Complicated escrita por Ana Carolina Potter


Capítulo 13
Capítulo 12




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Capítulo 12 – Ginny VII

Meu celular emitiu o toque do aplicativo de mensagens na metade da manhã. Eu ainda estava deitada, curtindo a preguiça dos últimos dias de férias de inverno, mas não deixei de sorrir assim que ouvi o barulho característico. Era assim que eu vinha despertando todas as manhãs desde a noite de Natal.

Harry P.: Bom dia, linda. Dormiu bem?

Era o seu primeiro dia de trabalho após as férias, então, não estranhei o horário da mensagem. Harry não era uma pessoa matinal, mas ele entrava às 8h no escritório, por isso, não me surpreendi em receber seu texto logo pelas 9h. Provavelmente ele deve ter parado para tomar um café.

Ginny W.: Bom dia, lindo! Dormi sim e você?

Sua resposta não demorou nem dois segundos para chegar.

Harry P.: Queria ter dormido mais, porém, o dever me chama, né? Nem todo mundo tem férias até a segunda semana de janeiro...

Ginny W.: Pede para o Lupin te contratar, quem sabe :P

Harry P.: Só se eu puder trabalhar na área de comunicação. De preferência na mesma equipe de uma certa ruiva.

Ginny W.: Hmmm. Se essa ruiva for eu, posso pensar no seu caso!

Eu gostava das brincadeiras de Harry. Adorava a forma como ele buscava me deixar com um sorriso largo logo pela manhã e como ele encontrava maneiras de sempre lembrar de mim, mesmo a quilômetros de distância. Quer saber como? Vou te dar um exemplo.

Nós não nos vemos desde a noite de Natal. Isso porque Harry acabou indo com seus pais para casa de seus avós paternos no interior e só retornou ontem. Nesse meio tempo, no entanto, nós não paramos de nos falar. Ele me mandava mensagens de “bom dia” todos os dias, de coisas que o faziam lembrar de mim, das comidas que ele se deliciou durante esse período e não esqueceu de me dar “feliz ano novo” à meia-noite, como manda a tradição. Era impossível não me sentir amada e feliz com toda a sua atenção. Eu sabia que nós tínhamos mudado nesses quatro anos separados, porém, algumas coisas nunca mudam. Harry, por exemplo, continuava sendo um cara totalmente romântico, atencioso e amoroso. E eu amava a forma como ele deixava isso claro.

Sem falar nas fotos. Harry me mandou algumas imagens dos passeios que ele fez com os pais e avós, dos pratos que ele se empanturrou e também de alguns looks que ele usou durante a viagem. Era impossível não suspirar quando ele me mandava uma foto dele logo pela manhã, com cara de sono e a barba por fazer. Foi em uma dessas conversas que eu pedi pra ele não tirar nunca mais a barba e, pelo o que eu percebi, meu desejo foi atendido. Um novo toque vindo do celular me tirou dos meus pensamentos.

Harry P.: Estou com saudades, Gin.

Ginny W.: Eu também. Não vejo a hora de te ver amanhã!

Harry P.: Sim! Falta muito?

Ginny W.: Não, lindo. Logo nós vemos. Você já sabe onde iremos amanhã?

Harry P.: É surpresa! :P

Combinamos de nos encontrar na sexta-feira à noite. Para evitar qualquer tipo de “suspeita”, disse aos meus pais e Ron que iria me encontrar com Luna para uma noite só de meninas. Harry, por outro lado, disse a Ron e Hermione que iria participar de um happy hour com os colegas de trabalho e, por isso, não poderia sair com eles como costumávamos fazer todas as sextas-feiras. No sábado, no entanto, combinamos de fazer um programa nós quatro em um barzinho novo que abriu no centro da cidade.

