Amor e Amizade escrita por The Escapist


Capítulo 9
Capítulo 9




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Um dia Daniel recebeu um e-mail do irmão Eduardo que o deixou num estado catatônico – palavras de Camila. Ele faltou vários dias de aula e não atendia o telefone, não respondia os e-mails, enfim, Camila estava preocupa. Só havia um jeito de saber alguma notícia de Daniel, e não era fácil falar com Miguel, não com ele no meio da turminha de playboys com quem ele andava. Mas ela precisava saber o que tinha acontecido cm Daniel. E tomou coragem pra ir até Miguel. Quando estava chegando perto, a roupa de uma das amigas dele quase fizeram Camila recuar; a loira estava usando uma roupa daquelas apenas para a aula! Camila olhou pra sua calça jeans surrada, e sentiu vontade de enfiar a cabeça em algum buraco – ou talvez se jogar na frente do primeiro carro que passasse – mas precisava saber notícias de Daniel.

─ Oi, licença, Miguel – Miguel foi simpático com Camila, como sempre.

─ Oi, Camila, tudo bem?

─ Tudo, tudo bem.

─ Pessoal, essa é a Camila, ela é amiga do Daniel. – as duas moças e o rapaz que estavam com Miguel cumprimentaram Camila. – Em que eu posso te ajudar?

─ Eu queria saber se você sabe o que aconteceu com o Daniel, ele sumiu!

─ Ah, é verdade, o Daniel está estranho mesmo, bom... Com licença gente, eu já volto. – Miguel se afastou um pouco dos amigos e Camila lhe seguiu. – O Daniel não sai de casa há dias, não come, não faz nada, eu nem sei se ele toma banho, pra dizer a verdade;

─ Mas o que aconteceu?

─ Ninguém sabe, ele não fala; meu pai já está pensando em ligar para o Alberto e contar o que está acontecendo com o Daniel.

─ Droga! Desculpa, é que, deve ter acontecido alguma coisa com ele.

─ Vocês são muito amigos, não é?

─ Muito.

─ Se você quiser ir vê-lo, fica à vontade, talvez ele fale com você.

─ É, tem razão, eu vou sim, obrigada, Miguel. – Miguel voltou pra perto dos amigos e Camila pensou como é que alguém poderia ser tão perfeito!

            Ela resolveu ir mesmo até a casa de Miguel ver Daniel; assim que chegou lá, ficou um instante imaginando como Daniel poderia não gostar de morar naquela mansão! A mãe de Miguel foi tão educada quanto ele e recebeu Camila muito bem, acompanhou ela até o quarto de Daniel.

─ Espero que você consiga animar o Daniel. Ele está péssimo, nós estamos preocupados com ele. – Camila bateu na porta, duas vezes e só na terceira Daniel abriu.

─ Dona Margarida, por favor, eu já... Camila? O que você está fazendo aqui?

─ Oi, Daniel!

─ Entra. – Camila entrou e Daniel bateu a porta.

─ Eu fiquei preocupada, você sumiu; o Miguel disse que você estava estranho, então, eu vim ver o que aconteceu.

─ Obrigado por se preocupar.

─ O Miguel disse que você não está nem comendo...

─ Não sabia que o Miguel era uma fofoqueira!

─ Daniel, eu fiquei preocupada com você, qual é, você simplesmente some, não dar noticia, não atende o telefone, não responde os meus e-mails; e ainda me dizem que você não está nem comendo, como você espera que eu reaja? Poxa, o que aconteceu?

─ A Amanda. – Daniel mal abriu a boca, mas Camila entendeu o nome da fulana.

─ Claro, e por qual outro motivo você ficaria assim?

─ Veio aqui pra me criticar?

─ Não, já falei que vim por que fiquei preocupada. Mas, o que aconteceu? O que a Amanda fez? Ela terminou com você?

─ Não, eu... Eu terminei com ela.

─ Por quê?

─ Ah, ela estava... Estava me traindo.

─ Cachorra! Desculpa, mas, você tem certeza, quer dizer como você soube?

─ O Eduardo me contou, ele mandou um e-mail.

─ E a informação do Eduardo é confiável?

─ Cem por cento; o Eduardo não é uma velha frutiqueira, ele não ia inventar, ainda mais por que isso causou uma briga entre ele e a Verônica.

─ Que chato. Mas você não pode ficar assim por causa da... Dela.

─ Vai dizer isso ao meu coração. Dá pra explicar por que alguém consegue ser tão idiota como eu, insistindo em gostar de alguém que não me quer? A Amanda disse que o que aconteceu entre nós foi um erro. Ela me traiu, mas eu não consigo deixar de gostar dela, Camila, não consigo!

─ Poxa, Daniel, eu nem sei o que dizer.

─ Mas eu vou esquecer a Amanda – “uma luz no fim do túnel”, pensou Camila – Nem que eu leve a vida inteira. – “e o mesmo exagero de sempre”.

