Segundo ato escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 18
Segundo ato II




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POV Ginny

Que o tempo passa rápido quando tudo está muito bem, é de conhecimento geral, mas as últimas três semanas me confirmaram isso de uma vez por todas. Os dias simplesmente voaram, e meus finais de semana, subitamente mais interessantes, pareceram durar apenas um piscar de olhos.

Ir devagar e não apressar nada é extremamente difícil quando a pessoa envolvida já passou por todos esses estágios com sucesso tantos anos atrás, mas estávamos fazendo nosso melhor, e ainda assim falhando miseravelmente. O que dissemos que seriam encontros semanais já eram finais de semana inteiros, que por algum motivo sempre aconteceram na casa dele.

Nunca realmente conversamos sobre o fato de não nos vermos em nossa casa, mas acho que ambos concordávamos que começar com um lugar neutro era o melhor a se fazer. Fora que criar memórias pelo apartamento dele era uma tarefa que agradava a ambos.

Na quarta sexta-feira, no entanto, troquei nosso jantar juntos por um encontro com o Nev, que já estava me cobrando isso já pelo menos duas semanas inteiras. Luna não compareceria dessa vez, porque tinha algum tipo de encontro com os amigos do trabalho, então seríamos só nós dois em nossa pizzaria preferida.

Ele chegou primeiro, como sempre, e aproveitou a vantagem de já estar lá para pedir nossas entradas e meu suco de sempre, visto que eu ainda precisava dirigir.

—Chegou cedo hoje, tem algo errado? - Ironizou quando me abaixei para dar um beijo em seu rosto, quinze minutos depois do horário combinado.

—Só evitando que você coma a minha parte também.

Me acomodei em frente a ele e puxei para mim um dos pãezinhos preferidos.

—Pedi a de sempre.

—Ótimo, estou faminta. - Tomei um gole do meu suco, tão gostoso como sempre.

Por minutos a fio jogamos conversa fora e nos dividimos entre aperitivos, bebidas e fatias da melhor pizza de salmão do mundo, até que a conversa se tornou mais pessoal. Ouvi com atenção e opinei sempre que necessário enquanto ele me contava sobre uma briga que teve com Luna na semana anterior, por um motivo tão bobo que ele mal sequer se lembrava.

—Mas vocês estão bem novamente?

—Estamos, você sabe que não dá pra ficar bravo com a Lu por muito tempo. - Ele se ajeitou na cadeira e fez uma expressão desconfortável antes de continuar. - E eu pedi desculpas, ela estava certa no fim.

—Neville assumindo a culpa, olha que milagres acontecem. - Debochei e ele me jogou um guardanapo. - Ai, idiota.

—Alguém aqui sabe assumir quando faz merda.

—Muita gente aqui sabe assumir quando faz merda, meu caro. - Corrigi e ele me olhou com ironia.

—E quais são as suas novidades? - Quis saber, enquanto puxava para o seu prato mais uma fatia de pizza.

Tentei a todo custo controlar a cara de boba enquanto dizia, mas senti meus lábios se repuxando num sorriso por vontade própria:

—Harry e eu voltamos.

—O que? - Perguntou com os olhos arregalados, eu apenas dei de ombros. - E como eu não sei disso ainda?

—Tenho andado meio ocupada esses dias, e eu queria contar pessoalmente.

—Eu não posso dizer que estou totalmente surpreso, mas a notícia chegou muito de repente pra eu não me espantar.

—Não está surpreso? - Arqueei a sobrancelha em sua direção, claramente descrente.

—Por favor, Gin, vocês não podiam nem se ver que já pulavam um no outro, como é que posso ficar surpreso assim? Ou era muito amor, ou os dois estavam sempre no cio quando se viam.

A expressão direta e nada educada dele me fez rir.

—Nossa, que lorde.

—Quem não é nada lady é você, usando a mesa da sua cunhada pra fazer saliências. Me lembre de nunca convidar vocês dois pra jantar em casa, ou então de não deixar os adolescentes sozinhos.

—Vou te lembrar, pode deixar. - Confirmei como se ambos estivessemos falando sério.

—Mas me conta isso direito, como foi? - Seu interesse mudou subitamente, e agora estávamos falando sério de novo.

Contei com os detalhes pertinentes desde o dia em que encontrei Harry jantando perto de casa até nosso encontro na casa do meu irmão, quando realmente decidimos que deveríamos ficar juntos novamente.

—Então tudo se encaixou de novo. - Falou pensativo. - Mas também qual seria o outro destino para vocês, né?

