Beside You escrita por Louise K


Capítulo 6
Warm Me Up - Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Depois de três anos desde o início dessa fanfic e muita enrolação, anuncio que infelizmente chegamos ao final :(
Eu estou muito satisfeita com o que escrevi ao longo de todo esse tempo — apesar de todos os grandes intervalos entre os capítulos hahaah — e estou muito feliz de finalmente poder compartilhar com vocês, que continuaram a acompanhar a fanfic apesar de toda a minha demora.
MUITÍSSIMO obrigada para todos que se deram trabalho de comentar, expressar seus pensamentos ao longo dos capítulos e até mesmo me cobrar atualizações. Se não fossem vocês, eu não estaria fazendo essa última atualização. Muito obrigada mesmo.
Ah, algo que não posso deixar de fora é que um dos fatore que contribuíram para o atraso d postagem desse capítulo, foi o episódio final de Blindspot. Eu não vou comentar o episódio porque não quero dar spoilers, mas a forma como a série acabou me motivou a dar uma atenção especial para o relacionamento de Tasha e Patterson. Seja nessa fanfic ou na série, meu único desejo era que elas terminassem felizes. Aqui eu pude realizar esse desejo da minha maneira.
Acho que isso é tudo. Se preparem para um capítulo com um misto de angst e fluffy nas dosagens corretas. Ah, temos algumas referências a filmes aqui também. Nesse ponto pode ser que eu tenha me empolgado.


Dedico esse capítulo para minha Zip Girl. Suas provocações a respeito desse capítulo foram o combustível da minha inspiração.

*nose boop*



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A velocidade dos acontecimentos na última hora estava sendo intensa demais até mesmo para os neurônios de Patterson processarem. Desde o momento em que deixou o SIOC com Reade, uma equipe médica e mais alguns agentes, tudo aconteceu de forma rápida demais.

Agora ela estava ali, de pé em frente a uma das máquinas de venda automáticas no corredor do hospital. Ela precisava respirar, colocar seus pensamentos em ordem e aquele foi o local menos movimentado que encontrara. Ninguém havia a incomodado enquanto permanecia de pé encarando os doces e biscoitos salgados à sua frente. Sendo sincera, Patterson já não sabia o que estava fazendo ali. Aquele momento se assemelhava ao que ela costumava fazer em sua adolescência, quando abria a geladeira para pensar e ficava encarando os alimentos por longos minutos até organizar seus pensamentos. Era isso o que ela estava fazendo. Organizando os próprios pensamentos.

Pouco se lembrava do breve voo de helicóptero que fizera do SIOC até o frigorífico. Lembra-se apenas que sua ansiedade para chegar ao local, fez que um voo de 15 minutos parecesse um voo para o outro lado do planeta. As memórias do frigorífico, por outro lado, estavam vívidas em sua mente.

Assim que os agentes chegaram ao local e o vasculharam, perceberam que o mesmo havia sido esvaziado. Ao se espalharem pela enorme fábrica, perceberam vestígios de que pessoas estiveram ali nas últimas horas. No galpão principal havia o que parecia ser o local de jogatina. Havia um bar também, Patterson se recordava. Perto do bar, alguns cacos de vidro de garrafas e copos quebrados. Próximo aos cacos, tinha uma poça de sangue. Patterson havia sido a primeira a percebê-la e não pôde evitar o nó que se formou em seu estômago. Ela se lembrava do olhar angustiado que ela e Reade haviam trocado. No entanto, antes mesmo que suas mentes pudessem os torturar com especulações, a voz de um agente chamou a atenção deles através dos comunicadores. “Encontramos os freezers no corredor da ala B.” As palavras do agente ainda estavam gravadas em sua memória. Ela e Reade não pensaram duas vezes antes de começar a correr pelos diversos corredores da enorme fábrica. Quando chegaram até lá, se depararam com um extenso corredor com diversos contêineres. Haviam pelo menos dez, mas apenas um deles estava trancado por correntes grossas além das trancas normais. Um dos agentes logo chegou com as ferramentas necessárias para abri-los. Patterson sentiu-se apreensiva a todo momento. Temia o que poderia encontrar dentro daqueles contêineres. A primeira porta se abriu e foi um choque para todos. Haviam cinco pessoas amarradas umas às outras. Eles estavam sentados juntos em um canto do freezer. Uma das mulheres foi a primeira a perceber que a porta havia sido aberta. Todos pareciam surpresos e aterrorizados, além de extremamente pálidos. Tasha não estava ali, mas isso não impediu Patterson de correr até o interior do frio contêiner para ajudá-los a se soltar e conferir como eles estavam. Todos estavam conscientes. Fracos, mas conscientes. Um dos homens estava sem casaco, vestia apenas uma regata. Reade não hesitou antes de retirar a própria jaqueta e o envolver com ela. Enquanto esperavam a chegada dos paramédicos muitas coisas foram ditas, mas a fala de uma das reféns surpreendeu a agente. “Vocês encontraram a Natasha?” ela perguntou com a voz fraca. O coração da loira pulou uma batida naquele instante. Antes mesmo que Patterson pudesse responder, a voz de um dos agentes ecoou do lado de fora do freezer. A cientista e Reade deixaram os reféns sob os cuidados dos outros agentes e paramédicos que haviam chego.

            A partir dessa lembrança tudo parecia ainda mais acelerado. Patterson se recordava de correr rapidamente até o último contêiner e que quando chegou lá a porta já havia sido destrancada. Ela só não estava preparada para a visão que teria. Tasha estava estirada no chão congelado, completamente imóvel. Quando se aproximaram da morena, perceberam que ela estava inconsciente. Ela pôde ouvir alguém gritar pelos paramédicos, mas a única reação de Patterson foi correr até Tasha e envolver seus braços ao redor dela. Ela estava completamente desacordada. Sua pele estava muito mais pálida do que a dos outros reféns. Em seus cabelos haviam leves camadas de gelo, assim como em seus cílios e sobrancelhas. Em sua testa havia um enorme ferimento, que agora era envolto por uma camada de sangue seco. Quando Patterson olhou Tasha em seus braços daquela forma, sua única reação foi abraça-la. Algumas lágrimas rolavam pelo rosto da loira, mas ela só viera a perceber isso depois. “Ela está respirando.” foi a única coisa que se recorda de ter dito a Reade antes que os paramédicos chegassem e pedissem para que ela se afastasse. 

            Depois disso, Patterson não possuía lembranças. Ela não se recordava dos acontecimentos seguintes. Nem de como havia chegado até ali. Suas únicas memórias eram a de Tasha sendo encontrada, a péssima sensação de ter acreditado por um curto período que havia perdido uma das pessoas mais importantes de sua vida.

