Avante Invocadora! escrita por Himle


Capítulo 12
Capitulo Bônus: Enquanto isso, no bar...


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo era para ter saído ontem mais o meu computador não quis ajudar T.T Felizmente, hj eu consegui doma-lo e aproveitei para revisar de novo. Eu havia feito esse capitulo simplesmente para me ajudar a interpretar o TF. Resolvi tira-lo da historia porque tudo que está escrito aqui se passa internamente no Mestre das Cartas. Ele não demonstra e não dá o braço a torcer nem para si mesmo. Para a Sara ele continua sendo o mentiroso convencido e antipático que de algum jeito acabou virando parte da família.



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Twisted Fate virou de uma única vez toda a bebida em seu copo. O gosto era horrível demais para beber de outra forma e aquela era a única coisa realmente forte que aquele bordel grã-fino tinha. Pelo menos ainda era melhor do que a poção de cura que ele tomava todas as manhãs. Graves fez o favor de pegar a garrafa e resservir ambos os copos. Aquela era a última noite dele sem se preocupar com uma jovem dormindo sozinha no apartamento que eles haviam alugado. Eles tinham que aproveitar, ainda mais que no dia seguinte eles iriam colocar um grande plano em ação.

— Com uma coisa você tem que concordar. – Malcolm comentou. – Depois de passar algum tempo em Aguas de Sentina nenhuma bebida se compara as de lá.

— Depois de algumas semanas lá, é difícil encontrar algo que me deixe bêbado. – TF reclamou.

Os dois amigos brindaram os copos, para logo depois beber tudo de uma única vez de novo. Eles se deram um momento para se recuperar do gosto e da queimação na garganta que aquela bebida horrível causava. Felizmente a bebida começava a fazer efeito e a cabeça de TF estava um pouco mais leve. Ele sentiu alguém passar a mão pelos seus ombros, e logo depois sentiu um perfume doce preencher o ar. Já sabendo qual seria a pergunta que a mulher que havia acabado de o abordar faria, ele pegou das mãos de Graves a garrafa já quase vazia e encheu de novo os copos dos dois.

— Em que posso servi-lo, cavalheiro? – Uma mulher perguntou, de forma provocante.

Ela era linda, mas todas ali eram. A diferença era que aquela em especifico era jovem, tendo talvez a idade de Sara, e usava um vestido muito mais elaborado que as outras. O rosto dela era fino, assim como o nariz e as sobrancelhas, porém os lábios dela eram carnudos. Aquele vestido delineava e contornava todas as curvas perfeitas do corpo voluptuoso daquela mulher. Ela com toda certeza era uma cortesã cara, mas não deixava de ser algo pelo que TF pudesse pagar. Mesmo assim, ela parecia... sem graça. Ou talvez fosse só o cansaço falando mais alto.

— Traga outra garrafa. – Twisted Fate a respondeu.

Meio sem saber o que fazer, a mulher pegou a garrafa vazia e se afastou do balcão do bar. Logo alguém apareceria com mais daquela bebida horrível.

— Acho que você partiu o coração da moça. – Graves observou, obviamente implicando o amigo. - É a quinta cortesã que você rejeita hoje.

— Não ando tendo humor para cortesãs.

— Mas tem para brincar com o coração de donzelas indefesas.

— Só por que acha que é pai de uma, vai começar a me dar sermão?

— Eu nunca me importei com os seus joguinhos e vou continuar não me importando desde que você não transforme minha filha em um deles.

— Então por que meu desinteresse por cortesãs te chamou a atenção, Malcolm?

— Elas causam bem menos problemas. Você se diverte com elas e depois paga. Fim da história. Sem envolvimento e sem drama. Agora, uma donzela...

TF não respondeu. Graves tinha razão. Só que ele não queria a frieza de fazer negócios com uma cortesã. Ele queria o calor dos lábios de alguém que o beijava simplesmente por beijar, não esperando que aquilo pudesse render algumas moedas. Ele queria o carinho de mãos inocentes e as palavras doces de um coração apaixonado. Ele queria algo que nem a melhor das cortesãs poderia oferecer.

