Amor é Um Clichê escrita por Tatti Rodriguez


Capítulo 1
D. Salvatore


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, essa fic tá fazendo sucesso na outra plataforma e então eu decidi postar aqui também. É uma fic de poucos capítulos e aqui vocês vão ter um UA de TVD e de Bamon.

Espero que gostem!


Boa leitura



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Eu olhava o redondo relógio acima do quadro negro girar seus ponteiros tão devagar. Como  uma aula tão incrível como a de álgebra poderia estar incrivelmente chata? Ela costumava passar tão rápida, seus problemas e números eram as coisas que eu mais adorava resolver. Mas, ultimamente essas aulas se tornaram tão vazias... Eu sempre fui o primeiro do colégio, notas altas e postura exemplar, mas de um tempo para cá eu não me interessava em mais nada disso, não quando ela estava em minha mente. O que era o tempo todo.

Bonnie Bennett.

A garota mais linda, legal e popular de todo o colégio Mistyc Falls High School. Era a líder de torcida da escola. Mas eu não a via apenas com esses adjetivos. Ela era muito mais que sua reputação.

Era uma pessoa doce e incrível. Eu sei disso porque eu tenho todas as aulas com ela — exceto essa de álgebra — e isso me dá tempo mais que o suficiente para reparar nela. Era atenciosa e gentil, apesar de andar com o pessoal popular e consequentemente o pessoal que se acha acima de tudo e de todos.
Já vi várias vezes Bonnie defender alguém que era alvo de zombações do 'Trio Barra Pesada", era como nós do clube de xadrez os chamávamos.

O líder era Klaus Mikaelson, ele tinha as piores atitudes possíveis. Seu braço esquerdo era Elijah Mikaelson seu irmão, mas era o meu irmão o seu braço direito.

Eu jamais conseguiria entender o porque de Stefan querer ser como eles. Ele sempre foi um garoto gentil e até mesmo sensível, mas depois de Katherine ele piorou muito. Ninguém da família soube muito bem o porque do rompimento do namoro deles. Perguntar ou relembrar esse assunto era extremamente proibido. Ele se tornou um cara frio e cruel, assim como Klaus, ele não era mais quem eu queria que fosse. Meu irmão mais novo e frágil. Eu gostaria de defendê-lo como um bom irmão mais velho deve fazer. Mas era ao contrário. Apesar de Stefan me tratar com indiferença e as vezes mágoa, ele jamais deixou que algum dos seus amigos mexessem comigo quando estava por perto.

Apesar de eu ser totalmente desengonçado e não saber dar nenhum murro em alguém, eu tinha um porte físico forte porque nosso pai era um cara muito ligado em esportes. Eu odiava ter que malhar, correr, pular, essas coisas. Nunca fui jeitoso com aparelhos de musculação, e nem tinha um equilíbrio bom, mas eu embarquei nessa de onda saudável pelo meu pai. Ele sempre foi um homem ocupado por conta da rede de pizzarias Salvatore's que ele tinha na cidade e fora dela. Ele sempre precisou dar muita atenção as filiais que cresciam por todo o estado da Virgínia, consequentemente ele tinha pouco tempo para dar atenção à família. Então eu aproveitava esses momentos de exercício para me aproximar. Passávamos as horas nos exercitando e conversando sobre tudo. Eu e ele não tínhamos segredos. Ele me perguntava sobre que faculdade eu gostaria de fazer, como havia sido o colégio naquela semana, e uma pergunta que sempre fazia:

— E as namoradas filho?

E a mesma resposta:

— Estão nos livros pai.

— Você não é gay, é? Nada contra, é só que...

— Não pai! Você sabe gosto da Bonnie.

A essa altura eu já parecia um pimentão e ele começava a falar como eu devia conquistá-la. Eu nunca prestei atenção. Porque a partir do momento que falei de Bonnie eu automaticamente já me lembrei de seus olhos verdes e brilhantes, seu sorriso capaz de iluminar todo os universos que existem e os que serão descobertos, os cabelos em grandes cachos que o vento adorava balançar o que me hipnotizava, sua pele cor de chocolate derretido, sua voz de anjo... Ela era linda.

— Damon? — me assustei e olhei para cima, meu professor sr. Gus me chamava — Já pode sair. Vai se atrasar para a sua próxima aula.

Me levantei rapidamente e corri para a sala do segundo andar, porta 2-b.

