Dinah Laurel Lance estava morta. Assassinada por um monstro a quase um ano atrás e mesmo assim, para Oliver parecia que a dor de perdê-la nunca iria embora.

“É normal Oliver, você vai superar.” Dizia Felicity.

“O tempo vai fazer a dor diminuir cada vez mais.” Dizia Diggle.

Para Oliver, ambos estavam errados. A cada dia a dor parecia aumentar um pouquinho mais, e após a ilusão criada pelos Dominadores a dor parecia ainda mais excruciante.

Thea, que ainda morava no antigo apartamento da Laurel sozinha, muitas vezes chamava Oliver para dormir lá com ela.

Mas, na verdade eles não dormiam, apenas conversavam se lembrando de Laurel. Do seu sorriso. Da sua voz.

Nessas noites Thea e Oliver costumam derramar lágrimas em meio a sorrisos lembrando de Laurel, lágrimas por ela não estar mais com eles, e sorrisos por um dia ela ter estado com eles.

Thea era a única pessoa que sabia e parecia entender um pouco o que o Oliver sentia.

A vida seguia para Oliver Queen. Tinha um novo time e juntos lutam para deter Prometheus, venciam uma batalha, perdiam outra...Mas, Oliver se esforçava para vencer a guerra.

Um novo dia amanhecia, e como todo o dia após a morte de Laurel, Oliver acordou ofegante de um pesadelo no qual via novamente ela morrer.

“...Oliver...Por que me deixou morrer?...Eu amo você...mas, isso nunca foi o bastante,não é?...Você sempre será o amor da minha vida, apesar de eu não ser o amor da sua...Oliver…”

Oliver sentiu algumas lágrimas desceram dos olhos ao recordar das palavras de Laurel no sonho. Agora era tarde demais. Laurel estava morta, eles nunca poderiam ter uma segunda chance.

Passou anos e anos se convencendo que Laurel merecia mais do que ele poderia ser e acabou pisando no coração de Laurel enquanto se distraia com segundas e terceiras opções como Sara e Felicity.

Deveria ter lutado por ela. Deveria ter escolhido ela desde o início. Deveria ter amado ela melhor do que amou. Deveria ter amado ela como ela o tinha amado.

Oliver respirou fundo e se recompôs, se levantou tomou banho e enquanto se arrumava para ir para a prefeitura trabalhar ouviu um barulho vindo da sua sala de estar.

Ficou alerta e silenciosamente fui em direção ao barulho. Ao chegar lá se deparou com um homem vestindo uma roupa azul com um cinto dourado, um elmo na cabeça que cobria todo o rosto e deixava apenas os olhos a vista também usava uma capa dourada.

Quando Oliver entrou no campo de visão do homem misterioso, este simplesmente esticou uma das mãos apontando o sofá e se sentou nele.

— Quem é você? — Perguntou Oliver em alerta.

— Oliver Jonas Queen. Sente-se, não sou um inimigo a quem precisa lutar. Apenas quero conversar com você sobre a sua Dinah Laurel Lance.— Respondeu o homem misterioso calmamente.

Oliver ficou surpreso. Ele queria falar sobre a Laurel? Se aproximou e se sentou em uma poltrona distante do homem.

— Me diga, quem é você? — Voltou a perguntar Oliver.

— Eu sou de uma terra paralela, creio que você já esteja familiarizado com o conceito de múltiplas terras, correto?— Observou Oliver confirmar com a cabeça e continuou.— Minha terra é distante da sua, e contém perigos muito maiores. Eu sou Nabu, um Lorde da Ordem. Minha alma é presa a este elmo, o homem que usa este elmo se chama Kent Nelson, juntos nós usamos o codinome de Senhor Destino. Em nosso mundo, como eu disse, existem inúmeros perigos, mas nem um perigo é tão mortal quanto o qual enfrentamos agora. Nosso maior aliado, nosso maior herói...Se tornou a maior ameaça da terra. — Disse Sr.Destino sério.

— E, o que isso tem a ver com a Laurel? — Perguntou Oliver se inclinando mais para frente.

— Bom, Laurel, como você a chama, em nosso mundo é...era uma das melhores lutadores de artes marciais do planeta, por esse motivo foi dado a ela a missão de derrotar nosso inimigo, ela quase conseguiu,...mas morreu em batalha.— Disse Sr.Destino com a voz falhando levemente. Oliver notou as mãos de Nabu se fechando com firmeza.