─ Claro que vai, Daniel. Mas você tem que sair desse quarto, tem que viver.

─ Eu sei.

─ Ótimo, então, eu vou fazer uma faxina lá em casa amanhã, talvez você queira me ajudar, a mamãe tá cheia de dor nas costas e não pode fazer nada.

─ Você quer me ajudar a sair da fossa ou me afundar de vez?

            Não foi tão fácil pra Daniel, mas aos poucos ele foi retomando a normalidade da vida; tentando esquecer Amanda, começou a sair com Fernanda, uma das amigas de Miguel. No dia do seu aniversário, não quis ir pra casa, não queria correr o risco de ver Amanda; e Miguel resolveu organizar uma festa de aniversário surpresa pra ele; até Camila foi para a festa, e isso por si foi suficiente pra deixá-lo animado; além claro do fato de está se tornando maior de idade. Talvez ganhasse um carro de presente. Mas o presente do pai foi muito melhor do que ele esperava, mesmo tendo vindo três meses depois do aniversário. Alberto foi à São Paulo pra resolver negócios, - e Mariana aproveitou pra ir ver o filho, era a pior parte, ficar longe dele! – e resolveu que Daniel já poderia morar sozinho se quisesse, desde que prometesse que seria responsável, como a idade sugeria que ele se tornasse. Daniel aceitou imediatamente qualquer condição que Alberto quisesse impor; não era por que não gostasse de morar na casa de Alfredo, até que já tinha se acostumado, e Miguel era seu amigo; mas ele queria ter mais liberdade pra ficar com Fernanda; além disso, tinha outro problema: Ângela, a irmã de Miguel tinha voltado pra casa e era absurdamente linda e vivia dando em cima dele, de verdade, e Daniel não estava a fim de decepcionar os anfitriões que o tratavam como um filho; sem dúvida seria melhor pra todo mundo se ele fosse embora; ele e Miguel continuariam amigos, ele visitaria Margarida e Alfredo sempre que quisesse, Ângela estaria segura, e o namoro dele com Fernanda poderia tomar um rumo mais sério, e todos seriam felizes para sempre. Alberto concordou em comprar um apartamento pra Daniel, e ainda deu um carro – “com certeza o Eduardo e o Filipe estão com muita raiva de mim”, pensava Daniel com um certo prazer, afinal, ele estava mesmo se transformando no filho preferido.

─ Uau, Dani! E você ainda reclama do seu pai! Carro novo, apartamento, mesada, o que você quer mais da vida? – Camila estava conhecendo o apartamento de Daniel.

─ Eu sei, ele tem sido muito bom comigo; na verdade ele é ótimo, e não é por causa do apartamento ou do carro, ou da mesada, é por que ele é um pai incrível, e eu o amo muito... Só não conta pra ninguém.

─ Pode deixar.

            Nas férias do primeiro ano na faculdade Daniel viajou pra Bahia com Fernanda, e Camila trabalhou nas férias pra juntar alguma grana. Quando as aulas voltaram Daniel estava solteiro de novo – as coisas com Fernanda não eram assim tão boas – e Camila passou a ficar mais tempo no apartamento dele; Gustavo e Miguel estavam no apartamento também, eles planejavam assistir a um jogo de futebol, só não contavam com a presença de uma garota. Mesmo não bebendo, Daniel tinha enchido a geladeira de cerveja e também comprou pizza.

─ Então vai ser uma festinha, tipo clube do bolinha? Se vocês quiserem eu vou embora.

─ Imagina Camila, claro que você pode ficar; você é praticamente homem! – Daniel brincou; Miguel e Gustavo riram.

─ Desde que você não se incomode, Camila, fica à vontade. – disse Miguel.

─ Nós vamos ver futebol! – observou Gustavo.

─ Eu adoro futebol.

─ Onde você comprou ela não tinha do meu tamanho, Daniel? – Daniel não tomou conhecimento da brincadeira de Gustavo; os quatro se acomodaram no sofá pra assistir a partida da Champions League – Milan e Liverpool. Camila estava sentada entre Daniel e Miguel e mordiscava um pedaço de pizza.

─ Nossa, como esse Shevchenko é gostoso! – falou e ao lembrar que não estava sozinha com Daniel ficou meio sem graça; Miguel estava rindo ao lado dela, e isso deixou-a mais relaxada; cada vez que passava o seu jogador preferido na tela da TV, Mila fazia um comentário do tipo “que lindo”, “Que pernas”. – que bunda!

─ Camila, já chega! Não comenta mais, por favor! – disse Daniel, entre sério e brincando. Camila tentou se controlar durante o resto do jogo, mas quando acabou e Maldini levantou a taça do campeonato ela não se segurou.

─ Que pedaço de mau caminho meu pai!

─ Ah, fala sério! – seguiram os protestos dos rapazes contra todos os elogios de Camila ao time italiano.