Assim que entrei meus olhos já se fixaram nela. Entrei na sala e me sentei na carteira ao lado da janela na segunda fileira. Sentar ali me permitia ter uma visão privilegiada de Bonnie. Eu podia ver seus sorrisos, ouvir sua voz com clareza mesmo com os outros alunos falando ao mesmo tempo, eu podia ver quando ela levantava a mão e perguntava algo ao professor  Alaric. E as vezes e só as vezes ela olhava para mim e sorria. E era nessas vezes que eu sentia que meu dia valia a pena.

Me acomodei e passei a observá-la discretamente. Peguei o livro de história e abri em uma página qualquer, e por cima dele eu a olhava. Era uma boa tática, havia visto isso em um dos filmes de comédia romântica que minha mãe assistia.

Ela estava lá, sorrindo e conversando com Caroline e Elena, as melhores amigas de Bonnie e líderes de torcida também. Caroline e Elena eram tidas como uma das mais bonitas da escola, mas Bonnie conseguia superá-las. — Hoje eu não vou pra festa do Rich. — ah, aquela voz... Eu não me interessei em saber que festa era aquela, nem porque não ia. Eu só queria ouvir mais de sua voz. Mas prof. Alaric entrou com aquele típico bom humor e logo começou a aula.

Eu só anotava o que ele passava no quadro, se me perguntassem o que ele falava eu não saberia responder. Minha atenção era do quadro negro a Bonnie. De Bonnie ao quadro. Ela tinha os longos cachos sobre os ombros, a mão sustentando o queixo e o lápis entre os dedos, mordia a ponta dele e logo depois anotava furiosamente em seu caderno. Mas ela logo começou a cochilar. Eu sorri ao ver a cena, quando eu penso que ela não consegue ficar mais adorável, ela consegue me surpreender. Eu queria poder vê-la dormir e acordar todos os dias ao meu lado...

Ela era boa nas outras matérias, mas história era uma negação. Eu sabia o porque, era a matéria que ela sempre dormia na aula. Não acho que seja por falta de interesse, mas o modo calmo como Alaric falava, a luz apagada para que a projeção das fotos na parede branca também não ajudavam; mas o motivo principal era que era uma quinta-feira. E dia de quarta o time de futebol e as líderes de torcida do colégio treinavam as jogadas e ensaiavam os novos passos até tarde.

— Senhorita Bonnie. — prof. Alaric falou e eu passei a prestar total atenção nele, Bonnie se sobressaltou — Será a primeira a responder uma de minhas perguntas.

Ela suspirou e olhou para Elena como que pedindo salvação. Se Bonnie não respondesse Alaric tiraria 5 pontos de suas notas, e ela precisava de cada ponto que tinha. Eu não poderia deixar que se desse mal. Peguei um pedaço de papel de meu caderno e preparei meu lápis.

— Vamos lá. — falou e se sentou parcialmente em sua mesa — Como e porque se iniciou a Primeira Guerra Mundial?

Ah, muito fácil. Por favor né professor. Eu imaginava uma questão mais inteligente e complexa.

Mas mesmo eu sabendo a resposta facilmente eu comecei a escrever rapidamente a resposta no pequeno papel. Mas como eu entregaria para Bonnie? Vamos lá gênio! Pense!

— Com licença professor? — a senhorita Lucy, a bibliotecária do colégio o chamou na porta — Tem um minuto?

— Claro! — ele foi a porta e essa era a minha oportunidade.

Bonnie ficava a uma carteira de distância. Eu precisava chamar sua atenção.

— Bonnie. — sussurrei, mas ela não pareceu escutar — Bonnie.
Nada. Então, com toda a coragem que me era permitida eu toquei seu ombro levemente. Eu senti uma enorme corrente elétrica passar por todo o meu corpo. Ela se assustou e me olhou.

— Damon? — eu poderia morrer a qualquer momento. Ela sabia meu nome! Ela estava falando comigo!

— A resposta. — falei sentindo meu rosto pegar fogo e agradecendo pelas luzes estarem apagadas. Ela pegou o papel de minhas mãos e nossos dedos se tocaram. A corrente elétrica intensificou os Voltz. Bonnie abriu o papel e leu rapidamente, olhou para mim e sorriu. Não um sorriso de "oi", foi um sorriso de "obrigada" e eu gostava muito mais desse último sorriso. Eu sorri debilmente de volta e me ajeitei novamente em minha carteira.

