23 de janeiro, 2026. Inglaterra.

Já passava da meia noite quando Annabeth tomou a coragem necessária para conversar com o marido. Ela havia colocado James e George para dormir, depois foi para o quarto de Thomas, e por fim deu de mamar para a pequena Victoria que dormiu em seus braços.  

Isso tudo foi-lhe um tanto preciso, afinal, leu histórias para seus filhos e isso demorou um pouco.

Ela não esperava encontrar Perceu acordado, na verdade, uma  parte de si torcia para que ele já estivesse dormindo, assim ela poderia pensar melhor no que falar.

Para a decepção de Annabeth, Perceu a aguardava sentado na poltrona da sacada do quarto.

A loira entrou com passos calmos e nervosos. Ela parou na porta da sacada.

—Você vai ficar aí parada? -questionou Percy depois de algum tempo

—Não. - respondeu a loira

—Então devemos ter, finalmente essa conversa.

Annabeth suspirou.

—Você tem fugido dela algum tempo. -continuou Percy

—Eu não fugi, só andei pensando em como resolver.

—Por 6 anos? -Percy levantou, olhando-a cara a cara

—Não foram 6 anos. -respondeu ela

—Foram quase 6 anos. -rebateu

—Sim, mas estou aqui disposta a solucionar.

Percy suspirou, ele deu a volta por ela e foi até o local onde se encontravam suas bebidas favoritas. Pegou um copo e colocou um pouco de tequila.

—Não vai me oferecer? -perguntou ela

—Você não pode beber demais, ainda amamenta Victoria.

Annabeth riu.

—Do que ri? Me importo com a saúde de minha meninha.

—Você só se importa com James. -soltou ela

—Que mentira mais cabeluda.

—Mentira?

—Sim. Eu amo todos os meus filhos, cada um deles.

—É claro que ama, mas ama com proporções diferentes.

Annabeth puxou a cadeira da sacada, onde Percy estava sentado, e puxou-a para dentro, depois sentou-se nela.

—Não posso negar que amo mais James. Não é algo que eu goste, mas não consigo não sentir entende?

—Não entendo.

—É claro que entende, você parece amar mais a Thomas e Victoria.

A loira abriu a boca para falar algo, mas nada lhe saiu. Percy sorriu confiante ao notar.

—Amo todos os meus filhos de maneira igual.

Annabeth sabia, mentiu nessa frase tanto para Percy tanto para ela mesma.

—Annabeth, sejamos francos. Estou disposto a recomeçar nosso casamento.

Percy tomou o último gole de sua bebida, colocou o copo na mesa e caminhou até Annabeth, ajoelhou-se na frente dela.

— Abandonaria sua amante? -perguntou curiosa

—Por você? Abandonaria qualquer coisa. -ele respondeu com um sorriso sincero no rosto

—Seria capaz de deixar sua amante, seu antigo amor que reviveu, para reiniciar um casamento fracassado? -ela balançou a cabeça negativamente -Não creio.

—Você não crê? Pois creia. -ele se levantou com raiva -Te dei meu reino, meu país, minha vida, e te dei o mais importante, meu amor.

—O amor que você deu rapidamente a Rachel. -rebateu

—O amor que você rejeitou, aí ele teve que ser dado há alguém que fizesse algum uso dele.

—E você não podia esperar?

—Eu esperei! Estou esperando até agora, e estou disposto a esquecer tudo e recomeçar!

Annabeth suspirou, tentando procurar uma solução melhor para tudo que foi dito e feito.

—Percy, não acho que seja possível recomeçar. -afirmou com a voz decidida

— Porque? Isso é porque fui infiel?

— Não,eu  te perdoo por isso. Sei que tive culpa nesse aspecto. Mas não acho que seja possível recomeçar.

—Você não acha que seja possível...ou não quer?

Annabeth se remexeu desconfortável com a pergunta. Mil coisas passaram por sua cabeça. Os motivos que tinha para se afastar de Percy, os primeiros motivos. Ela sabia bem o que devia fazer.

Quando Richard a procurou pouco tempo atrás ele foi claro com suas intenções. Ele havia dito que sabia que James e George eram seus filhos, e que se ela não desse um jeito de se afastar de Percy ele o mataria, e mataria Thomas e Victoria também. Mas James e George não, pois acreditava serem seus filhos, ele não era tão cruel assim.

Ela sabia que dessa vez, Richard não falharia. Então ela devia fazer o certo. Fazer o melhor.

—Perceu. -começou - Esse tempo que tivemos serviu para que eu tomasse certas decisões. Decisões que são melhores para nós.

—Que decisões que são melhores para nós? -o tom dele carregava preocupação

—O divórcio.

Percy pareceu não acreditar no que ouvia, ele cambaleou para trás como se fosse desmaiar.

—Quer se divorciar de mim? -disse, a voz trêmula

—Sim. -suspirou -Não vejo solução para esse relacionamento desgastado.

—Não! Essa não é solução!

—Sim Percy, é.

Percy não conseguia entender como ela dizia aquilo tão tranquilamente, como se não doesse para ela.

—Eu não aceito isso! -berrou

—Fale baixo. -repreendeu -Terá que aceitar, querendo ou não.

—Porque? Porque divórcio? -Percy se aproximou e Annabeth sentiu que desistiria naquele momento

—Porque é a única solução Percy. Não há outra saída.

—Não eu… Eu não quero… Não pode…

—Posso Percy, e vou.

Percy colocou as mãos na cabeça, desesperado.

—Annabeth, eu te amo! Prometo nunca mais ver Rachel, prometo ser um marido melhor….

—Percy pare.

A loira notou lágrimas começando a escorrer na face do marido, isso lhe partiu o coração, pois viu que ele ainda amava-a.

—Eu faço todo o possível, mas não vá. Não me deixe. -Percy encostou sua testa na da esposa em um impulso singelo

Annabeth passou sua mão pela bochecha de Percy, com os olhos fechados, contendo-se.

—É necessário.

Ela afastou Percy de si, levantou e foi embora. Deixando um Percy arrasado, um que cometeu erros, mas que queria concerta-los. E ela foi embora, segurando seu próprio choro, querendo voltar para o quarto pedir perdão e dizer que o amava mais que tudo no mundo. Mas ela não podia, a vida dele estava em perigo, a vida de seus filhos. Precisava protegê-los há todo custo. Sabia bem do Richard era capaz, apesar de só ter mostrado de fato uma poucas vezes, ela sabia que ele sempre esperava a oportunidade perfeita.

Ela também levou em consideração o que Rachel lhe disse, sobre dar outro herdeiro a Percy. Isso a magoou profundamente, mesmo não sabendo ser verdade. Mas porque Rachel mentiria? Ela não chegaria a tanto.

Apesar de tudo, Annabeth tinha hoje a certeza de que o amava. Mas ela precisava desistir desse amor.

Às vezes é preciso se afastar das pessoas que você ama, mas isso não quer dizer que você os ama menos, às vezes, você os ama ainda mais...

          -A Última  Música