            Enquanto encarava a ínfima variedade de alimentos na máquina à sua frente, sua mente não conseguia deixar de pensar naquela que era uma das imagens mais aterrorizantes já registrada em sua memória. A loira ainda era capaz de sentir a pressão que sentiu em seu peito quando seus olhos registraram Tasha deitada e imóvel naquele gélido chão. Por um momento, Patterson desejou que a ciência houvesse avançado suficientemente a ponto de que existisse um aparelho apagador de memórias específicas ou recentes. A loira não queria algo como o ZIP, que apagasse todas as suas lembranças e conhecimentos. Ela tinha memórias muito boas. Principalmente se tratando de Tasha. Todos os sorrisos, as piadas internas, as provocações da latina, o lindo sorriso que a mesma abria sempre que Patterson fazia alguma piada científica no escritório deixando Kurt e Reade confusos… Ela não gostaria de se livrar dessas memórias sob hipótese nenhuma. Patterson apenas desejava o poder de deletar toda a angústia que havia presenciado nas últimas horas e ainda estava presenciando.

            Suas reflexões foram interrompidas quando sentiu as vibrações do celular no bolso de sua calça. Ela levou alguns segundos para sair daquele estado de meditação que se encontrava. Patterson olhou a tela de seu celular, era Reade. Ele havia ficado na recepção, aguardando alguma notícia e os dois haviam combinado que ele a ligaria se surgisse alguma notícia. A loira não conseguia explicar exatamente o que sentira quando lera o nome de seu amigo na tela do celular. Um misto de medo e ansiedade, talvez. Ele poderia estar ligando para avisar qualquer coisa. Poderia ser uma boa ou uma péssima notícia. Mesmo assim, atendeu apressada.

— A enfermeira disse que o doutor está vindo dar notícias sobre a Tasha. — a voz de Reade anunciou.

 — Ok, estou a caminho. — Patterson respondeu enquanto já havia percorrido a metade da distância entre onde ela estava e a recepção. A máquina de guloseimas ficara para trás. Patterson nunca tivera a intenção de comer algo mesmo. Sabia que o estado de tensão de seu corpo não permitiria. 

A cientista chegou até à nada movimentada recepção. Haviam algumas pessoas ali, todas sentadas nas pequenas e desconfortáveis cadeiras, tentando se distrair de alguma forma. Reade, no entanto, era o único andando de um lado para o outro de maneira inquieta. Patterson diria alguma coisa a respeito disso se não estivesse praticamente na mesma situação. 

— Ele ainda não chegou. — Reade comentou quando percebeu a presença de sua amiga. — Weller ligou. Eles conseguiram impedir a saída do Bloltorf do país e ele já está sob custódia. Os agentes de Jersey que estavam investigando a família Bloltorf pegaram o caso, então Kurt, Jane e Rich estão vindo para cá. O que importa é que ele vai pagar por tudo o que fez.

Patterson escutou tudo em silêncio e concordou com a cabeça quando Reade terminou de falar. Ele lançou um olhar preocupado a ela, porém antes que pudesse verbalizar algo, percebeu a aproximação de um médico. Ele não era muito velho e aparentava cansaço.

— Boa noite. — ele disse simpaticamente. — Sou o doutor Greene e imagino que vocês sejam os agentes do FBI que chegaram com os pacientes que estiveram no freezer.

— Sim, somos nós. Alguma novidade?

— Todos os seis pacientes que chegaram foram submetidos aos nossos procedimentos de atendimentos em casos de hipotermia. — a voz dele era calma. Até demais. — Tivemos bons resultados a maioria nem precisou passar muito tempo com o cobertor térmico. Alguns tiveram alguns ferimentos leves, mas nada a se preocupar. Acredito que amanhã pela manhã estarão prontos para receber alta.

Patterson ouvia tudo atentamente. A voz dele realmente estava a acalmando. Ou talvez fossem as boas notícias. Entretanto, algo na pausa que o doutor fizera após comentar sobre a alta dos pacientes fez com que toda a tensão retornasse a ela.

 — Nós só tivemos uma paciente mais complicada, Natasha Zapata…

— Sim, ela é uma das nossas. — Reade o interrompeu rapidamente. 

— A temperatura corporal da srta. Zapata atingiu níveis absurdamente baixos. Quando ela chegou, nós tivemos que aplicar algumas doses de adrenalina. O corpo dela passou por muito estresse.  — ele fez uma pausa e prosseguiu. — Ela está desacordada agora, mas acreditamos que não esteja em coma. Por terem sido dias sob estresse e desgaste muito grande, o corpo dela precisa repor energias. Ela não está respirando mecanicamente, isso é um ótimo sinal. Só precisamos dar tempo a ela.

As palavras do homem tiveram impacto sobre Patterson. Ela imediatamente sentiu-se fraca. Após se sentar na cadeira mais próxima da sala de espera, os seus pensamentos voltaram a se tumultuar em sua mente. Foram muitas informações. 

— Então ela está bem? — Reade perguntou. 

— Sim. Apenas precisamos dar tempo a ela para que descanse. Eu diria que isso vai levar pelo menos uns dois dias. — ele assegurou. 

Reade concordou, animado. O agente prosseguiu conversando com o doutor sobre os outros reféns e assuntos mais burocráticos. Coisas da qual Patterson não prestará atenção, já que não estava conseguindo processar seus pensamentos de forma correta. 

— Patty Cake! — uma voz nem um pouco discreta entrou pela sala de espera, chamando a atenção dos poucos ali presentes. Inclusive de Patterson, Reade e o doutor, que mantiveram-se conversando após o olhar de repreensão que o agente enviou para o hacker. — Ei, como estão as coisas? Alguma novidade dela? — Rich perguntou, enquanto dava um leve abraço em sua amiga. Jane e Kurt também se aproximaram de Patterson e fizeram o mesmo. 

— Como ela está? — os dois praticamente perguntaram ao mesmo tempo. 

— Ela está bem. O médico — Patterson disse apontando para o homem, que agora se afastava de Reade e ia em direção a um dos muitos corredores do hospital. — disse que ela está fora de risco e que está descansando agora.  

— Ele também disse que vai nos avisar quando pudermos estar com ela. — Reade completou, aproximando-se do grupo.

Algumas outras coisas foram conversadas depois da fala de Reade, mas Patterson também não prestou atenção. Rich fizera alguma piada, porque Jane lançou um olhar de repreensão a ele. Os três também comentaram sobre Bloltorf e algo sobre como esse caso desencadearia diversas outras investigações. Mas a loira só ouviu. Não fazia questão de prestar atenção. Sua mente vagava. Ela já não sabia o que pensar ou até mesmo se queria pensar. Muitas coisas estavam acontecendo. A única coisa que sabia era que precisava organizar seus pensamentos. 

— Gente, eu vou dar uma volta. Respirar um pouco… — a loira anunciou para seus amigos subitamente. — Por favor, me liguem se acontecer qualquer coisa. Por mínima que seja. 

Todos concordaram e Rich se ofereceu para ir com ela, mas Patterson declinou gentilmente. Disse que precisava de um tempo, sozinha. Todos estavam preocupados com ela, mas não argumentaram.

Patterson começou a vagar pelo hospital. Aquele era o maior hospital da cidade, um ponto de referência. Haviam diversos corredores a serem explorados. A princípio, a cientista havia decidido voltar para a máquina de alimentos, porém desistiu durante o caminho. Ela se conhecia e sabia que estava prestes a desabar. Por isso precisava de um local reservado, onde pudesse chorar sem que perguntassem o motivo ou tentassem a consolar com palavras rasas. 