— Bom, voltando a aula. — Alaric se sentou novamente em sua mesa — Vou repetir a pergunta senhorita Bonnie. Como e porque se iniciou a Primeira Guerra Mundial?

— Bom, o estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investigações levaram ao criminoso, um jovem integrante de um grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou guerra à Servia. — ela falou com convicção tudo o que eu havia escrito. Será que ela tinha certeza de que era a resposta certa? Eu nunca daria a resposta errada para ela, mas ela não sabia disso. Mas ouvir ela falar com tanta certeza a resposta, eu constatei que ela confiava em minha inteligência e — por que não — que eu não brincaria com ela. Bonnie confiava —muito pouco — em mim. Sei que posso parecer um idiota por pensar assim, mas eu sou um idiota apaixonado, e eu li que pessoas apaixonadas podem realmente ver coisas onde não existem. E como um bom apaixonado eu também procuro mensagem subliminares em seus sorrisos, me iludo com seus acenos e sonho com ela.

— Muito bom srta. Bennett! — Alaric parabenizou e escreveu em seu diário de classe a nota de Bonnie — Hmm... Senhor Salvatore.

Ele apontou para mim. E eu me preparei para responder.

— Os países europeus começaram a fazer alianças políticas e militares desde o final do século XIX. Durante o conflito mundial estas alianças permaneceram. Quais eram essas alianças?

— De um lado havia a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha ( a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.
O Brasil também participou, enviando para os campos de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os países da Tríplice Entente.

— Não sei porque não estou impressionado com a resposta completamente exata e correta. — ele sorria e colocava minha nota no diário de classe.

— Não dá pra esperar menos do quatro olhos aí. — Klaus falava e a sala estourou em risos, menos Bonnie.

— Pelo menos ele sabe as resposta. Você não sabia nem que tinha acontecido a Primeira Guerra Mundial. Acho que na sua mente estamos vivendo a Terceira — ela falou e rolou os olhos.

— Defendendo o namorado Bon? — Klaus ria nervoso.

— É o que parece não é? Pelo menos ele tem quem o defenda. E você?

A classe começou a gritar e assobiar e antes que tudo piorasse Alaric calou a todos.

Bonnie parecia realmente nervosa e eu sentia minhas bochechas arderem em puro fogo. Abaixei minha cabeça e sorria de felicidade.
Ela havia me defendido. Claro que ela fazia isso com todos que Klaus provocava, mas eu sentia que comigo era diferente. Eu queria acreditar que era diferente. E isso foi motivo o suficiente para me fazer ficar aéreo o resto do dia.

— Damon! — a voz de meu pai gritando me assustou — Damon! Está queimando mais uma pizza!
— Hm?

Olhei para o forno e vi uma massa redonda completamente tostada. Peguei a enorme pá de ferro e retirei a pizza de lá. Suspirei nervoso. Isso que dá ficar pensando em Bonnie, me esqueço de tudo o que há ao meu redor.

— Pensando nela de novo? — meu pai perguntou preparando uma pizza rapidamente e colocando no forno.

— Não... —respondi corando e lavei minha mão.

— Sei. Filho, você seguiu meu conselho? 

Meu Deus! Qual conselho? Eu  nunca ouvi nenhum.

— Ah, hmm.. Ainda não. Não tenho coragem de falar com ela...

— Ah! Qual é, ragazzo! Tá mais que na hora! — ele tirou uma pizza do forno e colocou no prato de alumínio — Mesa 04!
George veio ao balcão e logo pegou a pizza meia calabresa meia mussarela. Vi no cara ruivo um bom motivo para mudar o rumo da conversa.

— Já arrumou alguém para substituir o George?

— Ainda não. Mas já coloquei uma plaquinha na vitrine. — ele apontou e eu vi o cartaz grudado no vidro.

— Hmm, logo vai encontrar. Porque Stefan não ajuda aqui? — perguntei limpando o balcão de mármore e preparando um milkshake de morango para a mesa 07.

— Ele não se interessa muito pelo negócio da família. — meu pai deu de ombros — Acho que o ramo dele é outro. Sabe, ele nunca foi bom em administração como você.

— Tem razão. Esporte é mais o forte dele. Ele é o melhor jogador de futebol do colégio. Acho que ele vai conseguir a bolsa para a faculdade que ele tanto quer. Ou um contrato com algum time. — falei sorrindo.

— Pode ser. Estamos na torcida.

