Três amigas e o amor. escrita por calivillas


Capítulo 46
Silvia - como se fosse um barco à deriva




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— Acho que vai dar tempo de tomar um banho antes do jantar – Marcelo afirmou ao passar por elas e sumindo no corredor, ao mesmo tempo que Ana acompanhou com o olhar, verificando se as suas universitárias ainda estavam por ali, porém Sílvia não percebeu a atitude de ciumenta da amiga, pois desde que aquele homem entrou pela porta da frente conversando com Marcelo, foi um choque, nunca ficou tão impressionada assim. Ele era alto, com os cabelos louros clareados claros pelo sol, um belo bronzeado e com olhos azuis, que pareciam faróis, que a traíam como se fosse um barco à deriva. Ana a trouxe de volta à realidade.

— Deve ser o tal jornalista estrangeiro – Ana observou, lembrando o que a dona da pensão comentou antes.

— Ele é bem bonito! – murmurou, Ana lhe lançou um olhar inquisitivo, mas ela não percebeu.

O recém-chegado passou e cumprimentou-as, com um leve movimento de cabeça, demorando um pouquinho mais os olhos em Sílvia, para em seguida desaparecer no corredor. 

Na hora do jantar, todas as mesas estavam ocupadas, Marcelo chegou, atraindo o olhar das garotas da mesa do lado, e sentou-se junto a elas.

— Posso sentar com vocês? – o jornalista perguntou, sem muita opção de escolha.

— Claro! – Sílvia respondeu, rapidamente.

— Obrigado! - Ele disse com um forte sotaque.

— Meu nome é Sílvia e o da minha amiga é Ana. Acho que você já conheceu Marcelo - Sílvia começou uma conversa, enquanto jantavam.

— Muito prazer, o meu é Pete.

— É um nome diferente – Silvia observou, curiosa.

— Eu sou holandês, quer dizer Pedra, ou Pedro, na sua língua. – Ele explicou, Silvia deu uma risada nervosa pela coincidência com o nome do seu ex-noivo.

— Você está falando bem a nossa língua – Ana o elogiou e, realmente, ele falava bem, apesar do sotaque carregado e alguns poucos erros de concordância. 

— E porque estou aqui no seu país, algum tempo, fazendo uma série de reportagem fotográfica – Pete esclareceu, sentiu uma sútil pontinha de inveja dele. 

— Que legal! – Sílvia disse, empolgada. Ana ergueu as sobrancelhas, achando-a entusiasmada demais.

— E vocês? - Pete quis saber.

— Somos turistas -  Marcelo se adiantou em responder.

— Aqui não tem muitos turistas, apesar de ser muito bonito.

— Queríamos conhecer um lugar não muito habitual, fora do roteiro habitual – Marcelo explicou e continuaram a conversar.

Pete contou sobre alguns lugares que já visitou, no entanto ele estava maravilhado com aquela região, e achava uma pena, construírem um resort ali, pois, aquele meio-ambiente deveria ser preservado como era.

— O que vocês vão fazer agora? - Pete perguntou no fim do jantar.

— Não sabemos, talvez, dormir, porque vamos acordar cedo amanhã - Ana esclareceu, pronta para recusar qualquer proposta.

— Que pena! Há um lugar para dançar na praia, vocês querem ir lá? - Pete propôs, Ana ficou em dúvida, Marcelo esperou a resposta dela, já que estava muito cuidadoso, não querendo contrariá-la.

— Sim, queremos! – Sílvia decidiu, sem hesitar. Ana a encarou surpresa, não entendeu nada, já que ela nunca gostava de sair à noite, principalmente, para dançar, mas concordou em acompanhar a amiga.

— Para mim, está ótimo – Marcelo concordou com um sorriso e Ana se viu como voto vencido, deu de ombros.

Foi assim que depois do jantar, os eles andaram pela rua de terra batida e mal iluminada, em direção à praia, Sílvia estava curiosa, com o trabalho de Pete

— Como um jornalista holandês veio parar em um lugar escondido como este? - Sílvia perguntou intrigada.

— Eu estou viajando algum tempo por aqui. Um amigo me falou desse lugar, e eu vim – Pete explicou e Silvia se admirou da simplicidade do fato, ir para um lugar que falaram que é bonito, sem conhecer ou planejar nada, era impensável algo parecido para ela.

— Veio assim, sem conhecer nada? – Sílvia ficou espantada com aquela coragem, pois, tudo na vida dela tinha que ser muito bem organizado, nunca imaginária fazer algo tão espontâneo.

