7º Capítulo

(POV Bella Swan)

"Assim como há uma história que relata nosso surgimento também há uma que conta como achamos nossa alma gêmea. "
A voz de Billy é sussurrada de modo lento e misterioso. A imagem de Paul surge instantâneamente em minha cabeça.
"Não é algo fácil de explicar."
O olhar de Paul aparece com todo o carinho e admiração que ele sempre dirigi a mim.
"Contudo o laço que envolve o imprinting é forte."
De repente a imagem de Paul some sendo substituída por imagens de Emily e Sam. O amor que envolve os dois é notável para qualquer um.
"Ele pode ser tudo que ela precisar."
Flash's de tudo que Paul fez por mim durante esse último mês me vieram a cabeça.
Na mesma rapidez que tudo surgiu, tudo também se foi. Por um minuto tudo foi completa escuridão, até que sinto uma mão tocar a minha, o calor que emana dela já é algo familiar. Sinto uma brisa afagar meu rosto e logo a luz volta revelando o penhasco e junto dele Paul.
"E se eu te dizesse que tudo isso é real?"

XXX

Até que ponto isso é real? Penso encarando a tigela de cereal que está na minha frente.
Ontem, após toda a revelação, as perguntas simplesmente sumiram de minha cabeça. Mas hoje, depois de ter dormido e absorvido parte disso, algumas coisas começaram a surgir em minha cabeça. Alguns pontos começaram a se ligar, me deixando extremamente confusa. Billy disse que as histórias são reais. Com isso o imprinting também é real. Ao considerar isso entendo agora o porque de Paul ter cuidado de mim. Mas ao pensar que ele só fez isso porque a magia o obrigou me sinto mal. É algo parecido com uma dor física. Começo a me sentir um pouco sufocada. Levanto da cadeira me dirigindo para fora da casa. Ando rapidamente na direção da floresta e antes que o arrependimento viesse entrei na mesma.
Tropeço algumas vezes e arranho levemente minha mãos.
Ao me sentir um pouco ofegante me sento em uma pedra para conseguir recuperar o fôlego. Fecho os olhos com força e a imagem de Paul surge novamente em minha cabeça.
Será que tudo que ele fez foi por obrigação?? Todo o carinho, cuidado e dedicação foram por culpa da magia?? Balanço fortemente minha cabeça me obrigando a parar de pensar isso. Levanto da pedra pronta para voltar pra casa quando escuto o som de um passo.
—Bella? -Me viro bruscamente e encaro assustada os olhos vermelhos do vampiro de dreadlock.
—Laurent... -Minha voz falha e meu corpo começa a tremer. -O que faz aqui?
—Vim fazer um favor a uma amiga. E também uma visita aos Cullen. Mas ao que parece eles foram embora não?? -Ele pergunta sorrindo sarcasticamente. -E esqueceram o bichinho de estimação.
—Eu não...
—Uma pena eles terem te abandonado assim, sabendo do nosso mundo. -Ele dá uma passo a frente. -A mercê dos nossos perigos. E a mercê de Victoria.
Tento mover meu corpo para trás mas o medo me paralisa. O choque passa por todo meu corpo.
—Sabe, foi ela que me mandou aqui. Para te verificar. Ela vai ficar feliz em saber que está tão pouco segura. A menos que eu não conte. -Ele vai chegando mais perto. -Sempre me perguntei como os Cullen conseguiram ficar perto de você. O cheiro de seu sangue é tão doce. -Ele rapidamente chega na minha frente e passa a mão suavemente por meu rosto. -Mas sabe, foi melhor pra você que eu tenha te encontrado. Victoria pretende fazer isso devagar. E eu prometo ser rápido.
Tudo que consigo fazer é fechar meus olhos e pensar em Paul. A imagem de seus olhos me tranquiliza. E por um momento é como se tudo fosse ficar bem.
—Ah, mas que droga!! -A raiva na voz de Laurent me faz ficar alerta. Abro os olhos e vejo lobos enormes e de diversas cores. O vampiro corre na direção oposta e os lobos logo o seguem. O lobo marrom acinzentado me encara antes de seguir o resto do bando.
Fico sem reação até que escuto algo bufando. Olho na direção do barulho e encontro um lobo esbranquiçado. Ele me olha com certo tédio, mas depois vai para trás de algumas árvores. Fico encarando confusa o ponto onde ela sumiu. Dois minutos se passam e no lugar do lobo surge uma jovem de cabelos curtos, pele morena avermelhada, corpo curvilíneo e traços quileutes.
—Sou Leah Clearwater.
—Sou Bella. -Balbucio confusa. -Clearwater?
—Filha do Harry. -Vejo tristeza em seu olhar.
—Sinto pelo seu pai.
—Tá, tanto faz. -Seu rosto é uma máscara gélida. -Vem, vou te levar pra casa.
Eu apenas assinto sem me mexer, ela fica me encarando impaciente e eu dou um passo a frente. Ela vira e começa a andar na frente. Eu tenho que correr para conseguir acompanha-la.
