Avante Invocadora! escrita por Himle


Capítulo 16
Uma cama dura e o envelope irrastreável


Notas iniciais do capítulo

Não achei uma imagem legal( de novo), então vou usar a mesma do capitulo passado, mas mais detalhada. Se puder, leia todas as falas do Graves com a voz dele. Me esforcei muito para soar legal. (huehuehue)
A promoção continua! 1 único capitulo! Duas partes distintas!



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Parte 1:

O sol havia acabado de nascer e Sara levantava da cama. Ela havia deixado as cortinas abertas para poder acordar bem cedo, e havia funcionado. Cambaleando de sono ela saiu do próprio quarto e foi até o banheiro lavar o rosto. Só depois de jogar agua fria na cara que ela conseguiu acordar de verdade. Não ter absolutamente nada para fazer na hospedaria havia a acostumado a dormir até pelo menos as 8 da manhã. Se re-acostumar a acordar com os primeiros raios de luz estava complicado.

Ainda de pijamas, ela foi até a cozinha e serviu três porções de café da manhã. Os cupcakes, a torta e o suco não haviam sido tocados no dia anterior, então seria isso que ela iria servir para os dois doentinhos. Ela separou a comida em duas bandejas e se apressou em levar a primeira até o quarto de Twisted Fate. Depois de bater na porta algumas vezes e de esperar alguns segundos, Sara entrou. Não havia luz no quarto, com exceção da luz que entrava pela porta entreaberta. Com toda certeza o dono do quarto havia acordado, mas estava imóvel na cama. Ele ainda estava de bruços e usando só a calça, só que dessa vez tanto os braços quanto as costas dele estavam enfaixados. Tentando não fazer muito barulho, Sara colocou a bandeja com o café da manhã dele perto da cama e se retirou, fechando a porta atrás de si.

Com passinhos animados e curtos, Sara pegou a outra bandeja de café da manhã e foi até o quarto do pai. Ela bateu na porta e entrou a empurrando com as costas. O quarto de Graves tinha uma cama de solteiro com um colchão fino, uma mesa de trabalho cheia de ferramentas e pesadas cortinas na janela. Talvez fosse o chá que Sara havia dado para ele antes de dormir, ou talvez fosse porque realmente era cedo, mas ele continuou em sono profundo mesmo depois que a filha entrou no quarto. Nova Destino estava cuidadosamente escorada na cabeceira da cama, ao alcance de Graves.

Sara deixou a bandeja com o café da manhã sobre a mesa de trabalho e abriu as cortinas. O sol estava se erguendo, mas ainda estava escuro, com nuvens cinza no céu. Provavelmente iria chover.

— Bom dia paizinho. – Sara falou, se sentando na cama.

O atirador se mexeu incomodado na cama, dando as costas para ela. A garota se debruçou sobre o pai e deu nele um beijo no rosto. Sem aviso, Grave puxou a filha por cima de si, fazendo ela se deitar entre ele e a parede. Ela tentou se levantar, mas o pai a segurou deitada. Depois de tentar se levantar umas duas vezes, ela desistiu. Pelo visto Graves só iria deixa-la sair da cama quando não quisesse mais dormir. Vendo que a filha havia desistido, ele carinhosamente a cobriu com o próprio cobertor e a embalou nos braços como se fosse uma criança.

Sara suspirou derrotada. A cama dele era dura. Não tinha como se sentir confortável deitada ali. A única pessoa que dormia como um anjo naquelas circunstancias era Graves. Bom, ele havia passado uma década na pior cadeia de Runeterra e havia se acostumado em dormir no lugar mais desconfortável possível. Ele dizia que dormir em um colchão macio fazia ele se sentir deitado sobre areia movediça. Seria estranho se a cama dele fosse diferente.

A garota suspirou de novo e olhou para o teto alto de cor branco creme. Ela não iria conseguir sair dali tão cedo. Desanimada, ela ficou quieta até começar a sentir sono. Ainda era cedo e o dia estava escuro. Não demorou muito ela se viu tendo dificuldades para manter os olhos abertos e quando percebeu que precisava lutar contra o sono, ela se entregou a ele. Com toda certeza ela iria acabar com o corpo todo dolorido, mas não havia nada melhor para fazer.

— Malcolm. – Sara ouviu alguém chamar.

Ela abriu os olhos, mesmo ainda os sentido pesados. As costas dela reclamavam, indicando que ela realmente havia dormido por algumas horas. Graves ainda a segurava, mas não com tanta firmeza quanto antes.

— O que você quer Tobias? – Graves perguntou, com voz de sono.

