Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 6
Silvia – Como sempre




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Quando aquele cara bonitão, o tal de Marcelo, apareceu e, por algum motivo inexplicável, ofereceu-se para levá-las em casa, Silvia não pode acreditar na sua sorte. Muito menos no seu azar, quando Ana não quis aceitar a oferta, mas ela olhou tão desesperada para a amiga, precisava sair dali, e ir embora para bem longe, daquele lugar e daquela gente que não tinha nada a ver com ela. Sílvia nunca gostou de novidades, algo que saísse da sua rotina cotidiana, por isso estava odiando aquela festa tão diferente do que estava acostumada. Felizmente, Ana percebeu sua angústia e concordou com a carona. Já dentro do carro, a caminho de casa, Marcelo colocou uma música suave e, graça a Deus, Ana começou a conversar com ele, instantes depois, não se lembrava de mais nada, só quando Ana a despertou na porta da sua casa, então ela se despediu e entrou.

Abriu a porta do apartamento silêncio e calmo, seus pais deveriam estar dormindo àquela hora. Seus irmãos mais velhos já eram casados por isso o lugar era bem tranquilo. E, em muito breve, ela também seria uma mulher casada e sairia de casa.  Silvia havia planejado tudo, Pedro voltaria da França, se candidataria a uma vaga de professor adjunto na universidade e, com certeza, conseguiria o cargo. Talvez, em um ano depois de se casarem, poderia ter o seu primeiro bebê e, em mais dois anos, o segundo filho e tudo seria perfeito. Estava valendo a pena, trabalhar tanto para pagar o apartamento sozinha, pois ela já havia garantido o lugar, onde morariam no futuro. Ficava imaginando o apartamento já pronto e decorado, eles tomando café da manhã juntos, antes do trabalho, lendo o jornal pela manhã. Depois, com os filhos, um casal seria melhor. Sonhava com eles jantando juntos, comentando como foi o dia e, quem sabe, poderiam ter até um cachorro. Tudo perfeito tal qual uma propaganda de margarina na televisão.

Apesar de ter chegado de madrugada, Sílvia colocou o despertador para às 4 horas da manhã, para poder conversar com Pedro pelo computador. Fazia isso todos os dias, não importava a hora que ela se deitava, pois como a diferença de fuso horário era de 5 horas, ele já estaria dormindo, quando ela voltava para casa depois das aulas. E quando o despertador tocou, ela se levantou em um pulo, lavou o rosto e deu uma rápida ajeitada no cabelo, para que ele não a visse com cara de sono. Pois, apesar de ser sábado lá também, Pedro tinha muita coisa para fazer e saía de casa bem cedo para suas atividades diárias, não podia perder tempo, esperando por ela. Então, posicionou-se na frente da tela e ligou, poucas chamadas depois, Pedro apareceu diante dela. Silvia o achava muito atraente, mesmo com as entradas pronunciadas em seus ralos cabelos castanhos, dando-lhe um certo charme e os óculos redondos, conferiam-lhe um ar de intelectual. Ela havia notado que Pedro engordou um pouquinho, seu rosto estava mais redondo, também, com todo aqueles queijos, pães e cremes deliciosos, quem não ganharia alguns quilinhos?

— Bom dia, Pedro! – cumprimentou-o, com um sorriso meigo, emocionada por falar com ele.

— Bom dia, Sílvia! – Pedro respondeu, feliz, ao vê-la.

— Como você está, querido? – Ela sempre perguntava isso.

— Estou bem, estudando muito, eles são muito exigentes aqui. Ontem, ficamos até tarde, pesquisando para um trabalho importante – ele se queixou, como de hábito.

— Ah! Coitadinho! – consolou-o, como de costume, depois continuou – Ontem, eu fui a uma festa com Ana e Raquel.

—Legal! Aqui o pessoal gosta muito de se reunir para conversar sobre política e beber vinho – Pedro comentou, com um ar entediado.

— Então, você está se adaptando bem – Pedro sempre gostou disso, beber e conversar com os amigos sobre assuntos, que achavam sérios e relevantes, que muitas vezes, ela não entedia.

— Sim, tenho me dado bem com as pessoas daqui. Eles são muito cultos e gostam de política, não perdem tempo com bobagens. Desculpe-me, Sílvia, tenho que ir, combinei um passeio com uns amigos agora pela manhã. Um beijo, querida – ele se despediu, apressado.

— Beijos, querido. Estou com saudades! – falou, melancólica. - Até amanhã – despediu-se da tela vazia.

Era assim que começava todos os dias de Sílvia, nos últimos meses. O resto do fim de semana era para corrigir provas, planejar aulas e ajudar a mãe na cozinha e, no fim do dia, assistia televisão com os pais. Nada mudava na sua vida, já que ela nunca gostou de mudanças ou surpresa, nunca foi espontânea, sempre seguindo uma rotina.

Falar com Pedro era a melhor parte do dia de Sílvia, o resto era correr de escola em escola, aturando turmas de alunos barulhentos, contudo, ela gostava de ser professora, e os alunos gostavam dela, pois costumava ensinar coisas diferentes e suas aulas sempre tinham alguma novidade, algo que, geralmente, descobria pesquisando na internet, assim ela conhecia o mundo.

Com o passar do tempo, Sílvia começou a perceber que as conversas com Pedro eram cada vez mais rápidas, ele estava cada vez mais ocupado, sem tempo para ela, com mais trabalhos para fazer e estudar, nunca podia demorar muito.

Silvia não se lembrava de se sentir grandes emoções ou paixões, nunca gosto disso, a relação com o seu noivo era tranquila e sem grandes rompantes. Ainda se recordava da primeira vez, que transou com Pedro, já namorava por muito tempo, quando aconteceu. Foi um dia na casa dele, os pais estavam viajando, eles estavam tão curiosos, nervosos, inibidos e, totalmente, sem jeito. No quarto dele, Pedro tirou a roupa de Silvia, desajeitado, ela morreu de vergonha de ficar nua na sua frente, seguiram carícias apressadas e inseguras, ele se atrapalhou ao colocar a proteção e, quando entrou nela, doeu muito. Estava assustada e sem saber o que fazer direito, apesar de tudo que leu e viu antes, esperou que algo sensacional acontecesse, como sempre ouviu falar, mas não houve nada de extraordinário e acabou, ele rolou para o seu lado, parecendo feliz e satisfeito. Ela pensou que a primeira vez era assim mesmo e, nas outras vezes, melhoraria, mas nunca foi nada de excepcional, como se propagava por aí.


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