— Mesa 07! — falei e logo George pegou a taça e a depositou na bandeja.

Lavei o liquidificador e me distrai novamente com Bonnie em meus pensamentos. Estar apaixonado era tão ruim quando não sentiam o mesmo por você... Eu queria tanto que ela estivesse na minha frente, conversando comigo e me achando o cara mais legal e interessante do mundo. Quem sabe até me ache bonito...

— Com licença?

Estanquei no lugar. Aquela voz, eu conhecia muito bem aquela voz. Eu conhecia muito bem porque eu a escutava todos os momentos em minha mente. Me virei devagar e a vi na minha frente.

Bonnie Bennett sorria de um modo envergonhado para mim. Eu parecia um retardado grudado ao chão, eu precisava me mexer! Ela não podia achar que eu era tão esquisito quanto todos pensavam.

— Oi, eu queria falar com você. — a voz dela me amoleceu. Eu respirei fundo e fui em sua direção, não antes claro de deixar o liquidificador cair e quebrar no chão em um som irritante e alto.

— O que foi isso? —  meu pai surgiu do nada — Damon. Você está bem?

— Aham. — murmurei e me abaixei para pegar os cacos de vidro.

— Você está bem mesmo? — ela perguntou e eu sorri minimamente. Ela se preocupou comigo!

— Aham. — enrolei os cacos em um jornal que estava em baixo da pia e joguei no lixo.

— Sempre desastrado, hein Damon. — meu pai riu e eu corei. O olhei e apontei para Bonnie discretamente com os olhos. Ele pareceu entender e sorriu cúmplice. Agradeci e me virei para ela, mas meu pai passou rapidamente do meu lado e começou a falar com Bonnie.

— E então. É amiga de Damon? Namorada? Ficante? É Bonnie,  certo? Ele fala muito de você.

Tenho certeza que meus olhos quase sairam das órbitas e meu queixo foi ao chão, porque ela sorria e me olhou tímida.

— Sou Bonnie sim, sou amiga de Damon apenas. — ela murmurou alguma coisa que não entendi.

Ela falou que é minha amiga? Meu Deus... Senti um sorriso fraco em meus lábios.

— Ah, bom partido hein. — meu pai apontou para mim e piscou para ela — Você viu o cartaz ali fora?

— De precisa-se de garçonete? — perguntou.

— Aham. Estaria interessada no cargo? Quem sabe assim  você e Damon não evoluam a amizade?

Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Meu pai é a pessoa mais discreta do mundo. Eu queria me enfiar dentro do forno e não sair mais dali pelos próximos 200 anos.

Ele pensava no que falava? Com certeza não! Ela nunca aceitaria. Onde já se viu? Ela com certeza não iria servir mesas e preparar milkshakes. Ela iria procurar algum emprego em uma loja de roupas finas, ou como modelo, claro que a altura dela não era nem de perto para se tornar modelo, mas a beleza dela compensava tudo.

— Ah, claro. Eu estava mesmo a procura de um emprego. — ela falou animada.

Como é que é?!

— Ótimo! Quando você pode começar? — meu pai também estava animado.

— Amanhã mesmo se o senhor quiser.

— Senhore tá no céu. Io sou Giuseppe. Então amanhã você começa e acertamos tudo!

— Okay. Combinado.

— Combinado! Quer falar com mio filho né?

— Se não se importar..

— Mas é claro que no!

Meu pai saiu e piscou para mim pensando que havia resolvido minha vida amorosa com Bonnie. Ele era inacreditável, o vi se afastar. Respirei fundo e me aproximei.

— Desculpe pelo meu pai. — pedi e ela negou com a cabeça sorrindo. Ela não devia sorrir desse jeito. Meu coração não aguentava — O que você gostaria de falar comigo?

— Eu queria te agradecer por hoje na aula de história. Me salvou!

— Ah, não foi nada. — e realmente não tinha sido, eu faria isso por ela sempre que precisasse.

— Foi sim. Não era sua obrigação. Muito obrigada mesmo, Damon. — ela se inclinou para frente e cada centímetro mais perto que ela ficava eu sentia minhas pernas bambearem. Meu coração iria parar a qualquer momento e minhas mãos estavam suando. Os lábios pressionaram minha bochecha esquerda. Eu corei violentamente e ela também — Bom, eu preciso ir. Nos vemos amanhã?

— Claro... - murmurei e a vi sair acenando para mim.

Depois disso eu senti minha visão escurecer.


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