— O que será que aconteceu? — pergunta Annie.

— Não sei. Vou lá falar com ele. — digo levantando-me e seguindo até a porta por onde Peeta acabara de passar.

Quando chego à varanda lá está ele, sentando nos degraus olhando para o vazio. Aproximo-me de vagar e sento-me ao seu lado.

— Está tudo bem? — pergunto.

— Está sim. Só estou pensando nas minhas férias. — responde suspirando.

— Foi ruim?

— Sim. As piores férias da minha vida.

— Você quer falar sobre? — pergunto, ergo minha mão e começo a acariciar seus cabelos loiros, eles são tão macios. Ele suspira baixinho.

— Não gosto muito de falar sobre isso, desculpa. — pede me olhando nos olhos, seus olhos ficam ainda mais lindos a luz da lua.

— Não precisa pedir desculpas Peeta. Eu entendo, mas quero que saiba que sou sua amiga e sempre vou estar aqui para quando você precisar. — sorrio e ele me abraça. Encaixo meu rosto na curva de seu pescoço e inalo seu cheiro.

— Obrigada Kat. — agradece e ficamos um bom tempo ali, abraçados.

As semanas foram se passando como um piscar de olhos e os meses também. Já fazia três meses que Peeta tinha chegado e depois daquela noite eu e ele nos tornamos melhores amigos, estávamos sempre conversando sobre vários assuntos, mas nenhum deles envolvia suas ferias, ele ainda não se sentia a vontade para tocar no assunto e eu o respeitava, mas era quase impossível não notar que apesar de estar sempre sorrindo para todos, eu sabia que no fundo ele estava sofrendo, tinha momentos em que ele se desligava de tudo e se perdia em seus pensamentos. E isso me preocupava bastante, tinha dias em que ele vinha para a escola cheio de olheiras e quando eu, ou um de nossos amigos perguntávamos se estava tudo bem, ele dizia que não tinha tido uma boa noite de sono.

E quanto ao meu namoro com Gale, ia de uma melodia romântica para um rock roll a estilo quebra tudo. Estava cada vez mais difícil de seguir com o nosso relacionamento, no começo ele realmente tentou se controlar, mas depois que descobriu que Peeta havia entrado para o time ele praticamente pirou. Vive insinuando que Peeta quer me tirar dele e isso está me deixando louca, a gente não consegue trocar três palavras sem brigar. E, além disso, estou bastante confusa, desde a chegada de Peeta meus sentimentos estão uma confusão, eu amo Gale, mas Peeta me faz sentir coisas que nunca senti por ninguém antes, sua voz, seus sorrisos, abraços, seu jeitinho sempre doce e gentil, será que eu estou apixo...? Não! Eu devo estar ficando louca isso sim! Eu não posso estar apaixonada por Peeta! Eu amo Gale!

— Katniss? — Peeta chama-me estralando os dedos em frente ao meu rosto.

— Sim? — digo meio atordoada.

— Estou te chamando já faz um tempinho e você está aí, com o olhar distante. — diz sorrindo.

— Desculpa. — peço também sorrindo. Estávamos no meu quarto fazendo um trabalho de química. Gale nem sonha que Peeta está aqui em casa, para todos os efeitos estou fazendo o trabalho sozinha. Sei que é errado mentir, mas acho que se for para evitar mais uma discussão, vale a pena.

— Estou um pouco cansado, será que tem como a gente descansar um pouco? — pergunta.

— Claro. Que tal comermos alguma coisa?

— Ótima ideia. — diz e seguimos até a cozinha. Lanchamos e depois voltamos para o andar de cima, só que antes de chegar ao meu quanto Peeta avista a porta da sala de música aberta e em passos lentos ele vai até lá, seus olhos vasculham cada canto da sala.

— Uau, vocês tem todos os tipos de instrumentos aqui. — fala maravilhado.

— Sim. Apesar de minha mãe ter aposentado a carreira musical, a música nunca se aposentou dela. — digo a ele que ri. Ele caminha por toda a sala enquanto eu o observo, ele senta ao piano branco - que fica bem no centro da sala - e passa os dedos pelas teclas tocando algumas notas, vou até ele e sento-me ao seu lado.

