Mistery Town escrita por IfiniteVitium


Capítulo 2
Capítulo 1 – Vai se foder, professor Pinklis.




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Estavam todos na aula de história, alguns prestavam atenção e outros apenas não. A maioria não gostava muito dessas aulas, porque estudar a mesma história do seu país tantas vezes seguidas chega a ser chato demais, até para alguns nerds.

Morgana, estava lendo, escondida, Hamlet no seu celular. Não era difícil de esconder o celular na aula do Professor Pinklis. Coloque um dos livros de história em pé, apoiado na cadeira a sua frente, em qualquer página aleatória, depois pegue outro livro e abra em uma página aleatória, coloque seu celular em cima deste e faça algo de útil.

Existem pessoas que vão além desta tática, como Rebecca e suas amigas. Katrina, Tiana e Crystal, as meninas mais bonitas da escola. Na verdade, elas são apenas garotas normais que sabem se vestir, mas não dá para falar o mesmo de Rebeca. Com seus cabelos pintados de pretos número 54, seus olhos verdes como pedras de jade, pele morena por causa do sol e... Ah, estava falando sobre usar celular, não era? Desculpe, meninas bonitas me deixam perdido, já não bastasse minha falta de atenção natural.

Bem, essas meninas abriram um espaço em seus livros de história, que caiba seus celulares e de para trocarem de página, assim sempre que o professor muda de capitulo.

“Vamos agora estudar blábláblá (não lembro os títulos dessa matéria) bláblá. ” Quando ele diz isso, com seus ouvidos de patricinhas bem treinadas, elas trocam de páginas enquanto ainda estão no instagram, we heart it, Snapchat, twitter... O.K. a lista é grande e eu não sou uma menina para saber tudo.

Enquanto existem os que usam de celular para passar o tempo, existem os do fundo, esses são os mais engraçados. Em todas as aulas, enquanto os professores passam matéria, eles andam de skate – já fizeram um concurso que durou até o fim da aula--, fumam qualquer tipo de droga que você queira imaginar, bebem sem parar e escutam música nos seus fones sem nem disfarçar. Os professores já estão tão acostumados com aquilo, que só os mandam sair para a enfermaria quando estiverem chapados demais.

Estou desmerecendo os que prestam atenção, certo. Existem os nerds a ponto de prestarem atenção nas aulas de sociologia, um deles é o Thomas. Chato pra cacete, até hoje não sei o que as meninas vêm nele. Qual é, ele não é tudo isso. Só tem o porte físico perfeito, rosto que parece ter sido esculpido por anjos, olhos azuis como o céu –dizem que muda de cor junto com o céu—e cabelos bem penteados. Ele não é grande coisa, e suas notas nem são as melhores da sala. Na lista dos melhores ele está atrás da Morgana, pelo menos era assim no trimestre passado.

Volto meu olhar para a lista e vejo que agora Morgana estava em terceiro, Thomas e Dylan(?) passaram ela. Se eu fosse amigo dela, teria dado um tapa na cara dela e perguntado que drogas ela anda usando. A menina é tão inteligente, pelo o pouco que vi, e o estranho é que de uns tempos andou parando de se importar com as aulas. Enfim, esse Dylan é um garoto que vai nas aulas quando bem quer, nunca o vi, mas já ouvi muito dele.

“Dylan? Ele era meu amigo no jardim, até que ele cortou meus dedos com os lápis de cor. “

“Ah... Ele era legal, até que seus pais se separaram. Desde então, ele é louco. “

“Ele é insano, sequestrou já metade da escola pra conseguir dinheiro. E... dizem que ele matou a própria família. “

“Dylan já foi preso mais de 10 vezes, sério! Tipo, ainda não entendo como ele pode ir pra escola, sabe? Tipo... Muito estranho a escola deixar a gente com um cara tipo... criminoso, sabe? “

Enfim... é o que eu escuto, pode ser mentira, já que nunca o vi.

O que eu faço durante as aulas entediantes, quer dizer, todas elas? Fico olhando a Rebecca, como biscoitos, faço origamis –o meu recorde em aula, foram 400--, desenho, presto atenção na conversa dos outros e... conto os minutos para acabar a aula, mas na maioria das vezes me perco enquanto conto.

“Já que todos parecem... “ O professor fez uma pausa olhando a sala que nem ligava para o que ele dizia, a não ser Thomas. “... tão interessados com a matéria, irei passar um trabalho em grupo. “ Quando ele terminou de falar aquilo, era como se tivesse acionado uma bomba.

Todos começaram a conversar com seus amigos, criando grupo e já decidindo o que cada um iria fazer e Pinklis nem tinha falado quantos estariam em cada grupo.

“ATENÇÃO! “ O velho homem se desespera tentando fazê-los se calarem. “PRESTEM ATENÇÃO! NÃO TERMINEI DE FALAR AINDA! “ O homem parecia estar prestes a desistir.

Foi quando a porta se abriu lentamente, de lá saiu um menino de cabelos pretos, tatuagens pelo corpo, roupa desleixada e uma jaqueta de couro. Diria que ele é o tal Dylan que eu nunca vi. Quando ele entrou todos calaram a boca, até mesmo os chapados que sempre estavam fazendo barulho. Pareciam até que prendiam a respiração.

