WSU's: Soldado Fantasma: Honra & Monstros escrita por Nemo, WSU
Notas iniciais do capítulo
Gostaria de agradecer pela chance que me foi concedida por poder trabalhar com o WSU, (especialmente pela Natália por me dar uma mãozinha com a revisão) e por poder escrever essa história, que tem como objetivo esclarecer mais sobre o personagem e até mesmo ousar tratar sobre questões que se fazem atuais nos nossos dias. Essa história é uma continuação de Soldado Fantasma: O Riso da Caveira. Contudo suas maiores consequências vem de Karen Maximus. Em uma ordem linear, mas não obrigatória: Soldado Fantasma R da C > Aracnídeo > Karen.
— Tem certeza disso filha? — indagou o Senhor Maximus, preocupado com a ideia. O homem de cabelos loiros, se sentou no sofá de couro preto tentando entender o que levou sua filha a aquela decisão, enquanto buscava um meio de impedir sua ida — Nós podemos contratar profissionais do mesmo nível do seu... amigo.
Karen se levanta do sofá de couro, séria, enquanto retirava uma das suas longas mechas douradas do rosto, também ajustando a camisa branca no corpo.
— Pai, nenhum desses ditos profissionais, tem poderes, e ele manja de quase tudo. Olhe o lado positivo, o senhor não vai ter que pagar nada.
— Mas e os estudos? — indagou sua mãe preocupada. Karen ajustou os óculos no rosto, enquanto procura acalmar sua mãe:
— Mãe agora é julho, estou de férias, depois retomo — disse ela — Duvido muito que o Tales não vá pegar no meu pé. Ele é pior que vocês, quando se trata de aprendizado e leitura.
— Mas e se ele... — Ia sugerir o senhor Maximus, sendo interrompido pela esposa.
— Querido, se Karen confia nele é porque o conhece, então eu também confio. — tranquilizou a Senhora Maximus.
Tales por sua vez, se encontrava fora da casa. Estava sentado de pernas cruzadas, seu semblante era sereno. Talvez fossem seus olhos fechados e a calma com a qual respirava, ou talvez fossem suas roupas claras que exprimiam essa paz. Meditava sobre o futuro. A água corrente da fonte ao seu lado, bem como o canto dos pássaros e a brisa fria da manhã nublada permitiam perfeitamente isso. Havia algo não resolvido a ser feito, um motivo que o tinha levado a fitar seu sortido passado mais uma vez. Itaberá e outras cidades da região, estavam sofrendo ataques. Pessoas desapareciam e não retornavam, isso já tinha mais de um ano, em alguns casos chacinas eram encontradas.
Sua família, seus amigos e seus fantasmas importavam tanto quanto Karen e seus novos aliados. E isso ele não iria esquecer.
— Aceita um chá, Senhor Souza? — indagou a Senhora Maximus, segurando a bandeja atrás de Tales. Que por sua vez pulou de susto, ao ouvir seu sobrenome.
— Senhor-ra Maximus? Desculpe, não estou habituado a esse nome. — A Senhora Maximus caminhou lentamente com uma bandeja até ele, seu andar era imponente e expressava uma personalidade decidida.
— Tudo bem, querido, gosta de chá? — disse ela amigavelmente, enquanto seu longo vestido preto e com algumas flores, ondulava lentamente com a brisa.
— Tanto quanto café. — disse ele animadamente, enquanto pegava a xícara de hortelã, tomando vagarosamente. Aquele sabor lhe lembrava algo — É muito parecido...
— Com o que? — indagou Karen se aproximando.
— O chá que minha mãe (avó) fazia para mim... — Mas suas memórias foram interrompidas, pela voz imperiosa do Senhor Maximus:
— Senhor Tales. — falou o Senhor Maximus, enquanto passava a mão pela testa — Eu espero que saiba o tipo de responsabilidade que está carregando. Sei que ela não é uma criança e tão pouco é frágil. Mas cuide dela como se fosse sua filha.
— Fique tranquilo Senhor Maximus. Da minha parte, daria minha vida por ela. Não vou falhar com os senhores, ou com Karen. — Enquanto dizia isso sem perceber colocou a mão direita sobre peito, uma parte de si se ressentia ali, e outra buscava fazer desse ressentimento uma motivação.
Esta por sua vez, sabia o que essas palavras decididas queriam dizer. E era a mais pura verdade. Tales não ligava se vivia ou morria. Ele não se importava mais com si.
Duas semanas depois, Riversul, Interior Paulista, 15:02 – Quintal
— Olha baixinha, se quiser desistir e recomeçarmos depois que eu fizer as torradas, tudo bem. — explicou o Soldado ante uma Karen arfante. O sol ardia forte na pequena cidade do interior paulista, anteriormente conhecida como a capital do feijão. Agora jazia sem o grande movimento de outrora, se tornando quase um deserto. Os pássaros voavam sobre a pequena casa afastada da cidade, enquanto que uma pequena brisa, soprava aliviando o calor dos dois naquele vasto quintal. Sua grama era alta, mas de longe um problema para aqueles dois.
