Misunderstanding escrita por BiahMulinPotter


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Então, essa é a minha primeira fic sobre esse ship delicioso de Yuri on Ice. Demorei demais para escrever, mais por falta de tempo do que por falta de ideias. Ainda tenho muitas coisas para escrever sobre eles, sério. Coisas bem mais interessantes que essa one-shot ahahha mas acabei decidindo fazer essa primeiro!!
Eu realmente espero que gostem!! ^^
Boa leitura
PS: O nome da gata do Yuri é o mesmo da gata da Yulia Lipnitskaya.
Os apelidos usados (Beka, Yura...) foram tirados de algumas fanarts
Leiam as notas finais



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  Yuri estava exausto após mais um dia de treino. Suas pernas tremiam, e ainda podia sentir a terrível dor no quadril, resultado de uma estúpida queda. Mas nada daquilo o faria ficar de mau humor. Otabek estaria ali no rinque para buscá-lo logo. O jovem sorriu para si mesmo.

  Nos últimos meses, Yuri havia passado muito tempo falando com o amigo, seja via Skype, pelo celular, ou por mensagem. Contudo, aquela seria apenas a segunda vez que se viam desde a Final do Grand Prix.

  Olhou para sua imagem no espelho do banheiro. Já tinha perdido a conta de quantas vezes prendera e soltara os cabelos. Os dedos finos e ágeis mais uma vez puxaram as mechas para trás, fazendo uma trança simples.

  - Urgh! Pareço a droga de uma garotinha! – Disse em voz alta, batendo o pé. A aparência não o incomodava havia muito tempo. O que estava acontecendo com ele? – Merda, estou atrasado!

  Antes de sair, no entanto, encarou novamente seu reflexo. Respirou fundo e sorriu. Iria encontrar Otabek... Queria tanto vê-lo! Seu coração batia mais rápido do que julgava ser possível.

  Mas, ao sair pela porta da frente, não encontrou o moreno, apenas sua moto. “Talvez ele tenha cansado de me esperar e saído para dar uma volta”, pensou.

  O garoto não deu nem dez passos e avistou os inconfundíveis cabelos ruivos de sua colega, Mila. Aquela velha idiota estava se agarrando com alguém no meio da rua... Francamente! Naquele momento, porém, Yuri reconheceu o cara com quem ela se atracava.

  “Não... Não pode ser ele”, pensou. Mas não havia como estar enganado, mesmo não conseguindo enxergar o rosto direito, ou a maior parte do corpo, o russo conhecia muito bem aquele cabelo, os sapatos, até mesmo as luvas... Ficou ali, parado, encarando os dois. Era como se seu corpo tivesse virado pedra. Um nó ia se formando em sua garganta, não conseguia respirar.

  Quando Otabek finalmente se separou da patinadora, percebeu a presença de Yuri. Seus belos olhos esverdeados estavam arregalados e fixos nele. Foi nessa hora que o sangue pareceu voltar a fluir pelas veias do mais jovem, e ele fugiu. Correu tanto que quase deu com a cara no vidro da porta, antes que ela se abrisse. Não parou até entrar em um dos vestiários, torcendo para que estivesse vazio.

  Não deu sorte. Lá estavam Viktor e Yuuri, os dois conversavam animadamente e de mãos dadas. Quando o loiro entrou correndo, ambos o encararam.

  - Yurio... O que aconteceu? – O Katsudon perguntou. Seu rosto devia estar mesmo muito estranho, pois o japonês pareceu bastante preocupado.

  Yuri sempre soube esconder bem os sentimentos, afinal, detestava parecer fraco. Mas ali, naquele momento, simplesmente não conseguiu. Seu coração tinha se partido em mil pedaços. Deixou escapar uma maldita lágrima, depois outra, e mais uma...

  - Mas que merda! – Sussurrou antes de encostar na parede e deslizar até o chão, puxando seus joelhos e escondendo o rosto. Ele começou a chorar de verdade, como uma criancinha inútil.

  - Yurio! O que houve? – Pôde ouvir Yuuri se aproximar correndo, e logo sentiu um par de mãos afagando seus ombros. – Fale comigo... O que aconteceu?

