Redemption escrita por Marimachan, Ginko13, Fujisaki D Nina


Capítulo 42
XXXIX - Lost Promise




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— Shouyou-sensei...

A noite estava abafada, mas as breves correntes de vento, que faziam os galhos do imenso carvalho no centro do jardim da sede balançar, ajudavam a refrescar.

Shouyou estava no vão que as explosões deixaram no muro do lugar, observando os detalhes da ruela à frente. A intenção era encontrar qualquer coisa que lhe pudesse dar uma pista da direção em que os sequestradores foram carregando as duas primogênitas de Gintoki.

Shinpachi aproximou-se com o corpo pesado e a voz trêmula.

— Ainda não conseguimos contatar o Gin-san... o que faremos?

A resposta não veio em seguida, pelo contrário, apenas o silêncio reinara enquanto o professor continuava a analisar o ambiente acerca deles. Sentindo os membros pesarem mais um pouco, o antigo otaku voltou a chamá-lo.

— Sensei... nós realmente não fazíamos ideia de que-

— Eu não preciso ouvir o que está prestes a dizer, Shinpachi-kun. — A voz do mais velho, embora não carregasse a gentileza suave de sempre, era serena, e não parecia reprimi-lo. — Não é a mim que você tem que dirigir essas palavras.

Ainda que não fosse uma repreenda, o peso de algo esmagando seu estômago não deixara de existir. Ele tinha plena consciência do significado das palavras do professor. E, sem dúvidas, o fato de que teria de encarar seu ex-chefe após aqueles acontecimentos não melhorava em nada o remorso que ele e Kagura compartilhavam.

Os sentimentos, porém, eram muito mais confusos do que ele queria que fossem àquele ponto. A sensação de que precisavam ajudar o ex-yorozuya não fora embora apenas por descobrirem que haviam sido usados para tal barbaridade — embora já tivessem a consciência de estarem sendo usados para atingir ao comandante de outras maneiras.

Eles sentiam e sabiam que tinha algo errado. Tanto com Gintoki, quanto com a história dele com aquela cidade e sua família. Antes acreditavam estar seguindo o caminho certo para resolver aquilo, e agora descobriam que não. Por isso mesmo o remorso não era o único dono de seus corações naquele momento; a frustração e a sensação de não saberem mais o que fazer também os acompanhavam.

— Shouyou-sensei... eu... — Levantou o olhar até o mais velho, que agora o olhava de volta. — Não sei mais o que estou fazendo...

Shouyou aproximou-se alguns passos, não quebrando o contato entre os olhares. O tom de voz que usara ainda era sereno, mas agora tornava a trazer a gentileza a qual era acostumado.

— Shinpachi-kun, nem sempre seguir nosso bushido significa agir de acordo com o que nosso coração pede. Gintoki, melhor que qualquer outro, sabe disso. E é por isso que ele voltou para essa cidade, o último lugar no qual ele gostaria de estar naquela época. — Virou-se para as escadas de incêndio, aderidas à parede do prédio do outro lado da rua, em direção as quais caminhou. — No entanto, o fato de que ele odiava esse lugar 11 anos atrás, não significa que odeie ainda hoje. Compreende isso? — Olhou mais uma vez para o mais novo, que acenou positivamente. — Então, nesse momento, o que você acha que deve fazer?

Por alguns segundos, o jovem refletiu sobre as palavras recém-ouvidas, não demorando a encontrar a resposta para aquela pergunta.

— O mesmo que o Gin-san faria — afirmou com convicção. — Proteger essa cidade e as pessoas que nela vivem.

Shouyou sorriu ao fechar os olhos.

— Então façam isso — concordou ainda sorrindo. Logo, porém, tornou sua expressão mais séria. — Enquanto isso, eu pretendo cumprir minha promessa. — Olhou para cima, enxergando o que antes procurava.

(...)

— Comandante! Graças a Deus — cumprimentou com alívio o homem que se aproximava dele de forma apressada.

Gintoki acabava de chegar ao Instituto de Pesquisa, onde Imoto e todos os outros membros da organização disponíveis continuavam a enfrentar o Exército Revolucionário. Após as ligações feitas, não demoraram mais que 10 minutos para pousarem de volta em Aokigahara, já que ainda estavam por perto.

— Me passe a situação — pediu com urgência.

— Conseguimos libertar todos os grupos de reféns, exceto alguns pesquisadores. Os prédios da Universidade já estão sob nossas mãos. O Instituto permanece sob controle do Exército Revolucionário.

— Qual o quantitativo dos inimigos estimado?

— Cerca de 500, se unirmos revolucionários e membros da Tenkurou. No entanto, já capturamos cerca de 100 e temos mais outros 150 mortos.

— Nossas baixas?

— 50 mortos e 30 impossibilitados de lutar.

— São números altos. O que houve para chegar a esse ponto? — questionou sentindo o peso e a preocupação de tantas perdas.

— Um dos grupos explodiu o laboratório de Física, muitos dos nossos e dos deles foram pegos na explosão — explicou com pesar.