Os olhos dele foram para o fundo do copo em suas mãos. Twisted Fate estava cansado. Ele havia passado os últimos dias espalhando boatos e pagando alguns fofoqueiros. Como esperado, alguns inimigos de Graves haviam o descoberto na cidade e queriam vingança. A àquela altura todo mundo já sabia que o atirador tinha uma filha o que fez dela o alvo. Felizmente, TF conseguiu lidar com isso antes que os planos daqueles caçadores de recompensas chegassem até Graves. Com toda certeza ele iria querer resolver aquilo na violência se descobrisse, e mesmo que fosse um bom meio, o mago não queria arriscar. Se qualquer coisa acontecesse com Sara...

— Sinto falta da Sara. – A voz de Graves chamou TF de volta para o mundo real.

— Você realmente quer trazer o nome de uma mulher para a nossa conversa? – TF reclamou, para o amigo.

— Minha filha não é uma mulher qualquer.

— Você arrancaria a minha cabeça se eu descordasse.

— Só é necessário um par de olhos para conseguir ver que ela é maravilhosa.

Sim, ela era, em cada mínimo detalhe. Não havia nada a respeito dela que Twited Fate não gostasse. Desde o jeito com que ela torcia o nariz quando algo a deixava brava, até a forma com que os cabelos dela se moviam enquanto ela andava. Ele gostava de tudo, mas o que ele realmente adorava nela, eram os olhos. Não havia nada mais lindo do que aquele tom cinza mutável e nunca existiria.

— Você arrancaria a minha cabeça se eu concordasse. -  TF comentou, um pouco descontraído pela ironia.

A linha do que ele podia ou não fazer quando se travava de Sara era um tanto quanto tênue. Se Graves descobrisse o que o melhor amigo dele realmente sentia pela garota, a caçada começaria de novo. Isso, se Twisted Fate tivesse sorte e conseguisse fugir da Nova Destino.

— Você também sente falta dela. Afinal, finalmente você encontrou alguém que goste desses seus truques baratos.

— Pelo menos da vista eu não posso reclamar. – O mago falou, com malicia.

Graves fechou a cara e deu a ele um olhar assassino. TF se deixou rir maliciosamente. Brincar com a própria sorte era sempre irresistível.

— Eu deveria ter deixado você morrer afogado. – Graves reclamou.

Twisted Fate abriu seu costumeiro sorriso de deboche e levantou o copo, oferendo um brinde a Graves. Vendo que o amigo já estava de copo vazio, ele virou a bebida na boca. O sabor não estava tão ruim quanto antes e a garganta não havia ardido tanto. Até que enfim, ele começava a ficar bêbado.

— Ainda não sei o que você vê naquela garota. – TF comentou com o amigo.

Ele sabia, mas se via obrigado a falar coisas como aquela para manter seu disfarce.

— Vejo a filha que eu nunca tive e que nunca terei, você sabe muito bem disso. – Graves retrucou. – Para você, deveria ser bem mais do que o suficiente. Se começar a ver algo nela além disso, você terá problemas.

Era sempre agradável ouvir Graves deixar claro que não dividiria Sara. Tão agradável que trazia um gosto ruim de culpa a boca. Uma das cortesãs apareceu atrás do balcão, com um enorme sorriso no rosto e uma garrafa cheia de bebida. Twisted Fate não de seu ao trabalho de levantar a cabeça, se resumindo a olhar para ela por debaixo da aba do chapéu quando ela apareceu. Graves, por sua vez pareceu interessado na mulher, o que acabou em uma rápida conversa entre eles. TF achou que ele fosse subir para os quartos acompanhado daquela mulher, finalmente o deixando livre, mas ele não o fez. O mago começava a ficar inquieto, e sabia que era a bebida o impedindo de pensar direito. Era mais fácil sucumbir a vontades reprimidas assim. Pelo menos Graves ainda estava ali, o que o impedia de sair correndo para Sara. O desejo de vê-la era forte. Sempre era. Twisted Fate não estava acostumado a se negar alguma coisa, seja o que fosse. E ele nunca quis tanto algo na vida quanto ele queria Sara. Simplesmente olhar para ela era o suficiente.

