Triângulo do Dragão- A comunidade das estrelas escrita por Rute Martins


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Olá, esta é apenas uma pequena introdução à história, sendo por isso um capítulo bastante pequeno. O 1º capitulo irá saír em breve, espero que gostem, e comentários são sempre bem vindos. Boa leitura.



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Tudo começou numa igreja, mas eu sabia que não ficaria por ali muito tempo. Os meus sonhos eram muito inconstantes. Eu tinha a plena noção de que era apenas um sonho, sempre tive. Eu estava sentada sobre um longo banco de madeira escura e a chuva lá fora ficava cada vez mais forte, produzindo barulhos horrendos ao bater no majestoso edifício. Porém, eu estava completamente seca. Trajava um vestido longo e rico, de cintura alta e pequenas mangas bufantes. Era de um tecido leve e suntuoso, muito diferente das roupas que envergara nos meus sonhos anteriores. Era de um tom pérola e tinha uma pequena faixa mais escura ao redor da cintura. Passei a minha mão levemente sobre o tecido do mesmo, apreciando as pequenas pérolas em torno do meu pescoço. Toquei em seguida no meu cabelo em busca de sinais de umidade, mas ele se encontrava tão seco quanto o meu vestido. O meu cabelo dourado caia livre sobre as minhas costas e estava mais longo que o habitual.

Me sobressaltei quando um forte relâmpago cortou o céu de forma abrupta, me trazendo de novo para aquela realidade. Olhei ao meu redor e me deparei com uma igreja imponente e belíssima, porém quase vazia. Quase vazia. Lá no fundo, escondida por um canto pouco iluminado, estava uma velha freira. A pouca luminosidade não me deixava vê-la em grande promenor, mas parecia curva e frágil. Tinha um dos seus braços repousado no apoio do banco da frente, e mantinha a cabeça baixa, como se rezasse com fervor. Pequenas mechas de cabelo grisalho escorriam para fora do seu negro capuz. Conseguia perceber que o seu hábito estava bastante sujo, mas não conseguia perceber de que se tratava. O limpel branco ao redor do seu peito contrastava com a madeira escura do seu terço, que agarrava com força na sua outra mão.

Pigarreei alto duas vezes, esperando alguma reação da velha senhora. Ela não se moveu nem um centímetro, parecia não ter noção da minha presença. Isso acontecia frequentemente nos meus sonhos, e não conseguia perceber o porquê. Não tendo sucesso decidi que iria investigar lá fora, não tinha nada a perder, visto que daqui a nada o meu despertador me iria acordar para mais um dia de escola.

Me levantei perante o intimidante altar, que agora parecia ainda mais imponente com as sombras que a forte trovoada trazia. Pé ante pé sobre a grande alcatifa escarlate, me encaminhei para as grandes portas de madeira, que me levariam ao exterior. O calor das imensas velas acesas no interior da igreja eram reconfortantes, porém ansiava saír dali por alguma razão desconhecida. Na porta estavam pregados alguns anúncios de aspecto antigo e amarelado, de festas que se iriam celebrar brevemente. Prestei mais atenção num deles, que anunciava a chegada do Inverno e de uma celebração que seria feita em sua homenagem. Datava do ano de 1857.

Os meus olhos se arregalaram de espanto ao ver tal data, e a vontade de saír daquele local aumentava cada vez mais. Ignorei a velha mulher, temendo que fosse incomodar a sua reza. Mas não pude deixar de reparar, antes de partir, nas grandes nódoas de sangue que o seu traje possuía.

Impressionada com tal imagem, tropecei no aveludado tapete e derrubei um alto candelabro que se encontrava atrás de mim. O meu corpo magro estremeceu com a sensação de que algo não estava certo. Vi as quatro velas amareladas embaterem no chão, e logo depois pegarem fogo ao grande tecido que lá se encontrava. Recuei assustada e atordoada, de olhos arregalados e boca aberta de espanto. Não sabia o que fazer, mas tinha em mente que nada me magoaria, pois se tratava de apenas um sonho. É apenas um sonho. Repetia para mim mesma, quando o calor do fogo começou a beijar as minhas faces pálidas.

O meu corpo estremeceu quando ouvi a doce e melodiosa voz da freira sussurrando no meu ouvido “ Que Deus me perdoe”, e logo depois tudo terminou.

Acordei já no meu quarto. Estava suada, os meus cabelos loiros estavam colados ao meu corpo, e esse mesmo à cama. A minha respiração estava ofegante, o meu peito ardia ansiando por mais ar. Arfei e tentei controlar a respiração enquanto tentava arrumar as cobertas, mas algo despertou a minha atenção. Ao olhar mais atentamente para a minha mão, que se encontrava mais lívida que o habitual, vi algo que fez o meu coração disparar. Lá se encontrava uma pequena mancha seca de cera de vela sobre a minha pele.


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