Redemption escrita por Marimachan, Ginko13, Fujisaki D Nina


Capítulo 34
XXXII - Good Plan




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/725154/chapter/34

— Kotori wa totemo uta ga suki. Kaasan yobu no mo uta de yobu. Pi pi pi pi pi chi chi chi chi chi pichikuripii.

Elas dançavam rodopiando pelo quarto enquanto cantavam. Os cachinhos negros e soltos balançando ao que seus corpos também balançavam para não perderem o equilíbrio. Permaneceriam o resto da tarde ali, cantando e dançando, se Mura-san não tivesse aparecido à porta de aço e chamado-as.

— Miyuki-chan! Venha ver o que eu trouxe para você e para a Neidine-chan.

O homem que aparentava cerca de 60 anos estava à porta do cômodo não muito grande, mas amplo o suficiente para abrigar uma garotinha de 7 anos e sua irmã de 5. Em um canto havia duas camas em paralelo, e na parede oposta tinha uma escrivaninha em meio a dois armários pequenos e simples. Não havia nada de luxuoso ali, mas sem dúvidas era o lugar preferido delas em todo o coliseu.

Animada com a chegada do homem, Miyuki correu para descobrir o que ele havia trago, sendo seguida por sua irmã caçula. Ele entrara no quarto, trancando-o, enquanto sorria gentil com o pacote em mãos.

— O que é, o que é, Mura-san?! — Elas quase saltitavam com a animação.

Ele retirou então do pacote de papel alguns pacotes menores, todos de guloseimas diversas que comprara em sua ida até a cidade de Aokigahara. Não demorou muito para que elas começassem a devorar os doces com euforia, agradecendo pelo presente.

— Hai, hai! — Ele sorriu ao que ambas finalizaram o último pacote de finis. — Agora que já saborearam todas essas guloseimas, vamos brincar? — Sentado sobre o tapete no chão, bateu em suas coxas, num gesto convidativo.

Miyuki prontamente atendeu, enquanto Neidine hesitou antes dele chamá-la mais uma vez, no tom gentil ao qual estavam habituadas.

— Você usou o shampoo que comprei pra vocês, Miyuki-chan? — questionou afável ao mesmo tempo em que cheirava os cabelos aos ombros da menor sentada em seu colo.

— Hai! — respondeu sorrindo. — É muito cheiroso.

Ele aumentou o sorriso ao descer as mãos pela nuca e braços.

— Muito cheiroso mesmo, não é? — Um beijo abandonado sobre a pele alva e então a mão agora já  subia por entre as coxas infantis.

Num impulso sentou-se bruscamente sobre o colchão. O suor escorria de sua testa e ela arfava como se tivesse acabado de correr uma maratona. Um nó formou-se em sua garganta, quase impedindo o ar de passar, o que a levou a respirar fundo e tentar se acalmar.

— Foi apenas um sonho, Miyuki... — Apertou o lençol por entre as mãos. — Apenas um maldito sonho...

Destapando-se, ergueu-se e seguiu em direção ao banheiro do quarto de hotel. Após jogar água no rosto, olhou de volta para o quarto, onde na parede oposta encontrou o relógio que indicava que ainda eram três da manhã. Ótimo, agora ela teria que ficar acordada todo aquele tempo, já que obviamente não conseguiria voltar a dormir.

Aqueles malditos pesadelos estavam deixando-a irritada. Aparentemente, a conversa com Ayanara no domingo a afetara bem mais do que admitia para si mesma. Desde então, toda noite, aquelas malditas lembranças vinham lhe perturbar o sono e atazanar sua paz de espírito.

Assim que ouviu as palavras de Ayanara, procurou por Kornors, para compreender do que diabos ela falava. Obviamente muito do que ouvira estava completamente distorcido pelo ódio que a cortesã visivelmente passara a sentir por seu comandante; ainda assim, se estava no caso precisava, no mínimo, entender a situação. Além disso, ela não tinha como fingir não estar puta por Gintoki ter escondido tal coisa.

Na conversa que tiveram, contudo, Kornors lhe deixou claro que o fato deles não terem contado foi justamente para sua proteção, pois sabiam o quanto aquela história mexeria com ela. Isso não a fez deixar de xingá-los um pouco mais, mas conseguiu pelo menos conformá-la e fazê-la entender os motivos de Gintoki.

Bem típico dele, inclusive.

Todavia, por mais que tentasse ser o mais profissional possível, era realmente inevitável relacionar a história da cortesã com a sua própria, por mais que ela tivesse descoberto, também com a conversa, que Ayanara sem dúvidas passou por um inferno ainda maior. Assim, lidar com aquelas informações atiçou seu subconsciente a trazer lembranças as quais acreditava ter superado. E isso a irritava de uma maneira que nem ela própria era capaz de descrever.