Alguns meses atrás aquela observação teria me irritado, porque o destino que eu conseguia ver para nós era cada um vivendo sua vida e praticamente nenhum contato. Agora, no entanto, eu conseguia entender o que ele queria dizer e concordava: todo aquele desencontro era o tempo nos corrigindo para que continuássemos nosso destino.

—Pois é, o que mais poderia acontecer?

—Pronto, voltou a sorrir com cara de idiota, está tudo nos eixos de novo. - O acompanhei quando riu ao final da frase. - Estou feliz por você.

—Obrigada. - Sorri cúmplice para ele, como sempre fazia quando estávamos falando sério.

—Sinceramente feliz, porque agora eu vejo que você está feliz também.

—Sim, eu estou.

—Gin, está ficando tarde, já vou para casa. - Comentou após uma olhada no relógio.

—Sim, eu já vou também.

Nos despedimos com um abraço em frente ao meu carro e Nev seguiu até o dele, estacionado a poucos metros dali. Quando entrei em casa meu relógio indicava que já era quase onze da noite, o que não necessariamente encaixava na minha definição de muito tarde, então peguei o celular e me sentei no sofá com a intenção clara de ligar para o Harry.

Como vinha sendo nesse nosso novo começo, eu nunca sabia quanto e quando era aceitável ligar ou mandar mensagens sem voltar a ser aquela pessoa de que nenhum de nós dois gostava, então na maioria das vezes esperava que ele tomasse iniciativa para entrar em contato. Eu sabia, no entanto, que deveria achar um equilíbrio e também fazer minha parte, então achei melhor completar a chamada que meus dedos tanto queriam.

—Oi, nerd. - Ouvi a voz dele dizendo naquele tom de piada, logo no segundo toque.

A menção da maneira como ele me chamava logo que começamos a sair me fez rir, e a ele também.

—Oi, míope. - Respondi da mesma forma.

—Nossa, agora você pegou pesado.

—Só entro na brincadeira se for pra ganhar, você sabe. - Comentei presunçosa.

—É, eu lembro bem. - Seu tom de mágoa era fingido. - Como foi o jantar com o Nev?

—Foi ótimo, nos divertimos bastante. Como foi sua noite?

—Fiquei preso no trabalho até quase às nove, agora estou saindo daquele restaurante onde nos encontramos.

—Perto de casa?

—Isso.

Harry ainda não tinha vindo até a nossa casa nenhuma vez depois que voltamos, e essa era outra barreira que eu queria quebrar com ele. O convite saiu antes mesmo que eu conseguisse pensar em executá-lo.

—Vem pra cá, é tão pertinho e você não precisa dirigir até o outro lado da cidade. Tenho certeza que você está cansado.

—É, estou mesmo. - Sua satisfação era tão perceptível que nem precisei que ele dissesse sim. - Aquele chocolate quente que só você faz também cairia bem agora.

—Harry, é só leite quente com achocolatado.

—Não dá pra esperar muito dos seus dotes culinários, né?

Não consegui conter a risada, e ele riu tão descontraído quanto eu.

—Vou preparar para você. Cinco minutos?

—Ou nem isso, já estou a caminho.

—Tudo bem, te vejo daqui a pouco.

—Beijos, Gin.

Encerrei a ligação e fui para a cozinha cumprir minha promessa, que consistia numa receita tão rápida que foi finalizada antes mesmo que ele chegasse, poucos minutos depois. Abri o portão automático para que ele guardasse o carro assim que ouvi sua chegada, e esperei encostada na porta até que ele descesse.

—Oi. - Falou em meio a um selinho demorado, com os braços ao redor da minha cintura.

Trocamos um beijo e um abraço antes que eu me virasse para entrar em casa. Por um segundo me perdi na divagação do que eu deveria dizer, porque um cordial “fique a vontade” me parecia muito desnecessário para a pessoa que costumava viver ali, e nada me parecia mal educado porque ele não vivia mais.

—Você sabe, a casa é sua, então qualquer coisa que queira ainda está no mesmo lugar. - Optei pelo óbvio.

—Obrigado. - Pontuou seu agradecimento com um beijo no meu rosto. - Vou querer meu chocolate quente, espero que esteja pronto.

Rolei os olhos para o seu tom de piada e fui com ele até a cozinha. Nos sentamos lado a lado enquanto ele finalizava sua bebida sem pressa e contávamos como tinham sido esses dias em que não nos vimos durante a semana. O esperei deixar o copo na pia e nos acomodamos um tempo no sofá, namorando sem pressa, até que decidimos que era melhor aproveitar o conforto da minha cama no andar de cima.

