Ela sentiu suas pernas tremerem e seu corpo cair naquele balanço, as lágrimas misturadas com as gotas da chuva.

Ele tinha deixado tudo para trás para segui-la, a vida que tinha, as festas, as garotas, absolutamente tudo. Cada caminho que ele seguia, não era dele, mas sim dela.

Ela precisava que ele lhe dissesse, mais uma vez, que estaria ao seu lado.

Ele queria segurá-la pela mão, como fizera antes, garantindo-a que estaria com ela. Mas ele não conseguia mais entender o que era aquela obsessão.

Ela sentia o ar faltar e o medo lhe invadir. O que ela estava fazendo?

Ele não sabia exatamente o que sentir, afinal, ela tinha medo da queda e ele se perguntava o porquê.

A queda seria sua libertação da obsessão que a perseguia por quase toda uma vida. Kate precisava acreditar que cair por amor era sua solução.

Beckett ergueu-se do balanço e se pôs a caminhar em direção ao prédio a algumas quadras dali.  Suas pernas ainda tremiam quando chegou à escada do prédio. Precisava criar coragem e subir. Bater à porta.

Anos atrás, todas as noites, ao voltar para casa, ela lutava para não ceder àquilo que sentia. No final, eles continuavam os mesmos. Ela se escondia nas sombras e ele clamava para que ela se juntasse a ele na luz.

Olhando um pouco para trás, ela conseguia ver que, tudo que ele fizera, foi pensando no bem dela.

Kate precisava dele, precisava dar adeus àquela coisa que a consumia. Rick dera tudo a ela e aquele era o crime mais bonito que ela já vira.

Cada passo ditava uma respiração, cada respiração era dada por ele e para ele. Era dele. Ela o seguiria, desta vez, mesmo que fosse para uma queda de dez andares. Ela não temeria mais, não criaria margem para que ele perguntasse. Faria o que fosse preciso.

Ela estava deixando todo aquele caso para trás, sua obsessão precisava ter um fim. Precisava deixar McCord, LokSat e Bracken para trás. Precisava acabar com aquilo para então poder começar. Estava deixando aquilo acabar ali. Ainda acreditava que podia salvar a alma de Castle de tudo aquilo e, talvez, com alguma sorte, salvasse a sua.

Bateu à porta e esperou alguns segundos, seu marido estava ali, diante dela, como há quatro anos. O olhar confuso percorrendo por seu corpo, coberto pelas roupas encharcadas pela chuva, e a expressão de surpresa misturada à raiva.

Ele deixaria que a escuridão dela fosse sua luz mais uma vez.

Ela daria tudo a ele e aquele seria o seu crime.