─ No fundo ela é uma garota como qualquer outra! – os garotos ainda demoraram um pouco, enquanto tinha cerveja, depois Miguel e Gustavo foram embora.

─ O que foi Daniel? – Camila perguntou, por que Daniel estava olhando pra ela com aquele olhar esquisito, aquele olhar que indicava que ele estava pensando alguma besteira.

─ É impressão minha ou você olhou mais para o Miguel do que para o Shevchenko?

─ Ham? Você tá brincando não é? – Camila disse sem nenhuma segurança na voz.

─ Só pra você saber, Mila, o Miguel está noivo.

─ Qual é, Daniel, eu não tô interessada no Miguel.

─ Ótimo, melhor assim, o Miguel não te merece.

─ Valeu.

─ É sério, Mila, o Miguel é um cara legal, mas, ele não tá nem aí em magoar ninguém, ele nem pensa duas vezes antes de trair a noiva, mas depois ele volta abanando o rabinho pra ela.

─ Não se preocupa, alguém como o Miguel não está nos meus planos.

─ Eu só quero que você seja feliz... Eu sei, tô parecendo seu pai.

─ Está.

─ Desculpe, não vou mais fazer isso, prometo. E falando em promessas, eu prometi ao meu pai que seria o melhor médico que conseguisse, mas minhas notas são medíocres, eu preciso me esforçar um pouco mais pra melhorar.

─ Concordo com você.

─ A partir de hoje eu vou me educar, e me dedicar muito mais!

─ Então, eu já vou, eu também preciso me educar e dar uma passada em casa de vez em quando.

─ Eu pensei que você ia me ajudar a arrumar a bagunça.

─ No dia que você me pagar para ser diarista eu arrumo sua casa, Daniel.

─ Essa foi boa.

─ Tchau, a gente se vê amanhã. Ainda vou pegar dois ônibus.

─ Eu te levo em casa, Camila.

─ Não precisa. Valeu, tchau. – Camila saiu antes que Daniel insistisse mais.

            Daniel cumpriu a palavra e passou a se dedicar muito mais aos estudos; passava a maior parte do dia concentrado nos livros, prestava atenção a todas as explicações dos professores, diminuiu as noitadas com Miguel e Cia.

            Já Camila conseguiu um emprego, finalmente, como vendedora numa loja de roupas – obviamente não tinha nada a ver com Medicina e não era um emprego maravilhoso, nem mesmo o salário era bom, mas ela estava realmente precisando de grana.

            Camila saía da faculdade direto para o trabalho; saía da aula por volta do meio dia e meia, mas como deveria entrar no trabalho às duas da tarde ficava estudando no biblioteca; ficava na loja até as dez da noite e tinha que voltar pra casa de ônibus. E era essa a parte que Daniel não gostava; Camila às vezes perdia o ônibus e acabava indo pra casa sozinha, era muito perigoso, e ele sempre insistia pra que fosse levá-la em casa, ou pelo menos ela dormisse no seu apartamento.

─ Eu acho tão absurdo você voltar pra casa a essa hora da noite sozinha, Mila, essas ruas são muito perigosas!

─ Você é mesmo uma gracinha por se preocupar comigo.

─ Eu tô falando sério.

─ É, tô vendo, tá bancando o meu pai de novo.

─ Mas é por que isso é sério!

─ É, mas eu não posso fazer nada, eu preciso trabalhar!

─ Você poderia morar aqui comigo, facilitaria muito a sua vida, e a minha! – Camila riu – Não foi uma piada!

─ Ah, não? – Camila falou, cética.

─ Acho que essa seria uma ótima solução, para os seus problemas e para os meus também. Você não ia ter que ir e vir todo dia, ganharia tempo, ia poder almoçar todo dia, e não adianta dizer que não fica sem almoçar alguns dias que eu sei que você fica, ia economizar uma grana com condução e, principalmente, não ia ter que voltar pra casa altas horas da noite sozinha e correndo perigo. Pra mim seria bom, por que você ia me fazer companhia e o almoço.

─ Isso é uma completa loucura!

─ Não é não!

─ Meus pais não vão deixar eu morar com você, com um garoto!

─ Seus pais me conhecem, eles sabem que eu te considero uma irmã, e eles vão entender que será muito melhor pra você morar perto da faculdade e do trabalho. Ou você não quer morar aqui?

─ Ah, não sei, sei lá, Daniel.

─ Tudo bem, eu não vou pedir pra você limpar a casa!

─ Fala sério.

─ Pensa bem e decide, depois você me fala.

─ Onde eu ia dormir?

─ No outro quarto, a gente compra uma cama. Mas só tem um banheiro, então a gente teria que dividir.

─ E o que seus pais vão pensar?

─ Tenho certeza de que eles não vão se incomodar, já que você não é minha namorada, claro.

─ Bom, eu vou pensar, e conversar com os meus pais.

─ Ótimo.