Oliver respirou fundo, então...Laurel de outra terra estava morta também. Mesmo sendo uma das melhores do planeta. Isso era tão injusto.

— Mas,...a esperança.— Disse Sr.Destino repentinamente quebrando o silêncio que se instalará no local.

— O que quer dizer com isso?

— Eu...posso trazer a Dinah Laurel Lance da minha terra de volta à vida, entenda. No meu mundo, ela o destino dela morrer. Porém, aqui...sua Dinah Laurel já está morta. O destino dela já foi cumprido, ela poderia viver aqui…

Oliver sentiu seu coração bater fortemente contra o peito. Não sabia exatamente o que sentir, essa mulher não era a sua Laurel mas, ainda sim era a Laurel.

— Isso...eu entendo, mas por que você veio até mim?— Questionou Oliver.

— Porque no meu mundo, você e ela eram casados. Estavam juntos a anos, mas você foi morto pelo nosso ex-aliado…E, vocês tem um filho. Connor. Trazer ela aqui, inevitavelmente trará consequências para a criança, mesmo se eu trouxesse eles para cá, para uma outra cidade, vocês se encontrariam. Como seria? Você o rejeitaria? Ele é filho de Oliver Queen, mas não de você. — Respondeu Sr.Destino se levantando e olhando diretamente para Oliver.

Um filho. Um filho seu e de Laurel. Bem, teoricamente não sei exatamente. Mas, ainda sim seu.

— Eu vou amar ele. Por que não importa de que terra ele venha. Ele é meu.— Respondeu Oliver.

Senhor Destino parecia sorrir mesmo que Oliver não pudesse ter certeza por causa do elmo. Nabu, então, assentiu e virou de costas para o Oliver, esticou as duas mãos para frente e um símbolo apareceu.

Senhor Destino atravessou o símbolo que agora Oliver percebeu que era um portal. Quando voltou, trazia nos braços uma Laurel vestindo um uniforme preto que parecia rasgado em algumas partes. Ela estava de olhos fechados e Oliver notou que ela não respirava.  

Destino ficou de frente para Oliver e passou a loira para os braços do Queen, então colocou ambas na mulher, uma em sua testa e outra em sua barriga. Logo uma luz dourada pareceu surgir por onde Nabu á tocava.

E então, Oliver escutou o som mais belo que já tinha escutado na vida. O som da respiração de Laurel. Oliver sorriu enquanto escutava aquele som maravilhoso.

Destino então pediu para que ele a deixasse em um quarto e antes de atravessar o portal novamente disse que já voltava.

Oliver obedeceu Nabu e a levou para o seu quarto a colocando delicadamente na cama e se afastou um pouco para a observar um pouco. Ela parecia a Laurel e ao mesmo tempo não parecia.

Seus cabelos eram mais loiros e mais curtos indo até um pouco abaixo dos ombros.

“Ela é tão linda quanto a versão dela desse mundo.” Pensou Oliver.

Oliver ficou longos minutos observando a mulher agora dormir em um sono profundo, até escutar um barulho fofo de um bebê vindo da sala.

Se afastou da loira adormecida e ao sair do quarto fechou a porta. Notou em uma mesa pequena ao lado do corredor do apartamento que seu celular tocava mostrando o nome “Felicity Smoak”.

Pegou o celular, ignorou a ligação e enviou uma mensagem rápida a Felicity.

“Não posso atender. Estou ocupado, avise a Thea que não aparecerei na prefeitura hoje. Falo com você a noite.”

Após enviar a mensagem, desligou o celular e foi em direção a sala. Ao chegar na sala encontrou o Senhor Destino com um bebê de mais ou menos 5 ou 6 meses no colo.

Oliver não tinha experiência com crianças, nem mesmo com o seu próprio filho que mêses atrás havia deixado para seguir com a vida junto a mãe.

O bebê era loiro como ele, mas tinha olhos verdes como os da Laurel. Olhava em volta com curiosidade.

Destino se aproximou e colocou o bebê nos braços de Oliver.

— Vou trocar a roupa da Dinah Laurel e ficar com ela até que ela acorde o que não vai demorar, eu espero. Fique com Connor.— Disse Nabu se afastando e indo em direção ao quarto de Oliver.

