A Senhora da Sorte escrita por Ana Letícia


Capítulo 14
Você vai se tornar uma pessoa ruim!




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Com raiva, Andrômeda arrancou o bracelete e sentou-se no chão frio. Não entendia como a própria mãe pretendia esconder dela toda aquela história, e sua avó então, era a última pessoa do mundo de quem Andrômeda esperava esse tipo de coisa.

Sem pensar, ela pegou o telefone e ligou para a avó.

— Como pôde mentir para mim? - perguntou assim que ela atendeu.

— Eu menti sobre o quê, meu bem? - perguntou a avó.

Andrômeda se enganara, ligou para a vovó Allen.

— Desculpe, vovó. Eu queria ligar para outra pessoa.

— Está bem então, procure se acalmar.

E desligou o telefone.

Andrômeda dessa vez ligou para a pessoa certa.

— Eu sei que você mentiu para mi, vovó. - disse com raiva.

— Eu não queria que você ficasse obcecada com essa história. - respondeu a vovó Montenegro.

— Mas eu tinha o direito de saber!

— Mas do que adiantaria você saber da existência do colar de ele foi roubado?

— Eu tenho o colar, vó, o colar e o bracelete.

— Mas o bracelete pertence aos Torres… Ah, não , Andrômeda, você roubou.

— Eles roubaram primeiro.

— Não te criamos para ser ladra!

— Não me importa mais. Eu tenho duas joias, e sei onde as outras duas estão, e vou pegá-las, eu vou ser a Senhora da Sorte.

— Andrômeda, isso não é uma boa ideia, você vai se tornar uma pessoa ruim.

— Veremos. - E então desligou.

***

Lana estava inquieta. Como roubaria os brincos de Lamína se ela estivesse usando eles? Ela estava realmente boa em convencer pessoas a fazerem coisas que não queriam, e depois de muito trabalho conseguiu convencer Lisa a lhe dar o endereço de Lamína. Depois de uma longa busca no Google Maps, Lana resolveu chamar um táxi. Ela pegaria os brincos esta noite.

Durante o caminho ela repassou o plano todo umas dez vezes, não tinha espaço para falhas ou contratempos, era roubar e sair.

O táxi parou em frente a casa de Lamína e Lana desceu, andou até a porta e tocou a campainha.

Uma mulher de cabelos negros e olhos azuis atendeu a porta.

— Olá? - disse ela.

— Olá, convide-me para entrar. - disse Lana usando o poder do anel.

— Entre por favor.

— Você é quem mesmo? - disse Lana.

— Jilian Grace.

— Então, Jilian Grace, que tal você ir fazer umas compras?

— Eu preciso mesmo fazer compras, sim, eu vou.

— Mãe?? - gritou Lamína.

— Estou indo para o super mercado, filha. - respondeu Jilian.

— O que?? - gritou Lamína.

— Vá agora! - ordenou Lana.

Jilian vestiu o casaco e saiu.

— Mãe, você acabou de voltar do super mercado e…

Lamína entrou na sala e viu Lana.

Lana percebeu que ela ia correr e gritou:

— Não se mexa.

Lamína parou o que estava fazendo.

— Diga-me onde estão os brincos. Agora!

— Estão na minha escrivaninha.

— Está falando a verdade? - disse Lana com mais ênfase.

— Sim.

— Então não se mexa.

Lana procurou o quarto de Lamína, quando o encontrou viu os brincos na escrivaninha. Ela os pegou e escondeu no bolso interno do casaco.

Voltou para a sala onde Lamína ainda estava parada.

— Por favor, não leve os meus brincos. - pediu Lamína.

— Sinto muito, para ser a Senhora da Sorte eu preciso deles.

— Não, por favor.

— Cala a boca! - disse Lana, e Lamína calou-se.

— Você, hum, pode voltar a fazer o que quiser daqui a cinco minutos.

Lana sabia que essa ordem quebraria o poder do anel. E então, abriu a porta e foi embora.

***

Usar o bracelete a deixava perturbada. Andrômeda estava deitada em sua cama com milhões de ideias passando por sua cabeça, quando o telefone tocou.

— Andrômeda?

— Senhora Hinostroza? O Pablo está bem?

— Sim, ele está bem, a radiografia está normal, já voltamos para casa. Ele está dormindo.

— Ah, que bom.

— Você pode vir vê-lo amanhã.

— Irei sim. Obrigada.

Andrômeda desligou e respirou fundo. Pelo menos Pablo estava bem, jamais se perdoaria se tivesse machucado ele de verdade.

Um plano aparentemente bom estava se formando na cabeça de Andrômeda. E ela estava disposta a seguir com ele.

Ela desceu as escadas para falar com a mãe.

— Me desculpe por ter jogado o colar. Eu estava nervosa, Pablo estava no hospital e eu roubei o bracelete da família dele.

A senhora Allen levou as mãos ao rosto.

— Minha filha… roubando! Andrômeda, não te criamos para isso.

— Mas eu posso ser a dona da sorte, mãe! Qual o problema em fazer umas coisinhas erradas?

— O problema é que você já está obcecada, isso não é nada bom, filha.

— Onde está o colar?

A mãe estendeu o colar para ela.

— Eu vou pegar as outras joias.

— Espere! Andrômeda, você realmente pode ser a Senhora da Sorte.

— Claro que posso, só preciso reunir as joias.

— Não, filha. Apenas as descendentes da família Montenegro podem ser.

— O que quer dizer com isso?

— A lenda foi contada várias vezes, mas o que muitas pessoas não sabiam era que além das joias existe uma outra coisa.

— O quê?

