Contos Hiccstrid escrita por LauraClarimond


Capítulo 5
O nascer de uma nova vida (Continuação)




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O Nascer de uma nova vida

Parte Dois - A Condenação de uma guerreira

Completamente paralisada, não prestava atenção a exatamente o que ocorria ao meu redor. Fiquei encarando aquele homem ao chão juntamente com a poça de sangue que o cercava , eu fui a responsável por aquilo, conclui a minha vingança, ele estava morto. Mas a sensação que estava sentindo, não me deixou ficar feliz ou satisfeita ao presenciar aquela cena. Pela primeira vez parei para pensar, que o meu plano acabaria tirando a vida de uma pessoa. Quando voltei a observar o que estava acontecendo, me deparei com pessoas me olhando, sem saberem o motivo pelo qual eu havia cometido aquele crime. Os que estavam mais próximos a mim, conseguia ver raiva, duvida, irritação e tristeza em seus rostos.

Ao som de um comando, a multidão começou a abrir espaço para a guarda passar, que logo vieram em minha direção e me prenderam. Atrás deles, pude ver todos se curvando e em segundos o rei estava parado em frente a mim e o príncipe ao seu lado. Ele me olhava, mas em seu rosto, não conseguia ver nenhuma expressão.

—Quero que a levem até a masmorra - Ordenou o rei aos guardas e se aproximando finalizou - Irá pagar pelo que fez.

Sendo arrastada brutalmente pelos guardas, fui levada ao subterrâneo do castelo, para as masmorras, mas antes consegui olhar para trás por alguns segundos e olhei novamente para o príncipe e sua feição continuava a mesma.

Fui arremessada para dentro de uma cela, ouvi a porta ser trancada e imediatamente a escuridão me cercou, encostei minha mão na parede fria e fui tomada pelo fedor do sangue que ainda estava em mim somado com o cheiro que já estava presente naquele lugar.Sei que não a como escapar. Tenho ideia do destino que terei. Não conseguindo enxergar nada me sentei no chão e as lágrimas não demoraram a começar a cair dos meus olhos. ''Porque não estava feliz'' me perguntava. Daqui de baixo não conseguia ouvir nada do que estava se passando no castelo, apenas os meus pensamentos tomavam minha cabeça, então decidi não pensar em nada naquele momento, só queria descansar e esperar, e em segundos depois adormeci.

Em meu sonho, estava em uma planície coberta por uma pequena elevação de grama e algumas flores ao meu redor. o céu esta límpido as nuvens e sol, manchavam o belo azul. Ao meu lado, meus pais aqueles que mais amarei por toda minha vida e junto a eles, um pequeno menininho, com os cabelos loiros e os olhos azuis assim como eu. Estávamos juntos eu e minha família.

Acordei com um raio de sol em meus olhos, que entrava por uma minuscula fresta na porta, ainda estava escuro dentro da cela, mas a pequena iluminação ajudava a ver o local onde eu me encontrava. Me lembrei das historias que meu pai me contava quando era criança, sobre os criminosos que morriam nessas celas, ele dizia que os que fossem condenados a forca eram os que tinham mais sorte. Ouvi ruído de pessoas do outro lado da porta, e em seguida para minha surpresa, pude ouvir a voz do príncipe.

—Guardas nos deixem a sós - Falou entrando na cela vestindo uma roupa menos formal do que a que usou noite passada, mas estava lindo e não consegui evitar um pequeno sorriso ao vê-lo, porém meu sorriso se desfez ao encara-lo. Seu rosto diferente de ontem, trazia consigo duvida.

—Por que fez aquilo ? - Perguntou ríspido

Percebendo pelo tom de sua voz que não estava nada amigável como a que ele conversou comigo durante a dança, decidi que responderia da mesma forma. Não que eu quisesse que o príncipe me tratasse de outra maneira, sou uma criminosa, só porque dançamos e conversamos um pouco, isso não significa que ele iria agir de um jeito diferente comigo.''Idiota''

—Tive meus motivos Vossa alteza - Falei usando o mesmo tom que usou para falar comigo, enquanto eu me levantava e o encarava.

—Terá que me contar quais foram. - Insistiu mantendo o tom rude - Se não a mim, será ao meu pai e a corte no dia do seu julgamento.

—Eu terei um julgamento ? - Perguntei surpresa, já que como estava mais que comprovado que eu matei o governador, seria automaticamente condenada a morte.

