A Senhora da Sorte escrita por Ana Letícia
Andrômeda congelou. Não dava tempo de fingir que não estivera fuçando o armário da Lana, com a mão direita ela apertou o anel e a levou para atrás das costas. Um segundo depois uma garota loira apareceu.
— O que você está fazendo? - ela perguntou.
Era uma das amigas de Lana, Beatrice.
Andrômeda arregalou os olhos sem saber o que dizer. A menina não era burra, já notara o armário de Lana aberto e as coisas dela pra todo lado.
Não tinha o que fazer, a garota deu meia volta e ia correndo contar à Lana. Andrômeda enfiou o anel no dedo e disse:
— Espera! Por favor!
A garota voltou automaticamente, mas ainda a olhava com raiva.
— Eu não estava mexendo nas coisas da Lana. - disse Andrômeda com convicção.
— Você não… estava? - ela pareceu confusa.
— Não, Beatrice, eu não estava!
— Você não estava, claro. - disse ela.
— Na verdade eu estava no meu armário procurando algo pra prender o cabelo. - Andrômeda sacudiu os longos cabelos negros que escorriam até a cintura. - Você pode me emprestar?
Beatrice abriu seu próprio armário e tirou de dentro um elástico azul e o ofereceu à Andrômeda.
— Muito obrigada. - Andrômeda aceitou. - Você pode ir, eu já vou.
— Tá bom. - disse ela e foi embora.
Andrômeda não parava de tremer. O que foi aquilo?? Ela realmente convenceu a garota de que ela não estava mexendo nas coisas de Lana quando era bem óbvio que estava?
Ela olhou o anel novamente, era de ouro, com uma brilhosa pedra verde no meio. Aquele anel realmente era mágico, não podia ser outra coisa.
Andrômeda o devolveu para o sapato e guardou as coisas de Lana. E então voltou para o ginásio como se nada tivesse acontecido.
***
Agora que sabia que era verdade, Andrômeda entendia o desespero de Lana, com certeza ela escreveu sobre aquilo, e Andrômeda apostava aquele anel que foi no diário verde.
Como Lana conseguiu guardar segredo por tanto tempo? Logo ela que gostava de contar vantagem em tudo.
A aula de educação física passou voando. Andrômeda foi para o banheiro feminino tomar um banho, quando saiu Pablo estava a esperando na porta.
— Até mais tarde, Andy. - ele disse.
Andrômeda deu um sorrisinho.
Segundos depois Lana apareceu na sua frente.
— “Até mais tarde, Andy”. - disse ela debochando.
— Belo anel, Lana. - disse Andrômeda.
E isso foi o suficiente para tirar o sorriso arrogante de seu rosto.
Depois da aula, Andrômeda correu para casa, precisava se arrumar para o jantar com Pablo.
Quando mais ela pensava sobre isso mais estranho achava. Ela estava mesmo gostando do Daniel, e não sabia o motivo exato por estar saindo com Pablo se sabia que ele gostava dela.
Ela tomou banho e pegou seu vestido azul, era longo e reto, e bem chique, cheio de pedrinhas azuis e prateadas, o mesmo que ela usou no casamento de uma tia.
Ela o vestiu e colocou o cabelo para o lado fazendo um penteado bem simples. Passou maquiagem e colocou o salto prateado.
Às seis e meia Pablo tocou a campainha.
O pai de Andrômeda atendeu a porta e conversou com Pablo enquanto ela descia.
— Que bonitona. - disse seu pai.
Andrômeda riu.
— Até mais tarde, senhor Allen. - disse Pablo.
— Tchau, pai.
— Tchau, meu amorzinho, cuidado.
Andrômeda ficou meio sem jeito, mas foi com Pablo para o carro. Seus pais estavam lá dentro.
— Boa noite. - Andrômeda cumprimentou.
Ela e a mãe de Pablo conversaram um pouco sobre a escola, eles não demoraram a chegar ao local do jantar.