O olhar e o sorriso dela sempre estavam direcionados ao pai. Não havia uma única vez em que não houvesse amor e admiração nos olhos dela, quando ao lado de Graves. Ela o enchia de carinhos, cuidados e palavras doces. Malcolm nunca estivera tão feliz e ela sempre estava sorrindo. Havia sido um verdadeiro milagre descobrir que ele conseguia roubar um pouco daquela atenção para si fazendo truques de cartas que eram tão naturais para ele quanto respirar. As vezes ela o presenteava com um sorriso doce ao final de um truque. Vê-la sorrir causava uma sensação engraçada de alegria que lhe aquecia a pele.  E aquele sorriso não era como os que ela dava a Graves ou os que a educação a obrigava a exibir, era algo só dele e de mais ninguém.

— Eu poderia perguntar o que tem de tão interessante no fundo desse copo para você encarar tanto, mas eu não me importo o suficiente para isso. – Graves comentou. – Poderia apostar que você nem percebeu que secou uma garrafa inteira sozinho.

— É, eu não percebi.

— Até onde eu me lembro, nós somos parceiros e amigos acima disso. Você tem passado mais tempo no bar perdido em pensamentos do que bebendo. Também conheço bem o porque um homem como nós resolve procurar uma donzela. Você quer a ilusão de algo que nós não podemos ter. Uma vida comum e um amor simples.

TF riu de leve. Graves estava certo de novo, mas dessa vez não sobre ele. Normalmente era por isso que pessoas como os dois se envolviam com jovens inocentes. O atirador mesmo já havia feito muito isso, mais sempre as deixava de coração despedaçado depois de se cansar delas. Ainda mais despois que TF conseguiu ver nas cartas que ele era uma alma completa. Ele não tinha uma alma gêmea, o que significava que nem mesmo o amor estava predestinado a ele. O futuro dele era uma carta em branco, para ser traçada por ele e mais ninguém.

— Não, definitivamente não. – TF respondeu, ainda entre o riso.

— Então porque você tem buscado a cama de jovens moças desavisadas?

“Porque preciso me manter longe da sua filha.” A mente do mago respondeu, mas nenhum som saiu de sua boca. Ele sabia bem o que procurava quando se viu flertando com a primeira delas. A bordo da caravela, ele havia descoberto o que precisava fazer para que Sara caísse por ele. No final do dia, ela ainda era uma donzela, inocente e sonhadora. Só eram necessárias algumas frases e algumas ações para que ele ganhasse um beijo, ou talvez vários. O problema era que Malcolm estava ali e descobriria mais cedo ou mais tarde. Ele merecia ser feliz, ainda mais depois de tudo que havia passado. TF não tinha o direito e nem a coragem de se colocar entre seu amigo e a felicidade dele. Se Graves descobrisse, o Mestre das Cartas estaria sozinho de novo. Além de perder o amigo, ele também perderia Sara. Ela não deixaria Malcolm por nada no mundo.

Com as mesmas ações que teriam efeito nela, Twisted Fate havia ganhado quase uma dezena de corações em menos de uma semana. A intensidade do primeiro beijo, o prazer de ouvir um “eu te amo” verdadeiro e o conforto de mãos carinhosas. Ele queria que fosse outra pessoa, mas nunca seria. Sara era o que ele buscava e sempre soube disso. TF também sabia que nunca encontraria, mas bastava para ele que elas tivessem cheiro de lavanda. Já era o suficiente para que se sentir um pouco mais perto do impossível.

— Sara me contou que você reencontrou sua mãe e um dos seus irmãos. – Graves argumentou. – Achei que te dar espaço fosse o suficiente, mas pelo visto me enganei.