As risadas nos acompanharam nas escadas enquanto eu andava em sua frente segurando sua mão. Seguimos pelo corredor e eu ganhei um beijo no pescoço antes de alcançarmos nosso destino, ao final deste. Notei que Harry me soltou antes de chegarmos ao meu quarto, apenas poucos passos depois.

Levei a mão à maçaneta e olhei para ele antes de abrir a porta, mas este se encontrava vários passos atrás de mim, em frente à porta do nosso antigo quarto e me olhando em dúvida. Só então me lembrei que ele não sabia que eu não dormia mais ali, e embora o motivo fosse muito óbvio eu não sabia como explicar sem me sentir constrangida com essa demonstração óbvia de fraqueza.

—Esse é meu quarto agora. - Falei sem graça, indicando a porta a que eu estava apoiada.

Sua expressão de surpresa não me passou despercebida, mas ele não disse nada e caminhou até mim. Abri a porta e entrei na frente, Harry olhou a tudo em volta como se nunca estivesse estado ali antes, eu apenas esperei.

—Desde quando, Gin?

—Aquele dia foi o último em que dormi lá. - Eu não precisava explicar qual dia, nem onde era lá, estava tudo implícito.

—Oh… - Ele desviou o olhar de mim para olhar em volta mais uma vez, depois se aproximou e segurou meu rosto com as mãos. - Está muito aconchegante.

A frase tão típica de quando não sabemos o que dizer me fez rir, e a ele também.

—E vamos precisar criar umas memórias aqui agora. - Seu tom agora era maldoso.

—Já temos memórias aqui, Harry. - Rolei os olhos para ele, embora eu estivesse gostando daquela linha de raciocínio.

—Não como sendo seu quarto, então por favor me deixe criar memórias como eu quiser.

—Fique a vontade. - Tentei sorrir também, mas eu ainda estava meio graça.

—Hey Gin, não importa onde é seu quarto, podia ser até o sofá da sala acomodado na garagem, o importante é que é você.

Sua observação me dividiu entre uma risada e todas as borboletas que já estavam felizes no meu estômago, e qualquer resquício de qualquer outra coisa que não satisfação já não estava mais presente.

POV Harry

As últimas semanas tinham sido, para dizer o mínimo, ótimas. Todas as perspectivas que eu tinha a respeito dessa chance com Gin foram sendo atendidas e superadas, da mesma forma que todos os meus receios estavam sendo, aos poucos, deixados de lado.

Eu conseguia sentir quão mais confiante ela estava, da mesma forma que eu também conseguia sentir meu interesse e atenção se voltando mais e mais a ela sem que eu sequer tivesse que me lembrar disso, era natural. Mas eu conseguia sentir também certa apreensão em Ginny, embora ela nunca tenha dito nada.

Ela evitava me ligar, perguntar demais sobre o meu dia, sobre o que andei fazendo, não mandava mensagens durante o dia a menos que eu mandasse alguma coisa antes. Eu nunca havia dito nada sobre isso, mas não era uma reação natural dela e de certa forma me incomodava porque me dava a impressão de que ela não queria me incomodar ou então que estava apenas resistindo a alguma tentação de controle, como se fosse um vício. Sobre a primeira opção, não me incomodaria de forma alguma, e sobre a segunda eu realmente esperava que não fosse nada disso.

Nosso primeiro mês nesse novo relacionamento passou rápido, e com isso o natal também já se aproximava com a correria característica do fim do ano. Eu estava trabalhando mais do que tudo antes de finalmente poder aproveitar minhas duas semanas de férias entre fim de Dezembro e começo de Janeiro. Sair mais tarde do trabalho não era raro nessa época, e por esse motivo quando acordei no primeiro sábado do último mês do ano, Ginny não estava ao meu lado.

Ao contrário daquela vontade louca de sair de casa e evitar a solidão aos finais de semana, o que agora eu encontrava quando abria os olhos era a certeza de que isso não duraria muito e minha companhia seria perfeita.

O som do meu celular tocando interrompeu meus pensamentos e me fez rir ao pensar que minha primeira companhia desse dia seria pelo menos muito fisicamente parecida com a perfeição.

—Oi, Ron.

—Ei, tudo bem? Tentei te ligar mais cedo para ver se você ia comigo hoje para o futebol, mas acho que você estava dormindo.

—Sim, acabei de acordar, faz uns quinze minutos.

—Tem algo pra fazer hoje?

—Não, nada.

—Estou saindo do futebol agora, acho que vou passar aí pra matar um tempo, pode ser?

—Pode, estou te esperando.

—Até mais.