  No entanto, tudo que o mais jovem podia fazer era soluçar e repetir: “Eu sou um idiota!”. Não conseguia parar de ver aqueles dois... Por mais que tentasse afastar as imagens de sua mente. Droga! Seu coração doía tanto! Estava se sentindo tão estúpido! Tão... ingênuo! Como pôde pensar que alguém gostaria dele?

   Ouviram uma batida na porta. Quando a tinham fechado?

  - Yura, você está aí? – Chamou a inconfundível voz de Otabek Altin. Yuri levantou a cabeça como se tivesse levado um choque, os olhos arregalados em desespero.

  - Sinto muito! Só estamos eu e o Yuuuuuri aqui! – Respondeu Viktor. Em qualquer outra ocasião, o loiro teria revirado os olhos pela forma como o outro disse o nome do noivo, mas, naquela hora, sentiu-se grato.

  - Oh... Não quis incomodar. – Ouviu os passos do moreno até estarem muito distantes, o pequeno, então, soltou um suspiro de alívio.

  - Yurio, tem certeza de que não quer nos contar o problema? – Viktor perguntou com as sobrancelhas franzidas.

  - Eu... prefiro não falar sobre isso. – Respondeu, já se preparando para sair. Sua voz estava estranhamente fraca e não levantava os olhos do chão. Abriu a maçaneta, mas, antes de ir, disse: - Obrigado.

  Yuuri e Viktor entreolharam-se preocupados. No entanto, o que podiam fazer? O mais jovem não queria a ajuda deles...

  (...)

  Mais tarde, já em casa, Yuri ouvia uma de suas playlists. Estava com um péssimo humor, tinha gritado com todos os empregados sem motivo algum. Lilia e Yakov haviam saído para jantar, o garoto quase mordeu os dois quando o chamaram. Nem mesmo Tepa, sua gata, conseguiu animá-lo.

  “Mas que merda de dia”, pensou enquanto se deitava abraçado a uma almofada. Mais lágrimas escaparam de seus olhos. Não devia ter se aproximado tanto de Otabek, aquilo tudo era sua culpa. Podia ter apenas dito “não” quando o moreno pediu para ser seu amigo. Quem precisava de amigos, afinal? Yuri sempre se saíra bem sem eles.

  Suspirou, derrotado. Sabia que nada daquilo era verdade... ele realmente ficara feliz ao ter alguém como Otabek. Mas fora um grande idiota ao se apaixonar por ele. Um garotinho estúpido... No entanto, até aquele dia, poderia jurar que era correspondido.

  - Grande imbecil...

  Ouviu uma batida e foi atender. Devia ser alguém trazendo seu jantar. Bem, ele estava faminto.

  (...)

  Otabek esteve perturbado o dia inteiro. Não conseguiu encontrar o jovem russo após o “incidente”, por isso tentou falar com ele de todas as formas possíveis: mandou milhares de mensagens, ligou centenas de vezes. Queria tanto explicar o que acontecera... Mas não houve resposta. Começava a ficar realmente preocupado com o loiro. Então decidiu ir à casa de Lilia Baranovskaya, era provável que pudesse achar Yuri lá.

  O moreno estivera naquela mansão uma vez, mas nunca se acostumaria com o tamanho daquele lugar, a bailarina gostava mesmo de viver em grande estilo. Uma funcionária atendeu logo que tocou a campainha. Ela o reconheceu, por isso deixou que subisse.

  Chegando à porta do quarto, respirou uma, duas vezes antes de bater. Agora que estava ali, não sabia exatamente o que devia dizer. Yuri não demorou a abrir.

  - Otabek? – Por um segundo, ele pareceu muito surpreso. Mas, em um piscar de olhos, sua expressão mudou totalmente. – O que está fazendo aqui? – Perguntou, gélido.

  - Eu estava preocupado, não atendeu minhas ligações.

  - Ah, é mesmo? – Respondeu o russo, os olhos implacáveis. – Não vi. Acho que tinha coisas mais importantes para fazer.