Eu estava ansiosa para nosso encontro, tanto porque seria a primeira vez que ficaríamos sozinhos novamente como um casal, quanto porque seria uma coisa escondida e eu tinha muito medo de dar algo errado. Manter um relacionamento já é difícil, agora imagina manter um relacionado às escondidas de toda a sua família e amigos? É muito complicado e há diversos detalhes que devem ser conversados para manter o segredo.

Em meio a toda essa problemática, eu ainda tinha duas questões que precisava lidar: Megan e Lucas. Eu não podia ainda contar para Megan tudo o que estava acontecendo entre Harry e eu, pois eu não sabia o que o futuro me reservava nesse recomeço. Sem falar que eu tinha conhecimento que ela não ia muito com a cara dele, principalmente depois de saber que ele tinha caído na história do “Conto da Bela Adormecida do Século XXI”. Megan também era uma grande fã de Lucas - o que inviabilizava qualquer tentativa de mostrar para ela o quanto Harry pudesse ter mudado - e ela torcia para que eu ficasse com o nosso amigo americano. Lucas, por outro lado, continuava conversando comigo e me mandando mensagens diárias, porém, eu passei a responder de forma mais “seca” e tentei não criar esperanças no garoto. Eu adorava nossas trocas de mensagens, mas se eu tinha dado uma chance para Harry não era justo que eu continuasse “flertando” com Lucas, certo?

Harry e eu combinamos de nos encontrar por volta das 20h, em um shopping próximo ao nosso bairro. De lá, nós iriamos no carro dele até o local escolhido para nosso primeiro encontro, uma vez que ele não quis nem me passar o endereço do estabelecimento. Ele fez questão de manter todo um suspense especial para mim, algo que eu achei muito legal da parte dele e que me deixava totalmente curiosa para saber quais são os detalhes que ele pensou para nossa saída.

Quando deu 18h30 no relógio da sexta-feira eu subi para tomar banho, coloquei uma roupa bem quentinha, mas confortável – perguntei à Harry qual seria o dress code da ocasião para que eu não destoasse tanto no vestuário – e fiz uma maquiagem bem leve. Meu vestido azul combinava com a meia-calça preta e as botas que eu usava para me esquentar no inverno europeu. Para arrematar a produção, optei por uma bolsa de couro fake e um cachecol. Quando desci as escadas próximo às 20h notei que meu irmão estava emburrado no sofá.

— Isso tudo é para sair com a Luna? – Ele me perguntou e eu olhei para minha roupa vendo se não tinha nada de errado. Quando notei que não, comentei.

— Não posso sair bonita?

— Poder pode. Mas me parece que você vai para um encontro e não para ter uma noite só de meninas, Ginny. – Meu irmão me olhou de cima a baixo. Busquei ficar firme na minha mentira. Desde quando Ron era tão perspicaz?  

— Cuida da sua vida, Ronald! E além do mais, quem sabe eu não encontro algum gatinho no barzinho, né? Você pode até ganhar um cunhado! Cadê Hermione? – Perguntei a ele, me sentando no encosto do sofá e esperando uma mensagem de Harry me dizendo que ele estava saindo de casa.

— Vou encontrá-la daqui a pouco. Vamos sair só nós dois, já que você e o Harry nos abandonaram. – Resmungou.

— Ué? Onde Harry está? – Fiz minha maior cara de espanto e curiosidade, omitindo que eu sabia de toda a verdade.

— Disse que ia em um happy hour com o pessoal do escritório. Sei...

— Por que sei, Ron? – Tentei extrair alguma informação do meu irmão sobre suas possíveis suspeitas em relação a Harry.

Com o coração na mão, escutei quando ele me disse: - Ele anda estranho, Gin. Encontrei com ele ontem na hora do almoço e ele não deixou o celular por um minuto sequer. Sem falar que parecia que ele estava todo sorridente, todo felizinho. E outra, ele nem gosta de happy hour, por que ele iria em um justo hoje com esse frio que está fazendo lá fora? Eu acho mesmo que ele está pegando alguém...