— Uma música? — pergunto o encarando.

— Uma música. — afirma. Então começa a tocar, seus dedos deslizam pelas teclas e a melodia me faz flutuar. Ele começa cantando a primeira estrofe da música me deixando completamente hipnotizada. Poderia passar-se mil anos mais ainda sim, sua voz sempre será a mais linda que já ouvi.

Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)
I'll be the one, if you want me to (Eu serei o único, se você me quiser também)
Anywhere, I would've followed you (Eu teria te seguido para qualquer lugar)
Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)

Começamos a cantar juntos, um olhando nos olhos do outro. Cinza no azul, uma perfeita mesclagem de cores.

And I am feeling so small (E eu estou me sentindo tão pequeno)
It was over my head (Foi demais pra minha cabeça)
I know nothing at all (Eu não sei absolutamente nada)

And I will stumble and fall (E eu tropeçarei e cairei)
I'm still learning to Love (Eu ainda estou aprendendo a amar)
Just starting to crawl (Apenas começando a engatinhar)

Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)
I'm sorry that I couldn't get to you (Me desculpe por não ter conseguido chegar até você)
Anywhere, I would've followed you (Eu teria te seguido para qualquer lugar)
Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)

Era como se o mundo houvesse parado e nele só existíssemos nós dois.

And I will swallow my pride (E eu engolirei o meu orgulho)
You're the one that I Love (Você é a pessoa que amo)
And I'm saying goodbye (E eu estou dizendo adeus)

Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)
And I'm sorry that I couldn't get to you (E me desculpe por não ter conseguido chegar até você)
And anywhere, I would have followed you (E eu teria te seguido para qualquer lugar)
Oh, oh, oh, oh say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)

Say something, I'm giving up on you (Diga algo, estou desistindo de você)
Say something (Diga alguma coisa)

Terminamos de cantar e em nenhum momento nossos olhos desgrudaram-se um do outro. Aquele momento foi mágico. Sorrimos e decidimos voltamos a fazer o trabalho, só que dessa vez na sala. Quando estávamos quase terminando meus pais passam pela porta com Prim, que corre para meus braços.

— Oi filha. — diz meu pai beijando o topo da minha cabeça assim como minha mãe.

— Quem é esse jovem tão bonito? — minha mãe pergunta se referindo a Peeta que encara Prim sem piscar.

— Ah Claro! Esse aqui é o Peeta, meu amigo. E Peeta esses são meus pais, Clara e Thomas. — apresento-lhes. Peeta e meu pai trocam um aperto de mão e quando Peeta para na frente de minha mãe, ele beija sua mão.

— Oh! Temos um cavalheiro aqui. — ela diz encantada.

— Não acredito que estou frente a frente com Clara Everdeen, sempre escutei suas músicas desde muito pequeno. — ele diz sorrindo.

— Um cavalheiro que além de lindo é meu fã. Pena que já sou casada. — ela diz em um tom brincalhão nos fazendo rir.

— Peeta essa aqui é minha irmãzinha Primrose, mas a chamamos de Prim.— apresento, ele vem até mim e se agacha na frente de minha patinha que o olha curiosa.

— Você é muito linda sabia Prim? — diz sorrindo pra ela, ele tem um sorriso lindo.

— Ele é seu amigo Niss? — pergunta-me a pequena.

— Niss? — Peeta repete o apelido me olhando curioso.

— É assim que ela me chama. E sim Prim, ele é meu amigo. — respondo e Prim leva as duas mãosinhas ao rosto de Peeta e começa a acaricia-lo.

— Você é muto bonito Pee. — ela diz se embolando um pouco nas palavras fazendo o sorriso do loiro aumentar.

— O que vocês estão fazendo? — pergunta meu pai.

— Trabalho de química. — respondo e ele faz uma careta. Terminamos o trabalho e Peeta diz que precisa ir embora, mas meus pais o convencem a esperar para o jantar. Conversamos sobre varias coisas e entre elas a carreira de minha mãe, Peeta sabia todas as músicas, o que deixou minha mãe realmente feliz, ele era mesmo um grande fã dela, assim como sua tia Effie, que apesar de eu nunca ter conhecido, acabei descobrindo que é estilista e que já trabalhou com minha mãe. Quando nos demos conta já estava um pouco tarde e Peeta começou a se despedir.