Oliver se sentou no chão com o bebê e com estranheza percebeu que tinha jeito com a criança. Logo, o bebê ria em seus braços feliz.

Passaram-se algumas horas e percebeu que Connor estava com fome e que o Destino não havia voltado. Olhou em volta e notou uma bolsa verde com estrelinhas azuis em cima do sofá, achou dentro dela uma mamadeira, fraldas e roupas infantis.

Esquentou a mamadeira, checou a temperatura e deu para o bebê. Após alimentar Connor, fez ele arrotar e continuou brincando com ele até...Até Laurel aparecer no quarto e correr em direção a ele e a Connor. Dinah Laurel agora usava uma regata cor vinho e uma calça preta.

Laurel parecia não ter notado Oliver quando pegou o filho nos braços, mas quando ergueu os olhos para ver quem estava tomando conta dos filhos paralisou.

Olhou assustada para Oliver. Como ele poderia estar lá? Ele estava morto! A loira então olhou confusa para o Senhor Destino que observava em silêncio.

— O Oliver Queen desta terra perdeu sua Dinah a quase um ano. Vocês dois não se conhecem. Eu não posso garantir a felicidade de vocês, mas eu posso dar a vocês uma nova chance.— Disse Senhor Destino a eles.

— Mas,...Meu mundo? Superman.— Disse a loira com os olhos ainda concentrados em Oliver.

— Eu não vou tirar você daqui. Como um Lorde da Ordem, eu quebrei muitas regras. Você não pode voltar e além do mais...Sua luta acabou, você já sacrificou demais.— Andou até a loira, tirou seu elmo revelando seu rosto jovem apesar de seus cabelos grisalhos e depositou um beijo na testa de Dinah Laurel e outro beijo na testa do pequeno bebê.

Abriu novamente um porta, andou lentamente até ele e olhou para o estranho casal e o bebê e novamente virou de costas e entrou no portal indo embora, Dinah Laurel sabia que não para sempre, mas por hora, ele não voltaria tão cedo.

Dinah Laurel tirou os olhos de Oliver por um momento para observar o seu filho que agora dormia em seus braços.

— Você pode colocar ele no quarto em que estava.— Disse Oliver roucamente.

— C-certo. Obrigada. Eu, eu já volto.— Disse a loira se afastando.

Quando ela saiu do local Oliver passou a andar de um lado para o outro nervoso, ele e ela precisavam conversar. Mas, quando ela voltou para a sala tudo o que Oliver conseguiu fazer foi puxá-la para um abraço.

Seu corpo pequeno e quente aconchegado ao dele era tão confortante. Os cabelos dela cheiravam a flores. Oliver sentiu ela o abraçar de volta e esconder seu rosto em seu peito. Juntos choravam não sabiam se de alegria, de saudade, de tristeza ou de alívio.

Quando se afastaram, Oliver a olhou e disse:

— Bem, meu nome é Oliver Jonas Queen, pode me chamar do que quiser.— Ele sorriu e passou uma das mãos no rosto dela limpando algumas lágrimas.

— Meu nome é Dinah Laurel Lance, eu gosto de ser chamada de Dinah, mas eu não ligo se você me chamar de passarinho.— Respondeu Dinah sorrindo a ele e pedindo com os olhos que ele a chamasse pelo apelido.

— Tudo o que você quiser, passarinho.— Disse Oliver aproximando o rosto do dela e a beijando. Oliver e Dinah nunca saberiam explicar o por que se beijaram. Eles haviam acabado de se conhecer, eles nem mesmo eram da mesma terra.

Mas, no momento tudo o que ambos queriam era estar nos braços um do outro. O beijo tinha gosto de doce e amargo, de inverno e verão.

Quando o beijo acabou, Oliver a chamou para tomar o café da manhã. Pois incrivelmente ainda era 9 da manhã. Apesar do beijo, eles não tinham pressa. Eles tinham a vida toda para conversar, para entender.

Enquanto preparavam o café da manhã e iniciavam uma conversa, eles esqueceram do mundo. Sem imaginar que em algumas horas a casa de Oliver seria invadida por Thea, Felicity, Diggle e os outros membros do team Arrow.

Sem imaginar o escândalo que Felicity faria. Sem imaginar a desconfiança dos membros do time arrow, sem imaginar a estranheza de Thea.

Por hora, Oliver e Dinah iriam apenas conversar...