— Ele está para ser efetivado, Ron. Talvez ele queira mostrar mais entrosamento com a equipe, conhecer mais como o trabalho funciona e é bom essas saídas com o pessoal que trabalha com você porque você fica mais parceiro, sabe? – Tentei argumentar.

— Se você está dizendo..., mas que ele anda estranho, ele anda. Para mim, ele está de caso novo. Ou voltou com a Claire, o que não me espantaria também. – Meu sorriso morreu quando ele citou a ex-namorada de Harry.

— Não sei não. Acho mesmo que ele só foi para o happy hour e você tá aí todo “enciumadinho” porque o seu melhor amigo te trocou pelos colegas de trabalho. – Ele me mostrou o dedo do meio, o que me arrancou algumas risadas.

— Você vai que horas para casa da Hermione? – perguntei.

— Daqui a pouco, por quê? – Ele voltou a mexer nos canais, algo que ele estava fazendo quando eu cheguei na sala.

— Por nada. Apenas curiosidade. - Meu celular vibrou na minha bolsa e eu peguei o aparelho discretamente, porque eu sabia que era uma mensagem de Harry me confirmando que ele tinha acabado de sair de casa. Fingi acompanhar o programa que Ron assistia na TV enquanto esperava uns dois minutos antes de também sair de casa.

— Vou indo, Ron. Mande um beijo para mamãe e papai? Eu passei pelo quarto deles, mas porta estava fechada, então, não quis interromper.

— Deus sabe que a última vez que abrimos a porta do quarto deles ficamos traumatizados por uns dois meses, né?

— Exato. – Nós rimos ao relembrar a cena. – Vou pegar o carro do papai, okay? Até mais tarde. – Dei um beijo em seu rosto.

— Até, Gin. 

Peguei as chaves do carro dos meus pais no aparador do hall de entrada e sai de casa em direção a garagem. Meu corpo tremia de ansiedade e excitação pelo que viria pela frente. Com medo de parecer “desesperada”, dirigi devagar até o shopping e procurei por uma vaga no estacionamento totalmente descoberto. Percebi que Harry tinha estacionado seu carro ao lado de uma vaga vazia, por isso, coloquei meu carro ao lado do dele.

Desci do automóvel, acionei o alarme e verifiquei se as portas estavam realmente fechadas antes de entrar pelo lado do passageiro no seu carro. O sorriso que ele me lançou quebrou todas as primeiras expectativas que eu pudesse ter sobre essa noite. Oh, céus! Se eu pudesse descrever em uma palavra o que Harry estava nesse momento era: sexy. Ele estava com um suéter verde escuro, que combinava perfeitamente com aqueles olhos verdes maravilhosos que só ele tinha. Sua calça jeans preta marcava seu corpo nos lugares certos e a barba, que vinha crescendo dia após dia, me deixou com vontade de roçar meus dedos para ver sua consistência.

— Oi, Gin. – Ele se aproximou e me deu um beijo doce na bochecha, o que também quebrou outra expectativa que eu tinha para essa noite: ele iria me beijar logo de cara ou iria esperar para o fim do encontro? Percebi que Harry queria fazer como se fosse realmente o nosso “primeiro” encontro, então, resolvi entrar em sua brincadeira.

— Oi, Harry. –  Coloquei o cinto de segurança. – Demorei muito?

— Não. Eu cheguei há poucos minutos. Você está linda, Gin. – Ele sorriu.

— Obrigada. Você também não está nada mal. Gostei da barba!

— Verdade? O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo, né? – Nós rimos.

— Para onde vamos?

— Já disse que é surpresa. Por isso... – Ele pegou um lenço na cor preta no banco de trás do carro e, com toda a delicadeza do mundo, colocou-o sob meus olhos.

— Sério? Precisa disso? – argumentei.

— Sim, precisa! – E, contrariando pela terceira vez todas as minhas expectativas, ele me deu um selinho no canto da boca.