—Convenci meu pai a lhe conceder um julgamento - Explicou

— Porque fez isso ?

—Lhe disse durante nossa dança, que sei do que aquele homem era capaz de fazer a uma mulher, meu pai também sabe, por isso concordou comigo que deveria ter o direito de ser julgada. Mas primeiro quero me conte, quero saber o motivo, por favor milady, me diga, o que aquela coisa fez com você - Disse se aproximando de mim com uma voz suave

—Não sou uma milady - Falei me afastando indo para a parte mais escura da cela

—Eu sei - Afirmou - Percebi enquanto dançava com você, nenhuma nobre dançaria tão mal daquele jeito.

—Então por que continua a me chamar assim ?

—Porque é tão linda quanto uma - Falou encostando sua mão no meu ombro, sua voz já não é mais a mesma, era delicada e gentil como na dança.

Me virei para ele, estava tão perto de mim que pude sentir sua respiração em meu rosto. Eu sorri ao olhar o brilho dos seus olhos, e para minha felicidade, o príncipe também sorria. Sei que o conhecia a poucas horas, mas desde que venho vivendo sozinha nunca confiei tanto em alguém como estou confiando agora. Então respirando fundo lhe contei.

—Ele matou meu pai, minha mãe, meu irmão que não havia nascido ainda e todos do meu vilarejo. - Disse sem pausas.

Seu sorriso logo se desfez, ficou me encarando pasmo com o que eu tinha falado mas não disse nada, então continuei

—Ele não fez exatamente algo comigo, nunca havia me tocado até ontem a noite - Expliquei - Mas o que ele fez a quem eu amo, foi muito pior. Tudo isso foi a quatro anos atrás, ele mandou que sua frota destruísse tudo, vivo na floresta desde então, e durante todo esse tempo venho planejando uma vingança contra ele, queria ele morto, não me arrependo do que fiz, mas estou triste por tirar a vida de uma pessoa, mesmo sendo a vida daquele homem - Baixando minha cabeça continuei - sinto por fazer isso no seu aniversário vossa alteza e por ter estragado sua festa, porém foi a única oportunidade que tive nesses anos. Peço desculpa por isso. - Finalizei voltando a encara-lo.

—Ele matou a todos ? - Perguntou incrédulo

—Sim vossa alteza, e pelo que soube, ano passado ele também dizimou outro vilarejo, só que dessa vez, um localizado ao sul do reino, minha casa ficava ao norte. - Acrescentei

—Perto da floresta - Afirmou, concordei com minha cabeça e ele continuou - O certo é que eles deveriam ser expulsos, não mortos. Essa é a lei, quando algum habitante não consegue pagar os impostos do reino deve ser expulsos dele.

—Mas ele não fez assim, todos em meu vilarejo, não conseguiam mais pagar os impostos estávamos endividados, sabíamos que iriam nos expulsar em algum momento, o líder já estava planejando para onde iriamos, eu e meus pais não poderíamos fazer uma longa viagem, com minha mãe gravida. Pelo que soube o governador cobrava uma taxa mais alta nos pequenos vilarejos como o meu.

Ouvimos o som dos guardas retornando, talvez preocupados com a demora do príncipe e com os olhos lacrimejando, ele se virou para sair da cela, mas retornou a mim novamente e colocou sua mão em meu rosto, estava um pouco quente, era áspera como as mãos do meu pai costumavam a ser. Estranhei um príncipe ter mãos como as de um lenhador.

—Vou lhe tirar daqui - Beijou minha testa e continuou - Eu prometo

E assim ele saiu. A porta foi trancada e eu novamente fui tomada pela escuridão.

Meu pai estava certo ''Sorte daqueles que são condenados a forca''. Aquelas quatro paredes pareciam estar cada vez mais próxima uma da outra, o calor, a fome e a falta de ar estavam tomando toda minha lucidez. Fechei meu olhos na esperança de dormir um pouco. Imaginava minha família junto a mim mas agora também imaginava com o príncipe

—Incrível como no meio dessa bagunça na minha vida, eu estou me apaixonando pelo príncipe - Falei alto - E ótimo agora estou falando comigo mesma - Continuei enquanto esperava sentada no chão sujo o meu futuro.

Encarando o nada, tentei pensar em alguns prováveis motivos para entender o porque do príncipe querer me ajudar, além dele apenas querer algum tipo de justiça pelo que aconteceu comigo, mas não consegui pensar em mais nada.