— Bom, foi um prazer conhecer vocês Sr. e Sra. Everdeen.

— Ah Peeta, sem formalidades, por favor. — diz meu pai dando um tapinha em suas costas.

— E o prazer foi nosso em ter sua companhia, você é um rapaz muito encantador Peeta. — minha mãe o abraça — E mande um beijo pra Effie.

— Pode deixar Clara. — Peeta diz e meus pais vão para a cozinha, restando apena eu, ele e Prim na sala.

— Será que eu posso te pedir uma coisa, pequena? — ele pergunta a Prim.

— O quê?

— Me dá um abraço? — pede e Prim pula em seu colo, a cena a minha frente é uma das mais lindas que já vi, as semelhanças entre os dois poderia facilmente fazer uma pessoa acreditar que são irmãos. Eles ficam um bom tempo abraçados e quando se separam vejo algumas lágrimas no rosto de Peeta e franzo as sobrancelhas em confusão, mas sinto meu coração se apertar no peito com a cena.

— Po quê você tá solando? Eu fiz alguma coisa? — pergunta Prim passando suas pequenas mãosinhas no rosto de Peeta tentando secar suas lágrimas.

— Não pequena. Você não fez nada. É só que... você me lembra muito uma pessoa que foi muito importante na minha vida, eu só senti saudades. — explica com um sorriso triste no rosto.

— Vai fica tudo bem. — ela diz sorrindo e beija a ponta de seu nariz — Tchau Pee. — completa e depois sai correndo em direção à cozinha onde meus pais estão. Acompanho Peeta até a porta em silencio.

— Você está bem?— pergunto preocupada.

— Não. Mas vou ficar. — responde com a voz falha e o abraço bem apertado, tentando passar-lhe conforto, não gosto de vê-lo triste, vê-lo assim, de certa forma me deixa triste também.

— Você sabe que eu estou aqui, você sabe que pode contar comigo para tudo. — digo acariciando sua nuca, ele se solta um pouco do abraço, mas só para poder me olhar nos olhos. Estamos com os rostos a centímetros um do outro, posso sentir sua respiração batendo contra meu rosto, seu hálito tem cheiro de menta e isso faz com que meus olhos desçam até sua boca que está entreaberta, e um súbito desejo de sentir a textura de seus lábios me consome.

— Eu sei Kat. E te peço desculpas, mas ainda não estou preparado para lhe contar. — diz colando nossas testas, fazendo com que meus olhos se desviem de sua boca.

— Tudo bem, não importa quanto tempo leve, eu sempre vou estar aqui por você. — digo olhando dentro de seus olhos.

— Em meio a toda essa tempestade de caos que se encontra minha vida, você Katniss, é à melodia leve e tranquila que me traz paz. — sussurra fazendo meu coração bater como um louco no peito e aquele momento estava tão perfeito que eu o teria beijado ali mesmo se ele não tivesse se afastado.

— Até amanhã Niss. — diz sorrindo pra mim e vai em direção a sua moto.

Fico parada na porta com um sorrido bobo no rosto, isso foi errado, eu tenho namorado, e quase beijei outro. Mas não posso negar, Peeta realmente está mexendo comigo e isso está me assustando. É possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?

Subo para meu quarto, tomo banho e me jogo na cama, mas o sono não vem, minha cabeça está trabalhando a mil por hora. Eu amo Gale, disso tenho certeza, mas aí do nada chega Peeta doce e gentil, porem misterioso e começa a bagunçar com todos os meus sentimentos. E mesmo tendo Gale, mesmo eu o amando, se Peeta não tivesse se afastado eu teria o beijado, juro por tudo que a de mais sagrado em minha vida como eu teria o beijado. Meu Deus eu vou enlouquecer!

— Ahhhh! — grito, mas minha voz sai abafada por conta do travesseiro.

