Tão Perto... Tão longe... escrita por Esmaryn


Capítulo 6
Vagalumes


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Aqui está mais um capítulo e pra quem não sabe, eu tbm posto no spirit, com o mesmo nickname. Boa leitura!



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Duas semanas e meia se passaram e eu continuava com a sensação de vazio e desconforto. Sasuke não tinha mais gritado comigo durante esse tempo, ele continuava de repouso por conta dos olhos, o máximo que nos falávamos era quando eu levava comida para ele e quando íamos dormir. 

Uma noite eu havia acordado com Sasuke me abraçando pela cintura, não comentei nada com ele no outro dia, mas passei o dia enrubescendo sempre que ele estava perto. Agradeci culpadamente por ele não poder me ver.

Hoje eu iria retirar seus curativos. Já estava me preparando no laboratório.

— Tem certeza de que não trocou os olhos na hora de colocar? – disse Suigetsu num canto do laboratório improvisado – porque ia ser hilário um Sasuke com estrabismo.

— Cala a boca. – Sasuke resmungou do catre.

— Parem, por favor. – falei indo até Sasuke.

Com um cuidado exagerado, eu retirei todas as ataduras.

— Pode abrir. – disse para o moreno.

Lentamente ele abriu os orbes negros e me olhou.

— Como está? – perguntei.

— Nada está embaçado.

— Ótimo. – sorri.

Organizei o que eu havia bagunçado e saí junto com Suigetsu, fomos para a cozinha fazer o jantar.

Eu sempre me sentia revigorada quando uma cirurgia dava certo. Sempre amei ajudar as pessoas. E por isso eu estava com um sorriso bobo no rosto.

— É tão bom assim ser médica? – Suigetsu adivinhou meus pensamentos.

Sorri e disse:

— Você nem sabe o quanto.

Sasuke’s POV

Nestas duas semanas de completa cegueira, Sakura havia sido meus olhos. Eu às vezes a mandara ver como o tempo estava lá fora, só pra mostrar que, de certa forma, eu confiava nela.

Não sei exatamente quando fiquei certo de que podia confiar nela, mas fiquei, e me sentia bem com isso.

Quando ela retirou meus curativos, a primeira coisa que vi foram seus olhos, estavam brilhantes... De um jeito que os meus jamais ficariam.

Assim que Sakura e Suigetsu saíram, Juugo entrou no laboratório. Ele se encostou na parede e me fitou.

— O que é?

— Você agradeceu?

— O quê?

— Ao menos agradeceu à Sakura por tudo que fez por você até agora? Porque é o mínimo que ela merece.

E então ele saiu do quarto.

Pensei no que ele disse. Era verdade, eu nunca tinha agradecido verdadeiramente pelo que ela estava fazendo.

Respirei fundo e fui para a cozinha, onde eu sabia que ela estaria.

Sakura sorria e mexia algo no forno ao mesmo tempo. Encostei-me na porta e chamei suavemente.

— Sakura?

Ela se virou, o sorriso sumindo.

— Sim?

— Vem comigo.

Suigetsu emitiu um pequeno rugido de desgosto enquanto Sakura vinha para perto de mim.

Comecei a andar na direção da sala onde discutíamos estratégias e outras coisas e onde Sakura havia estado pela primeira vez. Seguimos pelo corredor que desembocava numa câmara, a qual eu havia proibido tanto Juugo quanto Suigetsu de irem, era um lugar particular. E eu gostava de ir ali às vezes.

Sakura estava hesitante atrás de mim, eu podia sentir certa tensão da parte dela.

A câmara dava num pequeno riacho subterrâneo, havia alguns buracos dos lados, por onde entrava uma pequena quantidade de luz, o suficiente para que refletisse na água, dando a impressão de vários diamantes submersos. Mas não foi isso que fez com que Sakura levasse as mãos à boca, foi o teto. Este era baixo e curvado, já estava aqui quando Tobi achou esse lugar, e era repleto de vagalumes brilhantes, dando um brilho mágico à caverna.

— O que são? – ela sussurrou.

— Vagalumes.

— É lindo, Sasuke-kun. – ela estava encantada com a visão.

— Sim... É lindo.

E então eu percebi que a encarava, a luz fraca da caverna deixava seus olhos de esmeraldas mais escuros do que nunca, seu cabelo estava num tom mais escuro que o normal também. Ela se virou para mim.

— Por que me trouxe aqui?

— É a minha maneira de agradecer por ser tão paciente comigo.

Ela sorriu. O sorriso mais radiante que eu já havia visto, tão cheio de vida e de alegria.

— De nada.