Quando a porta foi aberta inesperadamente, tive a pequena esperança de que fosse aquele que está sendo capaz de me distrair ao ponto de quase me fazer esquecer o que fiz. Mas infelizmente não era. Um homem alto e com os cabelos grisalhos encontrava-se na minha frente.

—Qual é seu nome ? -Perguntou  o homem estranho

—Porque quer saber ? 

—Apenas fale !

—Astrid Hofferson.

—Ótimo. Venha  -  Gritou

—Para onde vai me levar ? - Perguntei me levantando

—Isso não é de sua conta criminosa. Agora vamos - Respondeu saindo da cela e dois guardas entraram para me acompanharem.

Escoltada pelo homem a minha frente e os guardas atrás, seguimos por um corredor contrário ao que eu havia passado quando estava sendo levada para a masmorra. Subimos uma pequena escadaria e a luz de fim de tarde iluminava as janelas do castelo. Andando mais um pouco entramos em um outro corredor que diferente das masmorras não era de pedra, tinha uma linda pintura pendurada na parede, um pequeno garoto, com os olhos verdes. "O príncipe". Sorri ao ver o quanto ele era fofo quando era criança.

No fim do corredor paramos em frente à uma porta, que realmente era minha altura multiplicada duas vezes.

—Entre, tome um banho troque a roupa, se limpe. Vai encontrar tudo que irá precisar no quarto. E depois o rei lhe aguarda para o jantar. - Disse o estranho olhando-me da cabeça aos pés -Sinceramente não consigo ver o que o príncipe gostou tanto em você, mas de uma coisa eu sei vai pagar pelo que fez e eu vou ter o prazer em assistir. Fiquem de olho nela. - Falou aos guardas e saiu.

Ignorei a forma como aquele homem me tratou e o fato dele dizer que irei jantar com o rei e só consegui pensar na parte que ele disse '' Não consigo ver o que o príncipe gostou tanto em você ". O que o príncipe fez ou contou para aquele estranho me dizer isso.

Sorrindo, girei a maçaneta e passei pela porta, me deparei com um belo e grande quarto, uma cama de dossel tomava quase todo o espaço, na parede em minha frente, uma janela do teto ao chão que dava para uma sacada, no lado esquerdo mais duas portas que eu não sabia para onde iam, decoravam de branco o tom escuro do lugar. Andei em direção a cama, e em cima dela, estava um lindo vestido azul, bem leve. Peguei no tecido e pude sentir o quão macio era sobre minhas mãos, e em baixo do vestido, encontro um bilhete

''Milady

Não estarei no jantar de hoje a noite que terá com meu pai, mas apenas para lhe avisar, que contei tudo a ele, mas a certas coisas que ele ainda irá precisar lhe explicar. Sei que é pedir muito, mas espero que confie em mim, mesmo não me conhecendo direito.

Tentarei retornar o mais rápido possível, Fique bem até lá

S. ''

A vontade que tive ao finalizar o que príncipe me escreveu, foi de pular em alegria. Reli o bilhete novamente e reparei no ''S'' em baixo e só neste instante percebi que não fazia ideia de qual era o nome do príncipe.

Andando pelo quarto, fui a procura do local onde eu me limparia e em uma das duas portas havia um banheiro quase do mesmo tamanho do quarto, entrei na banheira que já parecia ter sido preparada para mim e mergulhei. Nunca tinha estado em uma antes, a sensação era incrível. Depois de tirar toda aquele sujeira de mim, coloquei o vestido que havia sido deixado na cama, que ficou ótimo no meu corpo.

Assim que terminei de me preparar tive a curiosidade de ir a sacada daquele quarto. Saindo pude ver a beleza dos limites do castelo, a fonte, o lindo jardim e também conseguia ver o local onde eu havia assassinado o governador. Tudo que eu havia esquecido ocupando minha mente com o príncipe, voltou a minha cabeça, lembrei da cena dele caído no chão e aquilo me doeu novamente.

"Eu deveria parar de pensar no príncipe, e em tudo isso" Pensei

Uma batida na porta me despertou e para minha infelicidade o estranho estava me encarando

—Só porque tirou o sangue dele de você não a torna inocente - Falou a mim

—Em nenhum momento eu disse que era inocente - Retruquei ríspida, parecida com a forma que o príncipe havia falado comigo mais cedo.

