Asgard

Meses se passaram desde o ataque dos Elfos Negros, Asgard finalmente havia se reerguido, e o grande responsável por isso era ninguém menos Loki.

Pouco tempo depois de Thor ter deixado o reino, o deus da trapaça fora descoberto por Lady Sif, a guerreira logo contou a verdade para todos. Todavia, o reino necessitava de um rei, e, mesmo contra suas vontades no inicio, admitiram que Loki era o único com capacidade para assumir tal título, mantendo-o no trono.

O rei encontrava-se sentado em seu trono, aquele a qual tanto sonhou. Sua postura era impecável, bem como esperado de um deus que possuía o maior título dos Nove Reinos. Cabeça erguida, mão direita segurando gungnir com firmeza, seu longo cabelo preta penteado perfeitamente para trás, trajando uma armadura dourada com sua capa verde jogada para o lado esquerdo e o típico ar de superioridade.

O ranger das gigantescas portas se abrindo ecoou pelo local. Logo que viu quem era, um sorriso zombeteiro nasceu no rosto de Loki. Lady Sif. A mulher caminhava com passos firmes em direção ao trono, suas feições estavam sérias, como de costume. Fez uma rápida reverencia ao ser em sua frente, mesmo contra sua vontade.

— Olá, querida Sif — provocou, encarando-a nos olhos. — O que lhe traz aqui? Não costuma me visitar tão cedo

— Pretende construir um estátua sua em Asgard? — ela tratou de ser direta.

— As notícias correm rápidas, não acha? — perguntou de volta, calmo como sempre.

— Isso significa que é verdade? — a guerreira arqueou as sobrancelhas.

— Por que não seria? — Loki adorava fazer aquilo, responder uma pergunta fazendo outra, ainda mais quando se tratava de Sif, pois a mulher odiava profundamente essa mania, e ele tinha plena consciência disso.

— Que inoportuno! — vociferou, aumentando a voz. — Isso é só para aumentar seu ego, não? Você não merece tamanha honra. Você é um mostro, que sempre fez de tudo para alcançar seus objetivos. Somente heróis merecem estátuas, você é o vilão aqui, Loki.

O silêncio predominou entre eles. Loki achou a ação da guerreira muito desrespeitosa, afinal, ele era o rei e ninguém, absolutamente ninguém, poderia erguer a voz para si. Todavia, ele manteve a compostura e continuou calmo.

— Terminou? — questionou, com escárnio. Logo tratou de se colocar de pé, mantendo o contato visual entre ambos. — Então quer dizer que não sou digno? Ora, querida Sif, você se engana ao meu respeito, pois eu sou o herói dessa história toda.

— Não seja iludido, vossa Majestade — a morena disse a última palavra com desgosto.

— Você não sabe o que diz — garantiu — Um vilão não passa de uma vítima, cuja história não foi contada. Você só me conhece pelo seu ponto de vista, não passou o que eu passei.

— Sua vida era ótima, Loki — retrucou de imediato — O príncipe mais novo do reino, sempre viveu no palácio, amado pela mãe. O que mais você queria.

— Aquilo que me foi prometido desde a infância — afirmou o rei, olhando rapidamente para o trono. — Eu era o filho indicado para ser rei, não o Thor. Desde pequeno me preparei para isso. Perdi a conta de quantas noites passei em claro na biblioteca, adquirindo informações do Universo e estudando todos os tipos de estratégias possíveis para defender o reino, enquanto Thor se divertia bebendo. Eu fui humilhado por muitos, pois não era tão habilidoso como ele em combates corpo a corpo e por isso me dediquei a magia, logo tornei-me o maior feiticeiro dos Noves Reinos. Aprendi a ser frio, calculista e calmo em batalhas. Mas isso não foi o suficiente para Odin.

— Thor era o sucessor do trono, afinal, ele é o mais velho... e legítimo filho de Odin. — Sif o lembrou.

— Aprendi que números não significam nada... e eu ainda era filho de Odin, mesmo não sendo de forma legítima — respondeu, descendo o primeiro degrau e parando — Thor era um irresponsável, até um cego sabia que ele não estava apto para assumir tamanha responsabilidade. Ele tinha a força adequada, isso é fato, mas eu tinha a inteligência.

— Você armou contra o seu próprio irmão! Fez Odin, expulsa-lo do reino e manda-lo para Midgard — a asgardiana apontou o dedo para ele — E ainda tentou destruir Jotunheim.

— Graças a mim ele mudou e conheceu o amor — o desdém palpável na voz do Jotun — E Jotunheim era uma ameaça para Asgard, eu só queria proteger a todos nós.

— Tempos depois você atacou Midgard

— E isso gerou a criação dos Vingadores, os guerreiros que protegem aquele lugar desde então. E ainda por cima dei amigos novos para o meu amado irmão — suas feições se tornaram sérias. — E o que ganhei em troca? Ingratidão e acabei preso em uma masmorra imunda

— Fingiu sua morte! Enganou a todos nós logo em seguida — disse a mulher. — E ainda matou Odin

— Mas antes de fingir a minha morte, ajudei a salvar Asgard dos Elfos Negros e de quebra protegi a amada do Thor, mantendo a felicidade daquele tolo — respondeu, com um sorriso de canto. — Quem disse que eu matei Odin? Eu o salvei. Ele está velho e fraco, provavelmente teria um ataque do coração, graças a tantos deveres de um rei no momento, e morreria. Eu o fiz esquecer todos os seus problemas e o mandei para um lugar onde ele está seguro. E agora Asgard se reergueu, graças a mim. As mesmas pessoas que me humilharam, zombaram e pisaram em mim no passado, atualmente me amam. Elas estão felizes, tudo isso se deve a mim.

— Loki....

— E continuarei protegendo Asgard, mantendo-os seguros — o trapaceiro a interrompeu. Desceu as escadas e ficou de frente para a guerreira, analisou ela por completo. Deslumbrante, como sempre. Pensou consigo mesmo. Ele passou seu dedo indicador carinhosamente na bochecha da morena, que ao sentir o toque gélido em sua pele fechou os olhos brevemente.— Será mesmo que eu sou o vilão?

A mulher analisou a questão em si. Thor estava feliz. Midgard protegida pelos Vingadores. Asgard reerguida e em paz novamente. Loki era um rei astuto, bondoso e firme ao mesmo tempo, isso era inegável.

— Admita, querida Sif — antes de terminar a fala, o rei se aproximou da orelha dela e sussurrou de forma sedutora. — Eu sou um herói

— Loki... — ela sentiu um arrepio pelo corpo inteiro. — Talvez você esteja certo, só talvez.