— O que foi meu amor? Aconteceu alguma coisa? — pergunta minha mãe sentando ao meu lado na cama. Tiro meu rosto do travesseiro e sento-me a sua frente.

— É que... é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? — pergunto.

— Bom, acho que sim, mas por que essa pergunta meu amor?

— Ahh mãe. — passo minhas mãos por meu rosto — Acho que estou gostando do Gale e do Peeta ao mesmo tempo. — digo deitando minha cabeça em seu colo e ela começa a acariciar meus cabelos.

— O que exatamente você sente por eles? — pergunta me fazendo suspirar.

— Bom. Gale e eu namoramos há dois anos e eu o amo, a senhora sabe disso. Mas, é que ultimamente a única coisa que fazemos e brigar, ele vive se metendo em confusões e eu odeio isso, ele também fica com ciúmes só de eu olhar para outro garoto e isso está me enlouquecendo. A gente não consegue se falar dois minutos sem brigar. Quando estou com Gale me sinto como se estivesse em uma montanha russa, cheia de altos e baixos.

— E quanto ao Peeta?

— Com Peeta, bom, é completamente o oposto. Ele chegou com aquele jeitinho fofo e gentil dele que me conquistou de imediato, mas ele é um completo enigma para mim. Não sei bem ao certo, mas aconteceu algo muito grave com ele em Miami, e esse acontecimento fez com que ele viesse para Los Angeles morar com a tia. Apesar de termos nos tornado melhores amigos ele nunca me contou o que aconteceu, seu passado é um mistério pra mim. Mas quando estou com ele me sinto diferente, mais viva, não sei explicar direito. Ai mãe, minha cabeça está uma confusão. Eu amo Gale, tenho certeza disso, mas ao mesmo tempo sinto coisas pelo Peeta que nunca senti com Gale. O que eu faço? — pergunto chorosa enquanto ela ainda acaricia meus cabelos.

— Oha filha, você realmente está uma confusão de sentimentos. Mas a melhor saída é seguir seu coração, ele sempre tem uma resposta.

— Mas e se meu coração também estiver dividido? — pergunto saindo de seu colo e sentando-me a sua frente novamente.

— Nesse caso, talvez o melhor remédio seja o tempo.

— Tempo?

— É filha, fale com Gale, diga que está confusa com toda essa situação de vocês e peça um tempo para por seus sentimentos em ordem. E então você pode analisar seus sentimentos com mais calma em relação aos dois. Ver com quem você se sente mais segura, mais feliz. Com qual dos dois você não conseguiria viver sem. Tenho certeza que você vai conseguir. — diz acariciando minhas bochechas — Quanto ao Peeta, se algo realmente grave aconteceu com ele, não fique tocando no assunto ou insistindo para que ele lhe conte. Isso só o machucará mais.

— Muito obrigada mãe. — agradeço e a abraço bem apertado — Não sei o que seria de mim sem você.

— Provavelmente uma desmiolada que nem a Johanna. — diz me fazendo rir — Bom. Agora o que acha de dormir, hein? Já está bem tarde e você tem aula amanhã cedo mocinha. — ela acrescenta sorrindo, isso me lembra de quando eu era bem pequena e tinha um pesadelo, ela sempre estava aqui para cuidar de mim.

— Você canta pra mim mãe? — pergunto sorrindo e ela beija a ponta de meu nariz.

— Como nos velhos tempos?

— Como nos velhos tempos. — afirmo. Deito-me e ela se deita ao meu lado me aconchegando em seus braços, enquanto começa a cantarolar. Como nos velhos tempos.

We follow the river down into the stream (Nós seguimos o rio para dentro do córrego)
That's where my dream began (É onde meu sonho começou)
I left my worries to the people who stare (Deixei minhas preocupações para as pessoas que ficaram)
And dreamed without a care (E sonhei sem cuidado)

That I'd always be beside you (Que eu estaria sempre ao seu lado)
To watch the day and night (Para te ver dia e noite)
And we listen to the sunrise (E escutar o amanhecer)
And feel it's growing light (E sentir sua luz crescer)
And peace will come inside so quiet... (E a paz virá de modo silencioso...)