Reparei em como ela inclinava o queixo para cima para poder falar comigo. Ela era pequena, e tinha aparência frágil e quebradiça, mas eu sabia que era só aparência.

Sem pensar nem por um momento, eu segurei o pequeno rosto com uma das mãos e o trouxe para mim. Ela ficou estática quando meus lábios encontraram os dela, mas depois de um segundo entreabriu a boca me dando passagem. Eu a puxei mais para perto e ela envolveu meu pescoço com os braços pequenos.

Não sei por que a estava beijando, mas sabia que não queria parar. Sakura era doce e quente de um modo viciante. Eu a ergui pela cintura e sorri ao notar que ela estava nas pontas dos dedos. Continuei beijando-a, sentindo seus dedos se enrolarem no meu cabelo, porém, infelizmente, precisamos de ar. Nos separamos arfantes, sua face estava tão escarlate que me fez sorrir.

— Sasuke-kun... – sua voz saiu tremida.

Quando me afastei para olhá-la percebi que estava chorando. É a primeira vez que beijo uma garota sem esperar que ela vá para a cama comigo, e a faço chorar! Se eu já não estava entendendo nada antes... Agora piorou.

— Sakura... O que houve? – tentei manter a firmeza na voz.

Ela enxugou as lágrimas e me olhou, sorriu e disse:

— Eu só estou feliz... Um pouco confusa, mas feliz. – ela sorriu mais ainda.

Fui tomado por um alívio sem medida quando ela disse isso. Forcei meu rosto em um sorriso. Saber que ela estava feliz me deixava bem, eu ainda não sabia por que, era como se eu dependesse dela de alguma forma.

— Isso é bom. – eu ainda estava perto o suficiente para sentir a respiração dela.

— É... – ela suspirou.

Inconscientemente eu segurei uma mecha de cabelo dela entre os dedos. Por alguma razão eu gostava de sentir a maciez dele. Sakura definitivamente mexia comigo.

— Sakura-chaaaaan! Acho que a comida está queimando. – ouvimos a voz de Suigetsu vinda da entrada da câmara.

— Ah meu Deus! Eu quase esqueci! – ela falou se soltando de mim e correndo para fora da caverna subterrânea. No meio do caminho ela parou e olhou pra trás – você vem?

Assenti e a segui para fora.

— Onde você estava? – Suigetsu perguntou quando aparecemos no corredor.

— Ah, eu... – ela ficou incrivelmente rubra.

— Não é da sua conta, Suigetsu. – falei com a voz fria.

— Ele te machucou? – perguntou para ela.

— Não! – ela pareceu irritada – por que ele me machucaria?

— Por que é isso que ele faz com as pessoas que gostam dele. – ele me lançou um olhar afiado antes de se virar e seguir para a cozinha com passos largos.

Sakura parecia sem fala.

— Apenas ignore. – falei a empurrando levemente em direção ao corredor escuro e largo.

Naruto’s POV

— Então é isso? Vão simplesmente desistir?! – gritei.

— Faz quase um mês que Sakura foi raptada, e até agora não chegamos nem perto de encontrá-la, Naruto. E nós nem sabemos se ela está... – Kakashi se conteve.

— Se ela está viva? Sasuke não a machucaria. Você ouviu Kakashi-sensei, ele disse que daria mais um motivo para eu querer enfrentá-lo. Ele não a machucaria... – minha voz falhou no fim da frase.

— Naruto, fomos avisados de que um membro poderoso da Akatsuki está vindo até Konoha, precisaremos de reforços. Ainda não nos recuperamos completamente do estrago causado por Pain.– Tsunade me olhou, estava com os ombros tensos – Logo mais haverá uma guerra, e por mais que a Sakura seja como uma filha para mim, não posso arriscar deixar as pessoas dessa vila sem proteção. Sakura é uma kunoichi, ela sabe se virar, e se o que Sasuke disse for verdade, ele não fará nenhum mal a ela, por isso eu não vou mandar mais nenhum grupo de busca atrás dela. Sinto muito.

— Eu não acredito... Pensei que você entenderia Tsunade-sama... Pensei que amasse a Sakura-chan!

— Naruto, não... – Kakashi-sensei começou a dizer.

— E eu a amo! – a Hokage se levantou, e pela primeira vez desde que eu entrara naquela sala eu a olhei de verdade nos olhos, e, para minha surpresa, estavam com lágrimas. – Acha que não sofro com o fato de ela estar sumida tanto quanto você?! Mas não posso arriscar a vida de uma ninja por várias de pessoas inocentes! Eu a amo, Naruto, a amo muito.

— Tanto quanto amava o Mestre Jiraya! – eu não segurei nem um pouco o sarcasmo na voz.