— Sim, eu estou acostumado. Se falam de um lugar bonito para mim, eu vou, se gosto, fico, se não, vou embora. Simples assim, não gosto de complicação.  É por isso, que eu gosto do que eu faço, mas não dá para ter medo ou dúvidas. 

— Você gosta de viajar, então? – Silvia estava cada vez mais admirada e curiosa com aquela vida tão diferente da dela.

— Sim, conheço lugares e pessoas novas sempre – respondeu, com um sorriso mágico, lembrando-se de cada momento da sua vida os bons e os ruins, mas eram os seus, suas lembranças, apesar de tão jovem havia vivido e visto tantas coisas, da miséria absoluto a riquezas esplendorosas, vida e morte, a beleza e a desgraça, sentindo-se mais sábio e menos desprendido a cada passo.

— Você tem que ter muita coragem para viver assim. – Realmente, Sílvia estava impressionada, nunca conheceu alguém que vivesse dessa maneira antes, pois estava sempre foi cercada por pessoas, que levavam a vida de maneira convencional, nunca se expondo a aventuras, com medo de perder o que tinham.

 Marcelo e Ana alguns passos atrás do outro casal. Ela totalmente abismada com a atitude de Sílvia.

— Acho que sua amiga está interessada nesse cara – Marcelo observou de modo casual.

— É o que parece, mas é muito estranho. Sílvia não é assim.

— Nem todo mundo é o que parece. Todos têm um lado escondido que mais cedo ou mais tarde se revela – Marcelo filosofou, Ana o encarou com uma expressão cínica.

— Eu sei bem disso, Marcelo.

— Você nunca irá me perdoar, Ana?

— Talvez, um dia, mas por enquanto, não consigo.

No fim do caminho, eles chegaram a um bar na praia, feito de tábuas de madeira rústica, iluminados por lâmpadas coloridas e com mesas e cadeiras de metal espalhadas na areia. Escolheram uma delas e sentaram-se, Pete pediu cerveja, apesar de Sílvia não estava acostumada a beber, ela não recusou, quando ele lhe serviu um copo, ficou alegrinha, a ponto de aceitar, prontamente, o convite dele para dançarem. Ana continuava a não reconhecer a atitude da amiga, não acostumada com essa Sílvia, mais espontânea e alegre, estava gostando do sorriso frouxo no rosto dela. 

— Eu realmente não estou reconhecendo a minha amiga – confessou para Marcelo, que assistia tudo aquilo com um ar divertido.

— Você quer dançar, Ana?

— Como você? De jeito nenhum! Nossa relação é só profissional - reiterou, cruzando os braços na frente do corpo, querendo não pensar no perfume dele que misturado a maresia invadia suas narinas e atiçava sua imaginação. Tentou prestar atenção nos casais no tablado no meio do bar.

Pete e Silvia dançavam bem juntinhos. Ele com a mão envolvendo a sua cintura e ela com a mão no pescoço dele, demoraram um pouco acertarem os passos, achando graça disso, mas depois entraram no ritmo, sentindo as coxas se tocando, o hálito dele no seu pescoço. Logo, estavam bem entrosados, divertindo-se.

— Sua amiga e o namorado não gostam de dançar? – Pete indagou, no ouvido de Sílvia.

— Eles não são namorados. Eles são... deixa para lá, porque essa história é bem complicada.

Entediada, Ana quis ir embora, no entanto, Sílvia queria ficar, nunca havia dançando tanto com alguém e estava gostando. A amiga percebeu, não querendo estragar a noite dela.

— Tem certeza que não quer que eu vá com você? – Sílvia indagou, olhando pelos cantos dos olhos para Marcelo ainda sentado na mesa, sabendo que eles ficariam sozinhos no quarto.

— Não precisa, eu sei me cuidar muito bem – Ana afirmou – Boa noite e bata na porta quando chegar.

Sem prestar mais atenção, quando Ana e Marcelo se foram. Sílvia e Pete continuaram a se divertir, rindo cada vez mais sem nenhuma razão aparente. Ele a abraçou um pouco mais forte e ela não reclamou, para falar a verdade, até gostou, encostou a cabeça no peito dele, escutando sua respiração e o seu coração bater forte. Esse foi um tremendo ato de coragem.

— Não está cansada? Você quer ir até a praia, um pouco? – Pete perguntou, docemente.


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