Shake It Out escrita por Lost Satellite


Capítulo 1
Livre-se


Notas iniciais do capítulo

Olá,

Título da short fic baseada na música Shake It Out - Florence + the Machine (https://www.youtube.com/watch?v=RCWnVznnWcs)

Boa Leitura!



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Ted Lupin não sabia muito sobre os pais, com exceção do que as pessoas lhe contavam. “Eles eram corajosos” ou “Eles deram tudo para que você pudesse crescer em um mundo em paz”. Seu padrinho lhe contará dúzias de vezes à história de quando seus pais haviam se conhecido, como seu pai havia relutado em aceitar o fato de que era apaixonado por sua mãe, o medo dele por conta da mutação de lobisomem, mas nada disso parecia o bastante. Ted precisava de mais, precisava dos pais.

Ainda lembrava-se de sua avó lhe contando que os mortos não podiam voltar à vida, morto era morto, Ted sabia.

Com o passar dos anos a saudade foi dando espaço para um novo sentimento na vida de Ted, a culpa. Sentia-se culpado quando não conseguia montar mentalmente o rosto de seus pais ou imaginar suas vozes, sentia culpa por esquecê-los pouco a pouco. Às vezes passava noites em claro na cama remoendo um futuro imaginário. Que conselhos seu pai teria para ele, ou o que sua mãe acharia de sua nova namorada, quando Ted se formasse na escola iria enchê-los de orgulho, seguiria a profissão do pai, ou quem sabe da mãe?

Encarava o reflexo no espelho, os cabelos azuis como sempre gostava lhe lembravam de sua mãe, uma cicatriz pequena sobre a sobrancelha lhe lembrava de seu pai. Tantas lembranças, mas não eram reais, por mais esforço que fizesse era impossível lembrar-se de algo que ele nunca havia vivido. Ted sentia saudade de uma vida que ele não viveu, e aquilo parecia abrir pequenos furinhos em seu coração.

“Ted, você parece tanto com sua mãe” um fato que ele aceitava, mas nunca saberia de verdade como era.

“Ted é inteligente como o pai” ele gostava de imaginar que era um pouco dos dois, um amontoado de características e projeções, mas quem era Ted?

O garoto órfão. O cara dos cabelos azuis. O filho de Ninfadora e Remo. Seus pais eram grandes, seria ele capaz de tamanha grandeza também?

“Deixe o passado no passado” certa vez sua avó lhe disse. O problema para Ted não era deixar o passado para trás, mas era não conseguir se identificar com ele, desconhecer, não aceitar.

É sempre mais escuro antes de amanhecer. Livre-se, livre-se, livre-se. Repetia aquilo mentalmente. Teve a sensação de andar arrastando os corpos de seus pais consigo durante todos esses anos, ele precisava livrar-se do peso, da culpa, da mágoa.

Deu passos pesados e lentos, encarou a lápide de pedra fria. Pai e mãe amados. Amados, Ted queria sentir-se assim em relação a eles, amado. As lágrimas escaparam furtivas de seus olhos. “Eu os perdoo”.

Imaginou por alguns segundos uma conversa silenciosa com eles.

“Eu os perdoo por terem me deixado, por terem partido, não me importo com o motivo. Vocês morreram e eu fiquei sem pais, mas eu os perdoo.”

Ted sabia que a ausência deles o acompanharia para sempre, a saudade nunca ira passar, mas ele se livrou da culpa por não ter os pais, a culpa de ter ficado órfão.


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Notas finais do capítulo

Olá,

Ted sentia culpa por ser órfão, ás vezes você não precisa ser culpado pra sentir culpa, é só que a saudade tem maneiras estranhas de afetar as pessoas.

Obrigada por ler.



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