E ouvindo o doce som de sua voz cantando fui levada pela a inconsciência.

                                                           +++

Hoje era quarta-feira e por alguma razão desconhecida por nós alunos, a professora Angie resolveu juntar nossa aula de música com a de dança. Estávamos todos confusos e esperando alguma explicação.

— Bom pessoal, como vocês sabem todos os anos nós promovemos um show de fim de ano, e esse não poderia ser diferente. Só que nesse ano tivemos uma surpresa. O diretor do colégio Juilliard entrou em contato com nossa escola e disse que estaria presente, junto com alguns professores, para avaliarem o talento de vocês. Então os alunos que tiverem melhor desempenho poderão ganhar uma vaga em Juilliard. — explica a professora e os alunos vão à loucura, inclusive eu. Meu sonho sempre foi estudar em Juilliard, sempre soube que era muito difícil de entrar, mas agora eu tenho a chance de realizar meu maior sonho, e nada nesse mundo me fará desistir.

— Meu Deus! Não posso acreditar! Vamos nos apresentar para os representantes de Juilliard! — digo eufórica.

— Amiga nosso sonho pode se tornar realidade! — Madge exclama e me abraça. Madge, assim como eu, sempre teve o sonho de estudar em Juilliard, e agora nós duas estávamos a um passo de realizar esse sonho.

— Pessoal silêncio, por favor! — pede o professor Pablo — O cenário do show se passará em frente à vitrine de uma loja, que é composta por um grupo de manequins, que são encantados e eles são movidos pela música. Um dia um rapaz chamado Maxi, passa cantando em frente à loja e um dos manequins se apaixona, e conforme os dias vão se passando o rapaz também se vê apaixonado pelo manequim. Então vamos precisar de um menino e uma menina para os papeis principais e os demais farão os manequins. E para escolher vamos fazer uma audição, ver quem se encaixa melhor nos papeis principais. Então mãos a obra!

Começamos a dançar, cantar e interpretar. O professor Pablo foi nos dando instruções de como deveríamos interpretar os manequins, que devo acrescentar era bem difícil de fazer. Cantei com os meninos, cantei com as meninas e então os professores deram-se por encerrada as audições. Eu estava bem nervosa, assim como o resto do pessoal.

— Cara eu estou soando que nem uma porca. Nunca dancei tanto na minha vida! — exclama Johanna jogada no chão, nosso estado não era diferente do dela, estávamos exaustos.

— E eu então? Estou suando em lugares que nem sabia que eram possíveis! — diz Finnick apontando para seus países baixos.

— Que nojo Finnick! — diz Clove fazendo careta e nós rimos.

— Só espero que todo esse esforço valha a pena. — diz Marvel.

— Vai valer Marvel. Tem que valer. — digo e então os professores nos chamam.

— Já temos os papeis escolhidos. Johanna, Marvel, Glimme e Madge serão os manequins. — diz Angie e meus amigos comemoram — Cato, Finnick e Gale serão os amigos de Maxi...

— E quem fará os personagens principais? — pergunta Glimmer interrompendo a professora.

— Peeta e Katniss. — diz e meu queixo cai. Eu serei uma das personagens principais? Ai meu Deus eu vou enfartar!

— Mas isso é injusto professora. Eu canto melhor que a Katniss! — Glimmer fala indignada.

— A questão não é quem canta melhor Glimmer, e sim, quem se saiu bem em todos os aspectos, cantando, dançando e interpretando. Katniss e Peeta foram muito bem e merecem o papel principal. — fala o professor Pablo. Glimmer continua resmungando, mas não pode fazer nada. Lanço-lhe um olhar de "perdeu vadia" e ela praticamente solta fogo pelos olhos.

— Continuando, os demais que não foram citados serão os figurantes, que estarão presentes nas partes musicais que envolvem todo o grupo. Por enquanto é só isso pessoal, os ensaios para o show começarão somente depois das férias do meio do ano, então se preparem. Nos vemos na próxima aula. — o professor Pablo diz encerrando a aula.

— Isso é muito injusto! Eu canto muito melhor que essa aí. — diz Glimmer me fuzilando com os olhos.

