou de maneira casual, ele apenas seguiu encarando-a, os olhos vermelhos fervilhando de raiva, a dois mil anos atrás a deusa nunca teria tido coragem de sustentar seu olhar, hoje ele já não lhe causava mais nada.

Ela não poderia se ver como uma prisioneira agregada para sempre, os servos lhe inquirindo ordens e o trono ao lado do dele a fizeram acordar, havia perdido sua liberdade, porém em troca Hades lhe dera a igualdade, não deveria olha-lo de baixo ou se assustar com qualquer crise de cólera, o Senhor do Submundo era justo acima de tudo.

Por todos aqueles anos ele se mostrou centrado e racional, levava justiça a sério.

Aquilo não fazia sentido.

Perséfone já havia se apaixonado antes, mas nem quando fazia algo estupido chegara a esse extremo, conhecendo tão bem a deusa do amor e suas façanhas, ela poderia dizer que nunca amara de fato, isso se amar significasse raptar pessoas ou mata-las.

— Ela é uma dos doze, isso não daria certo, além de ser casta. — Seu tom não dava brechas para novas perguntas, tanto que deixou que a atenção recaísse sobre a refeição, o barulho da prata se chocando voltou a povoar o recinto, mas Perséfone ainda não estava pronta para deixar o assunto morrer.

Por que era tão difícil para ele dizer?

"E por que você quer tanto isso?"

Porque havia cansado de odiar, já foram tantos anos, seu coração estava exausto daquele sentimento, pela primeira vez na vida, se lembrar de tudo não despertava sentimentos ruins.

— Mas...

— E eu precisava de alguém para ficar aqui e cuidar do palácio. — Seus olhos arregalaram levemente ao mesmo tempo em que o ar saia por sua boca.

— Então deveria ter contratado uma governanta. — Murmurou incomodada antes de beber da taça que estava cheia novamente.

— Como? — Sentiu os olhos dele em sua figura, mas dessa vez foi ela quem fugiu, aquela conversa estava começando a irritar, deixou que sua atenção fosse até o tapete persa em uma das paredes.

— Eu só fico seis meses aqui. — Respondeu com banalidade.

Estava cansada de fingir que eles tinham uma relação linda.

— Sim. — O deus apenas concordou, ainda querendo finalizar a conversa, todavia seu impulso de alfinetar foi maior que o bom-senso.

"Não sou sua governanta."

E sabia que era mentira.

— E eu também precisava de uma esposa. — Voltou a olhar para seu esposo, espantada e curiosa sobre se aquilo queria dizer alguma coisa. Hades havia passado a olhar para a própria refeição outra vez.

Ele não queira filhos, isso era óbvio, também não se importava com o status ou ser o único dos três grandes solteiro, ambos sabiam disso.

— Poderia ter ido atrás de Afrodite. — Se ouviu dizer enquanto acariciava a borda da taça prateada, já irritada por suas investidas sendo infrutíferas. — Você só precisava dar joias a ela e poderia ter rostos e corpos diferentes todas as noites.

"Foi assim que Hefesto conseguiu."

A deusa do amor ela volátil e só se importava com seu próprio prazer, essa leveza era o que normalmente atraía as pessoas para seus encantos e, se tinha algo que aquele castelo precisava era a leveza.

Perséfone havia aprendido a gostar de sua mudança, seu ciclo anual, em todas as estações ela se transformava e evoluía, mas pensar na dureza do inverno e a solenidade do outono a deixaram irritada.

Talvez não fosse apenas Afrodite que devesse superar o impasse.

— Preciso de uma esposa... — A voz estava perigosamente baixa, possessa a ponto de fazê-la se lembrar da última vez que alguém havia escapado dos Campos da Punição. — Não de uma amante!

Quando seus olhos procuraram sua imagem, encontraram o Lorde do Submundo a fitando intensamente, como se estivesse ofendido, com o orgulho ferido apenas por pensar na alternativa, as almas em seu manto se agitaram, sentindo o estado de nervos do dono.

Há milênios atrás aquilo teria sido assustador, todavia se nem Nico ligava?

"Não pode mais me assustar."