Eles sentaram na mesa da família de Pablo enquanto os pais dele iam cumprimentar as pessoas.
— Pensei que seu irmão viesse. - disse Andrômeda.
— Ele preferiu sair com a namorada nova, a Vivian. - disse ele revirando os olhos.
— Mas semana passada ele não estava namorando a Rebecca?
— É, e a retrasada estava com a Violet. Meu irmão não se decide, por isso meus pais já estão furiosos com ele!
— Por que ele gosta de namorar?
— Não. É um lance de família.
— Ah, certo. - Andrômeda não quis ser intrometida.
— Desculpe. - disse Pablo rapidamente. - É que meus pais nos criaram de um jeito diferente, eles querem que encontremos o amor de nossas vidas, e não ficar com uma e com outra até ficar velho e careca e sozinho, e arrumar uma garota que só queira nosso dinheiro.
Andrômeda arregalou os olhos.
— Não é que estejam nos pressionando. - disse ele rapidamente.
— Sim, entendi. - disse Andrômeda sem na verdade compreender.
Segundos depois os pais de Pablo voltaram para a mesa e sentaram-se, e o jantar começou a ser servido.
Na verdade a comida não era boa, tudo tinha gosto de papel, mas Andrômeda fingiu gostar. Pablo fazia careta ao mastigar e sua mãe lhe lançava olhares de reprovação.
Terminada a tortura do jantar, o senhor e a senhora Hinostroza voltaram a circular pelo grande salão para conversar com pessoas. Pablo olhou de relance para sua mãe e ela deu uma piscadela.
Andrômeda não entendeu o que aquilo significava, então continuou fitando a mesa.
— Eu queria te contar uma coisa. - Pablo disse de repente.
— Tá bom.
— Vamos lá fora, ouvi dizer que o jardim daqui é lindo.
— Vamos. - disse Andrômeda sem muita certeza de que queria ouvir o que ele tinha a dizer.
Eles andaram juntos até o jardim, e pararam diante da linda fonte que respingou água neles.
— Andy, - ele segurou a mão dela – eu realmente gosto de você. Eu gostaria que ficássemos juntos.
Andrômeda o olhou sem compreender totalmente.
— Como casal, sabe? - ele acrescentou.
— Ah. - disse Andrômeda.
— Mas só se você quiser.
— Ok.
— E pra provar o que eu sinto por você quero te dar um presente especial.
— Você não precisa me dar nada, sério. Eu acredito.
— Eu quero mesmo que você saiba e sinta isso, Andy. - ele sorriu.
— Está bem. - ela disse assustada.
Ele tirou do bolso do paletó uma caixinha retangular e a abriu. Dentro havia um lindo colar. A corrente era de ouro branco e seu pingente era uma pedra verde muito brilhosa e maravilhosa contornada de ouro branco.
Andrômeda viu uma reprise diante de seus olhos, a pedra era igual ao do anel de Lana! Aquilo era só coincidência ou era a mesma pedra?
Andrômeda sabia que não correspondia os sentimentos de Pablo e não podia aceitar aquele colar, mas ela precisava saber se ele era mágico como o anel de Lana. E se fosse? O que ela iria fazer? Fingir que gostava do Pablo só pra não ter que devolver o colar? Ou simplesmente descartá-lo? Dizer que foi roubada?
Sem pensar Andrômeda tocou a pedra verde.
— É lindo. - ela disse.
— Eu quero que seja seu. - disse Pablo com os olhos cheios de esperança.
Se Andrômeda dissesse sim ela seria uma pessoa horrível.
— Eu quero que você seja minha namorada. Você quer namorar comigo? - disse ele sorrindo.
Andrômeda sentiu todo o sangue se esvair de seu rosto, suas mãos formigavam, ela precisava saber se o colar era mágico também.
— Sim. - disse Andrômeda.
E uma lágrima correu pelo seu rosto.
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