Encerrei a ligação e usei os poucos minutos antes dele chegar para ficar um pouco mais apresentável para o meu amigo e ver quais eram minhas opções para o café da manhã. Assim quando o Ron passou pela porta da sala do meu apartamento eu estava sentado no pequeno balcão, comendo algumas torradas. Ele se acomodou no segundo banco e negou quando eu perguntei se queria comer também.

—O jogo foi de matar hoje. - Comentou com ar cansado, mas satisfeito.

—Ganharam?

—Empatamos, aqueles filhos da puta estavam inspirados.

—Minha semana que foi de matar, cheguei mais tarde em casa todos os dias.

—Já te falei, Harry, você vai morrer se continuar trabalhando igual louco assim.

—Vou nada, nunca me senti melhor. - Respondi presunçoso, com um sorriso de canto.

Gin e eu tínhamos optado por deixar as coisas apenas entre nós nesses primeiros dias, nos acertamos antes de explicar e responder a perguntas das pessoas que nos rodeavam, então o Ron não sabia de nada ainda, mas eu tinha consciência que não conseguiria esconder dele por muito tempo.

—Logo você entra de férias.

—Daqui duas semanas. - Confirmei.

—Então tudo tranquilo. Vai viajar no Natal ou estará por aqui?

—Vou estar por aqui mesmo, talvez saia da cidade por alguns dias depois disso, mas não no Natal.

Ele mudou brevemente de postura antes de abordar o próximo assunto.

—Então, Mione e eu vamos fazer a festa de Natal em casa outra vez, e você está convidado também. Espero que não se importe porque a família toda vai estar lá, você sabe… - A cautela dele em fazer o convite foi engraçada, principalmente porque ele estava disfarçando o melhor que podia.

Antes que eu respondesse, meu celular vibrou no meu colo e o nome da Gin aparece como remetente da mensagem recebida. Abri o aplicativo e encontrei o seguinte texto:

“Bom dia! Ainda descansando de ontem ou já acordou?”

—Claro que não me importo, Ron, e vou estar lá com certeza. - Respondi ainda com o sorriso causado pela mensagem, e me virei novamente para o meu telefone para respondê-la.

“Bom dia! Já acordei, estou tomando café e conversando com o seu irmão. Acabei de ser convidado para o Natal. Dormiu bem?”

—Que bom, cara, você sabe que somos a sua família, então é claro que você tem que estar lá.

—Eu não passaria o Natal em nenhum outro lugar, cara, relaxa. - O tranquilizei e ele concordou com um aceno.

O anúncio de uma nova mensagem me fez olhar para baixo novamente:

“Esse ridículo! Eu ia te convidar hoje.”

Ri ao ler o texto, porque eu conseguia imaginar com perfeição a cara contrariada dela falando aquelas exatas palavras.

—Com quem é que você está saindo, hein? - Perguntou sem nem tentar esconder a curiosidade.

—Eu? Por que?

Minha tentativa de disfarçar só o deixou mais desconfiado, e sua expressão me fez rir. Ele saberia de qualquer forma, e nem eu e nem Gin estávamos nos escondendo ou algo assim, então não vi problema em aproveitar a oportunidade para contar de uma vez.

—É, eu estou, faz umas três semanas.

—Explicado então o seu sumiço dos jogos. Eu a conheço?

Ron tinha feito essa mesma pergunta pouco mais de oito anos atrás, e eu respondi com a mesma frase:

—Muito bem!

Aparentemente eu não era o único que me lembrava dessa conversa, porque ele cerrou os olhos para mim exatamente como da vez anterior, mas ainda com mais desconfiança:

—Eu já ouvi essa resposta antes.

—Já, e estamos falando da mesma pessoa. - Minha expressão de satisfação foi óbvia novamente, mas a dele não foi tão surpresa quanto da primeira vez.

—Está saindo com a Gin de novo?

—A menos que você tenha outra irmã. - Dei de ombros e nós dois rimos com a resposta.

—Idiota.

Enquanto ele ria digitei minha resposta:

“Ele foi mais rápido haha Algum problema contar sobre nós?”

—Fico feliz que vocês tenham se acertado, estava na hora de parar de dividir a família desse jeito. Mas isso é pra valer ou só uma recaída que daqui a pouco passa?

—É pra valer, Ron, já foi tempo demais longe.

Por mais que ainda fosse recente, algo dentro de mim dizia exatamente isso, e eu já tinha escolhido acreditar cegamente nesse lado.

—Que bom, Harry, de verdade. Eu preciso fazer aquele discurso todo de novo sobre como tratar a minha irmã?