Com um olhar de raiva dirigido a mim, o homem ordenou que o seguisse. Passamos por mais algumas alas do castelo até chegarmos no grande salão, que dessa vez estava ocupado por uma longa mesa repleta de cadeiras ao seu redor e sentado no assento principal o rei tomava algo em uma taça, guardas se encontrava nas portas e comida farta se encontrava em cima da mesa.

—Nos deixe a sós Soren - Ordenou o rei ao estranho homem ao meu lado

—Sim Vossa majestade - Respondeu curvando-se e saindo

—Sente-se minha cara - Falou o rei apontando para a cadeira ao seu lado - Meu filho me contou o que você o disse, gostaria de ouvir de sua boca toda sua história, não só os motivos para ter cometido o crime, me conte exatamente tudo.

Comecei dizendo como meus pais vieram para este reino, de como eles eram gratos ao rei por ter ajudado, lhes dando abrigo em suas terras. Contei um pouco sobre minha infância, algumas historias que meu pai me contava, de quando o rei era mais presente, e todo o reino vivia em felicidade. Mas com a chegada do governador tudo mudou, os impostos foram aumentando para o povo que morava nos vilarejos localizados nas extremidades do reino. E finalmente detalhei aquele triste dia. Não consegui segurar as lagrimas que caíram dos meus olhos. O rei me entregou um lenço para secar meu rosto e eu o agradeci.

—Sinto por tudo isso ter acontecido em sua vida.Me sinto culpado, mas com meu filho estudando longe, tive que colocar aquele homem naquela posição tão importante, sei da forma que ele tratava as mulheres, eu tinha minhas duvidas,  mas fui aconselhado pela corte a coloca-lo. Me garantiram que isso não iria interferir em seu papel como governador. - Parecendo decepcionado ao lembrar de algo o rei continuou - Vou fazer o possível para lhe livrar desse crime, não merecer ser culpada por isso, não por seus motivos. Mas não sou eu que define o julgamento minha cara, e sim a corte. É assim que nossa monarquia foi criada. Se eu for contra a corte a população iria se virar contra mim. - Finalizou segurando minha mão que estava próxima sobre a mesa

—Vossa majestade, agradeço pelo que me disse, mas quero ser julgada e sentenciada, mesmo sendo o governador eu tirei a vida de uma pessoa. Como mesmo o senhor disse naquela noite irei pagar pelo que fiz.

—Primeiramente, me desculpe por dizer aquilo, mas eu não posso deixar que isso aconteça. - Disse ainda segurando minha mão

—Vossa majestade, para mim é a coisa certa a se fazer. Espero que entenda.O rei balançou a cabeça, parecia que não queria compreender o motivo da minha decisão. Vendo a sua expressão continuei - E também, como vossa majestade disse, o povo irá se revoltar com o senhor, por tentar livrar a assassina do governador.

—Você é uma guerreira minha cara, vejo o porque do soluço se encantou por você - Falou

—Soluço ? O nome do príncipe é soluço ? - Perguntei surpresa por descobrir o nome do príncipe, agora eu sabia o que significava aquele ''S''

—Sim - respondeu rindo - Foi a mãe dele que escolheu, mas quase todos o chamam de príncipe e de vez em quando os mais próximos o chamam de Haddock que é seu segundo nome, apenas quem sabe disso é ele, a mãe dele, eu e agora você.

—Lembro da minha mãe me falar o quanto ela era linda, educada e corajosa eu sinto muito vossa majestade.

—Me chame de Stoico, e sim minha Valka era linda, linda e única para mim, espero me encontrar com ela um dia. - Falou sorrindo ao se lembrar da esposa - Mas mudando de assunto, é melhor você comer deve estar faminta.

—Sim estou.

Nem eu mesma tinha me dado conta da fome em que eu estava até o rei mencionar. Comi mais do que o suficiente. Enquanto comíamos, eu observava o rei, nunca pensei que ele seria completamente o oposto daquilo que eu imaginava.

Conversamos por todo o tempo do jantar até as estrelas tomarem completamente o céu. Até que ele me pediu para acompanha-lo por uma volta pelo castelo. A cada comodo que eu andava, a beleza do lugar me encantava ainda mais. 