  Otabek não sabia o que fazer. Yuri nunca o tinha tratado daquela maneira, embora ele soubesse que o mais jovem não era uma pessoa muito agradável com os outros. Nunca o culpara, afinal, ele mesmo não era simpático e preferia ficar sozinho na maior parte do tempo. Mas era estranho ver o menor usando aquela máscara de arrogância e desinteresse com ele. Não gostou nada daquilo.

   O russo virou-se e caminhou até um pequeno sofá, no qual se deitou e ficou mexendo no celular, ignorando completamente a presença do mais velho. Esse permaneceu parado à porta, desconfortável, até decidir entrar. Sentou-se em uma poltrona, de frente ao outro.

  Observando o rosto de Yuri mais atentamente, Otabek percebeu que estivera chorando. Seus olhos estavam avermelhados e inchados.

  - Yura... – Suspirou, seu coração ficando apertado ao pensar que causara aquilo. – Precisamos conversar.

  - Hm... Estou meio ocupado agora. – Ele nem desviava os olhos do aparelho.

  - Sei que você viu aquele... beijo. – Lutou com a palavra. – Mas eu posso explicar, não é o qu...

  - Eu não me importo. – Yuri o cortou.

  - Yuri, por favor...

  - Não! – Gritou, levantando. A fachada de desinteresse indo por água abaixo, e o celular deslizando até cair no chão com um baque. – Você beija a porra da boca que você quiser! Eu não me importo! Não é como se eu fosse a sua namoradinha, ou algo assim...

  Yuri estava irritado, não, muito mais que isso: estava puto. Uma coisa era ter ficado triste e se sentindo um lixo ao ver Otabek beijar Mila, outra era o amigo jogar aquilo na sua cara. Ele sabia que tinha sido ridículo ao se apaixonar pelo outro, mas o que poderia fazer?

  - Não, Yura, você não está entendendo! Só... pode me escutar por dois minutos? Por favor? -  Otabek pediu. Seu rosto inexpressivo e calmo fazendo com que Yuri ficasse ainda mais bravo. Porém, alguma coisa nos olhos do amigo fez com que cedesse.

  - Um minuto. – Jogou-se no sofá com os braços cruzados.

  - Bem... Eu cheguei um pouco cedo para te buscar hoje. – O moreno pigarreou, não sabendo ao certo como começar. A verdade era que as palavras nunca vinham com facilidade a Otabek Altin. – Sua amiga estava lá, a ruiva. Acho que o nome dela é Mila, certo? – O jovem assentiu. – Ela me viu e veio me cumprimentar...

  - Ela fez um bom trabalho, não é mesmo?

  - Enfim, eu não sabia muito bem o que dizer... Você sabe que não sou de conversa fiada. Mas sua amiga parecia bastante entusiasmada, e achei que seria rude me afastar. Só sei que, no final, ela estava se declarando e eu não fazia ideia do que estava acontecendo.

  - E aí vocês se beijaram e foram felizes para sempre? – O loiro alfinetou, com um sorriso debochado.

  - Não... Yuri, você não entende. Ela me beijou e eu fiquei tão surpreso que não tive reação. Quando eu a afastei e te vi lá... Só queria correr atrás de você e explicar tudo. – Ele suspirou parecendo triste. – Mas você desapareceu...

  - Hm... – Yuri descruzou os braços e olhou para o chão. – Na verdade, não desapareci. Estava dentro do vestiário com Viktor e o Katsudon.

  - Oh. – Ele realmente ficou surpreso, e até um pouco... aliviado? – Bem, pelo menos eu não... você sabe, não interrompi nada.

  O russo soltou uma pequena risada. Era como se um grande peso fosse tirado de seus ombros, seu coração estava menos dolorido. Já não sentia tanta raiva.

  - E o que aconteceu depois? – Perguntou.

  - Depois eu encontrei a...

  - Mila

  - Isso, Mila. Disse a ela que ficava lisonjeado, mas que não era possível existir nada entre nós, já que estava apaixonado por outra pessoa.

  - É mesmo? – Yuri tentou provocá-lo, levantando as sobrancelhas. Mas acabou soando esperançoso. – E quem seria essa pessoa?

  Otabek sentou-se ao lado do russo no sofá, um dos cantos da boca levemente levantado. Yuri realmente amava aquele “quase sorriso”, uma expressão que só combinava com o moreno. A mão dele tocou a pele pálida de sua bochecha, causando-lhe arrepios, e deslizou até o queixo, segurando-o e puxando para perto.