— Não pouparam nem os companheiros, hm?

— Cremos que foi um grupo de Tenkurou que causou a explosão, então...

— Não parecem se importar com o que acontece com os aliados — completou.

— Não senhor — concordou.

— Tudo bem. Entre em contato com todos os capitães presentes. Quero que os soldados que já controlaram a situação no campus se dividam em dois grupos. O maior cercará o prédio e não permitirá que nenhum rato escape quando os líderes derem ordem de retirada. O menor entrará comigo.

— Quantos quer que o acompanhem, senhor? — perguntou já pegando seu comunicador portátil.

— Não mais que 10. No interior nos reuniremos com os outros que já estão por lá.

— Sim, senhor.

Enquanto o capitão entrava em contato com seus companheiros, ele se colocava a observar a situação naquele momento. Embora o cenário fosse bastante caótico, era visível que seus homens já começavam a controlar a situação. Ainda assim, sua preocupação estava no núcleo dos inimigos, que àquela hora já deveriam estar perto de alcançarem o que procuravam, se é que já não haviam encontrado.

Kornors o contatara alguns minutos antes de chegar ali, informando que Souichirou e toda a família já estavam a salvo e que já se moviam para o Instituto conforme ele lhes ordenara. Aparentemente a situação por lá já estava totalmente controlada, e agora só restava o trabalho de arrumar a bagunça junto aos bombeiros, os quais agora já apagavam as chamas que incendiavam parte das construções externas do castelo. Sendo assim, podia concentrar-se inteiramente àquela situação.

Elaborara algumas teorias do real motivo por trás daquelas invasões, mas toda vez que chegava perto de montar o quebra-cabeças descobria que ainda estava longe de descobrir tal coisa. O mais provável era que, na verdade, os motivos fossem mais que um, e de interesses que partiam de ambos os aliados.

— Comandante. — Escutou Imoto chamá-lo. — Está tudo preparado. Esses são os soldados que o acompanharão. — Indicou os 10 homens e mulheres que naquele momento colocavam-se de pé após receberem sua autorização para tal. — Eu ficarei aqui fora para liderar o grupo de contenção.

— Tudo bem. Vamos lá.

(...)

— Inori-sama.

O homem com os cabelos negros soltos sobre a máscara igualmente escura abandonou sua visão da janela que lhe entregava a vista dos vagalumes sobre o lago no jardim, e encarou o subordinado, afastando o copo contendo a bebida âmbar de sua boca.

— A operação está sendo finalizada. Tudo saiu conforme planejado.

— Já chegaram no depósito?

— Ainda não. Mas já atravessaram a fronteira com todos os containers. Estão à caminho.

— Então não cante vitória antes de obtê-la — repreendeu com uma calma fria. — Não estamos lidando com meros idiotas.

— Sim senhor. Sinto muito. — Inclinando a cabeça, o homem pediu perdão pela falta.

— As garotas já foram levadas ao destino final?

— Sim senhor. Já estão lá e Iwasaki-sama já foi informado sobre isso também. Mas nossos homens já deixaram o local e foram auxiliar na operação da fronteira. Devo mandá-los voltar pra lá?

— Nah. O que garantimos foi apenas que ajudaríamos a pegá-los. O que acontecerá a partir de então não é da nossa conta. Não me interessa o que Iwasaki pretende fazer com elas. — Tornou a encher o copo agora sobre a mesa. — Como está o andamento no Instituto?

— Kaoru-san ainda não nos atualizou, mas a última informação que tivemos era a de que estavam perto de encontrar os arquivos.

— Tudo bem. Está dispensado. Me mantenha informado sobre a operação na fronteira.

— Sim, senhor. — Antes de deixar a sala, o subordinado reverenciou-se de forma respeitosa.

Levando o copo à boca novamente, tornou a observar a paisagem de sua janela. Sem dúvidas estava satisfeito de ver as coisas evoluírem como planejaram, no entanto, a sensação de que as coisas poderiam começar a desandar a qualquer momento não o abandonava. Talvez fosse o costume de lidar com aquele homem, que parecia sempre prever seus movimentos, que trazia aquele sentimento e a preocupação intrínseca a ele. Ainda assim, não estava gostando de viver tal desconforto.

Abandonando o copo na mesa mais uma vez, apertou o botão do telefone sobre ela, chamando de volta o subordinado que acabara de dispensar.

— Senhor? — Alguns instantes depois o homem apareceu à porta, intrigado.

— Monte um grupo para ir até a sede da Shinikayou encontrar Rinmaru e Ayanara — ordenou, surpreendendo o outro. — Tragam-na até mim.

— E quanto ao Rinmaru-sama?

— Matem-no. Ele é o único dos revolucionários que conhece esse lugar, não queremos uma informação dessas zanzando por aí, certo? — Sorriu com sarcasmo, logo em seguida dispensando pela segunda vez o aposto.