Após perambular pelos corredores por alguns minutos, a loira se deparou com o local que não era perfeito, mas seria ideal para passar pelo menos alguns minutos fingindo não estar naquele ambiente hospitalar: as escadas. Pelo que observara, a maioria das pessoas dava preferência para o elevador, o que fazia das escadas um ambiente praticamente deserto. Foi o que ela constatou quando abriu e fechou a porta que dava acesso às escadarias. A cientista escolhera um dos degraus e se sentou. O silêncio ali era surpreendentemente bom. Se ela se esforçasse, seria capaz de esquecer que estava em um hospital.

            Não demorou muito para que as memórias dos últimos acontecimentos preenchessem a mente de Patterson. Mas, para sua surpresa, as lágrimas não as acompanharam. Tudo o que Patterson sentia era angústia. O aperto em seu coração era tão grande que a mesma não conseguia explicar exatamente o que ou porquê estava se sentindo daquela maneira.

            A verdade é que Patterson havia acostumado a confidenciar tudo para a pessoa mais atenciosa do mundo, Tasha. Para aqueles que não a conheciam, a latina poderia parecer um tanto impaciente, sem dúvidas. Mas Patterson tivera a oportunidade de conhecer Tasha mais do que a si mesma, principalmente nos últimos meses que haviam se passado. E ela sabia que o mesmo havia acontecido com Tasha. A cientista não precisava ir muito fundo em suas memórias para resgatar lembranças da latina demonstrando seu vasto conhecimento sobre ela com apenas algumas palavras. Uma das coisas que Patterson mais admirava em sua amiga era a forma como ela conseguia deduzir seu humor baseado no simples “bom dia” que as duas trocavam quando chegavam ao trabalho. O fato era que Patterson estava se sentindo tão agoniada que o que ela mais queria naquele momento era poder conversar com quem a conhecia como a palma da sua própria mão. Mas ela não poderia recorrer à Tasha por motivos óbvios. Além do fato de que ela queria alguém para desabafar justamente sobre Tasha e tudo o que estava sentindo pela amiga. 

Foi dessa forma que quando Patterson percebeu, estava com o telefone em mãos, discando um dos poucos números que fazia questão de ter gravado em sua memória. O telefone não chamou muitas vezes, logo a ligação foi atendida.

Filha? — a voz calma de Bill atendeu. Patterson ficou em silêncio por breves segundos, pensando no que dizer exatamente.

 — Oi, pai. — ela respondeu.

Você está bem, querida? Aconteceu alguma coisa? — Bill questionou com certa preocupação. Ela sabia o motivo. Eles raramente se falavam por telefone. Os dois tinham o costume de trocar mensagens. 

— Eu estou bem. É que aconteceram algumas coisas aqui e... — ela hesitou por alguns segundos. — Lembra que quando eu tinha cinco anos você me disse para dizer a palavra “exosfera” quando eu estivesse com problemas, “cloro” quando eu quisesse que você me fizesse rir e “neônio” quando precisasse de seus conselhos? — em sua mente as memórias dos dois escolhendo elementos aleatórios da tabela periódica e de seus livros de biologia vieram à tona.

Claro que me lembro, meu bem.

— Eu preciso invocar o neônio agora. — Patterson explicou timidamente. — Você está ocupado? 

Você sabe que eu sempre estarei disponível para você, minha filha. 

            Com essa deixa, Patterson começou a explicar para seu pai tudo o que estava acontecendo. Ela iniciou pelo sequestro de Tasha e com as últimas horas haviam sido extremamente estressantes. Bill demonstrou preocupação por Tasha, mas Patterson assegurou de que ela estava bem. Foi quando ela começou a contar para seu pai o que estava acontecendo entre ela e Tasha, que ele entendeu o propósito da ligação.

            Bill sempre fora melhor conselheiro do que a mãe de Patterson. Não existiam dúvidas sobre isso. Por esse motivo, a jovem cientista estava tão confortável para abrir sua vida amorosa para seu pai. Nunca fora um segredo. Ele sempre tivera liberdade para opinar a respeito e ela sentia-se mais do que bem quando fazia isso. Outro ponto que a fazia admirar seu pai era que ela não precisou prepara-lo para conversar sobre o fato de que ela estava apaixonada por uma mulher. Aquela não havia sido a primeira vez que eles conversaram sobre tal assunto. Ela também não viu necessidade de prepara-lo para esse assunto quando tinha doze anos e teve uma paixonite por uma das torcedoras de torcida mais famosas de seu colégio; ou então, quando beijou uma menina pela primeira vez na sua adolescência. O fato era que, não importava a idade, Patterson sempre sentiu-se confortável para se abrir e debater sua vida amorosa com Bill.

Então você realmente tem certeza de seus sentimentos pela Tasha? — ele perguntou após ouvir por longos minutos os relatos de Patterson.

— Se você me perguntasse isso uma semana atrás, eu diria que não. — a filha fez uma breve pausa. — Mas agora, depois literalmente quase perde-la, eu tenho certeza que o que eu sinto por ela é definitivamente mais do que carinho ou preocupação de amizade. Eu fiquei desesperada quando a vi pálida naquele freezer. — outra pausa, dessa vez para organizar os próprios pensamentos. — Só que... Eu realmente estava disposta a me arriscar em mais uma relação, se fosse da vontade dela, claro. Mas você conhece o meu histórico. Eu me pergunto se estou destinada a passar por uma tragédia sempre que me apaixono por alguém. 

Filha, você mais do que ninguém deveria saber que você faz o seu próprio destino. Você também deveria saber que a vida é totalmente caótica, arbitrária e que nós não podemos mudar isso. Coisas ruins acontecem com pessoas boas e coisas boas acontecem com pessoas ruins. Você passou por momentos terríveis, pelo qual muitos não aguentariam passar, mas você se reergueu todas as vezes. —  Bill disse e a essa altura Patterson já estava com seu rosto completamente encharcado pelas lágrimas. — Eu e sua mãe te criamos para que você fosse capaz de fazer suas próprias escolhas e eu não tenho dúvidas de que fizemos um ótimo trabalho. Eu entendo que você esteja com medo do que possa acontecer, mas cabe a você escolher se está disposta a tentar mais uma vez ou não.

            Os dois ficaram em silêncio mais uma vez.

A vida acontece bem depressa. Se, de vez em quando você não parar para aproveitar, vai acabar não vivendo. — Bill comentou.

— Você acabou de citar Ferris Bueller em uma conversa sobre a minha vida amorosa? — Patterson questionou antes de soltar uma risada.

Eu não resisti. A sua mãe me fez assistir Curtindo a Vida Adoidado pela enésima vez ontem e eu estou com essa frase na cabeça. — Bill se explicou e começou a rir junto de sua filha.

            Os dois permaneceram rindo por mais algum tempo. Patterson se encontrava rindo, com os olhos vermelhos, o rosto molhado de lágrimas enquanto estava sentada em uma escadaria do hospital. A vida é realmente muito arbitrária, pensou.