Mesmo dolorida, Sara se sentou. Ela choramingou baixinho levando a mão até as costas. O pescoço também estava dolorido. Com toda certeza ela havia dormido de mal jeito.

— Não pretendo cozinhar, também não vou voltar só para trazer comida. – O mago avisou. – E não me chame de Tobias.

O quarto estava mais claro, mas não tanto. Sara havia acertado, estava chovendo. Graves também se sentou na cama.

— A obrigação de preparar a comida hoje é sua. – Graves o relembrou. – Realmente acha que eu vou deixar você se livrar disso tão facilmente?

— Sinta-se grato por eu ter me dado ao trabalho de avisar. – TF rebateu, de forma fria. – Deixe sua preciosa filha passar fome se pretende esperar por mim.

O mago deixou a porta do quarto, sem nem se despedir. Sara se espreguiçou na esperança de assim aliviar um pouco a dor no pescoço e nas costas. Até ossos que ela não sabia que tinha estralaram, o que foi um tanto quanto dolorido ao mesmo tempo que causou uma grande sensação de alivio. O pescoço dela ainda doía, mas as costas incomodavam menos. Uma rápida massagem no pescoço resolveria, ou talvez uma compressa quente.

— Algo me diz que Tobias não está de bom humor. – Graves comentou.

— É, ele não está. – Sara concluiu. – Ele está bravo com você. Deveria ter visto como ele ficou reclamando.

— Há algo mais. – Graves explicou. – Conheço aquele trapaceiro.

— Você sabe o quanto ele odeia que o chamem pelo nome. – Sara observou. – Mas continua fazendo, nas horas mais improprias.

— Tobias as vezes parece uma criança mimada. – Graves reclamou.

Sara olhou para ele, levantando uma das sobrancelhas. Era o sujo falando do mal lavado. Os dois campeões eram birrentos e infantis. Quando ficavam emburrados, ambos agiam como crianças e quem sempre tinha que lidar com isso? Sara. Depois os dois reclamavam que ela era a geniosa. A única pessoa que colocava algum juízo na cabeça daquela dupla era ela e se precisasse bater o pé para ser ouvida, ela iria faze-lo.

Pai e filha se sentaram na cama para tomar café da manhã. Eles conversaram brevemente sobre o dia anterior, especialmente sobre a festa. Depois do café da manhã, era hora de trocar os curativos. Felizmente o atirador já havia melhorado muito. Os ferimentos haviam se tornado superficiais e sumiram em no máximo mais um dia. Definitivamente, poções de cura eram o máximo!

Eles passaram a manhã toda limpando a casa, afinal de contas havia papel cortado por todo o lado. Graves estava com um enorme sorriso no rosto e Sara sabia que era por causa da festa surpresa. Se lembrar que a filha havia feito tudo aquilo para ele o deixava feliz. Ela havia insistido em limpar tudo sozinha já que ele estava ferido, mas o pai não deixou. Sara até bateu o pé, mas a cabeça dele era dura demais. Para o almoço eles resolveram sair já que esperar Twisted Fate era em vão.

Havia um restaurante bem reservado perto do prédio de apartamentos, onde Sara costumava comprar comida para levar para casa. O lugar era simples, mas ainda mais limpo e bem iluminado do que qualquer taverna que Sara viu fora de Piltover. Depois de terminar de comer e ainda sentados à mesa do restaurante, Graves tirou de debaixo do manto uma caixinha de presente branca. A garota achou aquilo... suspeito.

Ela estava com ele desde o começo do dia. Não tinha como ele simplesmente ter ido comprar um presente em agradecimento a festa surpresa. Sem falar que ela sabia muito bem que o pai desaprovava e muito o fato de a filha querer ir ver as amigas no porto. Mesmo assim,ela sempre ia tomar chá com elas, querendo ele ou não. Graves era um bom pai, mas também era ardiloso. Ele conhecia bem Sara. Simplesmente inventar alguma coisa que a impedisse de ir ver as amigas seria fácil e ele era especialista em arrumar encrenca.

— O que tem aqui dentro? – Sara perguntou, desconfiada.

— Deveria confiar um pouco mais no seu pai. – Graves reclamou. – Alguma vez eu já fiz algo para trair sua confiança?

Sara pensou em relembra-lo da vez em que ele escondeu um frasco de alucinógeno na mochila dela, e com isso fez com que os guardas da pequena vila onde eles passariam a noite segui-la por todo o tempo em que ela ficou lá. Ou simplesmente comentar sobre quando ele disse para todo mundo do navio onde eles estavam que ela tinha uma doença contagiosa. Também tinha a vez que ele deu uma moeda de pirata para a filha e disse para ela pagar a dona de uma respeitada estalagem para senhoritas com aquilo. Mesmo assim, não compensava falar nada. Tudo que ele havia feito foi para cuidar da filha, do jeito dele. O problema era que isso sempre acabava causando problemas para ela.