Ele ligou o carro e eu consegui notar quando ele saiu do estacionamento do shopping e pegou algumas ruas movimentadas da nossa cidade. Como eu costumava fazer na nossa adolescência, coloquei minha mão esquerda em cima da sua coxa e fiz um leve carinho – ato que eu sabia que ele gostava muito. Quando paramos no semáforo, Harry pegou a mão que estava em sua perna e deu um beijo suave nas costas da minha mão, o que me trouxe um arrepio gostoso na nuca.

Depois de cerca de 15 minutos, ele estacionou o carro e tirou a venda dos meus olhos.

— Espero que você goste. – disse.

Harry tinha estacionado defronte à um restaurante, de aspecto bem íntimo e romântico. Tijolos à vista faziam parte da construção do espaço, que tinha, além de velas, algumas arandelas e candelabros como iluminação. As mesas eram feitas de madeira rústica e um som agradável podia ser escutado do lado de fora.

— É lindo, Harry! – Sorri timidamente para ele. De todas as possibilidades de locais para um primeiro encontro, essa tinha se superado infinitamente. Ele sabia, afinal, como me agradar.

— Me espera? Vou abrir a porta para você.

Ele pegou o seu casaco e desceu do carro indo até o lado do passageiro. Assim que eu sai do automóvel e ele acionou o alarme, sua mão veio em minha direção e se entrelaçou com a minha. Caminhamos juntos até a entrada do restaurante e eu esperei pacientemente ele conversar com o atendente sobre a reserva que ele tinha feito para a noite de hoje.

Sentamos um de frente para o outro em uma mesa aconchegante em uma das varandas que existia no local – que estava totalmente fechada por vidros por causa do frio que fazia do lado de fora. Recebemos o cardápio e fizemos nossos pedidos (bruscheta de entrada, risoto de palmito como prato principal e vinho para acompanhar).

— Gostou mesmo do lugar, Gin? – Harry começou a fazer um carinho na minha mão que estava em cima da mesa.

— Sim, é lindo. Você se superou na escolha!

— É, eu me esforço.

Nós dois soltamos um riso leve.

— Então, me conta sobre sua semana. O que você fez? – disse Harry para quebrar o silêncio.

Nossa entrada chegou antes de eu começar a falar. Enquanto pegava uma fatia de bruscheta, busquei fazer um resumo sobre minha semana.

— Ah, eu não fiz nada demais. Li, vi alguns episódios de Sherlock. É realmente muito bom, Harry.

— Não te disse? – Ele também pegou uma fatia e começou a comer me olhando com expectativa sobre o restante do meu relato.

— Dormi bastante, conversei com meus pais e fiquei à toa. E você? Como foi a volta ao trabalho?

— Poderia ter sido mais leve. – Ele suspirou e pegou outra fatia de bruscheta. – Eu tinha tantos processos na minha mesa para analisar que eu não sabia por onde começar, mas acho que as coisas irão normalizar com a volta do recesso forense. Eu estou ansioso mesmo pelo fim da faculdade.

— Quando termina suas aulas?

— Eu faço as últimas provas no fim de janeiro. Se tudo der certo, eu colo grau com Ron em fevereiro. Não vejo a hora...

— Vai dar tudo certo. Você está estudando?

— Claro que sim, Hermione Granger 2.

— Bobo! Eu só estou preocupada com sua qualidade de ensino.

— Com licença, senhores. Risoto? – O garçom chegou até nós com o prato principal, que parecia estar com uma cara tão ótima, que eu mal podia esperar para experimentar.

Demos as primeiras garfadas em silêncio até eu quebrar o “gelo”.

— Você pretende ficar no escritório após a formatura? – perguntei.

— Por enquanto, sim. Eles me prometeram a efetivação e a possibilidade de atuação em qualquer área que eu escolher. Eu achei ótimo, mas eu venho pensando em novas possibilidades.

— Tipo o quê?