            Camila pensou e conversou com os pais, que incrivelmente adoraram a ideia – ah, claro eles adoravam tudo que Daniel fazia! – e decidiu aceitar o convite dele. Antes mesmo dela dizer que aceitava, Daniel comprou uma cama e colocou no quarto e mudou suas coisas que estavam jogadas lá para o seu próprio quarto.

─ O armário não é muito grande, mas você também não tem muitas roupas, então...

─ Ah, tá ótimo.

─ Bom, como eu falei a gente vai ter que dividir o banheiro.

─ Sem problemas, eu sempre dividi o banheiro com os meus irmãos.

─ Bom, se eu for trazer alguém pra dormir aqui, eu prometo te avisar com antecedência, e o mesmo se aplica a senhorita, eu sou liberal, embora eu ache um pouco difícil você dormir com alguém, nessa encarnação. – Daniel falou e Camila acertou a bolsa na cabeça dele.

─ Palhaço! Fique sabendo que a probabilidade de eu dormir com alguém é maior que a sua!

─ Essa é boa!

─ Pelo menos eu não vivo chorando pela Amanda! – Camila riu, mas Daniel não achou graça.

─ Não foi engraçado. Eu ainda estou tentando esquecer a Amanda, sabia?

─ Desculpa, Daniel, mas você me tira do sério.

─ Tudo bem, fica à vontade, eu vou descer e comprar o jantar.

─ Acho bom você começar a pensar no supermercado, eu não vou me dar ao luxo de comer comida de restaurante todo dia!

─ Beleza. – Daniel desceu pra comprar o jantar enquanto Camila arrumava as coisas no armário; não eram mesmo muitas roupas, e mesmo no armário pequeno sobrou espaço; quando ele voltou, eles jantaram na sala vendo TV. – Eu estou feliz por você está aqui, Mila.

─ Eu também, meu anjo da guarda.

             O convívio de Camila e Daniel era perfeito; ela cuidava da casa, por que Daniel mesmo sendo o garoto mais organizado que ela conhecia, continuava sendo um garoto e bagunça era uma coisa que todo garoto sabia fazer. Daniel dedicava o tempo exclusivamente aos estudos, enquanto Camila tinha que sair pra trabalhar. Quando estavam os dois em casa, sentavam pra assistir TV. Estavam assistindo – pela enésima vez – O Senhor dos Anéis, e Daniel já estava irritada com os suspiros de Camila por Aragorn e Legolas; Camila estava vestindo um short curto – uma raridade, na opinião de Daniel; ele se levantou pra ir à cozinha; voltou trazendo um balde de pipoca e duas latas de coca; sentou-se de novo e continuou vendo o filme. Quando o DVD acabou Camila se levantou pra trocar o disco, quando voltou reparou que Daniel estava olhando pra suas pernas!

─ Daniel! O que você está fazendo?

─ Nada, só olhando mesmo, sabe que até que você tem umas pernas bem bonitas!

─ Obrigada.

─ E uma bunda bem bonita também.

─ Para vai, Daniel, não brinca!

─ É sério, você deveria se mostrar um pouco mais.

─ Como assim?

─ Sei lá, usar umas roupas mais sexy de vez em quando, quer dizer, você é linda Camila, mas você se esconde atrás desse visual.

─ Daniel, daqui a pouco eu vou começar a achar que você está... A fim de mim... Eca!

─ Não precisa se preocupar, Camila, você não faz meu tipo! Sabe, é que você é muito baixinha! – Daniel levou uma tapa no ombro. E Camila deu play no DVD e eles continuaram assistindo o filme.

            Em um dos dias de folga de Camila, Daniel a convenceu a sair pra dar uma volta, e Camila ficou mesmo irritada quando foram passear no shopping onde ela trabalhava.

─ A gente ia para o cinema, poxa! – mas o filme que eles queriam ver estava com os ingressos esgotados.

─ Está bem, eu desculpo, eu sempre te desculpo, não é? – os dois ficaram caminhando pelo shopping antes de ir pra praça de alimentação; Camila ficou parada em frente a uma vitrine de uma loja de sapatos, admirando uma sandália. – Essa sandália ficaria linda no meu pé! – disse, pensando alto, mas Daniel estava perto e ouviu.

─ Compra, ué!

─ Hein? Não, não posso gastar meu salário praticamente todo com uma sandália!

─ Cartão de crédito?

─ Limite estourado.

─ Se eu comprasse a sandália e te desse de presente você aceitaria?

─ Não.

─ Por que não?

─ Por que não é o meu aniversário, nem o natal, nem nenhuma ocasião que justifique você me dar um presente.

─ O simples fato de você ser a minha melhor amiga e a pessoa mais legal do mundo é um motivo pra eu te dar um presente todos os dias.

─ A sua amizade é o melhor presente que você pode me dar, Dani, você sabe.

─ Sei, mas às vezes é chato, Camila, poxa é só uma sandália... Não faria diferença nenhuma pra mim.