Você quer saber uma coisa que eu acabei de lembrar? — Bill perguntou quando as risadas cessaram e Patterson confirmou. — Eu ainda me lembro da primeira vez que conheci a Tasha. Na época não entendi o motivo de você querer apresentar só uma pessoa de sua equipe para mim. Agora entendo. Nunca comentei com você, mas me recordo de ter tido uma impressão muito boa da Tasha naquele nosso jantar. Eu senti confiança nela. Senti que, além de parecer ser uma ótima profissional, ela também aparentava ser uma ótima amiga. Você sabe que eu sempre acreditei e ainda acredito que namoros ou casamentos não passam de uma grande amizade com alguns benefícios. Se você a considera uma boa amiga e quer ter benefícios com ela, que mal tem?  — ele explicou seu ponto de vista. — Não sou eu que vou decidir o que você deve ou não fazer, mas se você precisa organizar seus pensamentos, isso é o que eu posso te oferecer. 

— Você ofereceu muito mais do que eu precisava quando citou Ferris Bueller. — os dois riram. — Mas falando sério, muito obrigada, pai. Eu não poderia pensar em uma pessoa com conselhos melhores e mais sábios.

Você sabe que sempre que precisar é só invocar o neônio que eu estarei pronto com citações filosóficas ou de filmes clássicos.

— Eu sei. Obrigada por isso. — Patterson disse com uma voz chorosa. Os dois conversaram por mais alguns minutos e desligaram. 

Era isso o que Patterson estava precisando: organizar os próprios pensamentos. Ligar para seu pai havia sido sua melhor escolha. Ela realmente não poderia ter pensado em uma pessoa melhor. 

A loira ficou ali na escada, por mais algum tempo. Às vezes fechava os próprios olhos e focava na própria respiração. Ela definitivamente estava muito mais calma do que estava quando chegara ali, mas seu corpo ainda estava tempo. Após secar as próprias lágrimas e esperar seus olhos desincharem, ela sentiu-se pronta para voltar para seus amigos. Ela fez isso com certa pressa, porque assim que terminou a ligação, a bateria de seu celular chegara ao fim.

Bill disse que ninguém poderia decidir o que fazer por ela e Patterson já havia tomado sua decisão.

•••

Quando Patterson retornou à recepção foi recebida calorosamente por Rich. Ele estava animado.

— Onde você estava? Nós estamos tentando ligar para você tem tempos. — indagou com o tom de voz levemente alto, chamando a atenção dos ali presentes.

 — Eu estava sentada nas escadas em uma ligação com meu pai-- — a loira tentou explicar, mas foi interrompida. 

— Ela está acordada! A Tasha está acordada! — ele exclamou.

— O quê? — Patterson perguntou incrédula. — Mas o doutor disse que demoraria pelo menos dois--

— Dois dias, eu sei! — ele a interrompeu novamente, mas Patterson não se importou. O repentino sentimento trazido pela boa notícia estava a deixando em êxtase. — Mas não podemos esquecer que estamos falando de Tasha Zapata. Ela é teimosa demais para seguir a suposição de um médico. 

             Patterson riu com a fala de seu amigo. Era verdade. Tasha era teimosa demais para qualquer coisa.

— E como ela está? — perguntou. 

— O doutor disse que ela está bem. Não teve sequelas, como esperado. — ele explicou. — Reade, Jane e Kurt estão com ela agora. O doutor autorizou a visita deles. Disseram que não iriam demorar muito.

            A essa altura a loira já não conseguia conter seu sorriso.

— Ela está bem… — murmurou para si.

— Ela está bem e daqui a uns dias vai estar de volta revirando os olhos de cada palavra que digo, Patty. — Rich disse gentilmente, apoiando uma mão nos ombros da loira. — Eu te disse que ela ficaria bem. Ela é teimosa demais para não ficar. 

            Patterson abraçou seu amigo. 

— Acho que eu não te agradeci propriamente por ter me apoiado enquanto eu estava surtando durante as buscas. — ela disse durante o abraço. — É que… 

            Rich quebrou o abraço para que pudesse olhar nos olhos de sua amiga. 

— Eu sei. — o tom de voz dele fez com que Patterson tivesse certeza de que não estava falando apenas sobre o agradecimento. — Eu sei e espero que vocês saibam que estarei sempre apoiando vocês. 

            Patterson sentiu a formação de lágrimas em seus olhos novamente. Lágrimas de felicidade por ter um amigo tão precioso. Ela o puxou para o abraço novamente e sussurrou “muito obrigada” no ouvido do hacker. Ela não poderia pedir amigos melhores. 

             Assim que se separaram do abraço, os dois foram surpresos pela aproximação de seus amigos. 

— Como ela está? — Patterson perguntou antes mesmo que eles pudessem falar alguma coisa.

— Ela está bem, consciente e falante. Só está cansada. — Reade explicou.

— Patterson, ela perguntou por você. — Jane disse.

            A loira não pôde conter o sorriso que se formou em seu rosto. Sentiu também uma sensação estranha. Ela queria correr para o quarto de Tasha e verificar como ela estava, porém, algo a impedia. Patterson sentia um misto de ansiedade e apreensão. Isso ficou visível em seu rosto porque ela logo sentiu a mão de Rich em seu ombro novamente, apertando-o de leve. A encorajando. 

            Patterson trocou olhares com ele, antes de retirar-se da sala de espera e seguir pelos corredores até o quarto de Tasha. A cientista sentiu seu coração acelerar e as palmas de suas mãos ficarem suadas conforme se aproximava da porta, mas decidiu ignorar isso. Ela apenas respirou fundo antes de dar leves batidas na porta que estava entreaberta.

— Pode entrar. — a voz fraca da latina respondeu.

Se Patterson acreditava que seus batimentos estavam acelerados antes, naquele momento eles haviam alcançado um ritmo que poderia deixa-la preocupada. Poderia, mas não deixou. Naquele momento, cada célula de seu corpo trabalhava com um único propósito: não chorar. Enquanto percorria o caminho até o quarto, muitos pensamentos percorreram a mente da cientista, mas nenhum deles eram a respeito dela mesma ou como estava se sentindo. A maioria desses pensamentos foram sobre como reagir quando estivesse com Tasha. O que dizer? Como agir? gritavam na mente da loira. No entanto, assim que Patterson entrou no quarto, fechou a porta e seus olhos repousaram na pálida mulher a sua frente, sua mente ficou em branco. Todo pensamento racional ou qualquer fala que havia idealizado desapareceram. Quando deu conta, estava com seus braços envoltos na latina.

Patterson só percebeu o que estava fazendo quando ouviu as risadas abafadas de Tasha contra seu pescoço. 

— Ei, se você queria saber se eu sou de verdade, era só ter perguntado. — Tasha brincou, ainda sendo abraçada por Patterson. 

A loira não respondeu, ainda estava sem palavras. Ela inspirou fundo o cabelo da latina. Aquela essência de ervas do shampoo dela era inesquecível. Patterson nunca mais conseguira associá-lo a outra pessoa que não fosse essa que agora estava a sua frente. Se afastando um pouco, Patterson parou para analisar Tasha rapidamente. A cientista não resistiu e levou sua mão para tocar a pálida face da mulher. Tasha, que observava em silêncio a análise de Patterson não foi capaz de resistir o suave toque em sua bochecha e reclinou sua cabeça na mão da loira, como um filhotinho carente. Sua pele ainda estava muito pálida e haviam curativos em seu rosto, devido aos machucados. Fora isso, ela aparentava estar normal. 