— Tipo concursos públicos. Eu sempre gostei da atuação policial, mas eu tenho receio de que isso afete minha vida pessoal. Não sei se eu quero andar com medo ou fazer minha futura família ter medo porque algum maluco que não foi muito amado na infância resolveu praticar crimes e me ameaçar.

“Caramba! Ele falou sobre futura família”. Tentei agir normalmente, mas esse comentário dele mexeu comigo.

— Eu acredito que se for isso mesmo que você queira, sua família deveria te apoiar, não?

— Não sei... você gostaria de ter um marido policial, Ginny? – Ele me perguntou seriamente.

“Casamento? No primeiro encontro, Potter? Sério?”— pensei.

— Eu acho que sim, se fosse isso que ele gostaria. Creio que casamento é parceria, cumplicidade e é apoiar o companheiro em todas as suas decisões, mesmo que não concorde com todas elas. Se fosse algo que o deixasse feliz, eu apoiaria sim.

O sorriso que ele me lançou foi tão lindo, que foi impossível que eu também não sorrisse diante de sua felicidade.

— Mas e você? Decidiu se vai aceitar a proposta do Remo? – Harry perguntou em uma tentativa de mudar de assunto enquanto dava outra garfada no risoto maravilhoso que estávamos comendo.

— Sim, vou ficar até o começo de junho. Conversei com ele essa semana sobre isso. – Dei uma última garfada no risoto antes de continuar - Eu preciso colar grau no começo do julho, então, achei melhor deixar acertado que meu contrato se encerra um mês antes desse prazo. Até porque eu preciso apresentar um relatório na faculdade com a assinatura da minha supervisora e embarcar para pegar o meu diploma.

— Entendi. E o que você vai fazer depois disso? – Harry me questionou de forma despretensiosa, mas eu senti que ele necessitava saber sobre os meus rumos após a formatura.

— Sinceramente não sei, Harry. – Suspirei fundo. Eu desejava voltar para os Estados Unidos, mas eu também passei a gostar da minha vida na Inglaterra ao lado dos meus pais, amigos e de Harry. Era um impasse que eu ainda não tinha a solução.

— Eu gostava da minha vida nos Estados Unidos. Tinha meus amigos, o clima era ótimo, as pessoas são receptivas e eu tenho mais possibilidades de atuação que aqui. No entanto, eu também gosto de como minha vida está na Inglaterra... de estar com a minha família, do meu emprego. Enfim... eu ainda tenho tempo para decidir, né?

— Sim, você tem bastante tempo para isso. – Consegui perceber que essa conversa deixou Harry triste, embora ele tentasse disfarçar suas expressões em um sorriso. Por isso, busquei confortá-lo, porque eu sabia que, qualquer decisão que eu tomasse daqui para frente, ele seria um dos motivos que eu ponderaria na minha escolha.

Colocando minha mão em cima da dele novamente disse: - Hey... eu também gosto de estar com você, Harry. Você é uma das razões para eu querer estar na Inglaterra, principalmente desde nossa conversa no Natal...

— Achei que não ia dizer isso nunca! – Ele sorriu aliviado. E eu não pude deixar de achá-lo ainda mais maravilhoso.

— Vocês desejam uma sobremesa? – O garçom apareceu novamente em nossa mesa e Harry sugeriu que escolhêssemos um tiramisu, que era um dos grandes atrativos desse restaurante especializado em comida italiana.

Conversamos amenidades até o nosso último prato chegar e comemos em um silêncio gostoso e confortável antes de Harry pedir a conta para irmos embora.

— Deixa que eu pago. Fui eu que te convidei. – disse para mim enquanto o simpático garçom apresentava a pasta com o valor da conta.

— Tem certeza? – perguntei com a mão na minha bolsa.

— Absoluta. Pode passar no débito? – disse se dirigindo ao atendente, que, após o procedimento, nos agradeceu e nos desejou boa noite.

Harry e eu saímos abraçados do restaurante e estávamos tão imersos em nós mesmos que não percebemos quando uma garota nos chamou de forma insistente.