— Você olha para mim como se tivesse uma bomba aí dentro. – Ele reclamou.

Na verdade, era bem provável que tivesse. Por que mais eles estariam em um restaurante como aquele, quando ele preferia comida de taverna? Se algo vindo dela explodisse em um lugar público, Sara teria que ficar escondida até a poeira abaixar. E definitivamente Graves iria adorar ter a filha em casa, onde ele sabia que ela estaria sempre segura.

— É bem provável que realmente seja uma. – Sara o respondeu.

— Abra. – Ele ordenou.

— Então o que tem aqui dentro?

— Vai abrir, ou vou ter que jogar isso em Zaum?

Sara cruzou os braços, e encarou o pai. Pelo visto aquele presente era importante para ele. Ela queria muito saber o que era, mas não tinha certeza se queria saber ali, no meio de tanta gente.

— Acha que estou blefando? – Graves ameaçou.

Ele sustentou o olhar da filha, obrigando-a a desviar o próprio para o presente à sua frente. Com cuidado, ela desfez o laço e com mais cuidado ainda, levantou a tampa. Com um dos olhos fechados, ela olhou dentro da caixa pela pequena fresta que havia aberto. Toda a desconfiança se transformou em espanto assim que ela entendeu o que estava ali dentro. Mais do que rápido ela tirou o que restava da tampa da caixa e a jogou para trás, sem se preocupar se aquilo fosse parar na mesa de outra pessoa. A boca dela se tornou um redondo O de espanto, enquanto que ela olhava seu presente sem saber o que fazer. Sara começou a balançar as mãos de excitação e a dar pequenos pulinhos sentada na cadeira. Aquilo era realmente possível?

— Eu sabia que você iria gostar. – Graves confirmou, abrindo um sorriso.

Sara soltou um gritinho animado e começou a bater os pés no chão de euforia. Graves riu alegremente com a ação da filha. Todos no restaurante olhavam para eles, curiosos. Sara praticamente pulou no pai por cima da mesa, para abraça-lo. Gratidão era pouco para o que ela sentia. Antes que o pai pudesse reagir, ela o soltou e tirou o presente de dentro da caixinha. Era o celular dela, só que por algum motivo funcionava. A parte traseira havia sido substituída por uma placa de metal preto, que havia sido cuidadosamente recortada para não obstruir a câmera, o flash e a saída de áudio. Sara desbloqueou a tela e teve outro ataque de euforia quando viu a foto de seu gatinho Jhin, que ela sempre usava como fundo de tela. O ícone de bateria indicava que o aparelho estava completamente carregado e que por algum motivo continuava carregando.

— Como é possível? – Sara perguntou, entre o espanto e a euforia. – A bateria disso não aguentava nem um dia inteiro!

— Tecnologia hextec. – Graves respondeu, orgulhoso. – Só não me pergunte nada além disso.

Ainda eufórica, Sara abriu a câmera e tirou uma “selfie” com o pai. Funcionava! Ela pulou nele para o abraçar de novo, mas dessa vez ele teve tempo de retribuir o abraço. Mesmo assim não durou muito. Sem dizer nada, e ainda eufórica, a garota saiu correndo do restaurante, só com o celular na mão. Ela com toda certeza iria correr a cidade toda tirando fotos de tudo que podia. Graves não sabia exatamente o que era aquela máquina, mas sabia que reproduzia sons e imagens. A filha dele era obcecada em conhecer toda Runeterra. Não precisava de muito para saber que ela iria querer guardar cada imagem e paisagem que visse.

Talvez não fosse uma boa ideia deixa-la correr a cidade toda sozinha, mas impedi-la era impossível. Graves também não estava em condições de acompanhar uma jovem donzela eufórica e cheia de energia. Mesmo estando melhor, ele ainda não estava 100%. Ter invadido a Faculdade de Tecnomaturgia só para recuperar aquilo havia valido a pena. Não só isso, como Graves faria tudo de novo se tivesse a oportunidade. Ter o celular aprimorado para funcionar para sempre havia feito a filha que ele nunca teve extremamente feliz. E isso. Ah, isso. Não tinha preço.

Parte 2:

— Não me responsabilizo pelo que pode ter dentro desse envelope. – TF avisou.

— Vai me dizer que não deu nem mesmo uma olhadinha? – Ela perguntou, desconfiada.