— Eu pensei que fosse te perder. — Patterson disse em um choro que ela nem percebera que estava guardando. 

Tasha permaneceu em silêncio, mas pegou as mãos da loira nas suas e depositou beijos no interior das mesmas antes de entrelaçar seus dedos. 

— Eu estou aqui agora. Isso é o que importa, chiquita. — Tasha respondeu e uma lágrima solitária percorreu sua bochecha. Foi a vez da latina puxar Patterson para mais um abraço. Dessa vez, não havia espaço entre elas, já que a loira havia se sentado na cama do hospital. As duas ficaram um breve período daquele modo, aproveitando o contato uma da outra. — Nós precisamos parar com esses encontros em hospitais. — brincou, ainda entre lágrimas e Patterson sentiu a latina rindo contra seu corpo. Aquela era uma das melhores sensações que seu corpo havia experimentado.

A loira se afastou para encarar os escuros olhos da latina novamente. Patterson não admitiria em voz alta, mas realmente estava com medo do que aquilo fosse um sonho ou que sua mente estivesse pregando uma peça. Mas a forma que as mãos de Tasha se encaixavam nas suas, causavam uma sensação tão boa que nem mesmo sua mente era capaz de reproduzir. Ela poderia ficar sob o toque de Tasha durante horas a fio, apenas sentindo os arrepios que percorriam seu corpo. 

— O médico tinha dito que você ficaria adormecida por pelo menos algumas horas. Eu estou tendo um pouco de dificuldade para acreditar que você realmente está aqui. Bem e acordada, na minha frente. — ela sussurrou, ainda analisando o rosto de Tasha.

— Se você preferir, eu posso voltar a dormir. — ela brincou mais uma vez e arrancou mais uma risada da loira. Como ela tinha sentido falta daquilo. — Sabe, eu achei que vocês queriam me ver acordada.  Mas eu ainda estou com um pouco de sono acumulado, então se você quiser… — Tasha disse enquanto fingia arrumar seus travesseiros.

— Não ouse! — Patterson disse e as duas voltaram a rir. A risada foi breve, e em questão de segundos elas estavam se encarando com olhares bobos novamente. — Eu senti sua falta.

— Eu também senti a sua falta. — Tasha disse e seu tom de voz não era mais o de cansaço de alguns minutos atrás. Havia algo diferente. Como se ela fosse uma máquina e suas energias estivessem sendo abastecidas pela presença de Patterson. — Eu pensei em você o tempo todo.

— É? Até quando você quebrou o nariz daquele cara? — Patterson questionou, no mesmo tom brincalhão. — Eu vi as gravações. 

— Principalmente nessa hora. — Tasha respondeu e as duas soltaram outra risada fraca. — Pior final de semana de todos… — ela disse jogando a cabeça para trás e deitando-se na cama.

— Pelo menos agora você tem uma história para contar. — a loira voltou a acariciar as mãos da latina.

— A história do final de semana mais frio de todos. — A morena brincou mais uma vez, mas não arrancou uma risada da cientista. Por mais que Patterson estivesse acostumada com o humor sombrio de Tasha, aquele não deixava de ser um momento delicado. Ela agora tinha um olhar preocupado. — Ei, vamos deixar isso para depois. Vem, deita aqui comigo. — Tasha disse chegando para um canto da cama de hospital, vagando espaço para a loira que logo o fez. — Nós temos muito o que conversar, mas agora eu só quero ficar aqui. Com você. Ok? 

Patterson, que agora estava deitada de lado para poder encarar Tasha da melhor forma, não respondeu verbalmente. Ela apenas se aproximou da latina e depositou um beijo em sua testa.

Elas tinham muito o que conversar. Muito mesmo. Precisavam falar sobre o que havia acontecido antes de toda essa tragédia; Patterson sabia que Tasha precisaria externar toda a agonia que vivera naqueles últimos dias, mas também sabia que não deveria pressionar a latina. Deixa-la absorver aqueles momentos traumáticos era a melhor opção; e tinha também o assunto que Patterson debateu alguns momentos atrás com seu pai. Ela queria falar sobre aquilo. Entretanto, aquele não era a melhor hora.  Naquele instante, nada importava e as duas só estavam preocupadas em aproveitar o momento uma com a outra. O mundo externo não importava. O que importava é que estavam ali, vivas.

•••

As coisas estavam indo bem.  Tasha ficou apenas uma noite no hospital antes de receber alta. E dessa vez, Patterson fez questão de passar os dias seguintes ao lado dela. A cientista dizia que “precisava retribuir o que Tasha fizera por ela, meses atrás.” A latina declinou na primeira vez, pois não queria ser um incômodo. Mas Patterson a convenceu após um longo discurso sobre o quanto isso era ridículo e o quão chateada isso a deixaria. E assim aconteceu. As duas passaram alguns dias juntas e aqueles momentos foram cruciais para a atual situação em que se encontrava. Elas conversaram. E conversaram muito. As duas passaram horas a fio falando sobre o passado, o presente e até mesmo sobre o futuro. Ambas estavam receosas a respeito de seus sentimentos, mesmo que já tivessem os confessado uma para a outra. E conversar sobre isso foi crucial porque, dessa maneira, conseguiram se entender e compreender aonde queriam chegar. Tasha contou todos os acontecimentos de seu sequestro e todos os pensamentos que passaram por sua mente enquanto estava sozinha naquele lugar gélido. Mas o que ela contou para a loira não era nada parecido com o que contara em seu depoimento como testemunha para o FBI. Ela contou tudo o que sentiu, todos seus pensamentos. Todos seus medos. Patterson, por sua vez, também se abriu a respeito de tudo o que pensou durante os momentos em que não sabia onde Tasha estava. Em certo momento, quando o tópico “relacionamentos” veio à tona, elas buscaram trazer o máximo de sinceridade possível ao relatar seus medos, incertezas e desejos. No fim de tudo, era disso o que precisavam: ser sinceras uma com a outra. E isso fez muito bem a elas.

Patterson pode dizer que aquela fora sua melhor noite ao lado de alguém. Aquela noite de fato foi especial. Não só pela conversa. Com a mente esclarecida a respeito dos sentimentos e um pouco de álcool, as duas resolveram dar um passo adiante naquela relação e finalmente responderam aos desejos de seus corpos. Elas ficaram felizes por terem deixado aquilo acontecer depois de toda a conversa. Antes de todas as coisas que foram faladas, as chances de que houvesse timidez de alguma parte eram altas. Mas foi diferente. O diálogo — e o álcool, claro — transformou o momento em algo espontâneo. Era quase como se elas já tivessem feito sexo uma com a outra antes. As duas tiveram muitas primeiras vezes com outras pessoas, mas nada se compararia com o que tiveram naquela noite.

E era por isso que tudo estava bem. Tão bem, que em certos momentos Patterson tinha certeza de que aquilo era bom demais para ser verdade. E eram nesses momentos que a voz de seu pai ecoava por sua mente. Tasha era uma pessoa fantástica, mas isso era algo que Patterson sempre soube. E, se namoros não passavam de “boas amizades com alguns benefícios” — nas palavras de seu pai —, Patterson estava tendo um relacionamento fantástico. Era isso o que ela merecia. Ela demorara para aceitar, mas quando o fez, foi a melhor sensação. 