Virei-me e saí da sala. Eu pude sentir o olhar choroso da Tsunade nas minhas costas, mas não me permiti fitá-la novamente.

Praticamente um mês. É o tempo que a Sakura-chan está desaparecida. No dia em que ela foi sequestrada, Kakashi, Sai, Kiba, Lee e eu fomos atrás dela. Kiba tentou rastreá-la pelo cheiro, mas foi em vão, assim como a tentativa de Sai de encontrá-la voando.

Passamos três dias inteiros procurando, já estávamos exaustos. Por isso Kakashi decidiu que era melhor voltar pra Konoha, que já havia sido avisada do que tinha acontecido, pois Yamato havia levado uma garota ruiva para lá como prisioneira e informado à Hokage nossa situação.

No mesmo dia em que chegamos à vila, Tsunade mandara um grupo de ninjas rastreadores para encontrá-la, e , quando voltaram sem notícia nenhuma ela mandou ANBUs, que voltaram apenas com uma ideia de onde Sakura podia estar o que não nos ajudou muito.

Sentei-me no gramado, debaixo de uma árvore grande, nos limites de Konoha.

Primeiro Sasuke, depois Jiaraya-sensei e agora a Sakura-chan. Todos, um a um, estão sumindo da minha vida com a mesma rapidez com que apareceram. Isso não é nem um pouco justo.

E o fato de a Tsunade não querer mandar nenhum outro esquadrão de busca atrás da Sakura só piora as coisas… Se ao menos eu pudesse fazer alguma coisa eu…

Então uma ideia me veio em mente, no entanto precisaria de ajuda para executá-la.

Sakura’s POV

A minha relação com o Sasuke-kun não parece ter mudado muito desde dois dias atrás. Tudo bem que ele está mais gentil comigo, eu não sou mais algemada e ele também não gritou comigo nenhuma vez até agora, mas também não me beijou mais, nem afirmou nada entre nós, o que está me deixando um pouco desconfortável, principalmente quando vamos dormir e eu acabo encostando nele sem querer na cama.

Eu estava presa em meus pensamentos enquanto fazia o almoço – algo que Sasuke também passou a permitir que eu fizesse sem reclamar –, Suigetsu normalmente ficava me observando, mas hoje ele estava vigiando a entrada da caverna, já que Juugo estava fora e Sasuke tinha ido treinar pela manhã, mas ainda não havia retornado.

— Se você já não cozinhasse pra mim eu te contrataria. – Suigetsu apareceu na entrada.

— Ah, oi Suigetsu-kun. – sorri – Não devia estar na entrada da caverna?

— O Sasuke e o Juugo já voltaram. Acho que se encontraram no caminho.

— E onde eles estão?

— O ruivo ficou lá fora e o seu namorado ta tomando um banho eu acho, ele tava coberto de terra.

Meu corpo ficou rígido e meu rosto esquentou no momento em que ele pronunciou a palavra “namorado”.

— E-Ele não é meu n-namorado. – desviei o olhar.

— Talvez. – ele se sentou à mesa. — Sasuke acha que sou apaixonado por você.

Parei o que estava fazendo e me virei para ele.

— E você é?

— Gosto muito de você Sakura-chan, mas não a amo, no entanto é legal pensar que tenho uma arma contra Sasuke. — ele riu e eu também, um pouco aliviada.

— É bom ter você para conversar, embora eu am… quer dizer, goste muito do Sasuke-kun, ele não é de falar. E odiaria que um amor platônico nos separasse. — sorri para ele e dei uma piscadela.

Suigetsu riu alto e depois me fitou por um tempo.

— Sakura-chan, saiba que você é como uma irmãzinha para mim. A garota que eu gosto é meio difícil.

— Gosta da Karin, não é? — falei e ele ficou surpreso.

— Como você…

— Ora Sui, você fica corado sempre que tocamos no nome dela, além de ter ficado incrivelmente pálido quando Sasuke disse que estava morta.

— Bom, eu poderia ficar assim com qualquer um e… — eu o olhei com uma sobrancelha erguida e ele suspirou — certo, eu a amo, mas ela me ignora totalmente. É uma das tietes do “Sasuke-kun”. — ele disse fazendo uma careta.

— Ei! — Eu sorri e joguei água nele. — Eu sou uma das tietes do Sasuke-kun. — imitei sua careta.

Ele riu e ergueu as mãos pedindo desculpa.

