Claro que o universo não me deixaria partir sem uma última surpresa.

A garotinha da pulseira invadiu minha cela pela manhã e sentou-se comigo. Não me ocorreu perguntar-lhe o que fazia ali; eu estava apavorado demais para isso.

Sorrindo, entregou-me uma barra de chocolate e um cordão com uma moeda.

— Um é pra adoçar seu dia, o outro pra dar sorte — disse, passando o cordão pelo meu pescoço. Parecia-se muito com o que minha namorada usava.

— Obrigado. — Involuntariamente, meus olhos mergulharam nos dela, os mais escuros que eu já tinha visto. Eles eram familiares...

— Nos vemos em breve, Nick — prometeu ela.

Fechei meus olhos e ela beijou minha testa, um gesto estranhamente carinhoso. Quando os abri novamente, não havia ninguém comigo.

Demorei a entender o que tinha acontecido, mas não consegui não sorrir quando entendi.

Karen.

Aquele foi o melhor chocolate que já comi.

Comecei a escrever na esperança de ser perdoado, ou talvez...

Na verdade, nem eu mesmo sei qual era meu objetivo inicial. Provavelmente não me sentir sozinho, mas agora sei que, haja o que houver, ela estará esperando por mim.

Ela sempre me perdoará.

Quem quer que esteja lendo, saiba que acabou. Eu não tenho mais medo.