Além do mais, aquela era a única resposta que necessitava, as entrelinhas eram o suficiente.

Era engraçado notar o quanto os sentimentos eram facilmente moldáveis, os mortais gostavam de usar o para sempre.

Serem amigos para sempre. Uma jura de ódio eterno. Amor eterno.

— Desculpe. — Disse em um tom mais brando, bebericando da taça, movimento que foi o responsável por fazê-lo perder o sorriso suave em seu rosto.

— Não ter importância. — Tinha, mas não da forma que ele esperava.

A vida de um humano comum durava o mesmo que um suspiro para um deus, eles poderiam sentir algo por toda a vida, era ínfimo de qualquer forma.

— Eu não queria ter assustado você. — Dessa vez era seu esposo que olhava o tapete, sem coragem de encara-la. Como tantas e tantas vezes durante todos aqueles anos.

— Não me assustou. — Respondeu com calma e firmeza, se pondo a terminar seu jantar.

Já o havia temido tanto, a ponto de achar que o medo tinha se mesclado a sua alma, já o odiara com intensidade, remoendo suas dúvidas e perdas com empenho, dissera a si mesma que jamais o perdoaria por tê-la roubado como se fosse um objeto.

— Lorde Hades. — Chamou sem encara-lo, ainda concentrada em suas próprias teorias.

Já o havia admirado, por mesmo com provocações e a falta de reconhecimento, continuar a ser impecável em seu reino, ele nunca reclamava.

— Sim? — Foi fácil para Perséfone reconhecer a hesitação em sua voz, mesmo que bem oculta.

Já havia compreendido, a seriedade, solidão, o medo pelo medo dos outros, o único desejo que jamais se vira capaz de satisfazer, porque ele era intenso demais, porque violara sua vontade e, Hades sabia disso, por isso nunca tentara, a deixara em paz da forma que podia. O que lhe fora roubado jamais poderia ser devolvido, mas em contrapartida o tempo fora lhe dado.

— Você gostaria de passear pelos Campos Elíseos amanhã?

Agora Perséfone não sabia exatamente o que sentia, queria algo, queria verdades, mesmo que em seu íntimo soubesse que o desejo de seu esposo ainda não poderia ser satisfeito.

Quando seu olhar se ligou ao dele, pode distinguir apenas descrença, pouco a pouco o entendimento foi aparecendo, por fim sua expressão se tornou pensativa, sabendo que aquele convite era muito mais profundo do que parecia, as entrelinhas sempre falavam mais alto entre eles.

— Gostaria? — Ela estava pronta para deixar o ódio e o ressentimento para trás, Hades a perdera no momento em que tentou pela primeira vez, mas soubera não agravar o erro, soubera que presentes caros seriam jogados no lixo, que gestos escancarados a deixariam assustada, durante todos aqueles milênios estava esperando que ela lhe desse uma chance, estivera devolvendo o que surrupiara a força.

Uma escolha.

Não queria mais que seus primeiros dias de outono fossem o recomeço de uma farsa. Era como se finalmente um ciclo tivesse acabado em sua vida, apenas para que outro fosse iniciado.

— Sim. — Ele murmurou de forma distante e descrente, olhando para ela como se não pudesse acreditar no que ouvia.

Mas se para um mortal nunca era tarde demais, para um deus essa também era uma verdade.

— Claro. — Se prontificou a colocar mais firmeza na voz, voltando a comer logo depois.

Perséfone apenas a encarou por alguns instantes antes de dar atenção a sua taça, talvez aquela fosse a pior decisão que pudesse tomar, destruir a imagem de um Lorde digno que fora construída por todo aquele tempo e do casamento menos destrutivo do Olimpo, mas algo lhe dizia que não ficaria decepcionada, constatar que aquela voz vinha de seu coração foi estranho.

Estranhamente óbvio.


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Notas finais do capítulo

Eu estava pensando em fazer uma continuação no ponto de vista do Hades, mas não tenho certeza, alguém aí gostaria de uma? =X
Críticas, sugestões e qualquer opinião é sempre bem-vinda ^^
Até uma próxima vez o/



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