— Harry? Ginny? – Me virei e tive a desagradável surpresa de encontrar com Cho Chang. Percebi que Harry também não se sentiu confortável, mas que fingiu fazer a melhor cara de simpático.

— Oi, Cho. Como vai? – disse ele.

— Oi, Cho. – Respondi simplesmente.       

— Vou bem e vocês?

— Bem. – Complementei.

— Não sabia que poderia encontrá-los por aqui. E também não sabia que eram o mais novo casal da University of London. – Comentou de forma maldosa para nós. Harry, que estava até aquele momento abraçado comigo, se soltou de forma rápida.

— Nós não estamos juntos, Cho. Somos amigos de longa data. Acho que você sabe disso, não? – Ele respondeu de forma suscinta e grossa.

— Claro. É que amigos não andam dessa maneira por aí. Abraçados...

— Pois é, mas eu e Harry andamos. Algum problema, querida? – Disse para acabar com qualquer insinuação que ela pudesse ter em relação a nós. Eu não tinha nada contra ela, mas sabia que a oriental gostava há muitos anos de Harry.

— Nenhuma, Ginny, querida! Nenhuma. Bem, bom vê-los. – Ela nos cumprimentou com beijos na bochecha e eu reparei que ela demorou um pouco mais na saudação a Harry.

Ele colocou sua mão esquerda nas minhas costas e me conduziu até o carro. Quando nós dois nos acomodamos em nossos bancos, eu não pude deixar de comentar.

— Que garota insuportável!

— Ela também não é uma das minhas pessoas preferidas. E nem de Dona Lily...

— Como assim? – Me virei em sua direção.

Ele respirou fundo antes de começar a falar. – Quando nós terminamos, Cho achou que poderia dar em cima de mim... Ela tentou de todas as formas ficar comigo, mas eu nunca quis nada com ela. Quando eu comecei a namorar a Claire... – Harry fez uma pausa no seu relato porque eu acredito que lembrar de sua ex-namorada na frente da garota com quem você estava saindo não era algo muito confortável. Confesso que eu também não gostei muito, mas eu sabia que Claire era uma ótima pessoa, então...

— Quando você começou a namorar a Claire... – insinuei a frase para que ele continuasse a falar.

— Digamos que ela não aceitou bem a notícia e resolveu dar barraco na frente da minha casa.

— Quê? – Foi impossível eu não soltar um grito. Cadê a autoestima dessa mulher, meu Deus?

— Pois é! Ela me chamou de cafajeste e outros nomes que não vêm ao caso. Minha mãe, toda delicada que só ela, resolveu sair na porta e dizer para Cho que o filho dela não era de se engraçar com qualquer uma por aí, principalmente uma que estava gritando na frente da residência de outras pessoas e incomodando toda a vizinhança.

— Tia Lily é uma diva.

— Não é? – Ele ligou o carro e saiu em direção ao estacionamento do shopping.

— Como a Cho pode fazer um papelão desses? – Comentei.

— Não sei, Gin. Só sei que desde então ela acha que me causa ciúmes e eu ainda tomo várias zoadas do pessoal da faculdade por causa disso. No fundo, eu tenho pena dela, porque ela se prende em algo que não é real. Eu nunca gostei dela ou dei esperanças de que algo pudesse acontecer entre nós.

— Eu sei. Ela já dava indícios de que sentia algo por você desde a adolescência. Acho que estudar na mesma universidade e te ver pelos corredores todos os dias deve ter acentuado isso...

— Vai saber... Maluca!

Como as ruas estavam vazias – já era quase 22h30 – o nosso trajeto foi rápido e logo chegamos ao estacionamento do shopping. Harry desligou o carro, soltou o cinto de segurança e se virou em minha direção.

— Bem, está entregue. – Ele comentou. Soltei o cinto de segurança e coloquei uma de minhas mãos em seu rosto como eu queria fazer desde o início da noite.