O menino passou pela sala na frente da mesa do professor. Estava um silêncio tão grande que se estivéssemos em um filme de faroeste esse seria o momento de tocar aquela música e rolar uma bola de poeira. Podia jurar que isso havia acontecido, mas não confiaria muito em meus sentidos.

“É o Dylan! “ A menina que senta atrás de mim cochichou para ao seu lado.

Dylan, se sentou na única cadeira vazia. A primeira cadeira da fileira ao lado da janela, na frente de Morgana. A ruiva parecia ser a única que não se importou com a presença dele, continuou a ler em seu celular.

“Bem, como eu dizia... EU irei escolher os grupos! “ O professor finalmente conseguiu falar, e todos continuaram em silêncio por causa de Dylan, mas dava para ouvir um singelo “Ah... que merda! “ de todos, por não saberem se poderão ficar com seus amigos.

Ele foi escolhendo os grupos, e no final sobrou Eu, Morgana, Dylan, Thomas e... Ah... Rebecca.

A menina não parecia estar feliz com seu grupo, ela se levantou. Todos os outros alunos estavam satisfeitos com seus grupos, até mesmo suas fieis amigas não se importaram de estarem em um grupo sem a “líder”.

“Professor Pinklis. “ Ela se levantou e continuou em seu lugar, todos fizeram silêncio para ouvir o que ela tinha a dizer. “Não dá para o senhor me trocar de grupo? Por favorzinho! “ Ela com um sorriso no rosto, parece até treinar no espelho o que estava falando e como falar.

“Não. “ O professor respondeu, enquanto arrumava sua bolsa para a próxima aula.

O sinal tocou e eu estava amando aquele professor. Iria ficar no grupo com a Rebecca e ainda com dois nerds, isso iria ser muito fácil.

O homem estava indo embora e a menina parecia querer ir atrás dele, mas pela primeira vez, surgiu uma expressão de derrotada em seu rosto. Todos ficaram cochichando contra ela na sala, parecia que isso não acontecia sempre. Eu diria que nunca.

“Sabia que ela não iria conseguir, o Sr. Pinklis é o único professor que não tem peninha dela. “ A menina atrás de mim disse e se levantou para o intervalo.

“Verdade, deve ser por isso que está no sexto lugar na lista de estudantes. Ela consegue nota apenas falando com os professores e pedindo. “ A outra respondeu. “Como em ‘Patricinhas de Bervely Hills”.  As duas amigas saíram com seus livros para fora da sala, junto de todos os outros estudantes, menos os que estavam em meu grupo.

Rebecca ainda estava com a derrota estampada em sua face e ruiva achava graça da morena.

“Então, como vamos fazer esse trabalho? “ Thomas se virou em sua cadeira para todos nós.

“Pode ser na minha casa. “ Morgana respondeu, enquanto lia o livro. Ela parecia tão concentrada que nada a tirava daquela leitura.

“Depois da escola, então? “ Perguntei um pouco nervoso, nunca tinha falado com ninguém dali antes.

“Sim, Pig. “ Rebecca me respondeu com o mesmo sorriso que todos faziam quando me zoavam e mesmo assim, ela continuava linda.

“Quem é esse? Nunca vi. “ Dylan disse, me encarando e todos fizeram o mesmo.

“Verdade... “ Morgana bloqueou a tela do celular. “Qual seu nome? “ Ela perguntou e eu sentia que estava fazendo amigos, pela primeira vez.

“Meu nome é Francis. “ Respondi me encolhendo na cadeira, por todos estarem me olhando.

“Certo,... “Rebecca disse se levantando com seus livros em seus braços. “... eu vou para o recreio, e nem pensem em sentar junto comigo. “ Antes dela sair da sala pude ouvir ela dizendo algo como: “Vai se foder, Pinklis! Odeio fazer trabalho com fracassados”, mas ela não deve ter dito isso.

“Todos sabem onde eu moro? “ Morgana perguntou se levantando.

“Sei, todos já fomos em sua casa quando você dava aniversários. “ Thomas respondeu nostálgico. “Sua casa ainda me dá calafrios... “ Ele se levantou levando seus livros.

“Certo, também sei onde fica, mas e o rei da França? “ Dylan perguntou ainda sentado de forma desleixada em sua cadeira. Parecia ter feito algum trocadilho com meu nome, mas não entendi.

“Eu levo ele. “ Morgana disse indo embora da sala, sem nem perguntar se eu concordava.

Thomas foi logo depois.

“Bem... Acho que não vou poder fazer nenhuma merda hoje, se não fico em detenção e vou chegar atrasado para o trabalho. “ Dylan disse anotando, rapidamente, tudo o que estava no quadro, em seu bloco de notas. Depois, o guardou no bolso da jaqueta e se levantou.

“É verdade o que dizem sobre você? “ Perguntei, ainda encolhido em minha cadeira.

“Só é verdade o que está na minha ficha na delegacia. O resto, nem quero saber. “ O mais alto respondeu com um sorriso malicioso no semblante e depois virou sua atenção para a lista de melhores alunos, parecia chateado. “Puta que pariu, Morgana! “ Ele exclamou decepcionando, parecia que ele iria dar um tapa nela por mim.


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