—Acho que já é hora de nos deitarmos, está tarde. - Falou o rei

—Concordo, mas gostaria de lhe perguntar, onde está o principie ? -Perguntei curiosa, pois  dentre todos os assuntos que conversamos nenhum deles foi a respeito do príncipe.  - Não o vi desde hoje de manhã - Completei

—Soluço foi resolver algumas coisas minha cara, ele logo retornará - Me olhando perguntou - Sente algo pelo meu filho, estou certo ?

—Eu só o conheço a um dia, tecnicamente falando - respondi um pouco nervosa com sua pergunta - Mas não posso dizer que não sinto alguma coisa. Sei que uma pessoa como eu não é digna...

—Não continue o que está falando - Ordenou o rei - Lhe conheço a algumas horas e percebo o quão você seria digna o suficiente para o meu filho.

Corei com o que Stoico me falou. Mas no fundo ainda não concordava com seu pensamento, nem com esse e nem com o de que eu deveria ser livrada da condenação.

—Pode voltar para o quarto do soluço, não quero que passe mais uma noite naquela cela. Durma bem, amanhã poderemos conversar um pouco mais, e tirar alguma duvida caso você tenha - Falou enquanto me guiava de volta para o quarto que o estranho homem que agora sei que se chama soren, havia me levado. 

—Este é o quarto do príncipe ? - Perguntei sem acreditar

—Sim, ele me exigiu que você descansasse e dormisse no quarto dele. - Disse quando paramos no corredor que dava acesso ao quarto e vimos dois guardas parados em frente a porta, aqueles eram diferente dos que estavam quando cheguei- Eles cuidaram para que não seja incomodada, durante a noite. Sei que o governador tinha muitos admiradores, e que Soren era um deles, acho que ele deve ter falado algo a você - Acenei com a cabeça em resposta e o rei continuou - . Mas tem algumas pessoas que a agradecem por ter feito o que fez.

—Obrigada, por tudo Vossa majestade.

—Stoico, pode me chamar assim, lhe vejo pela manhã, conversaremos mais, Boa noite.

—Boa noite Vossa majestade - Falei me curvando e indo para o quarto.

Passei pelos guardas que diferente dos que me jogaram dentro da masmorra, estes sorriam para mim. Pelo visto o rei estava correto, existem mesmo pessoas que me agradecem pelo que fiz. Depois de me preparar para dormir, e me deitar na cama do príncipe, fiquei pensando na possibilidade dele sentir algo por mim, e naquele eu sentia uma felicidade que a anos não vivenciava.

Fui acordada na manhã seguinte com leves batidas na porta

— Pode entrar. - Falei enquanto me sentava na cama

—Bom dia senhorita, sou Maire, uma das empregadas do castelo, o rei ordenou que eu  lhe trouxesse roupas para usar hoje e também vim avisar que logo será servido o café da manhã e que ele espera sua companhia.- Falou a baixinha com os cabelos castanhos. 

—Obrigada Maire.

Marie ajudou a me vestir e me preparar para o café da manhã, não estava acostumada com aquele mimo, admito que foi um pouco estranho, mas ela me falou que apenas era seu trabalho. E para minha surpresa, Maire me contou algumas atrocidades que o governador tinha feito a ela. Consegui sentir mais nojo dele do que já sentia e finalizou me agradecendo por tê-lo matado.

Durante todo o dia, não tive nenhuma noticia do príncipe e o rei não parecia estar preocupado, então deduzi que se Stoico estava calmo em relação ao'' desaparecimento'' de seu filho, era porque sabia que ele estava bem. 

Conversamos bastante sobre amanhã, ele me explicou que logo cedo, alguns guardas iriam me buscar no quarto do príncipe e me levariam até um lugar chamado '' Jugadouro'' que na verdade é uma espécie de sala redonda, com cadeiras para os membros da corte, naquele lugar teria uma corrente que é fincada ao chão, stoico falou que me prenderiam ali, e depois  o líder da corte falaria os crimes que eu havia cometido e assim o julgamento começaria. O rei me falou que é contra a lei que presencie o julgamento, mas que ele iria estar lá da mesma forma, apenas não poderia se intrometer, me disse também que alguns habitantes do reino poderiam comparecer. 

Depois do longo dia que tive, o julgamento de amanhã não saia da minha cabeça. Chegando ao quarto do príncipe me depare com Soren me olhando no começo do corredor, dirigia uma cara de nojo a mim, ele com certeza não era uma pessoa nada amigável e me odiava pelo que pude perceber. 