Logo as árvores vão abrindo caminho, minha casa já está a vista. Limpo o suor da minha testa e enxugo minhas mãos na calça.
—Pronto. -Leah anúncia já começando a ir embora.
—Espera!! -Digo rapidamente. -Não quer beber nada?
—Eu... -Ela umedece os lábios. -Um copo de água seria bom.
Eu assinto e abro a porta dando passagem para ela entrar, vejo seu rosto receoso e sorrio para lhe passar confiança. Ela ergue uma sobrancelha de modo irônico e eu não posso deixar de lembrar de Paul.
Ela me segue até a cozinha, peço para ela se sentar na mesa, lavo minhas mãos na pia e vou em direção a geladeira para pegar a jarra de água. Pego um copo e deposito em sua frente o enchendo logo em seguida. Encho um copo para mim e beberico calmamente.
—Obrigada. -Ela fala ao pousar o copo na mesa.
—Por nada. -Sorrio ao recolher o copo e o colocar na pia junto ao meu. -Então, também é um lobo.
—Sim.
—Eu não sabia. -Falo me sentando a sua frente.
—Me transformei faz pouco tempo. -Ela passa a mão por seus curtos e negros cabelos.
—Ah... -Mordo meus lábios e inconscientemente penso em Paul. Primeiro penso se ele está bem, depois todas as perguntas voltam a minha mente junto com a insegurança. De repente uma ideia surge em minha cabeça. -Leah??
—Hum? -Ela me olha curiosa.
—Pode me contar mais sobre o imprinting?
—Acho que não sou a pessoa mais indicada.
—Por que não? -Ela nega com a cabeça. -Por favor, eu preciso entender...
—Eu... -Suplico com o olhar. -Está bem, o que quer saber?
—Como ele funciona?
—É algo difícil de entender, eu mesma ainda não consegui. Mas tudo que eu sei é que o imprinting é uma magia forte demais para se lutar contra.
—Então quer dizer que o lobo só fica com sem alvo por obrigação? -Pergunto com uma dor no peito.
—Não, o imprinting não obriga ninguém a amar, ele só mostra a pessoa certa para o lobo. Não é o imprinting que faz o amor, é o amor que faz o imprinting. A magia só ajuda o lobo a encontrar aquela que te completa.
—Então...
—Se tem medo que ele fique com você só por obrigação não se preocupe, ele te ama e não é o imprinting que diz isso.
—Obrigada. -Sorrio grande e seguro a mão dela sobre a mesa. Ela parece desconfortável com esse ato e logo puxa sua mão. -Você já sofreu seu imprinting? Pelo modo que fala parece que já passou por isso.
—Na verdade não, mas vi o imprinting agir. -Ela me olha receosa, como se tivesse avaliando se podia confiar em mim. -Na verdade tenho uma história parecida com a sua, só que sem final feliz.
—Como assim?? -Pergunto confusa. Ela respira fundo.
—Eu também fui abandonada. -Arregalo meus olhos e ela sorri fraco. -Antes de entrar no mundo sobrenatural e antes de ser o meu Alfa, Sam era meu noivo.
"Nós éramos felizes, nos amávamos e logo casaríamos. Só que tudo mudou de repente. Sam sumiu e quando voltou não era mais o mesmo, estava distante, talvez até um pouco frio. Ele não quis me contar o que tinha acontecido e depois de muito relutar eu concordei em deixar pra lá. Nós tentamos manter nosso relacionamento apesar das brigas que passaram a ser constantes, eu ainda não tinha engolido o fato dele não me contar nada. Foi em um fim de semana que tudo se acabou de vez. Uma prima minha veio passar o fim de semana em minha casa. Emily era de uma reserva vizinha e fazia muito tempo que não nos víamos. Ela era como uma irmã e quando eu fui apresentá-la ao meu noivo ele sofreu um imprinting por ela. Eu não sabia o que estava acontecendo e de repente me vi sozinha. No começo Emily tentou ir contra mas o amor entre eles era muito forte. Eu me sentia traída. E só fui entender tudo quando me transformei.
—Leah, eu sinto muito... -A encaro e vejo ela secar uma lágrima rapidamente. -Eu não sabia.
—A maioria não sabe. -Ela sorri triste. -Mas isso não importa mais. Eles estão felizes juntos. Vão casar. E eu estarei lá como madrinha.
—Esse ainda não é seu final. Você ainda vai ser muito feliz. Só tem que deixar que isso aconteça.
—Obrigada, mas não acho que isso um dia aconteça. -Ela solta uma risada anasalada e sem graça. Quando eu ia retrucar escuto alguém batendo na porta. -Seu príncipe chegou.
Me levanto e vou em direção a porta, coloco uma mecha de cabelos para trás da orelha e abro a porta. Paul está parado com uma expressão rígida, que logo se desfaz ao olhar pra mim. Sorrio grande e ele logo retribui me puxando para um beijo.