Mais uma memória que nos fez rir.

—Se quiser, fica a vontade, mas eu tenho a impressão de que eu sei exatamente como sua irmã gosta de ser tratada. E além disso eu vou ter que contar pra ela de novo, e você vai ouvir de novo aquele discurso sobre como ela não precisa de um porta voz e tudo mais.

—Deixa quieto. - Ele torceu o nariz para a lembrança e ficou em silêncio para eu ler minha próxima mensagem.

“Não, problema nenhum. Mione me chamou para almoçar com eles hoje, se convida e vem também.”

A ideia de ter outro daqueles almoços descontraídos entre nós quatro me encheu de expectativa.

—Gin me disse que Mione a convidou para almoçar com vocês hoje, tem problema se eu for também?

—Não, ela já te convidou mesmo que eu sei, então não. - Deu de ombros, e eu tinha certeza que ele também estava com saudade desses momentos tanto quanto eu.

—Ok, vou só me vestir e já vamos.

Guardei as torradas que não comi no armário e o deixei sozinho tempo suficiente para trocar meu pijama por uma roupa apropriada para sair na rua, apanhei apenas meu celular e as chaves de casa e anunciei que estava pronto. Não me preocupei com as chaves do carro porque eu com certeza não sairia de lá sozinho e minha companhia não se importaria em me dar uma carona.

Quando chegamos ao nosso destino Ginny ainda não tinha chegado, o que não era nenhuma surpresa, mas Mione já havia sido informada que eu iria e não se surpreendeu ao me ver.

—Então você também vai almoçar conosco? - Me perguntou tão logo a avistei.

Se Ginny vinha e eu havia me oferecido para vir também só poderia significar uma coisa. Somando isso aos nossos sumiços, não foi nem um pouco difícil para ela somar dois mais dois.

—Não acho que você vai se importar, né? Prometo não comer muito. - Ouvi sua risada no meu ouvido enquanto ela me dava um abraço.

—Amor, você acredita que esses dois já estão se engraçando de novo há três semanas e não contaram para ninguém?

—Eu tinha minhas suspeitas. - Comentou o que eu já sabia.

—Não é que não contamos, só queríamos aproveitar esses primeiros dias sozinhos, nos acertarmos. - Me expliquei, embora eu soubesse que eles não questionariam.

—Fizeram bem. - Mione apoiou a decisão.

—Vou aproveitar que a Gin ainda não chegou e tomar um banho antes de almoçarmos.

Ron saiu da cozinha e nos deixou sozinhos, não demorou um segundo até Mione querer saber como as coisas estavam, e eu não me neguei a responder a absolutamente nenhuma pergunta, que não foram muitas e tinham o mesmo bom senso de sempre.

Nos acomodamos na sala quando Ron voltou do banheiro, ambos no sofá maior e eu de frente para eles, na poltrona que eu sempre ocupava quando estava ali. Não demorou muito após isso para que o barulho do carro estacionando em frente ao portão nos informasse que a pessoa que faltava havia chegado.

Ron se prontificou a abrir o portão, Mione continuou o que estava nos contando e eu me atentei a não sorrir demais, mas acredito que falhei. Se Gin tentou o mesmo, também falhou assim que seu olhar cruzou o meu.

—Oi, Mione. - Ela e a cunhada trocaram um sorriso cúmplice quando se cumprimentaram.

Ginny deixou a bolsa sobre a mesa de centro e veio até mim. Assim que estava na minha frente, se sentou no meu colo como sempre fazia e me deu um selinho carinhoso que fez meu coração palpitar fora do ritmo normal.

—Oi. - Falou só para mim.

—Oi, linda. - Falei também só para ela.

—É, parece que alguma coisa aqui voltou ao normal. - Ron comentou irônico, nos fazendo olhar para ele.

—Você quer dizer a parte que eles não ligam pra mais ninguém quando estão juntos? - Mione perguntou ao marido.

—Sim, e também que não respeitam nossa presença.

O diálogo dos dois nos fez rir e nos virar para eles, embora sem nenhum constrangimento. Gin se ajeitou sobre minhas pernas para ficar de frente para eles também e encostou em meu peito. Com meus braços ao redor de sua cintura e meu queixo repousado em seu ombro poderíamos passar a tarde toda conversando, a posição e a situação eram confortáveis o bastante para eu não querer sair dali nunca.


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Notas finais do capítulo

Parece que a vida está se ajeitando pra esses dois, não é? Uma fofura que só... Amo ver os dois juntinhos assim!
Ansiosa para saber o que acharam, não deixem de comentar!
Beijos e até o próximo.



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