Ainda estávamos rindo quando Sasuke entrou na cozinha e nos fitou com o semblante sério, ergueu uma sobrancelha, como se perguntasse qual era a graça. Eu e Suigetsu apenas balançamos a cabeça e eu voltei ao almoço. Sasuke estava com os cabelos negros molhados, usava uma camisa fina de algodão branca e calças pretas folgadas. Ele olhou mais uma vez pra mim antes de se sentar e um pequeno sorriso se formou em seus lábios, mas assim que seus olhos voltaram a encontrar os de Suigetsu o sorriso desapareceu.

— Suigetsu. – Sasuke o cumprimentou com um olhar frio.

 Suigetsu me olhou de relance e eu lembrei do que havia dito sobre Sasuke achar que ele gostava de mim e não pude evitar sorrir.

—Eu vou chamar o Juugo. – falei ainda sorrindo.

— Ele saiu de novo, provavelmente só vai voltar amanhã. – falou ainda fitando Suigetsu.

— Ah. – pigarreei tentando manter a voz firme – Estão com fome?

— Morrendo. – Suigetsu lançou um último olhar a Sasuke, que se sentou à mesa, e veio até mim. – Precisa de ajuda?

— Pode por a mesa, por favor? E onde está o Zetsu?

— Com Tobi. – disse Sasuke.

A simples menção do nome do cara mascarado me fez estremecer.

O almoço se seguiu silencioso e com uma incrível tensão no ar. Eu havia sentado do lado de Sasuke, e de vez em quando eu o pegava me encarando, mas ele não desviava o olhar como uma pessoa normal faria, apenas continuava a me encarar até que eu ficasse vermelha e virasse o rosto.

Quando terminamos, Suigetsu foi ficar na entrada da caverna e Sasuke-kun permaneceu sentado.

Eu sabia que meu rosto estava ficando cada vez mais vermelho, por isso eu resolvi ir lavar a louça.

— Quer saber por que não te beijei de novo desde aquele dia? – ele perguntou com a voz mais calma do mundo.

Um copo escorregou da minha mão e caiu na pia, por sorte não quebrou.

— T-tudo bem, não tem que me explicar nada. Não me importo se você não me beijar, eu...

Interrompi-me quando os dois braços de Sasuke me prenderam entre a pia e ele. Nossos corpos estavam um contra o outro.

— Não se importa? – seus lábios roçaram minha orelha quando ele falou – acho que está mentindo... Aposto que não diria isso dois dias atrás. – pelo tom de voz eu sabia que ele estava com um sorrisinho de canto.

— S-Sasuke-kun... Eu... – eu estava realmente sem fala. Ele estava tão perto…

— Sakura, não houve um momento em que eu não quisesse beijá-la, no entanto poupei a mim mesmo de tal prazer por tudo que disse e fiz para você. Só que é impossível continuar resistindo. Sabe como é horrível dormir na mesma cama que você? Seu cheiro me deixa desnorteado e eu… Eu preciso me levantar no meio da noite e tomar banho para me manter lúcido.

Eu sentia a voz dele como se fosse veludo contra minha orelha. Ele realmente sentia todas aquelas coisas por mim?O que ele diria então se soubesse o que apenas vê-lo causava em mim?

— Você… Você tem essas mudanças de humor sempre ou é só comigo?

Ele riu e me virou de frente para ele já tomando meus lábios. Dessa vez ele não se importou de ser delicado, apenas me beijou com bastante vontade. Eu logo retribuí, agarrando a frente da camisa dele, eu o trouxe mais para perto (mais do que já estávamos). A sensação dos lábios dele contra os meus, da sua língua percorrendo minha boca fazia minhas pernas tremerem, agradeci por estar encostada na pia.

Quando finalmente nos separamos eu apoiei minha testa em seu peito. Estávamos igualmente arfantes.

— Tem… que ter um motivo pra… você mudar assim do nada.

— Você tem bagunçado minha vida desde que eu resolvi te trazer pra cá. Eu não sei o que acontece comigo quando estou perto de você… meu corpo age sozinho, e eu preciso controlá-lo, mas às vezes não tem jeito. Desculpe-me…

— Desculpar? Pelo quê? – levantei meu olhar.

— Por tudo que fiz.

— É bom mesmo que você… Maldição… você me causou tantos problemas… Idiota… – uma lágrima escorreu e eu tratei de limpá-la logo.

— Você sempre faz isso? – Ele perguntou

— Isso o quê?

— Você sempre chora quando alguém te beija?

— Bem… Você foi o único que me beijou até agora. – corei levemente.

Ele sorriu, mas não seu famoso sorriso de canto, sorriu de verdade, mostrando as fileiras de dentes incrivelmente brancos.

— Vem comigo. – ele pediu e começou a se afastar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram??? Eu amei kkkkk.
Assim, eu não vou poder postar amanhã, mas vou tentar postar até terça. Até lá um beijão pra vocês! Lindas! *O*