A aula tinha acabado e eu estava em frente à escola contando à Marcela a história do cinema. Ela sorriu e eu percebi que estava completamente dispersa. Ela olhava para algo atrás de mim. Com certeza deveria ser mais um gato que ela estava a fim de pegar.

Então senti duas mãos quentes e macias vendando meus olhos e depois aquele beijo delicioso que eu reconheceria em qualquer lugar.

Aham, com certeza era um gato. Mas, não que a Marcela estava a fim de pegar... Quer dizer, eu espero né!

- Adivinhe quem é. – Marcela disse, como se fosse impossível adivinhar.

 - Hmm. Acho que é o David Beckham. Porque, claro, o único homem que viria na minha escola me beijar é o David Beckham. – Ironizei.

Ouvi aquela risada gostosa.

Ele tirou as mãos dos meus olhos, agarrou minha cintura e me levantou para eu poder ficar da sua altura.

- Sabia que não consigo ficar sem te ver por mais de 12 horas? – Ele perguntou.

- Bom, no nosso caso são menos do que 12 horas.

- Eu não ligo. – Ele falou e, segurando seu rosto lhe dei um beijo.

A felicidade tomou meu peito de uma forma indecifrável.

Era sempre assim quando eu estava com ele. Porque eu havia percebido que eu era nada sem ele. E o que eu sentia por aquele australiano era muito mais que uma simples paixão.

Depois de duas semanas escondendo o meu namoro de Brad, Zack - que aproveitou a saída de Brad para ir me visitar - teve uma ideia:

- Hey! A gente podia fugir!

- Hã? Você ta louco? Como assim fugir?

- Tipo, nós dois poderíamos fugir por uns 3 dias. Aí neste tempo, Brad pode enfim perceber o quanto nós gostamos um do outro e o quão tolo ele havia sido. Assim, ele pode autorizar nosso namoro. – Zack disse sorrindo, como se fosse um gênio.

- É, mas... Com o Brad não funciona assim... – Eu disse, indecisa. O problema não era com a idéia de Zack, ela era maravilhosa. O problema era com Brad.

- Ei, vamos pelo menos tentar, ok? – Ele falou.

- Ok. – Sorri para ele que me deu um beijo.

Eu sabia que Brad ficaria furioso comigo por ter fugido e tals, mas eu não ligava. A sensação de estar fazendo algo errado era tão bom!

Marcamos de nos encontrar sexta às 19:00hs em frente à minha casa (um horário que Brad estaria trabalhando) para que eu não perdesse aulas – não que eu ligasse para isso, mas Zack insistia. – e no horário marcado, ele estava lá.

- Está pronta? – Ele perguntou, animado.

- Aham. – Eu ri dele.

Subi em sua moto vermelha e seguimos em frente.

- Zack, uma coisa que eu não te perguntei foi: Onde nós vamos ficar? – Perguntei, observando a estrada à nossa volta.

- Simples. Podemos ficar em um hotel. – Ele respondeu.

Ok, assim eu estava mais aliviada...

Porém, meu alívio passou quando 1 hora depois, a moto enguiçou numa estrada extremamente vazia.

Sério, não havia nada naquela estrada. Só uma pequena floresta do lado direito dela.

- E então? – Perguntei impaciente, para Zack que verificava o motor.

- É o motor. Ele está com problemas. Mas isso surgiu agora porque eu tinha verificado ele em casa...

- E...?

- E precisaríamos de alguns instrumentos para concertá-lo. Mas, como deu para perceber, não tem nada aqui. Então, não tem jeito... – Ele falou, triste.

- Você está querendo dizer que vamos ter que passar a noite nessa floresta e esperar até algum carro passar nessa merda de estrada para podermos ir embora???? – Me apavorei.

Zack balançou a cabeça.

Fiquei paralisada sem saber o que fazer.

- Ei, ei, ei. Vou fazer de tudo para que fique tudo bem, ok? Jenny, pense pelo lado bom, pelo menos temos um ao outro. – Zack me consolou, me abraçando.

E era verdade. Fiquei me imaginando sozinha e apavorada naquela mata. Eu iria enlouquecer.

- Ok. – Sorri.

A nossa sorte foi que havíamos levado biscoitos, bebidas e uma barraca para acampar.

Quando íamos dormir, meu ouvido estava atento a qualquer som de carro. Porém, não havia passado nenhum.

Zack percebeu a minha frustração e começou a me beijar para me distrair.

E conseguiu.

Eu me distraí tanto que acabamos aprofundando o nosso beijo. O único som que se ouvia era de mim e Zack arfando.

Ali, eu não conseguia pensar em mais nada. Só em Zack.

Então, ouvi um barulho de um galho se quebrando como se alguém estivesse andando por ali.

Zack também ouviu e parou de arrancar a minha blusa para prestar atenção nos barulhos.

Eu olhei para o lado e vi uma sombra imensa do lado de fora.

Pensando que era um urso, ia começar a gritar, mas Zack me impediu, tapando a minha boca com sua mão.

Ele começou a se encaminhar para a saída da barraca, pedindo para eu ficar.

Eu neguei com a cabeça.

Nunca que eu iria ficar em uma barraca sabendo que o meu namorado está lá fora correndo o risco de ser ferido por um urso. Por isso, o segui.

Ao sairmos da barraca, meu susto foi tão grande que gritei como nunca havia gritado:

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!