— Ah Glimmer se enxerga, se a kat está no papel principal é porque ela merece, então engole a inveja. — diz Clove com um sorrissinho de deboche.

— Clove tem razão Glimmer, se a Kat conseguiu o papel principal é porque ela merece. Agora eu não entendo é como o Peeta pode ter ficado com o papel principal, sendo que a voz da Kat fica muito melhor com a minha. — diz Gale encarando Peeta.

— Bom. Como o professor disse, o desempenho do Peeta foi bem melhor que o seu. — diz Johanna.

— Olha aqui Johanna, ninguém te chamou na conversa! — diz seco.

— Que foi? Está nervosinho porque o Peetoso vai cantar com a Kat ou está com medo da Kat se apaixonar por ele? Hein grandalhão? — pergunta ela o provocando. Olha que amiga fui arrumar! Em vez de me ajudar, ela coloca é mais lenha na fogueira.

— Johanna! — a repreendo.

— Que foi? Nossa gente foi só uma brincadeirinha.

— Brincadeira de muito mau gosto isso sim! A Kat jamais me trocaria por um panaca que nem o Peeta. — Gale diz convencido.

— Espera aí cara. Você não gostar de mim até entendo, mas me ofender já é outra coisa. — Peeta diz serio.

— Ah é? E você vai fazer o quê? — Gale rebate o desafiando.

— Gale será que dá pra você parar de ficar provocando o Peeta?! Mas que saco! Ele não tem nada haver com isso. — digo exasperada, nossos amigos ficam só nos observando. Nem pra ajudar esse bando de covardes.

— Você agora vai ficar defendendo ele Katniss?!

— Será que dá pra você parar? — pergunto tentando-me acalmar.

— Não. Não vou parar, dês de que esse cara chegou aqui minha vida tem virado um inferno! — exclama voltando seus olhos para Peeta.

— Olha cara, se você não gosta de mim tudo bem, você está no seu direito. Mas agora ficar me culpando por sua vida está uma merda, já é demais! Não tenho nada a ver com isso! — exclama Peeta o encarando.

— Minha vida está uma merda sim! E é por sua culpa sim! A Kat que é ingênua demais e não percebe, mas eu sim! Eu sei que você quer tirar ela de mim, mas eu não vou permitir! — Gale diz meio alterado.

— Quer saber Gale? Cansei, vou dar uma volta pra esfriar minha cabeça e não me segue! — aviso saindo em passos rápidos.

Ah! Que se foda ele, que se foda todo mundo! Poxa estava tão feliz por ter conseguido o papel principal, mas aí ele vem com os showsinhos dele e estraga tudo! Um minuto de paz senhor, é o que eu te peço, só um minuto de paz, por favor.

Sigo pelos corredores até chegar ao pátio, sento-me em baixo de uma árvore e fecho os olhos. Mesmo depois de conversar com minha mãe, não consegui criar coragem o suficiente para pedir um tempo a Gale. Sei que ele vai pirar, mas não suporto mais essa nossa relação. Estou sufocando cada vez mais com seus ciúmes. Sinto alguém sentar-se ao meu lado e abro os olhos, Madge.

— Como você está amiga?

— Meus pensamentos estão a mil Mad.

— Quer me contar o que está se passando nessa cabecinha? — pergunta com um leve sorriso, então começo a contar tudo, todas as minhas duvidas, meus sentimentos em relação à Peeta, as brigas cada vez mais constantes com Gale. Sobre minha conversa com minha mãe e sem perceber, estou chorando ao concluir a história. Ela me abraça e ficamos alguns minutos em silencio.

— Sabe kat, a tia Clara tem razão. Você precisa de um tempo para pensar. E esse tempo vai fazer bem não só para você como para Gale também, ele precisa amadurecer um pouco, deixar de agir como um moleque.

— Eu sei Mad. Só me falta coragem pra isso. — digo olhando para o chão e ela segura em meu queixo, obrigando-me a encara-la.

— Hey, cadê minha melhor amiga alegre e brincalhona que é capaz de enfrentar tudo e todos?

— Acho que ela tirou férias. — faço piada e ela ri.