— Obrigada pela noite, Harry. – disse.

— Eu que agradeço. Foi uma noite agradável e que eu passei em ótima companhia.

Foi impossível não sorrir.

— Sabe o deixaria essa noite ainda mais perfeita? – Me perguntou e eu fingi não saber a resposta.

— Não. O quê?

— Isso.

Harry veio em minha direção e me beijou. Eu retribuí seu gesto colocando minhas mãos em seu pescoço e ele, imediatamente, posicionou as suas mãos em minha cintura.

Meus dedos ganharam vida própria e foram em direção ao seu cabelo arrepiado, se embrenhando e se enroscando em vários fios grossos. Depois, eles desceram e foram para sua nuca, fazendo um carinho gostoso naquele local.

Ele, por outro lado, desceu suas mãos da minha cintura para minha coxa, apertando e deixando um rastro de fogo por onde passava. Mordidas aqui, mordidas acolá... Não importava que estávamos dentro do carro, em um estacionamento qualquer da cidade. Importava que estávamos juntos, que estávamos aproveitando cada segundo que podíamos para reviver o nosso amor, que parecia mais forte do que nunca.

Parei o beijo por alguns segundos para buscar ar e Harry acomodou seu rosto em meu pescoço buscando sentir meu cheiro. Eu conseguia ouvir nossos corações acelerados e eu ansiava por beijá-lo novamente. Não me deu tempo, no entanto, de completar o ato, porque ele colou nossas bocas em um outro beijo sensual, carnal e, ao mesmo tempo, romântico.

Não sei dizer quanto tempo ficamos nos beijando, nos tocando, nos amando. Sei que quando paramos, no entanto, nossas respirações estavam descompassadas e os vidros do carro começavam a embaçar. Olhei para o relógio no pulso de Harry e percebi que era quase meia-noite.

— Harry, eu preciso ir. – disse.

— Que horas são? – Ele estava com o rosto novamente no meu pescoço se recuperando da nossa sessão de amassos.

— Segundo seu relógio, quase meia-noite.

— Hum... Tá cedo ainda... – Resmungou.

— Não posso ficar até tão tarde. Eu estou com o carro dos meus pais e eu prometi para minha mãe que não chegaria tarde.

— Então, Gin. Se você chegar 6h vai ser cedo... – Ri de sua frase.

— Você não tem jeito, Harry! – Ele não deixou de rir do meu comentário. – Eu realmente preciso ir.

Ele deu um beijo no meu pescoço antes de me dar um selinho demorado.

— Tudo bem. Eu te sigo até em casa para você não ter que dirigir sozinha até lá... esse horário é meio perigoso. – Achei fofa a sua preocupação, mesmo que eu soubesse me cuidar.

— Eu sei me cuidar, Harry.

— Eu sei que sabe, linda. Só que eu me sinto mais seguro te protegendo... E, além do mais, não é como se eu morasse muito longe de você, não é?

— Okay. – Concordei.

Ele me deu um beijo demorado antes de dizer: - Obrigado mais uma vez pela noite. Eu gostei muito, Gin.

— Eu também. O lugar é incrível, Harry... e a sua companhia foi melhor ainda.

— Assim eu fico sem jeito. – Dei um tapa de leve em seu braço antes de lhe dar outro selinho.

— Boa noite, lindo.

— Boa noite, Gin.

Abri a porta e fui em direção ao meu carro. Durante todo o trajeto, Harry permaneceu conduzindo atrás de mim e quando cheguei ao nosso destino ele me deu luz alta sinalizando um cumprimento de boa noite. Quando deitei na cama não pude deixar de suspirar e relembrar todos os nossos últimos momentos juntos.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Oi, pessoal, tudo bem? Fui bem fofa nesse capítulo, né? O que acharam? Por favor, comentem e me digam o que vocês esperavam para o primeiro encontro entre Harry e Ginny... Estou ansiosa para os comentários de vocês. Um grande beijo.