Edward PDV

– E, enfim, Jen, este é o refeitório! – Disse eu, terminando nosso tour pela escola.

– É, a escola é legal! – Ela sorriu.

Eu avistei, ao longe, Rosely, e logo ela tratou de acenar para mim. Eu estava perdido! Precisava encontrar alguém confiável para cuidar de Jenny enquanto eu resolvia esse pequeno... Problemão particular!

A resposta veio logo de primeira! Era o jeito mesmo!

– Emmet! – Chamei.

O grandalhão olhou por cima do ombro. Quando me reconheceu, acenou alegremente como sempre fazia. É. Nos tornamos bons amigos. Na verdade, percebi por que Bella se dava tão bem com os caras: eles eram legais.

– Quem é ele, Edward? – Jenny perguntou.

– Ele é o Emmet, um cara bem legal, você vai ver! – Falei levando Jenny até lá. – Se importa se eu deixar você um tempinho com ele... Preciso resolver uma coisa... – Cochichei.

– Sem problemas, Edward!

Jenny estava me saindo uma ótima companhia mesmo... Menos para o que eu tinha que fazer agora.

– Fala aí, Edward! Quem é a princesa? – Emmet disse. Notei que na sua mesa só estava Jasper e Tyler. Não estava um lugar nada ruim.

– Esta é Jenny, minha mais nova irmã!

Os garotos engasgaram e ficaram de olhos esbugalhados. Pisquei para eles sem que Jenny percebesse.

– Oh... Bem, que legal! – Jasper falou. r10; Como vai?

Todos os outros repetiram a mesma pergunta.

– Bem, e vocês? – Jenny respondeu.

– Ah! Indo, né! – Falou Emmet, arrancando um sorriso largo de Jen. r10; Senta aqui com a gente um pouco!

Jenny sentou delicadamente na cadeira que Emmet puxou para ela. Ela pareceu intimidada, mas nada que dois minutos com Emmet e Jasper não resolvesse! Tyler Sorriu para ela com carinho. Agradeci com outra piscada aos rapazes.

– Então... Eu vou indo resolver meu problema. Já volto pra você Jen! – Disse lhe dando um beijo no topo da cabeça. Ela sorriu.

– Tudo bem. Vai lá! Eu vou ficar bem!

Pisquei para ela também. Ter uma irmã não estava me saindo tão mal. E, assim, corri para fora do refeitório, onde Rosely esperava já brava.

– Até que enfim! Pensei que você fosse ficar ali! Aliás, quem é a criança? – Ela falou e apontou Jenny com ombro.

– É minha irmã. Na verdade, é filha do meu padrasto. Mas o caso não é esse. Rose, nós precisamos conversar. Sério. – Fui direto ao ponto.

Rosely fechou ainda mais a cara, porém, quando eu ia abrir a boca para falar alguma coisa, ela de repente sorriu.

– Certo, Edward, a gente conversa então!

Seguimos para o ginásio. As arquibancadas eram um bom lugar para ficar em paz, principalmente para um casal ficar em paz. Não que Rosely e eu fôssemos um casal. Na verdade, era isso mesmo que eu tinha que resolver.

Subimos até a última arquibancada e fomos até o pilar onde costumávamos ficar. Deixe que Rosely sentasse primeiro, como sempre, depois me sentei ao seu lado, mantendo uma distância confortável... Ao menos para mim. O que não adiantou muito, pois logo ela se colou em mim, praticamente sentando no meu colo.

– Bem... Rose, o que eu tenho pra falar contigo é sério... – Comecei. Porém, Rosely investiu num beijo que, normalmente, teria me tirado o fôlego com prazer, mas que hoje, me tirava o fôlego com agonia.

A afastei de mim gentilmente, tentando não ser rubro demais.

– O que foi Edward? Não quer mais me beijar? – Ela falou com sua carinha de “o que eu fiz?”.

– Não, Rose, não é isso... Quer dizer... É, é sim. É exatamente isso! – Ai, a culpa! – Não é exatamente o que eu quis dizer... É que, bem...

– O.K. Edward! Pode parar por aí! O que você tem, heim? – Rosely desfez a carinha e entoou a voz, como se me acusasse de algo.

Respirei fundo para manter a calma, eu precisava fazer isso sem ferir ninguém. Ferir, não era este o meu propósito.

– O que eu tenho é decência, Rose, e honra. É isso que eu tenho!

– O que? De que diabos você está falando? Quer saber, esquece isso tá bom? – Ela falou e de novo enroscou seus braços em volta do meu pescoço, trazendo sua boca na minha.

Tentei impedir o beijo, mas ela não me deixou afastá-la desta vez. Eu tentei não tocá-la, mas Rose, em contrapartida, me tocava e me puxava para si com vontade. Prazer até existia, claro, Rose era maravilhosa, mas o influxo causado pela minha razão falava mais alto. Afastei seu corpo do meu de novo. Desta vez a deixei bem enraivecida.