Tudo que o mago fez em resposta foi apontar para o lacre da carta. Era um envelope das antigas (pelo menos para Sara), fechado com um lacre de cera azul escuro. Não havia nada escrito no envelope e o lacre havia sido marcado com uma prensa lisa. Seria praticamente impossível rastrear de onde aquela carta pudesse ter vindo. O que era um tanto quanto suspeito.

— Até onde eu sei você pode muito bem ter trocado o envelope, e eu duvido que não haja formas de violar um lacre de cera sem que ninguém perceba.

— Claro, porque com toda certeza me interessa ler uma carta de amor. – Ele debochou com ironia.

— TF! Você é um amigo ciumento.- Sara o confrontou. – Sem falar que você é muito próximo do Graves para simplesmente deixar algum homem se aproximar de mim.

— Você quer a carta ou não?

Sara pegou o envelope na mão dele em resposta. TF deu as costas ela, obviamente com a intenção de sair do apartamento. Pelo visto ele não iria dormir em casa de novo e Graves havia avisado que passaria a noite jogando cartas. Sara iria ficar sozinha a noite toda mais uma vez. A garota passou o dedo sobre o lacre do envelope. Não importava se Twisted Fate havia lido ou não. Ela nunca havia recebido uma carda de amor de verdade antes. Erik havia enviado poemas, mas não eram da autoria dele. Aquela seria a primeira e única de se dependesse de Graves.

Pelo que Twisted Fate havia falado, Sara estava recebendo propostas de casamento desde que eles haviam colocado os pés no porto. Ninguém nem sabia quem realmente ela era ou se os boatos sobre Graves ter uma filha eram verdadeiros, mas isso não importava. A maioria das pessoas que tinha algum envolvimento com o submundo queria tê-lo na família e o rumor de que ele tinha uma filha abriu essa possibilidade. Não havia um único dia em que alguém não abordasse os dois campeões. Por algum motivo, muita gente ainda achava que TF ou mesmo Graves entregariam algo para Sara. Aquela era a primeira carta que havia chegado e só porque ela havia pedido esse favor a Twisted Fate. Graves nunca a entregaria uma carta daquelas, mesmo sabendo muito bem que a filha não cairia no que quer que tivesse escrito ali. Sara tinha pena do homem que tentasse negociar a mão dela em casamento. Só de pensar no que o atirador faria, ou pediria em troca, ela sentia calafrios.

Vendo-se sozinha em casa, Sara caminhou calmamente até o próprio quarto. Ela ascendeu a luz e se sentou na própria cama, se escorando nos travesseiros. Com cuidado, ela abriu o lacre da carta, fazendo com que o cheiro leve de perfume tomasse conta do quarto. O papel em que a carta havia sido escrita era fino e tão branco quanto o envelope. Era possível ver a marca de humidade nas bordas, onde provavelmente havia sido passado o perfume. Mesmo sendo um pouco confuso ler por não estar acostumada com as letras de Runeterra, a letra da pessoa em si era bem legível, mas não tão bonita quanto a de Erik ou a das amigas de Sara.

A carta era endereçada a “Senhorita Graves” e assinada por “Foxtrot”. Fora isso, não havia nada que pudesse identificar quem havia escrito aquilo. Quem quer que fosse não se importava em não ser reconhecido e, por incrível que pareça, conhecia Sara. Não haviam rimas ou poemas, nem palavras difíceis ou melosas e era exatamente por isso que alguma coisa dizia que tudo escrito ali era sincero. Ler que alguém não conseguia nem mesmo dar atenção ao céu estrelado de Runeterra quando ela estava a vista tocou fundo na alma. Pela primeira vez em muito tempo ela se sentia realmente bonita e bem em ser exatamente como era.

O certo seria jogar aquela carta fora, mas ela não conseguiu. Era inteligente da parte de Graves e Twisted Fate não deixarem mais nenhuma carta chegar até ela. Mesmo que isso pudesse fazer maravilhas para a autoestima da garota, não se sabia o quanto ela poderia ficar balançada por mais cartas como aquela. Tanto com pesar e com alivio de aquela ser a única, Sara cuidadosamente a colocou de volta no envelope e a escondeu entre as próprias roupas na mochila. Com sorte aquilo seria o suficiente para que Graves não a descobrisse. Ela só gostaria de poder agradecer ao “Foxtrot” por faze-la se sentir especial, quem quer que ele realmente fosse.


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Notas finais do capítulo

Quem sera esse tal de Foxtrot?Já aviso que a resposta é um spoiler, então se vc não souber, procure a resposta por sua conta em risco. Vai ser mais legal se isso continuar sendo um mistério. Me digam o que acharam e até o próximo capitulo :*



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