— Amanhã será um belo dia - Falou suspirando de felicidade enquanto eu passava por ele - Não é ? - Perguntou

Ignorei sua resposta e entrei batendo a porta atrás de mim. Depois de ficar ando e conversando com o rei pelo castelo, consegui ter uma boa noite de sono, tive bom sonhos, principalmente com minha família, e um sonho com o príncipe que me deixou vermelha novamente só de lembrar. Quando ouvi a batida na porta percebi que o momento tinha chegado. Eu seria julgada. 

Quatro guardas entraram no quarto, e me levaram para o local que o rei havia me falado e também fui presa ao chão com correntes. 

fui levada do castelos até os gurdas

—Majestade, corte e cidadãos do reino de Berk. Hoje estamos todos presentes aqui para o julgamento de Astrid Hofferson, pelo crime de assassinato ao governador.

A população presente começou a vaiar, a gritar coisas horríveis comigo, e até jogaram coisas em mim. O julgador ao meu lado, continuou a falar

—Pelo visto, nossa monarquia pareceu gostar de você - Falou bem alto para que todos escutassem - Caros membros da corte, tenho informações confirmadas pelo ajudante real Soren, que a assassina recebeu a visita de nosso príncipe na masmorra e que algumas horas depois ela foi levada para seu quarto pessoal e que jantou com o rei na mesma noite. - Ao meu parecer eles já se conhecem, o que lhes faz perguntar será que a morte do nosso amado governador, não foi planejado por algum monarca?

O silencio pairou no ar, nem as respirações podiam ser ouvidas. Olhei ao rei que estava espantado com o que o líder da corte havia falado. Stoico se levantou do local onde estava e foi na direção do homem que estava ao meu lado 

—Isso é um insulto, não só a mim mas ao meu filho e a coroa. Se eu quisesse matar aquele homem, teria feito eu mesmo, não armado um plano que envolvesse outra pessoa. E se eu soubesse do que aquele ser é capaz eu teria feito isso. - Gritou o suficiente para que todos ouvissem e se dirigindo a população presente e continuou - Conte a eles.

Atendi a sua ordem e comecei a explicar tudo a eles, que não tive ajuda de ninguém, planejei tudo sozinha, contei a eles meu motivo de ter feito aquilo. Quando falei sobre o que havia ocorrido a quatro anos atrás seus rostos mudaram, todos pareciam surpresos, menos o homem que estava ao meu lado, eu percebi naquele momento que ele sabia do que eu estava falando. O Líder, com um sorriso no rosto fingiu duvidar do que eu estava alegando.

— ''Apenas eu sobrevivi '' - Falou o líder repetindo o que eu tinha falado. - Então você foi a unica que ele não matou é isto que está afirmando ? Você tem como provar que o nosso governador fez isso? - Me perguntou

—Não, não tenho, tudo foi destruído. - Respondi 

—Então em frente de todos, confirma que matou o governador por vingança ? - Perguntou

—Sim eu matei. 

O líder, aparentando estar feliz com minha resposta, se virou ao rei e disse

—Vossa majestade, nós da corte iremos nos reunir mais tarde e discutiremos algumas coisas, mas agora, por favor retorne ao seu assento, iremos deliberar nossa decisão. - Falou saindo com os membros da corte

Passaram-se alguns minutos até que todos retornaram da outra sala para onde foram. O líder falou em alto e em bom som.

—Como não temos prova alguma de sua história e com a afirmação do assassinato de um membro da alta corte, nós decidimos que está condenada a morte por decapitação pública.

Era isso, momentos da minha vida passaram na minha memória. Os gritos da população em parabenização a corte podiam ser ouvidos por toda a sala. Guardas me levavam agora em direção a grande praça do reino. Lembrei de quando era pequena e meu pai e eu estávamos trabalhando não muito longe dali, quando vimos um ladrão ser decapitado, papai, não cobriu meu olhos ao invés disso, me obrigou a olhar ''Veja, não quero que isso aconteça com você, entendeu. '' naquele dia não o dei uma resposta, já que não era uma pergunta e sim uma ordem.

E agora eu estava na mesma posição em que o ladrão se encontrava aquele dia'

''Desculpe pai''— Falei baixinho

 -Carrasco, faça seu trabalho - Ordenou o líder

Fechei os olhos e apenas pensei na minha família.

Continua...


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