Caroline vomitou o dia inteiro. Seus enjoos tinham ficado mais frequentes.

—Senhora Caroline, você está bem? - perguntou a babá, em algum dia

—Sim, eu estou bem.

—Você tem estado enjoada nesses últimos meses, já é janeiro, o Senhor Stefan esteve aqui a uns três meses atrás não?

Caroline a encarou, não entendendo aonde ela queria chegar. 

—Seja clara, Alysson.

—Você não acha que devia ir a obstetra?

—Por que eu iria a obs….

Alysson sorriu.

Caroline sentou no sofá da sala,abismada. Alysson ouviu o choro de Thomas e foi atende-lo.

Não era possível, era? Quer dizer, ela nem tinha pensado nessa possibilidade, não tinha como ela estar grávida novamente, ela não tinha dormido com ninguém, estava solteira e divorciada. 

Bom, teve aquela noite com Stefan, mas eles haviam usado preservativo. Ou não…

Quando estavam casados, Caroline tomava injeções, eles nunca usavam camisinha. Mas ela havia parado de tomar, não tinha visto mais necessidade já que estava sozinha, Stefan não sabia disso com certeza. 

Caroline não podia ficar com achismos, no outro dia marcou um exame de sangue. 

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—O sorriso dela é lindo!

Stefan suspirou, Damon dizia isso todo santo dia. 

—Eu sei, você já me disse isso várias vezes.

—Me desculpe, é que… é tão lindo! É estranho esse relacionamento ter durado tanto tempo. 

Stefan revirou os olhos. 

—É, dois anos é muito tempo pra quem esquece tudo que viveu no dia anterior. 

—E você e Caroline, meus registros dizem que vocês se divorciaram e que você tem outro filho. 

Stefan abriu o maior sorriso do mundo. 

—Sim, William. Ele é parecido comigo em vários aspectos, você sempre diz que ele é a minha cara. 

—Mas e os gêmeos… - ele tentou lembrar dos nomes da qual tinha lido no registro - Thomas e Hannah?

—Passam bem, ficam sempre com a mãe. As vezes vamos passear, eu, Hollie, William e eles. 

—Hollie? - ele fez uma careta - Meus registros não dizem nada sobre uma Hollie. 

—É a mãe de William. 

—Vocês estão juntos. 

—Não. 

—Esse  seu “não”, não me pareceu confiante. 

Stefan riu e deu de ombros.

—Acontece. 

—Mas e Caroline?

—Acabou. 

—Pra sempre?

—Pra sempre. Mas ela disse que quer me ver hoje, não sei porquê e qual a relevância do assunto, mas ela me convidou para jantar.

—E você vai?

—É uma ótima oportunidade para ver as crianças, então sim. 

Damon sorriu. 

—Eu ainda acho que vocês dois devem ficar juntos. 

—Nunca mais, Damon.

—Nunca? 

—Nunca. 

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Stefan bateu na porta, não demorou muito para que Caroline atendesse. Ela não estava habitualmente vestida, suas vestes eram formais, mas nem tanto. 

—Oi, entra. O jantar está na mesa. 

Ela abriu a porta, ele sorriu e entrou. 

—E as crianças? 

—No quarto, com a babá.  

Os dois jantaram silenciosamente, Caroline havia preparado um pato ao molho de anchovas, esperando que a comida lhe desse alguma ajuda ao contar as notícias. 

—Então Caroline, por que me chamou? - ele perguntou, quando tomou um gole em sua taça 

Ela baixou a cabeça, não havia maneira mais direta de se dizer o que precisava ser dito. 

—Eu estou grávida. 

Stefan a encarou, ela não conseguiu ler sua expressão. 

—Meus parabéns, eu não sabia que você estava saindo com alguém…

—Eu estou de 3 meses. 

Stefan a olhou novamente, sem expressão decifrável. 

—É meu? 

Caroline assentiu, ainda com a cabeça baixa. 

—Achei que ainda tomasse as injeções. 

—Eu achei que você tivesse usado camisinha. 

—Não usei porque você toma injeção! 

—Não tinha necessidade de tomar se eu não estava transando! - ela o olhou  - Parei de tomar quando nos separamos. 

Stefan bateu a mão na mesa, fazendo com que os pratos balançasem.

 _Merda… - ele colocou as mãos na cabeça - Quando descobriu?

—Faz uma semana, queria te contar quando o resultado saísse. Eu nem ia te contar na verdade. 

—Claro, ia me deixar ver sua barriga crescer! 