Então, sim! Ela não poderia estar mais feliz. Elas não poderiam estar mais felizes e satisfeitas. Estavam em um relacionamento saudável há alguns meses, Patterson estava feliz com sua nova casa, além de ter começado a se dedicar ao desenvolvimento de outro jogo digital em seus tempos vagos. Tasha havia recebido uma promoção dentro do FBI e estava feliz por seu próprio amadurecimento. Mês após mês as duas cresciam e ficavam felizes pelas conquistas uma da outra. 

No terceiro mês de relacionamento as duas atingiram uma nova etapa: decidiram contar para seus amigos o que estava acontecendo entre elas. No entanto, de todas as reações que as duas poderiam ter imaginado, a que de fato aconteceu estava longe de ter passado pela mente delas. A reação da equipe estava longe do espanto. Rich e Jane soltaram um “aleluia” antes de receberem 20 dólares de Kurt e Reade. Aparentemente o hacker e a mulher tatuada sempre suspeitaram, enquanto os outros dois insistiam que aquilo era invenção e que Jane e Rich estavam imaginando coisas. Os dois não estavam felizes em perder a aposta, mas ficaram felizes pelo anúncio. Todos queriam vê-las felizes. E elas estavam.

No mês seguinte, algo aconteceu que intensificou ainda mais a relação das duas. Uma delas pronunciou as três palavras pela primeira vez. Tudo ocorreu de maneira tão natural que nenhuma das duas ficou surpresa. Aconteceu em uma das muitas noites em que a loira decidira ficar até mais tarde no laboratório. Naquele dia, Tasha também havia terminado seu turno tarde, porém antes de Patterson. O momento aconteceu quando a latina apareceu no espaço de trabalho da cientista com uma caixa de seus donuts favoritos e um café extra forte. Depois de beijar sua namorada, a loira a agradeceu e deixou escapar um “Você está sempre me mimando. Essa é uma das coisas que me fazem te amar.” Tasha, por outro lado, sentiu as borboletas em seu estômago se manifestarem. Mesmo assim, não fora capaz de retribuir naquele momento. Ela ficou extasiada. O momento estava tão natural que Patterson fez questão de deixar claro que não queria que sua namorada se sentisse obrigada a retribuir naquele momento. “Eu te amo e estou feliz de finalmente poder te dizer isso. Mas não significa que você precisa dizer agora. Só quero que você saiba que é assim que me sinto sobre você.”  E na mente de Tasha, aquela fala havia sido uma declaração e tanto. Ela queria poder retribuir, mesmo não acreditando que aquele era o momento certo.

Outro acontecimento importante para a relação aconteceu no mês posterior: a primeira briga. Bem, não havia sido exatamente uma briga. Estava mais para uma discussão ou desentendimento. Elas já haviam discutido antes, algumas vezes até. Mas sempre como amigas ou como colegas de trabalho. A primeira briga do casal chegou da mesma forma que foi resolvida: repentina. Aconteceu em um dos muitos finais de semanas que passaram na companhia uma da outra. Durante os meses de relacionamento, aquilo já havia se tornado rotineiro. Fosse no apartamento de Tasha ou no de Patterson, o que importava era que estavam juntas. Era agradável, porém haviam coisas que incomodavam as duas em pontos diferentes. Tasha gostava de ter seu próprio espaço, mesmo que adorasse a presença de sua namorada. Ela gostava de dormir com Patterson, a companhia da loira era muito mais do que agradável. Por outro lado, ela gostava de saber que seu apartamento a aguardava e que quando precisasse de um espaço sozinha poderia recorrer a ele. Entretanto, analisando o lado de Patterson também era possível compreender seu ponto de vista. Depois do sequestro de Tasha, a cientista também desenvolveu seus traumas. Nada poderia ser comparado aos da latina, ela sabia. Mas eles existiam. Após assistir ao vídeo dos homens capturando sua namorada e a levando para um lugar desconhecido diversas vezes, Patterson não conseguia deixar de temer que aquilo acontecesse novamente. E foram justamente esses pontos que foram trazidos à tona durante uma breve discussão que começou quando Tasha decidiu que iria para seu próprio apartamento no fim de uma noite de domingo. A discussão foi bem acalorada. De um lado, Patterson não entendia o motivo de Tasha não querer morar com ela em seu novo apartamento, já que agora elas passavam a maior parte do tempo ali. Por outro lado, Tasha dizia que sentia-se sufocada — embora não fosse verdade, mas ela temia que acontecesse. Depois de alguns minutos, as duas decidiram ceder e tentaram chegar a um acordo. Tasha concordou em manter uma comunicação integral —por SMS ou por chamadas— durante seu trajeto até o apartamento, já que era a melhor forma de deixar Patterson mais calma; e Patterson entendeu que sua namorada estava certa e precisava de seu espaço próprio. Ela compreendeu que não podia fazer Tasha gostar do apartamento da mesma forma que ela gostava. E assim as duas resolveram o primeiro conflito. 

            Patterson de fato estava encantada com sua nova casa. Ela nem cogitou contratar um decorador, decidiu dar vida a seu novo lar pessoalmente. Tasha também foi uma grande ajuda. Patterson até poderia dizer que o apartamento estava se transformando uma mistura das duas. No entanto, havia um cômodo específico que tinha a essência completa de Patterson: a sala de jogos/escritório. Durante a mudança, enquanto empacotavam todos os jogos de tabuleiro da nerd, Tasha brincou que Patterson tinha tantos jogos que poderia criar um cômodo só para eles. E foi assim, a partir de uma provocação de sua namorada, que a loira resolvera transformar um dos quartos de hóspedes em seu espaço. E era ali que ela passava suas horas vagas enquanto estava sozinha, fosse lendo, jogando ou apenas aproveitando o ambiente.

            Uma das coisas que fizeram Patterson apaixonar-se pelo novo apartamento foi sua a varanda gourmet. Ela não sabia quando fez a compra, mas aquele seria seu segundo cômodo favorito de seu novo lar (nenhum outro cômodo conseguiria superar a sala de jogos/escritório). E Patterson estava mais que feliz por ter um espaço próprio para receber seus amigos. Após colocar algumas cadeiras confortáveis, uma mesa e um minibar, a loira sabia que aquele seria o local perfeito. Com isso em mente, ela resolveu aproveitar o feriado de 4 de julho e convidou a equipe para aproveitarem o dia de folga e conhecerem seu novo lar. Todos toparam, até mesmo Megan. A namorada de Reade praticamente fazia parte do círculo de amizade e aquilo havia acontecido de forma tão natural que ela já era amada por todos.

— Alguém sabe do Rich? — Jane perguntou, com uma cerveja em mãos.

— Ele me mandou uma mensagem meia hora atrás dizendo que estava chegando e que estava atrasado porque teve um pequeno problema com meu presente de casa nova. — Patterson explicou. — Eu nem sei o que é e já estou com medo.

— Eu também estaria se fosse você. — Reade disse e todos riram juntos. 

            Não se passou muito tempo até que o interfone tocou e Rich anunciou a sua chegada. Patterson liberou a passagem para ele e em menos de 2 minutos o ex-hacker estava adentrando o novo lar da loira segurando uma grande caixa preta decorada com um laço.