─ Esquece isso, até por que eu não tenho uma roupa pra usar com essa sandália mesmo.

─ Tudo bem, doutora, vamos comer, pelo menos você vai aceitar que eu pague o jantar, não vai?

─ Tá, tudo bem.

            Daniel decidiu viajar pra Porto Alegre, por que os pais estavam prestes a completar trinta anos de casados e ele e os irmãos estavam planejando uma festa surpresa; ele convidou Camila pra ir junto, mas ela não aceitou – disse que não poderia faltar ao trabalho – mas Daniel tinha uma suspeita de que ela tinha vergonha de conhecer a família dele em uma ocasião tão particular – uma bobagem, claro – mas não ia insistir tanto. Quando acordou pra ir para o aeroporto, Camila ainda estava dormindo, uma coisa realmente rara, já que ela acordava cedo, sempre antes dele, e conseguia fazer várias coisas antes de ir para a faculdade. Daniel preferiu não acordá-la, era seu dia de folga e ela merecia descansar, deixou um bilhete na mesinha da cabeceira e saiu. Camila acordou tarde, quase ao meio-dia, e reparou logo no bilhete de Daniel. – doutora, fui pra POA, fica á vontade a casa é toda sua, e pode dar uma festinha enquanto eu estiver fora, ok? Volto na próxima semana, beijos, Daniel. Camila guardou o bilhete, e pensou um instante no que ia fazer durante aquele fim de semana sem Daniel. Primeiro limpou o apartamento, depois estudou um pouco, terminou de fazer uns trabalhos da faculdade pendentes, e à tarde foi para a casa dos pais. No dia seguinte teve que voltar ao trabalho. E estava com saudade de Daniel, mesmo tendo passado apenas dois que ele tinha viajado; os dois passavam tanto tempo juntos que ficar sem vê-lo por um dia deixava um vazio enorme; aquele dia em que Daniel não apareceu na loja com a cara de moleque travesso foi mais longo que o normal. Daniel ainda passou três dias fora, e quando voltou estava cheio de coisas para contar. Ele, Eduardo e Filipe tinham armado uma grande surpresa para Alberto e Mariana. Eduardo inventou um jantar de negócios para o pai em um restaurante, Filipe fingiu que ia viajar com a namorada, no mesmo dia do aniversário de casamento dos pais; Daniel disse que estava em casa por que precisava resolver uma parada com a Amanda; nenhum dos três filhos mencionou a data aos pais; quando eles chegaram ao restaurante ficaram surpresos ao encontrar os três e mais todos os amigos e família no restaurante.

─ Nossa, eles devem ter ficado muito emocionados!

─ Você tinha que ver a minha mãe, ela chorou horrores! Foi muito legal. E o Eduardo ainda oficializou o noivado dele, na frente de todo mundo, eu pensei que a mamãe ia ter um troço! Mas, me conta o que você fez nesse tempo!

─ Nada demais, fiquei em casa, o Rodrigo e o Caio estavam impossíveis, eles não crescem nunca!

─ E a Luana continua lá?

─ Continua, tadinha perdeu o emprego de novo; pelo menos ela está ajudando a mamãe.

─ E eu perdi alguma coisa importante na faculdade?

─ Depende do que você chama de importante. Na verdade, o professor Assis faltou e Dr. Bernardo ocupou os horários dele, a gente assistiu Patch Adams.

─ Droga, péssima semana pra faltar – Daniel riu. – Depois você me passa a matéria.

─ Daniel, você viu a Amanda?

─ Como você sabe?

─ Sei por que você não parou de esfregar as mãos desde que começou a falar e isso quer dizer que você está nervoso e a única pessoa que te deixa nervoso desse jeito é a Amanda.

─ Você me conhece nos mínimos detalhes, Camila. É, eu vi a Amanda, ela estava na festa, e me esnobou bonito!

─ Ela não te merece! – era a melhor coisa que Camila poderia dizer a Daniel.

─ Eu sei, mas, cada vez que eu olho pra Amanda, a única coisa que eu consigo pensar é em correr e abraçar, beijar, amar... Bom, isso vai passar, né, mais dia menos dia, vai aparecer uma garota legal pra mim e eu vou esquecer a Amanda de vez.

─ Com certeza!

─ Bom, eu vou tomar banho – assim que Daniel saiu e entrou no banheiro, Camila lembrou que tinha acordado em cima da hora pra sair, tinha tomado um banho corrido, portanto o banheiro deveria está uma bagunça daquelas! Daniel pôde reparar nisso, mesmo sem Camila ter dito nada; nem parecia que Camila tinha ficado em casa sozinha tamanha era a bagunça no banheiro; logo ela que vivia reclamando do tampo do vaso levantado, da toalha molhada, do banheiro alagado, das roupas largadas no chão; apanhou a calcinha de Camila que estava no chão do boxe e saiu com ela pendurada no dedo. – Ei, Camila, isso aqui é seu? – Camila estava sentada no chão, fazendo alguma coisa no computador de Daniel, e ficou sem graça quando viu a sua calcinha pendurada na mão dele; não estava envergonhada por causa da calcinha, Daniel era como um dos seus irmãos e eles sempre encontravam suas calcinhas no banheiro, era uma coisa comum numa casa onde só tinha um banheiro; estava sem graça por que não tinha cuidado bem da casa dele enquanto ele estava fora, tinha deixado a bagunça se generalizar, logo ela que vivia reclamando das roupas largadas no chão, ter sido pega no flagra desse jeito!