  O beijo foi tão gentil e suave que Yuri quase não o sentiu. E acabou muito mais rápido do que gostaria.

  -  Acho que isso responde sua pergunta. – Otabek sussurrou.

  - Talvez. – O jovem ergueu uma sobrancelha. – Era para isso ser um beijo?

  O moreno pareceu confuso por um segundo, mas não teve tempo de responder. Yuri jogou os braços em seu pescoço. Tudo que Otabek pôde fazer antes que o russo o atacasse foi pensar em como seus belos olhos pareciam determinados... “Realmente, são olhos de um soldado”.

  O beijo do loiro era parecido com ele: implacável, efusivo e impaciente. Podia sentir a língua do russo experimentando cada centímetro de sua boca, ansiosa por mais. O moreno puxava o mais novo pela cintura enquanto correspondia.

   Yuri sentia-se pegando fogo, o coração estava acelerado e não tinha mais controle sobre o que fazia. Ele queria mais. Subiu no colo de Otabek. Podia sentir as mãos do moreno percorrendo seu corpo, iam da base de sua coluna até o alto de sua nuca, provocando-o. Aquilo era tão bom... Esperara tanto tempo para beijá-lo. Não queria que acabasse.

  Separaram-se apenas quando ambos estavam sem fôlego. Mas o russo não perdeu muito tempo, passou a torturar o pescoço do moreno.

  - Yura... – Otabek gemeu quando o loiro o mordeu com mais força. Aquele garoto tinha dentes afiados. – Vai com calma...

  - Hm... Calma não é bom – Murmurou de encontro a pele morena, fazendo o outro rir.

  - É sério. – Ele segurou os ombros do mais jovem e o afastou para que pudesse encará-lo. – Se continuar assim, não sei se vou conseguir me controlar.

  - Você é um estraga prazeres, Beka. – Yuri revirou os olhos e cruzou os braços, mas entendia que o mais velho estava certo. Ele mesmo já não sabia o que estava fazendo.

  - Muito maduro da sua parte... – Otabek respondeu, mas estava rindo.

  - Ok... Como você quiser. – O russo olhava para o chão, ainda parecendo contrariado. Mas levantou os olhos para perguntar: - O beijo foi bom o bastante?

  - O que quer dizer?

  - Bem, foi o suficiente para esquecer aquele outro que a Mila te deu? – Yuri franziu as sobrancelhas, preocupado com a resposta do outro.

  - Eu não sei de que beijo você está falando...

  - Boa resposta. – O menor relaxou e sorriu.

  Os dois passaram o resto da noite naquele quarto, conversando e, de tempos em tempos, trocando beijos. Aquilo durou até Otabek revelar que estava exausto, então deitaram na enorme cama de Yuri, abraçados e confortáveis, as pernas entrelaçadas, ambos sentindo-se quentes por dentro e por fora.

  Yuri não queria pensar. O que eles eram agora? Como manteriam um relacionamento à distância? Sequer teriam um relacionamento? O que fariam quando estivessem competindo? Eram perguntas que preferia evitar, pelo menos naquele momento. Tudo estava tão perfeito... Não deixaria que nada estragasse.

  - Você ficou muito bonito com o cabelo assim. – Otabek confessou enquanto brincava com os fios dourados que se soltaram.

  - Tanto faz... – Yuri respondeu, mas o que quis dizer foi: “Que bom que gostou, fiz para você esta manhã.

  Por mais que o mais velho estivesse cansado, não conseguiu dormir. Ficou horas observando o outro, acariciando seus cabelos. Às vezes Yuri fazia sons engraçados, como se estivesse ronronando. Estava feliz... Na verdade, muito mais que feliz.


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Notas finais do capítulo

Então??? Amaram??? Odiaram???
Eu peço desculpas pelos erros de português. Parece que, quanto mais tempo eu passo na engenharia, mais eu esqueço coisas sobre a minha língua hahahaha
Eu queria escrever algo relacionado ao que a Kubo afirmou sobre a Mila há algum tempo, espero que tenham gostado...
Beijinhos ;)