Suspirou, decidindo-se por voltar à cama. Quem sabe por um milagre não conseguiria dormir mais um pouco?

Bem, milagres são realmente raros de acontecer. Ela revirou-se incontáveis vezes e até cochilou em alguns momentos, mas somente pra 5 minutos depois ser despertada novamente.

Travou essa batalha até às 5 da manhã, quando desistiu de tentar dormir e resolveu tomar um banho quente, para ver se pelo menos relaxava um pouco melhor seus músculos, já que fora dormir tarde da noite ajudando Kornors com a papelada que precisavam preencher e enviar à Gintoki. Só precisava estar no QG da Shinsegumi a partir das 8 horas da manhã, por isso pensou em fazer uma breve caminhada pelo bairro até dar o horário de servirem o café da manhã no Hotel.

Antes de deixar o corredor para entrar no elevador, porém, encontrou-se com seu companheiro, já completamente trajado com as vestes da organização.

— Sinceramente, qual o seu problema com a possibilidade de não trabalhar? O quão grande é seu vício em trabalho? Ainda são 5:30, cara — comentou enquanto ele se aproximava para também pegar o elevador.

— Bom dia para você também, Miyuki — cumprimentou tranquilamente, embora a leve ironia se fizesse presente. — E devo perguntar o mesmo? Porque você também já está trajada com nossas vestes. — Encarou-a de cima à baixo.

— Acordei às 3 e não consegui mais dormir, ia fazer uma caminhada. — Deu de ombros. — Mas você é demais, já está completamente caracterizado, pronto para executar mandados de prisão às 5:30 da manhã. — Entraram no elevador que havia acabado de chegar. — Durma mais, coma, vai andar, vai transar, vai viver. Precisa, viu? — zombou.

— Faria isso se não estivesse há centenas de quilômetros da minha esposa — reclamou, mas logo suspirou conformado. — Mas como não é possível, melhor me concentrar no trabalho e acabar com isso o mais rápido que eu puder.

— Nunca ouviu falar de sexo por telefone? — A porta se abriu mais uma vez para que eles descessem e atravessassem o saguão praticamente deserto. — Experimente, é divertido.

— E você fala isso por conhecimento de causa, pelo visto. — Ergueu as sobrancelhas, levando-a a sorrir travessamente.

— Quem sabe — respondeu vagamente. — Mas então, Vice-Comandante-san, o que pretende fazer no QG tão cedo assim? — Mudou o assunto enquanto caminhavam pelas ruas ainda muito pouco movimentadas.

— Preciso terminar de preencher os papeis de ontem e organizar a operação de mais tarde. — Suspirou novamente. — Sinceramente, espero que a última pista conseguida nos traga algum resultado. Não vejo a hora desse caso acabar e poder voltar a dormir em paz.

Ela riu.

— Todos nós, eu acho. Mas você não deveria estar empolgado com o fim do caso assim — comentou distraidamente.

Ele a olhou franzindo as sobrancelhas, talvez confuso com a informação.

— Bem provável que depois desse caso Gintoki saia de férias e você é que vai ter que assumir o lugar dele, Kornors-san. — Sorriu divertida ao ver a careta se formar na expressão do amigo.

— Tinha me esquecido disso — respondeu desanimado, o que a fez rir mais uma vez.

— Ossos do ofício, meu caro. Quem mandou ser o homem de confiança do senhor todo poderoso Comandante? — brincou.

— Tenho que confessar que embora eu concorde que ele precise de férias, eu odeio quando ele fica tanto tempo fora. Não só meu trabalho triplica, como a organização fica travada em quase tudo que vai fazer.

— Desvantagens de tudo depender da autorização dele. — Deu de ombros mais uma vez. — Ah, — Lembrou-se de algo. — você disse a ele que talvez a teoria de que o E.R. e a Tenkuro estejam trabalhando juntos pode ser confirmada hoje?

— Sim, e ele me pareceu bem satisfeito em saber que provavelmente está certo, mais uma vez. — Sorriu divertido.

— Nada novo sob o Sol — brincou.

— Sim. Mas, de qualquer forma, por mais que confirmemos isso, ainda ficará o questionamento do por que. Qual seria uma razão suficiente pra esses dois grupos trabalharem juntos? Por mais que a Tenkuro provavelmente queira acabar conosco, não os vejo trabalhando em conjunto com um grupo como o E. R. simplesmente por essa razão. Até porque eles conseguem se manter muito bem cobertos, vide o quanto estamos trabalhando incansavelmente para pegar Inori. Raramente encontramos tanta dificuldade assim.