—Eu pretendia… - ela suspirou

—Não tem o direito de fazer isso de novo!

—É meu filho, posso fazer qualquer coisa. 

—Não pode não, é nosso filho! São nossos filhos!

—Eu não te chamei pra brigar, só queria te dizer isso, e avisar… - ela engoliu em seco - Que eu vou voltar para Mystic Falls.

Ele riu. 

—Vai voltar sozinha né?

—Não, vou levar meus filhos comigo, todos eles. Não posso ficar aqui Stefan, a vida nesse lugar está me matando!

—Você não pode simplesmente levar meus filhos!

—Eu posso, e eu vou. Lá eu tenho a minha mãe, o Matt…

—O Matt, é claro. Por que não suspeitei. - ele revirou os olhos

—Eu preciso de ajuda, não dou conta de tudo. 

—Eu te ajudo, a babá te ajuda! 

—Eu não quero passar por outra gravidez sozinha Stefan! 

—Eu vou estar aqui pra te ajudar! 

—Aé? Jura?Você vai voltar pra casa?

Stefan não soube o que responder, ela o encarou esperando uma resposta. 

—Eu achei que não. 

Caroline se levantou, claramente irritada. Ela apontou o dedo indicador para ele 

—Eu vou e você não pode me impedir!

Stefan cerrou os punhos, soltou um longo suspiro. 

—Não posso te impedir, mas posso te acompanhar. 

Caroline o olhou incrédula.

—Como assim? 

—Eu posso ir com você. Ainda tenho a escritura da casa da minha mãe de lá, eu posso morar lá…

—Eu não quero que você vá.

—Mas eu quero ir. Esse bebê que você carrega precisa de um pai.

—William também precisa de um pai. 

Stefan suspirou, tinha esquecido desse detalhe. 

— Eu posso convencer Hollie a ir comigo. 

Caroline riu sarcasticamente. 

—Só pode ser sacanagem... 

—Não é. 

—Pense no seu irmão, pense na empresa, precisam de você aqui Stefan. Eu prometo que um dia eu volto, mas fique. 

—Eu vou onde meus filhos forem.

—Mas seu primogênito vai estar aqui, seu herdeiro vai estar aqui. Fique com ele Stefan, eu ficarei bem. 

Stefan sorriu sinceramente, dando -se por vencido, nunca a convenceria a mudar de ideia.

—Nunca deixe de me mandar fotos deles, sempre me ligue, não deixe passar nenhum detalhe, prometa-me que fará isso. 

—Eu prometo. 

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Elena sabia que precisava fazer algo, dois anos na mesma situação a deixavam triste. Devia haver uma maneira, um jeito, um tratamento para o que Damon tinha. 

Ela fez todas as pesquisas na internet. E então, prestes a desistir encontrou uma pesquisa relacionada a perda de memória recente, o médico, Dr. Carter Bross, escreveu sobre um tratamento experimentacional. Era tudo que Elena precisava. Ele entrou em contato imediatamente com ele, mandando um e-mail, pedindo sobre o tratamento e se poderia ter efeito no caso de Damon. 

Dois dias depois, quando Elena recebeu a resposta, ela não pode ficar mais feliz, no mesmo momento ligou para Damon e explicou a situação. 

—E onde é esse tratamento experimental? - ela pode sentir duvida na voz do namorado

—É na Flórida, em Jacksonville. Ele trabalha no hospital universitário de UF Health Jacksonville. Ele pode te ajudar Damon! 

—Eu já tentei de tudo Elena! Meu problema não tem cura entende? 

—Não tentou isso, por favor vamos tentar. - ela pegou suas mãos, Damon sentiu uma parte si querer tentar - Se não por você, por mim, que aprendi a te amar e a ser reconquistada todo esse tempo. 

Damon suspirou.
—Certo, mas se não der certo, você vai parar de insistir em tratamentos. 

—Eu juro!- ela o abraçou

E por aquele abraço, Damon soube que valia a pena tentar. 

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Março, 2020.

Fazia dois meses que Damon e Elena estavam na Flórida, o tratamento era intensivo e eles passavam grande parte das manhãs no hospital.  Todo dia Damon acordava assustado, e todo dia Elena lhe explicava quem ela era, tudo que viveram e o que estavam fazendo ali.

—Então nós estamos juntos a mais ou menos 2 anos? - ele perguntou enquanto traga mais um gole de seu café

—Sim. - ela sorriu - É bastante tempo não?