— Sinceramente, não sei porque preciso fazer isso. Devíamos focar nos poderes, não nisso... — disse Karen consternada.
— Não sabemos o futuro. — advertiu o Soldado com calma, — É preferível que você saiba se defender, e ter seus poderes a 50%, do que você não saber se defender e seus poderes falharem.
Ela avançou enquanto ele falava, tentou pegá-lo de frente, mas seu alvo foi rápido e desviando para o lado. Saltou subindo no muro.
— Além disso. É preferível que não nos tornemos tão dependentes dos nossos dons. Mas nem por isso, vamos deixar de aprimorá-los.
— Ainda assim é chato. — disse ela se aproximando do muro branco questionando:
— Porque estamos nessa cidade? Ela é pequena. Não tem grandes crimes.
— Não estamos aqui por crimes. — disse o Soldado, que acabara de saltar do muro e caiu rolando na grama — Estamos aqui de passagem, colhendo informações sobre os assassinatos.
Karen parou e exclamou com uma cara de quem tomou algo amargo.
— É estranho. — disse ela com uma expressão de desagrado.
— O que é estranho? — indagou ele surpreso.
— Sempre que entro em sua mente, é como se tivessem duas personalidades aí.
— Não são personalidades, são meus eus. — esclareceu o Soldado. — Eles são tão distintos que você, como telepata, percebe a diferença, minha vida foi fragmentada. O rapaz jovem, cheio de sonhos e o assassino fantasma.
Nisso um tijolo veio pelas costas do soldado. Ele percebeu, graças a seus instintos e conseguiu desviar. Mas Karen com ajuda de seus dons, se impulsionou e agarrou sua perna esquerda.
— Bom — disse ela enquanto o soltava e se colocava de pé — E você seria qual dos dois?
— Nenhum, e ambos ao mesmo tempo. — disse ele tomando o rumo da porta da cozinha — Agora, vamos fazer o café da tarde estou morto de fome.
— Guloso. — provocou ela, enquanto seus cachos dourados balançavam ao vento.
— Se tivesse o meu metabolismo você não diria isso. — retrucou ele, adentrando na casa.
Enquanto Tales colocava o café para coar, Karen ia conversando, ou melhor, perturbando ele.
— Me diga, você já namorou antes?
— Não. — disse o Soldado gélido.
— Ficou?
— Não. — Estava ficando irritado.
— Já beijou?
— Não e pare de perguntar sobre a minha vida amorosa. — esbravejou ele, em seguida enchendo seu copo de café e leite. — Vida essa que sequer exxiste.
— Você tem 48 cara!
— 48 anos de existência, não é o mesmo que de anos vividos. Na prática tenho 23 anos conscientes, mas deveria ter 17, já que nasci em 98. — disse ele, pegando o pão da torradeira, e colocando-o junto com outros quatro. — Sinceramente tem horas que até eu, fico "bugado" com esse lance de idade... Mas a matemática é simples 17 + 30 = 48.
— Mesmo assim. Porque nunca investiu em ninguém? — Ele a encarou firme e decidido, de uma forma que até assustava.
— Por que nunca foi minha prioridade. Eu queria estudar, queria ser um professor e escritor. Queria ser independente, antes de qualquer coisa. — respondeu ele, enquanto se sentava e tomava um gole. — Reconhecido, pela minha família, meus amigos e pelos idiotas que duvidavam de mim.
16:47
Ambos jaziam no gramado, sentados, com as pernas cruzadas. Estavam refletindo, até que Tales decidiu que já estava bom, ele se levantou dizendo:
— Descanse um pouco baixinha. — Se concentrava, mas um toque do celular interrompeu seu raciocínio.
Karen conhecia cada toque:
Dont’t Stop Believin — Aracnídeo
Come and Get Your Love — Temerário.
God’s Not Dead — Azathoth, nesse caso era só para deixá-lo com raiva.
Sweet Dreams — Trap.
Remenber When — Karen.
No entanto, este ela nunca tinha ouvido antes, posteriormente ela o identificaria como: Bloodline – Crazy Cover.
Ele ficou tenso de uma hora para a outra. Karen nunca tinha visto ele dessa forma.
— Quem está te ligando? — indagou ela apreensiva.
— Um velho amigo. — disse ele com calma.
— Mas você disse que todos do seu passado pensam que você está morto...
Ele respondeu enquanto pegava o telefone:
— Ele é um amigo especial.
— Alô. — disse o Soldado.
— Olá Tales. — disse uma voz conhecida em um tom amistoso. Ele trava, mas tenta ser educado:
— Rodrigo, como tem passado?
— Eu vou bem e você? Entendendo as referências?
— Planejo ver Doutor Estranho em breve. — afirmou ele rindo — Como vai Sirehen?
— Ela vai bem, tentando se adaptar.
— Receio que você não tenha ligado apenas para matar a saudade... — disse consternado. A voz dessa vez ecoa firme, tal qual a de um comandante:
— Tales, precisamos conversar, já esperamos demais. Você já pensou demais, está na hora de voltar para casa.
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Muito obrigado por nos acompanhar.