— Sim, isso também me intriga — concordou pensativa. — Ainda mais se levarmos em consideração que o E. R. não se considera uma organização criminosa, mas sim justiceiros que vão trazer a liberdade das mãos ditatoriais dos Sakata.

Ele soltou o ar para finalmente comentar o pensamento que vinha o perturbando.

— Isso me cheira a coisa grande. E coisa grande que nos vai trazer muita dor de cabeça. E mais, algo me diz que o Comandante já percebeu isso também, apenas ainda não nos alertou sobre.

Miyuki devolveu o olhar sério que ele lhe direcionou antes de adentrarem o portão de Kabukicho.

Mesmo com as incertezas, não pareciam estar falando nada além da verdade.

(...)

— Como aquele desgraçado conseguiu a informação do que aconteceu na pousada? — Rinmaru parecia prestes a socar alguém.

Os jovens yorozuya estavam na casa que o núcleo do exército usava como base. Após a conversa que tiveram na noite anterior, depois da discussão com Gintoki, decidiram que precisavam informar a eles que o prateado estava desconfiado e provavelmente passariam a ser mais vigiados. Desdobraram-se para chegar ali sem serem descobertos, mas conseguiram. Tinham acabado de contar tudo o que havia acontecido no dia anterior.

No lugar se encontrava apenas Iwasaki e o restante do núcleo, mais os dois. Tomura estava sentado com uma das pernas flexionadas, encostado à parede da sala em que se encontravam, enquanto Tomoe e Gyuu dividiam o sofá com Kagura e Shinpachi. O líder estava em sua poltrona de lugar único.

Rinmaru, antes sentado ao chão também, agora ficara de pé, nervoso com o que acabara de ouvir.

— Não havia ninguém em quem não pudéssemos confiar no lugar ou que soubesse quem Tomoe é. Inclusive, fora somente após a confirmação de Kokoro-san sobre isso que ela entrou. Eu mesmo garanti isso — continuou, ainda furioso.

— Talvez alguém que observou de fora? — Shinpachi sugeriu hesitante.

— O lugar estava limpo à pelo menos uns 2 km de distância de circunferência — Gyuu refutou. — Certo, Tomura-san?

— Sim, meus homens garantiram isso — concordou em tom entediado. — É bem óbvio, não? Existe alguém que sabe demais sobre nós que anda nos dedurando.

— Mas não temos como saber quem nesse momento — Iwasaki finalmente abandonou o próprio silêncio. — Ainda mais que estamos tão perto de realizar nossos planos. Vamos nos focar no que temos que fazer até amanhã. Gyuu, Rinmaru, está tudo preparado para hoje?

— Sim, Iwasaki-san — o loiro de cabelos longos respondeu em tom tranquilo. Rinmaru voltou a sentar, mesmo que não abandonando a carranca raivosa. — Tudo como planejamos.

— Têm certeza de que isso dará certo? — Kagura questionara um pouco cética. — Quer dizer, o Gin-san é idiota, mas não é burro. Vocês acreditam que ele voltará pra Edo com isso?

— Uma operação dessas não seria feita com ele ausente — Gyuu respondeu pacientemente. — O Comandante não teria como acompanhar passo a passo de tão longe. E pelo o que conhecemos dele, ele prefere ter o controle de cada detalhe em uma operação de tamanha importância. Então sem dúvidas irá para Edo acompanhar — explicou o pensamento.

— Isso soa tão estranho... — comentou a ruiva mais para si mesmo do que para os outros, mas Shinpachi teve que concordar.

Pensar em Gintoki com aquele tipo de comportamento tão metódico era bizarro demais. Ainda assim, acompanharam um pouco disso na captura de Okomura, então tinham de concordar com os motivos do grupo, o qual provavelmente observava o antigo samurai e a organização há anos.

— De qualquer forma, vocês dois. — Rinmaru encarou-os seriamente. — Melhor ficarem longe de problemas até amanhã à noite. Por isso, não vamos mais entrar em contato até lá. Então se tiverem alguma dúvida sobre o plano, melhor perguntarem agora.

— Já entendemos tudo, cabeça de fósforo — Kagura declarou entediada.

O apelido fez algumas veias saltarem na testa do vice-líder, mas antes que ele pudesse responder, o mais velho no local levantou-se batendo palmas, visivelmente animado.

— Certo! Se tudo se sair como planejamos, — Iwasaki sorriu satisfeito. — amanhã o Instituto de Pesquisa cairá junto da farsa do Clã Sakata.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Redemption" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.