─ Oh, Daniel! Para, vai! Desculpa, eu não tive tempo de arrumar, você não imagina, eu acordei em cima da hora e... Do que você está rindo, palhaço?

─ Pequeninha não é?! – Daniel soltou uma risada gostosa, sabendo que no máximo ia deixar Camila irritadinha, ela não ia ficar envergonhada, por que era sua melhor amiga e como se fosse uma irmã.

─ Muito engraçadinho.

─ Eu sou o único homem no sistema solar, que não tem o seu gene que já viu isso aqui não é? Isso faz de mim alguém verdadeiramente especial!

─ E vai se tornar o único homem no sistema solar em quem eu vou dar uma surra, se não parar com as gracinhas.

─ Foi mal, desculpa. – Daniel voltou para o banheiro e demorou bastante; depois eles jantaram e Camila passou a matéria das aulas que Daniel tinha perdido.

***

            Era mais um dia de folga de Camila, e ela estavam limpando o apartamento antes de irem almoçar na casa dos pais dela; Daniel mal podia esperar pela comida de Rosa – Camila cozinhava bem, é verdade, mas não chegava aos pés da mãe, principalmente por que fazia tudo com pressa. O telefone tocou e Camila atendeu.

─ Quem fala? – perguntou a outra voz;

─ Para quem você ligou? – Camila sabia que estava sendo grossa, mas pô ele não sabia pra quem estava ligando? Ela ouviu uma risadinha sarcástica do outro lado da linha, uma risada muito parecida com a de Daniel.

─ Esse não é o apartamento do Daniel Lemos Huberman?

─ É, sim.

─ Então, foi pra ele que eu liguei.

─ Claro, e quem está falando?

─ Eduardo. O Daniel está?

─ Ah, Eduardo, ahm, o Daniel está no banho.

─ Aham... – houve um silencio na linha, depois Eduardo voltou a falar – Ok, Camila, o Daniel vai demorar? – disse com uma voz que Camila reconhecia estar cheia de deboche, por que era igual à de Daniel.

─ Acho que não. – ela estava mesmo sem graça, era a primeira vez que falava com alguém da família de Daniel, e era mesmo bem estranho! Mas Eduardo parecia ser exatamente como Daniel dizia que ele era; simpático, educado e brincalhão, e ficou conversando com ela enquanto esperava que o irmão terminasse de tomar banho; Daniel não demorou muito tempo – não pra ele, já Eduardo achou que ele demorou realmente muito tempo – e Camila saiu da sala pra não ouvir a conversa dos irmãos, embora fosse qual fosse o assunto que Eduardo tinha pra conversar com Daniel ele iria contar pra ela quando desligasse o telefone. E assim aconteceu; Daniel disse que Eduardo não queria nada demais, apenas avisar que ia chegar a São Paulo no dia seguinte, e se Daniel quisesse, eles poderiam sair juntos, ele poderia ajudar o irmão a conseguir uma namorada.

─ Na verdade ele vem resolver coisas do trabalho, ele está assumindo o lugar do papai.

─ Ele é sempre assim, brincalhão?

─ Sempre, menos no trabalho, claro; o Eduardo é do tipo que perde o amigo, mas não perde a piada. Talvez você possa conhecê-lo.

─ Seria ótimo.

            Mas Eduardo não foi sozinho pra São Paulo, a noiva, Verônica estava junto com ele e eles ficaram hospedados em um hotel; ele ainda foi ao apartamento de Daniel, mas Camila não estava e eles não se viram.

─ É mesmo uma pena que a Camila não esteja eu adoraria conhecê-la.

─ Talvez seja melhor, suas brincadeiras são bem sem graça, Eduardo.

─ Que brincadeira? Vocês moram juntos e tudo! E você quer convencer a mim que são amigos? Guarda esse papinho para a mamãe, Daniel!

─ A Camila é minha amiga, praticamente minha irmã; você não consegue aceitar que um homem e uma mulher podem ser amigos sem segundas intenções?

─ Olha, eu até tentei acreditar nisso, mas eu estou noivo da minha melhor amiga! – Eduardo disse mostrando a aliança no dedo. ─ Então isso não existe, Daniel, você pensa que é amigo dela, mas...

─ Mas o que?