Ah! A sorte havia sorrido para ele, como sempre. Malcolm não estranharia o comportamento dele, graças a aquele pequeno gracejo do destino. Twisted Fate havia sim sentido algumas feridas reabrirem por ver a mãe depois do que parecia ser uma vida inteira. Só que Sara conseguia fazer tudo melhor e a dor havia desaparecido na manhã seguinte. O que ocupava a mente dele era o que havia acontecido nas quase 20 horas que ele passou na Terra. Ele havia dividido a cama com ela. O travesseiro e a coberta tinham o cheiro dela e o som que ela produzia ao respirar havia o embalado para dormir. Ela também havia falado que nunca o deixaria para trás pouco antes de adormecer, quando a dor de ter sido abandonado pela família não havia se dissipado totalmente. Tudo isso só fazia ele se sentir melhor em estar perto dela, mas o que realmente havia complicado havia sido uma ação dele.

Haviam as pessoas que estavam atrás dela, mas ele sabia que queria se aproveitar da situação e da insinuação que os amigos dela haviam feito. Até ai tudo bem. Twisted Fate sempre foi um cafajeste e estava muito bem com isso. O que ele não esperava foi ela não fazer nada para o impedir.

Um passo. Só isso havia sido o necessário para adentrar o espaço pessoal dela e a impedir de seguir os amigos para dentro do evento. Ele esperava que ela se movesse para trás para se afastar e assim acabasse com as costas no muro que havia atrás de si, mas ela não se moveu. Quando ele se abaixou, aproximando o rosto do dela, ele tinha certeza de que naquele momento ela fosse pelo menos se encolher para aumentar a distância entre eles, mas ela permaneceu no mesmo lugar. Aquilo fez com que tudo que ele acreditasse a respeito dela desaparecesse. Tanto a cabeça quanto o coração foram a mil. Não havia nada além de surpresa e ansiedade nos olhos dela, mesmo depois de ele ter certeza de que não conseguia esconder a real vontade de beija-la. Por alguns momentos ele esperou que ela se afastasse, mas mais uma vez ela não o fez. Tudo o corpo dele dizia para diminuir ainda mais a distância que havia entre os lábios dos dois e ele quase o fez, se não tivesse sentido o gosto rançoso de leite azedo na boca indicando problemas. Por algum motivo Sara não havia o rejeitado até pouco antes de ser beijada, e algo dizia que ela também não o rejeitaria se ele chegasse a tocar os lábios dela.

—Você teve sorte. – TF falou para o amigo. – Tive que entrar na área dos serpentinos para impedir que minha mãe desse um jeito de casar sua filha com o meu irmão. Sara estava prestes a aceitar o convite dela para jantar.

— Pelo visto você se esqueceu que é da minha filha que nós estamos falando.

— Se uma mulher janta no barco de um clã serpentino em que não nasceu, ela deixa o barco, mas nunca o clã. – TF repetiu o ditado de seu povo.

— Minha filha não se interessaria por ratos de rio.

— Cuidado. Amanhã é a vez de um rato de rio conseguir a comida.

— Ora, você é só um rato. – Graves brincou. - Foi expulso do rio, se se esqueceu.

Twised Fate riu divertidamente, talvez pela primeira vez na noite. Finalmente! Ele estava bêbado! Só assim para rir das implicâncias de Graves, quando ele nem mesmo conseguia dormir direito desde que havia voltado da Terra. Os dois amigos brindaram os copos vazios, ambos com enormes sorrisos no rosto. Ainda juntos, os dois jogaram os copos de cristal no chão, fazendo com que cacos se esparramassem pelo piso do lugar. Cada um pegou uma garrafa pela metade da bebida horrível que tomavam desde o começo da noite.

— Pelo preço em ouro das nossas cabeças! – Twisted Fate gritou, levantando sua garrafa.

— Por duas mil moedas de ouro! – Graves acompanhou.  


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se que o TF não deixa nada do que está aqui transparecer, afinal ele é um ótimo mentiroso. Beijos e até a proxima :*



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