—Demais. - ele murmurou - E meu irmão? E Caroline? 

—Eles se divorciaram, tem dois filhos, os gêmeos Thomas e Hannah, e ela ta grávida de novo. 

—Como assim? - ele fez uma careta - Eles não estão divorciados? 

—Sim, mas Stefan disse que rembers acontecem, e foi assim que essa nova gravidez surgiu. É um menino. 

Damon processou a informação.

—Então eu tenho dois sobrinhos e mais um a caminho, uma namorada e uma ex cunhada? 

—Isso. 

Ele suspirou.

—Eu odeio esquecer tudo.

—É por isso que estamos aqui. O Dr Boss está tentando te curar.

Antes que Damon pudesse dizer algo, o celular de Elena tocou. 

—É do Dr Boss. Só um minuto.

Ela se levantou e foi até a parte externa da lanchonete, voltou dois minutos depois.

—O Dr Boss quer estejamos no consultório o mais rápido possível, ele tem noticias. - ela se sentou na mesa, Damon ainda tomava o café - Ele tem noticias. 

—Disse se eram boas?

—Ele quer falar pessoalmente.

—Então não são boas.

—Você não sabe! Tenha bom ânimo, talvez ele nos surpreenda. 

Damon suspirou, continuou tomando seu café. 

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—Senhor Salvatore… - o Dr Boss apertou sua mão - Por favor, sentem-se. - ele apontou com a cabeça para as cadeiras postas a frente de sua mesa, antes de se sentar em sua própria cadeira -Fazem dois meses que o senhor está conosco. 

Damon segurou a mão de Elena, como se esperasse uma notícia ruim. Foi uma atitude inesperada para ele, parecia instinto de seu corpo, tão estranho para sua mente que ele olhou para suas mãos juntas com uma expressão curiosa. 

—O experimento foi feito e aplicado com todo cuidado. - Carter continuou - Eu mesmo fiz questão de estar presente em todas as seções e Elena está de prova. - o Dr Boss sorriu para ela, mas então sua expressão mudou - Infelizmente Senhor Salvatore, os novos remédios não tiveram efeito. O seu caso é um dos mais graves que já tivemos, seu cérebro não reage ao tratamento. Eu sinto muito.

Elena, que antes tinha um sorriso no rosto, demonstrou sua tristeza profunda assim que o Dr Boss terminou de falar. 

Damon não disse nada, ele já esperava aquilo desde que saiu de casa. 

—Agradeço as tentativas, Dr Boss. - disse - Espero que seus pacientes futuros tenham mais sorte que eu. - ela abriu um sorriso fraco

Damon se levantou, apertou a mão do Dr Boss e não esperou Elena para sair. 

—Damon! - chamou Elena assim que ele abriu a porta do hospital

—O que é? - ele respondeu com irritação 

—Por que você saiu desse jeito?

—Por que eu sabia que não daria certo! Eu sabia! Você me fez crer que daria certo!

—Eu só quis ajudar! 

—Eu não quero ajuda. Eu acho que você não merece um cara que não se lembra de você, que futuro você teria comigo? 

—O que você quer dizer Damon? - ela se aproximou dele, mas ele recuou

—Eu quero dizer que acabou, entre nós. Eu não quero mais.

—Amanhã você vai se arrepender, não faz isso.

—Não vai ter amanhã, Elena. 

—Como assim?

—Eu vou apagar tudo sobre você. Nós vamos voltar pra casa e então eu vou apagar tudo de você. 

Elena suspirou. 

—Eu não quero isso Damon.

—Mas eu quero. - ele desviou o olhar - Só vamos comprar as passagens, quero pegar o próximo vôo. 

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—Oi, Damon? - a voz de Stefan do outro lado da linha era de surpresa

—Estou em casa, pode vir me buscar no aeroporto? 

—É claro, eu chego em uns 20 minutos. 

—Ok, irmão.

Damon ficou ali, sentado no banco. Elena já havia partido, ela não falou muito com ele no avião, e quando desceram, ela lhe disse adeus e se foi sem dizer mais nada. 

Quando Stefan chegou, Damon estava na entrada do aeroporto, visando não causar problemas para estacionar. Ele entrou no carro e contou tudo ao irmão, sem deixar nenhum detalhe de fora, e Stefan também lhe contou sobre Caroline.

—Isso fazem dois meses Stefan, você não a viu mais?

—Não, às vezes ela me manda foto das crianças, e da barriga e… dela e do Matt.

Damon sentiu certo ciúmes na voz dele. 