Não era alguém que ignorava seus instintos e pressentimentos, e certamente não o faria daquela vez.

(...)

Terminando de subir o último degrau da escada lateral daquele pequeno prédio de três andares, Shouyou abaixou seu tronco para alcançar o pedaço de tecido rasgado agarrado à grade de contenção. A estampa floral indicava que pertencia ao kimono que Sayuri vestia naquele dia.

Ergueu-se,voltando a observar o ambiente à sua volta.

Assim que enxergara o pano ali em cima, disse a Shinpachi que podia voltar à sede, para que se preparassem para fazer o que pretendiam fazer. Pediu também que o restante do pessoal de Edo pudesse ficar com Mayah e os outros membros da família, e não saíssem de lá até que ele ou Gintoki voltassem. O jovem acatou sem questionar seus motivos ou qualquer outra coisa, deixando implícito o respeito e a confiança que tinha por ele, embora estivesse pensando seriamente se realmente os merecia. Ainda assim, se sentia grato por isso. Encontrar as meninas era algo que ele precisava fazer sozinho, para conseguir voltar a olhar nos olhos de seu discípulo novamente.

Fizera a seu discípulo a promessa de que protegeria sua família enquanto ele estivesse fora, e havia falhado vergonhosamente em cumpri-la até ali.

Desde quando ainda era uma criança de olhos desconfiados, Gintoki o presenteara de diferentes formas, e cumpriu com todas as promessas que o fizera, até suas últimas consequências. Ele, por outro lado, não parecia ser capaz de manter sua palavra nem mesmo quando, pela primeira vez em todos aqueles anos, seu pupilo lhe pedira explicitamente por ajuda. A frustração e a irritação consigo mesmo eram tão imensas, que ele sequer conseguia disfarçar bem tais sentimentos diante dos outros, o que ele costumava fazer sem grandes dificuldades em outras ocasiões.

Empurrando tais pensamentos para um canto menos acessível de sua mente, Shouyou caminhou pela laje firme, até chegar ao outro lado da construção. Olhando para baixo, enxergou as marcas de pneu nos ladrilhos da rua, indicando que alguém havia saído dali com pressa. Como imaginava, os sequestradores haviam fugido pelas escadas para chegarem ao automóvel que provavelmente já os esperava ali.

Quando alcançara aos jardins da sede, na hora da confusão, não conseguira ver por onde os criminosos haviam fugido, por conta da poeira alta e dos escombros do muro. No entanto, ouvira ao longe um carro derrapando ao dar partida.

Fora até o beco na tentativa de encontrar alguma pista sobre a fuga e ali estavam elas.

Desceu as escadas daquele lado do prédio e caminhou por mais alguns metros, até chegar ao cruzamento que ligava o beco às outras ruas. Sorriu ao ver mais um pedaço do mesmo tecido que já tinha em mãos, perdido na calçada da rua à sua esquerda.

— Você realmente consegue ir ainda mais além das nossas expectativas, Sayuri-chan — comentou consigo mesmo enquanto pegava também aquele pequeno pedaço de pano.

(...)

— Kaoru-san!

Sem muito entusiasmo, a ruivinha de chanel abandonou o vidro contendo um feto deformado sobre a bancada, para atender ao chamado do homem à porta. Esse sorria vitorioso enquanto trazia nos braços pelo menos 10 pastas cheias e lacradas, logo seguido por outros dois companheiros com os braços igualmente ocupados.

— Encontramos! Estão todos aqui como a senhorita havia dito!

— Nosso trabalho por aqui acabou então — respondeu simples. — Vamos sair em retirada.

— Não vamos esperar o comando de Iwasaki-san, senhorita? ­— um dos outros dois homens questionou, enquanto já subiam as escadas que os levaria para fora das salas subterrâneas, as quais haviam arrombado com armamento pesado.

— Não — respondeu mais uma vez de forma simples.

Os três que a acompanhavam não questionaram mais, apenas seguindo a espiã pelos cinco jogos de degraus.

Embora estivessem trabalhando em conjunto, de nada interessava à Tenkuro a vingança do líder revolucionário. O interesse da facção era muito mais substancial do que um mero sentimentalismo como aquele.  Toda aquele trabalho em invadir o Instituto tinham dois únicos objetivos: a operação da fronteira e os arquivos que agora estavam em posse deles. Ambos já estavam perto de se concretizar, e por isso mesmo não tinham mais o que fazer ali.

Essa concretização, porém, foi impedida de se realizar pelo homem que acabavam de encontrar na porta de saída da sala térrea que escondia as subterrâneas. Os quatro pararam sua corrida já a poucos metros do homem, encarando agora o sorriso, o qual mesclava sarcasmo e ironia, do Comandante Geral da Tenshouin Shinikayou. Atitudes essas também trazidas no tom de voz que usara ao virar a lâmina de uma de suas espadas contra luz, o que fez um brilho prateado ser emitido por alguns segundos do metal.

— A mãe de vocês nunca ensinou que não se deve mexer naquilo que não os pertence?


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