— Preciso dizer que eu já prefiro mil vezes esse prédio do que o outro. Eu encontrei dois vizinhos seus e só tem gente bonita aqui?! — as primeiras palavras de Rich fizeram a loira rir.

— Não que isso seja muito relevante, mas fico feliz que você tenha gostado. — Patterson respondeu enquanto fechava a porta. — Você demorou. Quase fica sem cerveja. — os dois trocaram um rápido abraço.

— Não me diz que a Tasha bebeu tudo… — ele comentou, vendo que a latina estava passando pela sala e ouvia o que ele dizia. Ele também viu o momento que ela revirou os olhos para ele. — Eu também te amo. — ele gritou e foi ignorado.

            A anfitriã levou Rich até a varanda e lá todos se cumprimentaram. Patterson não conseguia esconder a curiosidade em seu rosto. Ela precisava saber o que tinha naquela caixa.

— Seja lá o que for, já ganhou de nós. Olha o tamanho dessa caixa. Nós demos um simples conjunto de facas para ela. — Kurt disse enquanto Rich depositava a caixa na mesa onde todos estavam sentados e fazia sinal para Patterson se aproximar.

— Eu espero que você goste, Patts. Deu muito trabalho para fazer. — Rich anunciou.

— Eu estou curiosa e com medo ao mesmo tempo. — a loira hesitou quando pegou na fita, mas a puxou quando recebeu um olhar encorajador de seu amigo.

            Após olhar o conteúdo da caixa, a primeira reação de Patterson foi de confusão.

— Tattoo Squad? — ela perguntou assim que leu o título escrito na caixa que estava no interior da que embrulhava o presente.

            Todos se aproximaram para ver o que era.

—  Mais um jogo de tabuleiro? — Reade exclamou levemente frustrado. Suas expectativas estiveram altas depois de tanto suspense, mesmo que o presente não fosse para ele. 

— Mais respeito, meu querido. — Rich respondeu, mostrando estar ofendido. — Estou há meses trabalhando nesse jogo. Eu mesmo criei ele. Na verdade, ele não é um presente só para a Patty. Já faz um tempo que começamos a trabalhar em equipe, então pensei em comemorarmos a ocasião com o Tattoo Squad. Se trata de um jogo de cartas semi cooperativo do nosso ambiente de trabalho com elementos de compra e venda, e personagens customizados.  — ele explicava animado e todos assistiam confusos com a exceção de uma pessoa. — É para a equipe toda, mas não há ninguém que mereça mais esse presente do que você, Patterson. — ele disse enquanto a loira observava o presente cuidadosamente. Ela tirou de um saquinho o que pareciam ser pequenos bonecos, mas soltou uma risada quando percebeu do que se tratava. Eram miniaturas da equipe.

— Ei, por que o rosto do meu boneco todo derretido? — A loira perguntou.

— Se você me convidasse para seus jogos, teria um boneco melhor. — ele explicou debochadamente.

Patterson semicerrou os olhos para seu amigo, mas não revidou.

— Por que o meu boneco é menor que o da Patterson? — Kurt perguntou depois que Patterson entregou os bonecos para seus respectivos donos e os mesmos começaram a fazer análises. 

— Não foi feito em escala. É só um protótipo. — Rich deu uma desculpa e todos riram.

— Estou impressionada e horrorizada. — Jane disse enquanto lia uma das cartas do jogo, que descrevia as habilidades e fraquezas dos personagens, que no caso eram eles. 

— Apesar do meu rosto derretido, eu adorei, Rich. Foi um presente maravilhoso. — Patterson disse antes de abraçar seu amigo.

            Após as reclamações sobre suas miniaturas, toda a equipe sentou-se para jogar. Tratava-se de um jogo onde eles mesmos eram as peças que resolviam mistérios complicados ao completar tarefas complexas em três tabuleiros exclusivos. Era um tanto desafiador e todos ficaram extremamente entretidos durante horas. Até Megan jogou, usando o personagem de Weitz. Fora uma tarde divertida para todos. Álcool, um jogo de tabuleiro, um pouco de estresse e muitas risadas. Eles estavam precisando daquele momento.

Todos ficaram tão entretidos que quase se esqueceram do que deveria ser o ponto alto daquele dia. Afinal, era 4 de julho e eles estavam em uma sacada em um dos lugares mais privilegiados da cidade. Às 20h, quando os fogos de artifício começaram a se espalhar pelo céu de Nova York, todos foram pegos de surpresa. Eles não esperavam por aquilo, já que não haviam visto a hora passar. Mas foi uma surpresa boa. Todos levaram sua atenção para os coloridos fogos de artifício que decoravam o céu da metrópole. Era um momento especial. Mesmo que a maioria ali não fosse extremamente patriota — o que era irônico, considerando suas profissões —, aquele não deixou de ser um momento memorável. 

Patterson estava encostada no peitoral da varanda, com seus olhos erguidos para o céu, quando um braço envolveu sua cintura. Ela abriu um sorriso reconhecendo o toque de sua namorada. As duas não trocaram palavras. Tasha encostou sua cabeça no ombro na mais alta e assim elas aproveitaram o momento. Patterson não diria em voz alta, mas estava surpresa e satisfeita com aquele momento, porque sabia que Tasha não era exatamente fã de demonstrações públicas de afeto. Então aquele simples gesto da latina em meio aos seus amigos, havia sido uma evolução capaz de fazer o coração da loira acelerar.

Após o espetáculo dos fogos, todos perceberam que já estava ficando tarde. Resolveram encerrar a noite e deixaram para concluir o jogo no final de semana. Até os que demonstraram desinteresse no início da jogada estavam curiosos para saber a conclusão daquele intrigante jogo. Após despedirem-se de todos, Patterson e Tasha voltaram a ter a casa só para elas. O silêncio era até estranho.

Patterson começou a juntar algumas das garrafas de cerveja que estava sobre a mesa, mas foi interrompida. 

— Ei, o que você está fazendo? — Tasha questionou. — Nossa noite ainda não acabou. 

— Sério? — Patterson parou o que estava fazendo e lançou um olhar sugestivo para sua namorada. — O que você tem em mente? 

— É surpresa. — respondeu antes de se aproximar da loira e abraçá-la pela cintura. — Agora vamos, antes que você decida voltar para aquele jogo doido do Rich. — Tasha disse segurando a mão de sua namorada e a puxando em direção à porta. 

— Espera? Nós vamos sair? Eu podia jurar que seu plano envolvia nós duas naquela cama king-size lá no quarto. — Patterson respondeu rindo, fingindo decepção. 

— Mais tarde, com certeza. —  foi a vez da morena lançar um olhar sugestivo e as duas deixaram o apartamento. — Agora eu tenho outro plano. Confia em mim. — ela continuou e sorriu para sua namorada, antes de depositar um leve beijo nos lábios da mais alta e trancar a porta do apartamento. 

— E eu tenho outra opção?

— Que bom que você disse isso porque eu vou precisar de um ato de confiança. Quero que você feche seus olhos e deixe eu te levar até sua surpresa. 