─ Um dia você vai se dar conta de que não consegue ficar com outra garota no mundo, que ela é a única que pode te fazer feliz, essas coisas.

─ É isso que você sente pela Verônica?

─ Pode crer!

─ Mas a sua relação com a Verônica é bem diferente! A única semelhança nessa história é que vocês eram amigos antes de começarem a namorar, isso não quer dizer que eu e a Camila vamos ter alguma coisa.

─ Está bem, Daniel, o tempo é o senhor da razão, como diz a mamãe;

─ Não tem nenhuma novidade em casa?

─ Tem sim, o seu cachorro começou uma nova dieta, ele comeu todos os escarpins da mamãe, ela ficou uma fera, eu quase tive pena do Legolas.

─ O que a mamãe fez com o Legolas?

─ Nada demais, só deu umas porradas nele!

─ Mentira! Ela não bateu no meu cachorro! – Daniel começou a sentir uma raiva enorme.

─ Calma, Daniel não precisa fazer drama, o Legolas está bem, ele só ficou meio esquisitão por uns dois dias, mas agora ele já está bem... – e então Daniel percebeu que Eduardo estava brincando, claro, Mariana não ia bater no seu cachorro só por causa de uns sapatos! Os dois irmãos ficaram conversando por mais algum tempo e depois Eduardo foi embora, ainda ia pra uma reunião de trabalho, buscar Verônica no hotel e depois pegar um avião para Porto Alegre.

***

            Camila chegou em casa e não sabia se Daniel estava ou não; ele tinha saído da faculdade mais cedo que ela, e ela tinha ido direto para o trabalho, e ele não tinha aparecido na loja à tarde; talvez ele tivesse resolvido sair com o pessoal. Primeiro foi para a cozinha e colocou água no fogão pra fazer macarrão, mesmo que ele não estivesse, ela faria o jantar, estava faminta! Depois foi até o quarto, tirou os tênis que estavam maltratando os pés e foi para o banheiro; sem nem considerar a hipótese de Daniel está lá dentro, por que sempre que ele estava lá a porta ficava trancada, abriu a porta, e... Lá estava Daniel, completamente nu. E muito lindo, tão alto e musculoso, e... “será que esse é mesmo o Daniel?”

─ Ah, oh, meu Deus! – Camila disse e colocou a mão na cara.

─ Ah! Que susto! Camila, custa bater na porta? – Daniel não pareceu preocupado com a chegada da moça, e pegou uma toalha pra se enrolar. – o que foi?

─ Desculpe, eu não sabia que você estava em casa.

─ Está tudo bem, Camila, eu só me assustei. Relaxa. Pensa pelo lado positivo!

─ O que? – perguntou Camila e só agora tirou as mãos da cara. – Que lado positivo?

─ Você não vai morrer sem ver um cara sem roupa, de verdade! – Daniel disse com seu jeito sarcástico; Camila olhou com ar incrédulo.

- Ah, como você é bom, Daniel!

─ É, modéstia a parte, eu sou bem bom! – disse ele, exibindo os músculos em frente ao espelho.

─ Convencido! Você não está com essa bola toda!

─ A julgar pela sua experiência, Camila, eu acho que isso é um grande elogio.

─ Você está muito chatinho hoje, hein? Fala sério! – Camila voltou pra cozinha pra terminar o macarrão; Daniel só apareceu de novo quando o jantar estava pronto. – Pensei que você ia sair com o pessoal hoje?

─ Eu ia, mas eu preciso terminar aquele trabalho, você sabe, aliás, você já terminou? – Camila negou com a cabeça – Nesse caso eu ainda estou no lucro, se você ainda não fez, então, tudo bem.

─ E o que você fez o dia inteiro que não terminou o trabalho?

─ Eu fiquei estudando na biblioteca, almocei na faculdade mesmo, depois fiquei estudando mais, por que eu estou atrasado na disciplina do Assis, sai de lá umas cinco da tarde, fui pra academia, encontrei o Miguel lá e fiquei conversando com ele, e acabei perdendo a hora, então eu vim pra casa, li uns e-mails, chequei meu Orkut, Myspace, e fui tomar banho, e quando eu estava me secando você chegou!

─ Muito detalhista você!

─ E o seu dia, como foi?

─ Uma mulher foi a loja, ela era tão gorda e queria entrar num vestido 36, mas o manequim dela era 40 e ela ficou irada por que eu disse que não ia dar nela e ficou me xingando. Deu vontade de mandar aquela nojenta pro inferno.

─ Você não tem vocação pra vendas!

─ O problema é que as pessoas acham que só por que tem dinheiro podem humilhar os outros!

─ Você não deveria generalizar.

─ Eu sei, eu não generalizei; as pessoas, menos o Daniel, acham que podem humilhar os outros só por que tem dinheiro. – Daniel riu.

─ Ah, o Miguel marcou a data do casamento.

─ É, para quando?

─ Dezembro.

─ Tudo isso ainda?