— Olha Kat, vou ser sincera com você. Você sabe que nunca aprovei esse seu namoro com Gale, mas eu sempre respeitei sua escolha porque eu sabia que você gostava dele. Mas agora você está dividida ente ele e o Peeta, certo? — afirmo com um aceno de cabeça — Uma vez eu li em um livro a seguinte frase: Se você acha que ama duas pessoas ao mesmo tempo, escolha a segunda. Porque se você amasse a primeira de verdade, não haveria uma segunda. Talvez se você realmente amasse Gale como diz, não estaria sentindo essas coisas por Peeta. Porque o verdadeiro amor é diferente. Você pode gostar de varias pessoas, mas amor, amor de verdade você só sente uma vez na vida e ele é pra sempre. Pense nisso, ok? — diz acariciando minha bochecha, depois sorri e se levanta estendendo a mão pra mim.

— Prometo que vou pensar. — digo segurando sua mão e caminhamos em direção ao refeitório. O caminho inteiro fico refletindo sobre as palavras que Madge me disse, talvez ela esteja certa, se eu amasse Gale de verdade, eu não sentiria o que sinto por Peeta. Mas se eu não amo Gale, que tipos de sentimentos são esses que venho sentindo em relação a ele durante esses dois anos? Isso não é só paixão. Paixão não dura tanto tempo.

Chegamos ao refeitório e nos aproximamos da mesa de nossos amigos, mas ao chegarmos na mesma vejo Johanna em pé, com as pernas cruzadas e pulando, enquanto o resto do pessoal ri.

— O que você tem Joh? — pergunto tentando reprimir o riso com a cena.

— Eu preciso, muito, muito, muito mesmo ir ao banheiro. — responde sem para de pular.

— E por que você não vai? — pergunta Madge franzindo o cenho.

— Porque ela apostou 100 pratas com o Cato, alegando que conseguia beber sete latinhas de coca-cola e aguentar 30 minutos sem ir ao banheiro. — resonde Marvel rindo.

— E quantos minutos ela ainda tem que aguentar? — pergunto.

— Vinte. — responde Clove e explodo em gargalhadas junto de Madge, só a Johanna mesmo pra fazer uma aposta como essa.

Vinte minutos depois o intervalo acaba e Johanna sai correndo igual uma maluca até o banheiro. Como nosso tempo era vago fomos assistir os meninos treinarem.

— Gente estou começando a ficar preocupada com a Joh. Será que ela morreu dentro do banheiro? — pergunta Annie preocupada.

— Nós não teríamos tanta sorte assim minha cara Annie. — debocha Clove nos fazendo rir.

— Aí vem ela. — digo ao notar Johanna entrando pelas portas do ginásio.

— E então, como está se sentindo? — pergunta Madge.

— Aliviada. — responde com um enorme sorriso no rosto — E 100 pratas mais rica. — completa nos fazendo gargalhar.

Voltamos nossa atenção para os meninos e o treinador estava os dividindo em dois grupos. O primeiro era composto por Gale, Brutos, Trash, Gloss e Nico. E o segundo por Peeta, Finnick, Cato, Marvel e Jonny. E então o jogo começou. A disputa estava acirrada, quando o time de Peeta marcava ponto o de Gale também. Johanna começou a gritar que nem louca para os meninos ganharem do time de Gale. Já deu pra perceber que ela não gosta muito dele né?

— Joh para de gritar. — peço pondo as mãos em meus ouvidos, seus gritos estavam me deixando surda.

— Para de gritar o cacete! Eles não podem perder. ANDA LOGO MARVEL, ENFIA A PORRA DESSA BOLA NA SESTA. — grita mais uma vez.

— Desisto. — digo erguendo os braços em sinal de rendição. Então Marvel faz a bendita sesta e ela enlouquece.

— É ISSO AÍ GOSTOSO, ACABA COM ESSES MOLENGAS. — grita enquanto pula.

— Mad, no próximo natal quero de presente tampões de ouvido. — resmungo fazendo as meninas rirem.