            Patterson lançou um rápido olhar desconfiado para sua namorada antes de fechar seus olhos e segurar na mão da latina, que começou a andar com ela corredor afora. As duas percorreram alguns metros, até que Tasha parou.

— Ok, preciso que você tome cuidado agora porque nós vamos subir algumas escadas.

— Ok…? — Patterson respondeu levemente desconfiada, mas não questionou.  — Desde que você não esteja planejando me sequestrar. — ela brincou e a morena riu, enquanto ainda a guiava durante os lances da escada.

— Se você quiser considerar isso um sequestro, fique à vontade. Mas esse será um sequestro bom, eu prometo. — Tasha respondeu e sentiu um leve carinho de Patterson em sua mão.

As duas seguiram subindo mais alguns lances.

— Eu nem sabia que esse prédio tinha tantas escadas. O que estamos fazendo? Exercícios? — a loira reclamou e Tasha soltou uma alta risada.

— Eu achava que o papel de reclamona nessa relação fosse meu. — a latina brincou. — E pode parar, nós chegamos. — ela disse e Patterson ouviu uma porta se abrir.  Ela também pôde ouvir o som dos carros, como se estivessem mais próximas da rua, mesmo sabendo que era impossível. — Pode abrir os olhos.

            Patterson não hesitou em fazer o que sua namorada disse e não se arrependeu. Ela não conseguiu conter o largo sorriso que se formou em seu rosto ao perceber que estava na cobertura do prédio. A vista era extremamente perfeita. Elas estavam a muitos metros acima do chão e conseguiam enxergar uma boa parte da cidade. Apesar de já ter passado das 20h, ainda haviam resquícios do sol que já havia se posto, graças ao horário de verão. A maior parte do céu estava escuro e havia uma leve fumaça devido à longa sessão de fogos de artifício de alguns minutos atrás, mas isso definitivamente não atrapalhava a bela visão da cidade.

— Uau. — foi tudo o que Patterson conseguiu dizer, enquanto tentava encontrar um lugar exato para olhar, já que todos os cantos eram lindos.

— Eu sei. É lindo, né? Uma vizinha me falou sobre isso aqui uns dias atrás e eu precisava te mostrar. — Tasha comentou, admirando o rosto de surpresa de Patterson.

— Você conversando com vizinhos? Que milagre foi esse? — Patterson desviou o olhar da paisagem para lançar um olhar incrédulo e brincalhão para a mais baixa, que revirou os olhos.

— Foi naquele dia que eu cheguei bêbada e fiquei um bom tempo no elevador tentando lembrar qual era o seu andar. Eu posso dizer que fiz algumas amizades. — ela respondeu e as duas riram. — Vem, eu preparei uma coisa para nós. 

            Tasha pegou a mão da loira novamente e a guiou pelo telhado, que estava um pouco escuro. Elas não andaram muito até que Patterson viu o que sua namorada havia feito. Ela não conseguiu conter a própria reação.

— Vinho a luz de velas no terraço de um prédio de 40 andares com essa vista fantástica? Natasha Zapata quando foi que você ficou tão romântica? — ela brincou levemente emocionada e Tasha soltou uma risada.

— O que foi? Eu não posso tentar impressionar a garota que eu gosto?

— Você sabe que tudo o que você faz me impressiona. — ela respondeu enquanto as duas se sentavam no lençol que havia sido estendido no chão. — Eu adorei isso aqui. É perfeito.

— Fico feliz por isso. Você merece. — Tasha disse com um sorriso bobo, enquanto servia vinho em suas taças.

            As duas ficaram um longo tempo daquela forma. Conversando, apreciando a vista, bebericando o vinho... Elas estavam em paz.  E nenhuma das duas poderia imaginar outro lugar que prefeririam estar que não fosse ali, na presença uma da outra.

— Bem... Eu tenho algo para te dizer. — Tasha anunciou, acariciando o cabelo de Patterson, que havia se deitado em seu colo. O olhar da loira encontrou o dela, encorajando-a. — Teve um motivo para eu trazer você até aqui e preparar esse momento nosso. Eu quero dizer que eu finalmente estou pronta para me mudar e morar com você.

            Após a fala de Tasha, Patterson levantou-se do colo de sua namorada com uma expressão surpresa.

— Tasha, você está falando sério? — o tom de emoção em sua voz já não podia ser disfarçado.

— Claro que estou. — ela respondeu.

— Eu não quero que você se sinta pressionada por mim. Eu amo a sua companhia, mas também sei que você precisa do seu próprio espaço.

            Tasha parou para apreciar a loira por alguns minutos. Ela ainda não havia descoberto o que fizera para merece uma mulher tão extraordinária como aquela que estava sentada a sua frente com o cabelo solto e levemente bagunçado, com o rosto corado por conta do álcool e iluminado pela Lua, velas e luzes dos arranha-céus em torno delas. Mas o fato era que elas estavam juntas e Tasha não conseguia imaginar-se abrindo mão daquilo que elas estavam vivendo.

— Eu não estou me sentindo pressionada, cariño. E é justamente por isso que eu tomei essa decisão. Eu estou mais que pronta para dar esse passo importante nessa relação com você. Não por culpa ou por obrigação, mas sim porque eu te amo. — ela disse e sorriu ao ver o sorriso de sua namorada. — E eu não vou mentir. Isso me assusta. Esse é o mais rápido que eu já fui com uma relação. Mas é porque eu nunca senti por ninguém o que eu estou sentindo por você. — para sua própria surpresa, uma lágrima correu por seu rosto. Uma lágrima de alegria. — E eu acho que acabei de citar Dirty Dancing, mas é exatamente disso que eu estou falando. Eu nunca citaria um filme romântico dos anos 80, e muito menos conversaria com um vizinho sobre lugares românticos só para surpreender outra pessoa. Só você tem esse poder em mim, Patterson.

Tasha finalizou sua fala e logo viu a loira ir para cima dela, com um largo sorriso nos lábios. O impacto do corpo de sua namorada contra o seu, fez com que as duas caíssem deitadas no chão, o que não foi o suficiente para interromper o apertado abraço que Patterson dava na latina.

— Eu também te amo, Tash. — a loira respondeu, afastando seu corpo para encarar o rosto de sua namorada que agora deitava abaixo de si, com os cabelos espalhados pelo lençol no chão. — E eu amo tudo sobre você. Desde seu esforço para planejar isso aqui até sua citação de Dirty Dancing. — ela disse e as duas soltaram uma risada. — Obrigada por isso. Você é a melhor coisa que me aconteceu nesses últimos tempos.

            As duas seguiram deitadas nos braços uma da outra e trocando beijos e carícias por mais um longo período. Uma garrafa de vinho, uma noite iluminada e a companhia uma da outra era tudo o que as duas precisavam para estarem felizes. E elas aproveitariam aquilo.


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Notas finais do capítulo

Isso é tudo, pessoal. Por favor não poupem palavras para expressar seus pensamentos a respeito desse final. Tô aceitando de tudo, até xingamentos kkkkkk Eu só quero saber de reações.
Espero que vocês tenham gostado.
Se você chegou até aqui, saiba que a leitora que vos fala te ama ♥
Zapatterson sempre será canon. Pelo menos na minha cabeça sim. E só isso importa.



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