– Ah, qual é Edward? O que você tem? – Ela vociferou passando a mão pelos seus cabelos. Seu batom havia borrado um pouco e ela estava ruborizada.

– Rosely, eu não posso mais ficar com você, é isso! – Falei de uma vez.

– O que? – Ela engasgou, incrédula.

– É isso Rose: não posso mais ficar com você. Não mesmo. Sinto muito...

– Sente muito?! – Ela se exaltou e sua voz ecoou pelo ginásio. r10; É isso: “sinto muito”? Edward!

– Rosely, por favor, me deixe terminar...

– E dizer o que? Que é por causa dela? – Ela bateu o pé no chão. r10; Edward seja claro! É a Isabella não é?

O que fazer então? Não queria magoar Rosely, mas eu não esconderia que amava Bella, até mesmo por que ela vai voltar aqui logo... Amanhã.

– Sim, Rosely. Eu amo Bella e...

– Ama? Edward escute o que diz! Você “AMA” a Bella? Eu...

– Sim, Rose. E por isso eu não acho justo ficar mais com você. Pense bem, olhe meu lado. Tente ver como se fosse você: como se sentiria se descobrisse que ama uma pessoa, estando com outra? Desculpe, eu não quis magoar você...

– Ah é? E o que mais? Não quis me fazer de besta?

– Eu não te fiz de besta. Não ponha palavras na minha boca...

– Não! Agora, deixa eu te esclarecer uma coisa, Edward: você não ama Bella, o que você sente é só afeição por ter a salvado daquele maldito afogamento! Sabe, às vezes eu penso que teria sido melhor que...

– Não termine o que vai dizer! – Impus-me, ficando de pé.

­ Mas é a verdade! Pensa o que de mim Edward? Que eu sou uma tonta sobre um salto? Não, eu não sou! Eu tenho notado você! Desde que saíram daquele maldito hospital, toda Forks só falava do “casalzinho do penhasco!”. A escola toda falava disso! Enquanto eu, eu me esquivava das pessoas que percebiam nossa proximidade, por que todos só sabiam enxergar: Bella e Edward, Bella e Edward! Eu era a amiga “fura-olho” nas vistas das outras pessoas. E cadê onde você se importou com isso? Não sei importou! Você só tinha olhos para a enferma que dormia no seu quarto! E sim, às vezes penso que teria sido melhor se ela houvesse se afogado! Ao menos assim, ela não roubaria seus olhos de mim!

Aguentei ouvir tudo aquilo calado. Cala frase exagerada e exaltada de Rosely tinham seu ponto de verdade, talvez, mas não deixava de ser muito drama. Permiti que ela chorasse dramaticamente durante um tempo e, quando pareceu que sua bomba estava controlada, recomecei:

– Sinto muito não ter... “Enxergado” seu sofrimento, Rosely. Desculpe. Mas se é assim, melhor que não esteja mais comigo. Eu não quero te ferir mais, então não me faça repetir meu motivo de estar terminando com você. Você é maravilhosa, e uma garota muito inteligente. E eu desejo que você fique bem, de verdade.

Ameacei dar um paço para longe, experimentando minha saída dali, mas Rose levantou os olhos e me fitou. Estava toda vermelha e seus olhos tinham a maquiagem borrada.

– Você não tinha o direito de me desprezar, Cullen. Mas agora, saída daqui! Vamos! – Ela gritou, ecoando por todo ginásio. r10; Sai Edward! Vai embora!

Sem demonstrar mais nenhuma emoção para não piorar as coisas, fiz o que ela mandou. Dei meia-volta e saí devagar. Não havia nada que eu pudesse falar mais!

A minha sorte foi que não havia mais ninguém no ginásio, caso contrário, eu estava perdido. Assim, sem olhar pra trás, saí daquele lugar apenas ouvindo os soluços de Rose que ecoavam. Andei depressa até o pátio externo e, para minha surpresa, me deparei com algo incrível:

Jenny estava montada nas costas de Emmet, enquanto ele corria com ela entre os carros no estacionamento. Estavam se divertindo à beça. Os outros caras, Jasper, Tyler, Mike e Eric, não paravam de rir sequer um momento em cima do jipe de Emmet.

– Ah! – A pequena Jenny gritava e gargalhava se divertindo.

Quando Emmet me viu, colocou-a no chão rapidamente e tentou disfarçar com a cara mais cínica de seriedade.

– Não fala pra ele, viu Jenny! – Ele fingiu que cochichava bem na minha frente.

– Pode deixar, Emmet! – Jenny entrou em seu joguinho. – E aí, Edward? Resolveu seu problema?