— Ah Kat, deixa de lenga lenga e vem torcer pelo Peeta. — diz Johanna de forma maliciosa e a fuzilo com o olhar — Ops. Quero dizer, deixa de lenga lenga e vem torcer pelo Gayle. — corrige em tom debochado e mesmo tentando, não consigo reprimir o riso.

As meninas também começaram a torcer e eu fico só observando, até tudo acontecer. Foi muito rápido, em um momento Peeta estava com a bola prestes a joga-la em direção a sesta, quando Gale aparece tentando rouba-la e dá uma cotovelada no rosto de Peeta, que cai no chão desacordado. Grito junto com as meninas e vamos até o centro da quadra onde ele está desacordado no chão.

— Peeta? Peeta! — o treinador Seneca o chama. Quando ele vira o corpo de Peeta vejo que seu nariz está sangrando e um medo desesperador me consome.

— Que droga! Ele está sangrando. Meninos me ajudem a leva-lo para a enfermaria. Quanto a você Gale! Conversamos depois! — diz e sai levando Peeta com a ajuda dos meninos.

— Você ficou maluco?! — pergunto praticamente gritando com Gale.

— Mas eu não fiz nada! — diz tentando se defender.

— Ah não. Só deu uma cotovelada no Peeta o deixando desacordado! — Clove diz com sarcasmo.

— Eu não fiz nada! Só fui roubar a bola, agora se ele é um fracote que não aguente uma faltinha, problema dele. — diz em um dar de ombros e meu sangue ferve.

— Você é um imbecil! Você fez aquela falta de propósito! Minha vontade agora Gale é de socar a sua cara! Mas não faço isso porque preciso saber como o Peeta está! — digo revoltada e saio a passos rápidos junto com as meninas até a enfermaria.

Quando chegamos à mesma encontramos os meninos do lado de fora da sala esperando.

— E então como ele está? — pergunto preocupada.

— Não sabemos. Seneca está com ele lá dentro enquanto a enfermeira o examina. — responde Marvel.

— Que merda deu na cabeça do Gale?! — pergunta Finnick revoltado e Annie o abraça para tentar acalma-lo.

— Sinceramente Finn? Acho que Gale está ficando louco. — digo suspirando.

— Ficando? Ele sempre foi louco, só você Kat que nunca percebeu por estar cega de amores por ele. — diz Johanna revirando os olhos.

— Talvez eu tenha me curado da cegueira. — digo atraindo os olhares de todos, mas antes que eles possam perguntar qualquer coisa à porta da sala se abre revelando o treinador Seneca.

— E então treinador, como ele está? — pergunto aflita.

— Não foi nada grave, ele só teve um pequeno corte dentro do nariz, o que explica o sangramento. Mas por ter batido a cabeça na queda vai precisar ficar de repouso. — diz passando a mão pelos cabelos.

— E podemos vê-lo? — pergunta Cato.

— Agora não. A enfermeira está cuidando do corte em seu nariz. Ela já mandou chamarem a tia dele. Agora vamos voltar pra aula, tenho que ter uma conversa seria com Gale. — diz e começa a andar, mesmo a contra gosto o sigo. Minha vontade é de ver Peeta, saber se ele realmente está se sentindo bem.

— Gale! — o treinador chama em tom seco — Você é um moleque, irresponsável que não mede as consequências de seus atos! Como você pode dar aquela cotovelada em Peeta?! Por sorte ele não sofreu nenhum ferimento grave, mas você parou pra pensar nas consequências do que estava fazendo?! Não! Porque você não pensa, você sempre age por impulso e acaba prejudicando, não só a si mesmo, como também os outros!

— Mas eu n...

— Eu ainda não terminei! Eu disse que essa era sua última chance Gale, mas como sempre você não me deu ouvidos. Então vou ser obrigado a tomar medidas drásticas.

— O que você quer dizer com isso? — pergunta Gale um pouco assustado.

— Quero dizer que você está fora do time!

— Você não pode fazer isso! — protesta revoltado.

— Claro que posso, sou o treinador. E o que você fez não tem perdão! Não quero no meu time jogadores imaturos e que jogam sujo como você! — o treinado encerra a discussão e Gale sai furioso do ginásio. Agora é a minha vez de ter uma conversa seria com ele.