— A essência da confiança, é a quinta peça para a joia suprema, apenas quem tiver a essência pode ser a Senhora da Sorte.

— Desde quando sabe disso?

— Sua avó me ligou logo depois de você ter ligado para ela.

— Então a joia suprema pertence a mim?

— Sim.

— Então Lana jamais conseguiria. - murmurou Andrômeda.

— Eu vou atrás das outras joias.

Andrômeda saiu pela porta. E colocou o colar no pescoço sob a luz do luar.

***

Lana estava se sentindo vitoriosa. Conseguira facilmente pegar os brincos de Lamína, e agora podia ouvir os pensamentos de todo mundo.

Deitada em sua cama, ela girava o anel no dedo, um sorriso malicioso brincava em seus lábios. Agora era só precisava convencer Andrômeda a lhe dar as suas joias. Isso seria fácil.

— Lana, querida. - disse sua mãe.

— Sua colega está aqui para se desculpar. - disse a senhora Winters.

— Que?

A mãe de Lana abriu a porta do quarto e empurrou Andrômeda Allen para dentro.

— Espero que vocês façam as pazes. - disse a mãe dela e saiu do quarto fechando a porta.

— O que está fazendo aqui? - disparou Lana.

— Vim te dizer uma coisa, quero pegar os brincos da Lamína e…

Lana percebeu os olhos de Andrômeda em suas orelhas.

— Sua safada. Você já pegou os brincos! E aquela conversa de “podemos ser as donas da sorte juntas”?

— Você disse que não ia rolar. - rebateu Lana.

— Acho que não posso confiar em você então.

Lana olhou fixamente para Andrômeda, estava tentando ler seus pensamentos. Mas a mente de Andrômeda parecia um turbilhão, ela não parava de pensar várias coisas ao mesmo tempo,Lana não conseguia captar seu pensamento central, não podia prever o que ela ia falar.

— O bracelete neutraliza os brincos. - disse Lana.

— É.- disse Andrômeda.

— É genial.

— Verdade.

Andrômeda pegou um ursinho de pelúcia da prateleira de Lana e o girou nas mãos.

— Seu anel também não funciona comigo.

— Isso não é justo! - bradou Lana.

— É mais que justo. “É genial” . - disse Andrômeda imitando a voz de Lana.

Lana riu.

— Pois é uma pena que você tenha que tirá-lo na escola. Não vai querer que Pablo veja que você roubou a família dele não é?

Andrômeda ficou pálida.

— Você não vai contar, vai?

— Claro que não. Você seria obrigada a devolver e eles esconderiam num lugar mais seguro, é claro que com meu anel eu poderia pegar mas não quero me dar ao trabalho. Mas você não vai poder usar perto dele, e ele sempre está na sua cola. - Lana riu – E eu vou cuidar para que ele não saia do seu pé.

— Você é baixa.

— E você é ladra.

— Você é uma ladra pior que eu!

— Ora ora, podemos ficar nessa discussão por dias e nada muda o fato de que temos o que a outra quer. E ainda tem a Lamína, ela pode tentar algo.

— Lana.

— O quê?

— Quando você pegou os brincos da Lamína, você lembrou de proibir ela de contar para o Lorenzo que eu roubei a família dele!?

E foi a vez de Lana ficar pálida.

Elas correram para a saída da casa.

— Para onde vão, meninas? - gritou a senhora Winters.

— Vamos, hum, tomar um iogurte. - disse Lana.

Andrômeda franziu a testa e Lana deu de ombros.

— Não volte tarde. - disse a mãe dela.

Elas correram pelo meio da rua em direção à casa de Lamína.

— Espera! - gritou Andrômeda.- Ela pode estar indo para a casa do Lorenzo.

— De onde tirou isso?

— O bracelete me fez pensar muita coisa.

— Mas tem razão, vamos para lá.

Elas correram para a casa dos Hinostroza, estavam entrando no jardim quando viram Lamína esticando o braço para apertar a campainha.

— Não! - gritaram juntas.

Lamína parou e se virou. Foi pelo efeito do anel de Lana.

— Você não pode contar para ninguém que Andrômeda roubou o bracelete, e nem sobre as outras joias. - disse Lana.

— Não posso contar. - repetiu Lamína.

Alguém abriu a porta da casa dos Hinostroza.

— Pensei ter ouvido um grito. - disse Lorenzo.

As três olharam para ele. Andrômeda e Lana ficaram geladas.

— Eu vim aqui falar com você, e eu, eu…. Eu… - gaguejou Lamína.

— Ela não consegue contar. - sussurrou Andrômeda.

— Ela veio aqui se declarar pra você. - disse Lana. - Estávamos encorajando, viemos dar apoio.

— Isso mesmo. - disse Andrômeda.

— Diga a ele, Lamína, que você gosta dele mesmo, de verdade. - disse Lana usando o poder do anel.

Lamína, sem ter escolha disse:

— Eu amo você, Lorenzo.

— Oh, - disse Lorenzo.- eu não sabia, bem, hum, minha mãe tá me chamando.

Lorenzo correu para dentro de casa.

— Eu odeio vocês! - disse Lamína e foi embora.

Lana e Andrômeda respiraram aliviadas.

— Foi por pouco. - disse Lana

— Você quase estragou tudo, Winters!

Lana revirou os olhos.

— Eu vou para casa. - disse Andrômeda depois de um tempo.

— Também vou. Mas nós temos um acordo?

— Não confio em você, além disso…

— O quê?

— Nada, mas não pense que vai me roubar facilmente.

— Veremos. - disse Lana.

E caminharam de volta para suas casas.

 


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