Como resistir ao jeito angelical daquela garota?

– Eu espero que tenha resolvido... Mas, enfim, vamos para casa? – A palavra casa saiu tão naturalmente que eu quase esqueci de que não ia para casa de Bella, mas sim para minha casa... Nossa casa agora.

– Por mim tudo bem! Vou pegar minha mochila então!

Ela saiu correndo.

– Você não vaio na lata-velha da Bels hoje? – Emmet perguntou. Eu vinha usando o carro de Bella enquanto ela estava de cama. É, minha moto veio em boa hora. – Eu levo você no eu humilde jipe então...

Nós dois olhamos ao mesmo tempo para o veículo, adornado por quarto caras que, vendo pelo estado vazio do estacionamento, iriam todos de carona com Emmet hoje.

– Hum... Não, obrigado. Não vai ser preciso! – Falei fazendo cara de nojo. Recebi uma cotovelada de mentira de Emmet por isso.

– Não cospe no prato Edward! – Ele advertiu. r10; Acontece que eu e o pessoal vamos até um lugar hoje, jogar beisebol! – O biruta do Emmet fingiu dar uma tacada no ar e acabou acertando meu estômago.

– AU!

– Desculpa, irmão, desculpa, foi mal mesmo aí! – Ele se redimiu.

– Eu ainda me vingo de você! – Praguejei. Emmet riu e parou instantaneamente quando viu meu rosto sério. r10; Tô brincando cara! Agora, sinta a humilhação…

Afastei-me dele e fui ao encontro de Jenny, que voltava já pronta. Peguei sua mão e, esperta, ela entendeu minha ideia logo de primeira:

Colocamos uma cara soberba e uma postura arrogante e caminhamos em direção à moto. Emmet e os outros nos seguiram com um olhar curioso. Quando Jenny e eu subimos na máquina, uns assobiaram enquanto outros ficaram embasbacados, como Emmet.

Dei a partida fingindo o maior jeito de playboy que eu conseguia. Todos começaram a rir.

– Isso é pra eles verem nossa categoria! – Jenny debochou de mentirinha em alto e bom tom, como só ela sabia fazer.

Mas não durou muito. Demos uma volta com a moto pelo estacionamento e paramos juntos dos rapazes de novo. Descemos e caímos na risada.

Estava sendo um dia perfeito, até que Rosely saiu do ginásio e deu de cara com nossa alegria. Ela estava péssima. Tanto que, só sua presença do lado de fora, fez todos no grupo pararem de rir de imediato. Até me assustei pensando que eles sabiam do acontecido, mas não, era simplesmente o efeito do olhar assassino que Rosely lançou em minha direção. (Sim, Rosely era uma garota poderosa, assustadoramente poderosa!).

Tentei me esquivar e parei de sorrir. Não queria que parecesse que eu debochava dela nem nada do tipo. Assim, ela caminhou até o estacionamento e entrou em seu carro ignorando todo mundo com seu pior ar de eu-não-gosto-de-nenhum-de-vocês.

– Uh... Quem é ela? – Jenny cochichou.

– A deusa Afrodite! – Emmet respondeu, babando por Rosely. E isto era outro ponto negativo de toda situação: justamente o meu melhor amigo era apaixonado pela garota que eu fiquei em segredo!

A cada instante me arrependo mais de ter cedido a Rose.

– Ela é a Rosely Hale. Tenho algumas aulas com ela... – Respondi a Jen.

– E pelo jeito, tem alguém aqui que é devoto de Afrodite, não é? – Ela sorriu, espertinha, para Emmet.

Todo mundo riu com Jenny, apenas eu não tinha cara para isso.

– Vamos, Jenny! Vamos até um lugar hoje, preciso apresentar você a alguém! – Apressei tentando tirar Rosely o mais depressa possível do foco.

– Tudo bem, irmãozão, estou pronta pra gente ir!

– Então, até mais, pessoal!

– EI! – Jasper interveio. r10; Vai jogar com a gente hoje! Vai ser divertido! Qualquer coisa aparece lá por casa e a gente leva você!

– Obrigado, Jass. Vou sim!

Jenny e eu subimos na moto de novo e, desta vez, com o capacete bem posto na cabeça.

– Segure-se Jen, vamos voar baixo!

Acelerei e realmente voamos baixo pela estrada de Forks. Tinha começado um chuvisco chato, mas isto não atrapalhou, apenas me fez diminuir um pouco a velocidade.

Eu não estava a fim de desfazer tão cedo velhos hábitos, ainda mais por que ver Bella era quase uma necessidade, assim, dirigi até a casa dela, em vez de ir direto para a minha. Sem falar que, hoje ao menos, eu tinha um bom motivo para ir até lá.

Continua...