ELENA

Terminava de arrumar minhas malas com uma sensação de liberdade. Depois de cinco meses presa numa cadeira de rodas, eu finalmente estava livre!

Eu poderia ter ficado livre antes, duas ou três semanas atrás, mas o meu médico e meu fisioterapeuta acharam melhor eu esperar mais um pouco, até que tudo estivesse normal, exatamente igual ao que fora antes do acidente.

Mesmo um tanto impaciente, eu obedeci. Esperei que eles dessem minha liberação e a "alta" saiu ontem à noite. Eu estava pronta para ficar sozinha novamente. Minhas pernas não iam falhar quando andasse e daqui a algumas semanas, já podia até mesmo voltar a dirigir!

Fechei a mala e a coloquei no chão, pronta para deixar essa casa.

Dei uma olhada panorâmica em todo quarto de Damon – quarto que ele me emprestara nestes cinco meses.

Um ano e quatro meses.

Foi o tempo em que fiz da casa de Damon, a minha casa. E eu estava bastante acostumada a ela, acredito que meu velho apartamento não passa de uma antiga memória enterrada no fundo da minha cabeça. Seria difícil voltar a me acostumar com ele.

Com um suspiro pesado, segurei minha mala e me virei para sair, deparando-me com Damon postado na porta.

— Não sabia que estava em casa – falei, surpresa ao vê-lo. Eu tinha impressão de que ele teria marcado alguma reunião importante na empresa.

— Não vá, Elena – ele pediu com determinação.

— Não tem porque eu ficar mais aqui, Damon – argumentei. – Nosso contrato foi de um ano e eu já ultrapassei quatro meses por causa do acidente.

— Não quero que você vá. Por favor, fique – pediu novamente, com mais ansiedade na voz. – Fique.

— Me dê uma boa razão para ficar, Damon. Por que você quer que eu fique? – desafiei. No fundo, eu já sabia essa resposta, mas queria, ou melhor, precisava ouvi-lo confessar.

— Porque eu te amo, Elena – ele finalmente admitiu e meu coração parou. – E não sei mais como viver sem você ao meu lado. Preciso de você. Por favor, não vá. Estou te implorando, fique comigo!

Numa atitude totalmente inesperada, ele ajoelhou-se aos meus pés e segurou minhas mãos com firmeza.

— Me perdoe, Elena. Por tudo que já te fiz desde o dia em que nos conhecemos. Eu não tinha noção do idiota que era! Você não sabe como sua presença mudou a minha vida. Você me mudou por inteiro! Você abriu o meu coração de pedra e me fez acreditar no amor novamente. Eu tive medo desse sentimento e por causa disso, fui um completo idiota com você.

"Mas não pretendo te magoar nenhuma outra vez. Eu pretendo te amar por toda a minha vida! Eu quero que a promessa de amor eterno que fizemos no casamento seja real. Não quero esse casamento de mentirinha. Quero um casamento de verdade. Quero a vida inteira com você. Por favor, fique comigo. Elena Gilbert, você não tem ideia do quanto eu te amo.".

Senti as lágrimas descendo lentamente por meu rosto. Eu acreditava nele. Sabia que ele estava falando a verdade. Ele me provara isso durante esses cinco duros meses.

Damon ainda não sabia que eu já o tinha perdoado por ter partido meu coração na noite do acidente. Eu o perdoara no dia em que eu voltara a andar. Naquele dia, eu finalmente me dei conta de que ele se importava de verdade comigo.

Ele não sabia que tudo estava perdoado e esquecido. A única coisa que ele precisava fazer, se quisesse mais uma chance para nós dois, era admitir seus sentimentos em voz alta. E ele acabara de fazer isso.

— Eu te amo, Damon. E você não faz ideia do quanto eu já quis arrancar esse sentimento de mim. Naquela fatídica noite, eu queria arrancar o coração do meu peito para parar de sentir aquela dor insuportável, esse amor enorme. Eu não consegui parar de te amar, Damon. E agora, nem quero. Eu percebi seus sentimentos por mim em cada atitude sua nesses últimos cinco meses.

"E no dia em que dei meu primeiro passo novamente, eu decidi que te daria uma nova chance, caso você tivesse coragem o suficiente para confessar. Eu também não sei mais como viver sem você, Damon. Você também mudou a minha vida. E eu não quero mais ser sua esposa de mentirinha. Quero ser sua esposa de verdade. Até que a morte nos separe.".

Damon levantou-se do chão no mesmo instante e me beijou com intensidade. Retribuí o beijo da mesma forma, passando minhas mãos ao redor de seu pescoço.

Nossas línguas executavam uma linda dança, cheias de saudade. Sentia falta do gosto doce e amargo de Damon em minha boca.

Quando o ar nos fez falta, nos afastamos alguns centímetros, deixando nossas testas coladas.

— Eu te amo muito, Elena. Muito.

Antes que ele pudesse romper a distância para mais um beijo, eu o parei. Ainda faltava uma última condição para ficarmos juntos.

Tirei minha aliança e coloquei-a no criado-mudo.

— Elena...

— Lembra dos meus sonhos bobos? – perguntei, colocando a mão em seu peito. – Eu queria que a minha primeira vez fosse especial, com alguém especial, e isso aconteceu. E eu ainda quero um casamento de verdade. Aquela festa linda em que todos os meus amigos e familiares poderão vir. Estarei em um vestido belíssimo de noiva e com um sorriso radiante e você estará me esperando em frente ao altar. Quero que meu pai me entregue a você. Ainda quero isso, Damon.

— Você quer que nos divorciemos para poder casarmos de novo?

— Divórcio demora muito tempo. Podemos renovar os nossos votos – propus. – E dessa vez, eles serão verdadeiros. Assim como as nossas alianças.

Segurei a mão de Damon e tirei a aliança de seu dedo.

— Quero que tudo seja real, Damon. Absolutamente tudo.

Ele abriu um largo sorriso e me beijou novamente.

— Tudo que você quiser, Elena – ele sussurrou, com as nossas bocas quase coladas. – Te garanto que serei o noivo mais feliz do mundo ao te esperar no altar.

Eu sorri e voltamos a nos beijar.

Sem que eu percebesse, Damon me derrubou na cama e começou a desabotoar minha camisa. Ele parou o ato e olhou para mim, pedindo uma permissão silenciosa para continuar.

Meu consentimento veio com um beijo e logo minha camisa estava no chão. Não demorou muito até que o resto de minhas roupas e as de Damon se juntassem a ela.

Livre de roupas e completamente à mercê de nossos sentimentos, nós nos amamos mais uma vez.