"Comportem-se" John Watson ordenou. "Vocês dois, nada de deixa-la louca" Apontou de Sherlock Holmes para sua filha, Rosamund Watson.
O detetive olhou para a afilhada e deu uma piscadela, ganhando um sorriso de covinhas em respostas.
Contrariando as apostas de muitas pessoas, Sherlock não só cuidava muito bem da afilhada como também a adorava, tanto que o antigo quarto de John tinha sido redecorado para a pequena, afinal, John e a filha passavam mais tempo na rua Baker que em sua própria casa.
Muitas vezes, quando eles saíam para investigar algo, Rose ficava com a Sra Hudson ali no apartamento, então ao completar dois anos, foi presentada com o quarto no flat do padrinho.
Naquela noite, Mike Stanford convidara John para comemorar seu aniversário em um pub, por isso deixaria a filha e o amigo aos cuidados de Molly Hooper.
Não tinha problemas em deixar sua pequena somente aos cuidados do padrinho, mas como Sherlock tinha tendência a agir de maneira infantil e da última vez que a dupla ficou sozinha, eles aprontaram com Mycroft - John teve que ouvir as reclamações do irmão mais velho de Sherlock mais de uma semana, argumentando que tinha sido ''um atentado contra o governo", além de ouvir a sugestão absurda de colocar a filha e seu irmão em uma coleira...
Tudo porque da última vez que ficaram sozinhos, acharam que não havia nada melhor para fazer que perturbar um pouco a vida de Mycroft Holmes.
Sob a supervisão de Sherlock foram até a casa do irmão dele para lhe pregar um peça: eles apareceram na casa do Holmes mais velho com um bolo disfarçado - a cobertura era real, mas não havia massa alguma, era apenas uma bexiga coberta com o melhor glacê de Londres.
Resultado: ao enfiar a faca no ‘bolo’ para cortar, a bexiga estourou, assustando Mycroft e sujando sua roupa de cobertura.
Sherlock e Rose ainda davam boas gargalhadas disso.
Eles eram os perfeitos cúmplices.
John observava a filha abusar da afeição do padrinho com um sorriso no rosto. Sherlock estava deitado no sofá enquanto Rosie brincava de enfeitar os cachos dele com seus prendedores, não perderia a chance de provocar o amigo.
"Rosie querida, tenha cuidado ai... Nós sabemos o quanto Tia Molly adora esses cachos"
"Faça-me um favor, John?" Sherlock o olhou de lado.
"Sim"
"Vá a..."
"Sherlock!" John interrompeu indicando Rose.
"Tia Molly deixa" Rose disse sorrindo para sua obra de arte.
"O que eu deixo?" Molly perguntou entrando no apartamento.
"Olha o que fiz" a pequena correu até a madrinha, ergueu os braços e esperou ser pega no colo, apontou na direção onde Sherlock estava "Ficou bonito?"
"Claro, Rose" sorriu para a menina.
"Espero que eles não te enlouqueçam, Molly. Tenho certeza que você dá conta dos dois" John comentou enquanto vestia seu casaco. "Venha me dar boa noite, Rose" a menina desceu do colo da madrinha e foi abraçar o pai.
"Três" Sherlock disse se sentando e colocando os pés em cima da mesa de centro.
"O que são três, Sherlock?" Molly quis saber enquanto se acomodava na poltrona dele.
"John disse 'você dá conta dos dois' e na verdade são três, não estou certo Molly?" Sherlock perguntou a encarando, esperando ela confirmar sua afirmação.
Molly estava sem palavras. Para dizer o mínimo. Nem ela tinha certeza ainda, tinha suas desconfianças, claro, mas ainda não pretendia assumir a verdade.
"Rose, ajude Sherlock a tirar os enfeites do cabelo e vá guarda-los." John ordenou sentindo o clima na sala mudar, ninguém dizia nada, só se ouvia os movimentos de Rose.
Olhava de um para outro esperando alguém dizer alguma coisa, mas Sherlock e Molly apenas se encaravam. Não duvidava das palavras que tinha ouvido – era um contexto diferente, mas as palavras eram semelhantes ao que ouvira alguns anos antes.
Não conseguiu impedir que um sorriso se formasse em seus lábios, nem seria preciso que Sherlock ou Molly dissesse alguma coisa, bastava olhar em suas expressões para saber que aquilo era um novo sinal de três.