—Eu sinto muito por você e Elena. Tem certeza que quer terminar? Vocês dois têm estado juntos por dois anos!

—Eu quero. Acho que é o melhor, ela nunca vai ter uma vida normal comigo irmão. 

—Mas ela te ama.

—Eu nem conheço ela, tudo que eu sei sobre ela descobri hoje. Ela tem um sorriso lindo, é legal, esperta, mas é só isso.

—É sua escolha irmão, não posso fazer nada.

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Damon já estava em casa, sentado na mesa, a sua frente tinha papéis e uma caneta. O lixo estava cheio de papéis amassados, ele já tinha tentado escrever várias vezes. 

—Tenho que colocar meus sentimentos pra fora. - murmurou para si

E então escreveu, escreveu o que sentia no momento, e o que tinha lido nos seus registros. 

Quando terminou a carta, dobrou-a delicadamente e colocou em um envelope. Se arrumou e foi até o apartamento de Elena, guiado por seus registros. Ele bateu na porta, esperando ser recebido por ela.

A porta se abriu, revelando não Elena, mas Bonnie.

—Oi Damon, quer entrar?

—Hã… - ele tentou olhar para dentro do apartamento - Eu… eu só quero pedir um favor. Entrega isso pra Elena, por favor.

Damon lhe entregou o envelope.

—É só isso, tenha uma boa noite… hã…. Qual o seu nome?

—Bonnie, meu nome é Bonnie.

—Certo, obrigado Bonnie.

Ela sorriu e Damon foi embora ser saber que Elena escutava atrás da porta. 

Bonnie lhe entregou o envelope.

—Eu sinto muito amiga. 

Elena sorriu tristemente.

—Tudo bem. Eu acho que vou ler lá no quarto.

Bonnie a abraçou. 

—Se precisar de mim estou aqui.

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Elena se deitou na cama, tempos depois dele entregar a carta em seu ap, abriu com cuidado o envelope, retirando dali a quarta, com a escrita de Damon. 

" Querida Elena…

Peço que me desculpe se a tratei de forma rude hoje pela manhã, não foi minha intenção. 

Vendo os meus registros, percebi que essa esperança de cura foi boa para aproveitarmos melhor um ao outro . Dois meses em Jacksonville, foram o suficiente, creio eu, para que você pudesse aproveitar minha companhia. 

Eu sinto muito pela minha doença, eu sinto não poder lembrar de você. Mas eu quero que saiba, que todos os meus registros diários falam do seu sorriso e do quanto eu sou apaixonado por ele, todos os dias eu me apaixono por você Elena. Tem noção do quanto isso é raro? Não é isso que é o amor? Se apaixonar todos os dias por alguém?

Mesmo que eu não lembre, obrigado por todos esses momentos. Por ter me amado mesmo sendo um homem que nunca vai lembrar de você na manhã seguinte. 

E é por isso mesmo que resolvi te apagar de mim. 

Você não tem futuro comigo Elena, não pode viver assim. Que tipo de família construiremos?

Logo, eu termino essa carta lhe agradecendo por todos os momentos que tivemos, e como já havia lhe avisado, nossas lembranças serão apagadas para mim, mas quero que fique com essas fotos na qual  revelei, ela possuem data, para que se recorde dos dias maravilhosos que vivemos. 

Eu amo seu sorriso Elena, eu amo você.

Para sempre seu… 

Damon. "

Elena olhou as fotos, elas realmente tinham o dia em que foram tiradas, no meio de tantas, ela encontrou a foto deles no park, e ela não pode deixar de sorrir, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. 

Olhou no relógio, eram onze e meia, talvez ele ainda estivesse acordado, se ela corresse poderia lhe dizer que tudo isso era uma besteira, que eles poderiam ter um futuro juntos e que dariam um jeito. Ela se arrumou o mais rápido que pode, pegou um uber e foi até o ap de Damon.

Bateu na porta na esperança de que ele ainda não tivesse dormido.

A porta se abriu, revelando um Damon sonolento. O coração de Elena se apertou e num impulso ela o abraçou, com uma esperança inabalável.

—Damon, amor, a gente dá um jeito, a gente pode ficar junto…

Damon se afastou imediatamente.

—Desculpa, mas quem é você?

Foi como um balde de água fria. 

—Eu… eu não sou ninguém. Foi engano, desculpa.

E se foi, deixando um Damon confuso na porta. Ele voltou para cama e continuou o sono, na qual fora atrapalhado por aquela desconhecida.