Chloé Bourgeois.

Quando esse nome é pronunciado, todos correm com medo de que algo ruim aconteça com eles.

Ou eles lembram da "filha do prefeito" e viram a cara. Sem vontade de serem tratados mal.

Honestamente não os culpo. Eu também fugiria de mim mesma, já que evidentemente sou uma pessoa horrível, e até meu pai sabe disso. Mas existe uma pessoa que acredita que há bondade em mim, alguém que não sei como e nem porque resolveu me dar uma chance de me redimir. Não sei quem é essa pessoa, mas eu quero muito agradecê-la por ter me dado o Miraculous.

Quem sabe agora como Queen Bee, posso ajeitar o que Chloé Bourgeois bagunçou.

*****

A primeira coisa que fiz após ganhar meu Miraculous foi gritar. Não me culpe. Um bichinho voador não identificado para na minha frente e diz "Olá", o que mais eu poderia fazer?

Logo depois, esse bichinho - que disse se chamar Beezy - falou que era um kwami e eu poderia ser uma super-heroína assim como Ladybug e Chat Noir. Como era de se esperar, achei um máximo e que eu era a pessoa certa para o trabalho. Mas quando Beezy me explicou que um tal de Mestre dava os chamados Miraculous às pessoas boas para que elas sejam heroínas, comecei a questionar algumas coisas.

Eu não sou uma pessoa boa, então porque ganhei um Miraculous?

Essa pergunta ficou na minha cabeça e esse é um dos motivos para eu não ter me transformado durante dois meses. Eu não queria ser a Queen Bee, pois eu sabia que não merecia, mas também fui mesquinha demais para repassar o Miraculous.

E essa sou eu: Egoísta, fútil e mimada.

Beezy disse que fui escolhida por algum motivo. Que há alguma bondade em mim. Entretanto, não sei se consigo concordar com ela.

— A Chloé anda... Diferente.

— Como assim, Marinette?

— Ah Alya, você sabe. Ela parou de implicar comigo e tudo. Na verdade ela fica quieta, na dela. Não acha isso estranho?

— Que nada! No mínimo ela não ganhou alguma coisa que queria. Sabemos como aquela garota é. Daqui a pouco ela ganha o que quer e já está aí infernizando sua vida novamente.

— Alya!

— Qual é, Mari? Você sabe que é verdade. Ela nunca te deixa em paz.

— É, tem razão. - as duas foram embora sem perceber que eu escutava toda a conversa já que estava atrás do pilar.

Por um momento fiquei brava por ouvir Alya dizer aquelas coisas sobre mim, mas depois me conformei, pois sei que é verdade.

— Não fique assim Chloé, elas só estão bravas com você.

— Sei que o que elas disseram provavelmente seria verdade. - ri sem humor - Afinal, quem acreditaria que eu mudei? - a kwami nada disse, apenas me seguiu enquanto eu voltava para a sala de aula.

*****

— Você acha que eu consigo?

— Claro Chloé, é só confiar em si mesma.

— Certo então, vamos lá. - respirei fundo - Beezy, transformar! - um brilho amarelado me envolveu, me transformando em Queen Bee. Já fiz isso algumas vezes, mas em nenhuma delas saí do meu quarto. - É, acho que é isso. - fui em direção a sacada e me preparei para pular, sem antes observar à noite. A vista do meu quarto era realmente muito linda, mas a da Torre Eiffel pode ser ainda melhor.

Peguei o pião preso em minha cintura e o atirei na estrutura do prédio a frente. Se a Ladybug faz isso com o ioiô, talvez eu consiga com o pião.

Pensei que fosse morrer quando pulei, mas no ar, a sensação de liberdade tomou conta de mim. Parecia que finalmente eu estava sem ligações com Chloé Bourgeois. O que era fantástico.

Naquela noite, eu não seria ela.

**********

A família Bourgeois não poderia estar de fora da festa da nova coleção Gabriel Agreste. E Chloé não poderia deixar de usar uma das criações do mesmo para impressionar Adrien. O vestido da garota era amarelo - sua cor favorita - com alguns detalhes em branco. Em sua visão, estava perfeita. Como sempre.

Depois de cumprimentar Gabriel, seus olhos percorreram o salão em busca de Adrien. Porém ela não o encontrou, apenas avistou Nino perto da mesa de petiscos. Adrien havia convidado todos os seus colegas, mesmo que isso não agradasse muito a loira.

Chloé saiu andando pelo salão procurando Adrien e abriu um sorriso assim que o avistou. Mas seu sorriso se foi quando viu que ele conversava animadamente com Marinette.  A azulada estava linda no seu vestido vermelho - por mais que a Bourgeois odiasse admitir.

A loira ajeitou a postura e quando se preparou para interromper o momento dos dois, Rose e Juleka passaram na frente dela conversando.

— Você viu como o pai do Adrien elogiou o vestido da Marinette?

— Foi ela quem fez?

— Sim. O Nino disse que o Adrien achou ela a menina mais bonita da festa.

Chloé sentiu algo estranho ao ouvir aquilo. Inveja? Tristeza? Talvez os dois. Mas ela não estava a fim de importunar Marinette como normalmente teria vontade. A garota apenas saiu dali forçando um sorriso e foi até o jardim do local, onde haviam algumas pessoas conversando aqui e ali. A loira sentou em um banco e ficou olhando para os seus pés.

— Eu sou incrível, porque preferem aquela tonta da Marinette? - a garota bufou e ficou de pé - Não adianta ficar aqui se quero impressionar. - Chloé levantou a cabeça e colocou novamente o sorriso no rosto, porém tropeçou em um vaso de flores quando ia sair e cair no chão. - Meu vestido! - choramingou. Como a garota havia caído para trás de alguns arbustos ninguém veio ajudar, já que não era possível vê-la ali. - Mas que droga!

Quando finalmente ficou de pé, deu batidinhas de leve para tirar a sujeira do vestido, pelo menos a maior parte dela. A loira olhou e viu uma estranha caixinha preta com detalhes vermelhos.

— O que é essa coisa? - pegou cuidadosamente e virou procurando por o nome de alguém ou algo do tipo. - É uma joia? Mas não tem a marca. Não deve ser cara então. - deu de ombros e deixou a caixa no chão, saindo de trás dos arbustos. Entretanto, quando foi fazer o caminho até a festa novamente, parou e pensou. Sua curiosidade estava falando mais alto.

Chloé voltou para trás dos arbustos e pegou a caixinha. Olhou para os lados, porém não avistou ninguém, então abriu a mesma teve que tapar os olhos devido ao estranho brilho amarelo que saiu dela.

— Olá, eu sou a Beezy. - uma criaturinha amarela e preta apareceu e Chloé não conseguiu conter o grito.

— O q-que é você? E o que vai fazer comigo?

— Eu sou uma kwami e vou fazer de você uma heroína.

— Heroína?

— Sim. Você foi escolhida para ser a Queen Bee.