─ Ele quer esperar pra depois da formatura, eu sei que se fosse pela Aline eles já teriam se casado.

─ É difícil imaginar alguém como o Miguel casado.

─ É difícil imaginar o Eduardo casado também e isso está bem próximo de acontecer.

─ Ele já marcou a data?

─ Não, mas parece que depende do cabelo da Verônica.

─ Como assim?

─ Ela quer casar com o cabelo grande e por isso eles vão esperar que o cabelo dela cresça para poder marcar a data.

─ Oh, meu Deus!

─ Mas, a Verônica tá fazendo um tratamento capilar caríssimo pra acelerar o crescimento.

─ Implante não resolveria o problema?

─ Acho que não.

            Quando as férias chegaram Daniel precisou insistir muito até Camila aceitar viajar com ele e o resto da galera pra passar as férias em Santa Catarina; mas ele insistiu tanto que Camila acabou aceitando, afinal o mês de férias no trabalho estava coincidindo com as férias da faculdade. Viajaram no carro de Daniel junto com Bárbara, Gustavo, e Alessandra; Flávia e Murilo foram no outro carro com as bagagens. As férias foram muito legais, e eles se divertiram muito. Flávia e Murilo, Alessandra e Gustavo já eram casais e ficaram como estava; Bárbara se engraçou com um gringo que conheceu no segundo dia em Santa Catarina e não desgrudou dele as férias todas. Camila não ficou com ninguém, não tinha confiança nenhuma em competir com aquelas garotas lindas e arrasadoramente bem vestidas. Daniel saiu e ficou com algumas garotas, mas passou a maior parte do tempo com Camila, não queria deixar ela sozinha muito tempo. Eles estavam na praia e Daniel voltava do mar, depois de mais uma tentativa frustrada de surfar; Camila estava sentada na areia com um biquíni enorme – palavras de Daniel;

─ Por que você não desiste da carreira de surfista?

─ Ok, já desisti.  A gente vai sair hoje a noite, ok?

─ Hum, não sei se eu sou uma boa companhia.

─ Você é uma ótima companhia, Camila, qual é o problema?

─ Eu não estou com problema.

─ Tudo bem, eu não sou tão sensitivo quanto você, mas eu percebo quando alguma coisa está te incomodando.

─ É que eu não quero ser uma pedra no seu caminho.

─ Como assim?

─ Da última vez que a gente saiu eu vi você desistir da loirona pra me fazer companhia...

─ Não foi por isso, ela era muito chatinha pra dizer a verdade; tá bom ela era bem gostosa, mas era muito burra, eu realmente preferi ficar com você naquele dia – Daniel disse e lembrou do que Eduardo tinha dito algum tempo atrás, “ela é a única que pode te fazer feliz”, balançou a cabeça pra afastar o pensamento.

─ Que foi Daniel?

─ Eu não quero que você pense que é uma pedra no meu caminho, Mila, nunca, eu gosto de estar com você, e você é – “a pessoa que eu mais amo na vida”, pensou Daniel. – Você é a minha irmãzinha e eu te adoro muito, e ficaria muito contente se você fosse pra festa com a gente hoje, ok?

─ Ok, mas você promete que não vai ficar preso comigo e vai se divertir?

─ Qual é Camila, eu não preciso beijar alguém pra me divertir! – os dois amigos riram. – enquanto Murilo e Gustavo exibiam suas habilidades no surf, Daniel ficou deitado junto com as meninas, elas fazendo comentários sobre todos os gatos da praia, e procurando defeitos nas garotas, e ele apenas ouvindo e dando uns risinhos de vez em quando.

            De noite a turma toda foi pra uma festa, um luau na praia, e Daniel fez o que Camila pediu; ficou com ela um pouco, mas depois foi xavecar uma garota, mais uma loiraça pra sua coleção; Camila até que achou a festa divertida, e se não era melhor a culpa com certeza era sua que não sabia aproveitar mais. O ritmo das férias foi o mesmo até o final; praia, festas, festas, praia, trilha, Bang jump.

─ Bang jump? Você está maluco, Daniel?

─ O que é a vida sem um pouco de emoção, Mila?

─ Obrigada, mas essa emoção eu estou dispensando. – Camila não encarou a aventura, preferiu ficar assistindo ao longe os amigos fazendo aquela loucura.

            Acabadas as férias, a vida voltou ao normal, faculdade, trabalho, casa, faculdade, trabalho, casa... Pra Camila; pra Daniel, faculdade, casa, cinema, barzinho – eventualmente conseguia arrastar Camila junto. A faculdade exigia um ritmo mais pesado de estudo a cada semestre, e cada vez sobrava menos tempo pra ficarem sem “fazer nada”, e Daniel não ia mais com tanta frequência para casa; passou o terceiro ano da faculdade e só foi a Porto Alegre duas vezes; até Camila passava dias sem ir em casa, embora morasse perto, comparado a Daniel.


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