One Angel In My Life escrita por jaannykaulitz, IngridSalles


Capítulo 3
A Alameda dos Sonhos


Notas iniciais do capítulo

Depois de mil séculos sem postar, estamos aqui, eu Jaanny e Ingrid, pstando mais um capítulo pra vocês!
Agradeçemos a todos que mandaram Reviews do 1º capítulo.



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Eu caminho por esta rua vazia

Na avenida dos sonhos destruídos

Onde a cidade dorme

E eu sou o único, e eu ando só

 

Green Day - Boulevard Of Broken Dreams

[http://www.youtube.com/watch?v=5tK7-OuYfJc]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POW MARIE

 

 

 

Nunca me senti tão mal em minha vida. Estar fazendo aquilo com a minha família era horrível, mas eu  tinha que pensar um pouco em mim. Sei que o que eu estou fazendo é imperdoável e que vou demorar a reconquistar a confiança dos meus pais, isso se eu a reconquistar, mas agora é o meu momento. Tudo isso que estou fazendo é bem melhor do que daqui a alguns anos eu olhar pra trás e me arrepender de não ter feito nada. Bem, agora já não é mais hora de se lamentar, pois a decisão está tomada e meu ônibus acaba de chegar. Eu começo a caminhar pela alameda dos meus sonhos.

 

Não sabia dizer o que eu senti quando coloquei meus pés naquele ônibus. Era aquele ele que ia me levar ao grande sonho da minha vida. A viagem duraria cerca de 5 dias, mas eu agüentaria firmemente, como sempre. Foi horrível estar naquele ali sozinha, e ao mesmo tempo incrível ver o que as pessoas que estavam ali iam buscar. Elas também estavam percorrendo as alamedas dos seus sonhos, como eu. Todos são diferentes, sabe... o meu desejo é conhecer os meninos e me divertir. O  sonho daquelas pessoas parecia mais muito maior para o mundo do que o meu. Elas desejavam construir uma vida melhor. Muitos ali não tinham nenhuma instrução ou garantia de felicidade. Outros nem sabiam escrever o próprio nome direito, mas mesmo assim correram, sonharam, agarraram seus propósitos com força e vontade, para que eles se tornassem realidade! Alguns conseguiram, outros não...

 

Eu senti pena de muitos, mas admirava cada um que estava ali comigo por causa da garra e determinação que tinham.

 

Eu me arrisquei e deixei algumas coisas muito importantes para trás, mesmo que fossem só por alguns dias. Por alguns dias eu ia me sacrificar, decepcionar os meus pais, os meus professores, as pessoas que confiavam em mim. Só Deus sabe o quanto eu sofri por eles não me apoiarem, por não me ampararem nesse momento tão importante da minha vida, nesse passo que eu tanto quis dar. Eu amo meus estudos, amo muito minha família, amo minha terra, mas amo também esses meninos. Eles fazem parte de minha vida. Trouxeram mais ânimo para cada dia de pessimismo e tristeza da minha vidinha.

 

Já perdi as contas de quantas vezes ouvi meu pai chorar porque a pesca tinha sido ruim. Ele chorava escondido para que nós não sofrêssemos ou pensássemos que no outro dia não teríamos nada para comer. Sofremos com a fome quando ele vendia todos os seus peixes e era assaltado depois. Ficávamos chateados quando ele não conseguia o dinheiro da farinha porque vendeu tudo fiado e tínhamos que comer aquele peixe assado na brasa para não gastar o gás ou porque não tínhamos o óleo para fazê-lo frito. Depois de todas dessas dificuldades e chateações plantamos algumas coisas no quintal e melhoramos um pouco a nossa situação.

 

 

Fomos abençoados por termos uma casa própria e poder dormir em paz sem pensar no dinheiro do aluguel, mas choramos muito por morar ali. Quando a chuva vinha, a casa ficava com as paredes úmidas e meu pai ficava doente porque a rinite se manifestava de forma absurda. Sofremos com enchente, com frio demais, com calor demais. Com as gotículas que caiam do teto e não nos deixavam dormir durante muitas noites. Choramos juntos quando o IPTU de 5 anos não fora pago e tivemos o risco de perder o nosso lar.  A nossa vida foi e ainda é muito difícil, só Deus sabe como esses meninos me alegraram nesses momentos para que eu conseguisse ter forças para animar quem mora comigo. Não os comparo à divindade como uma idólatra, mas os comparo à felicidade que a divindade  me concedem.

 

Eu sou uma pessoa feliz, mesmo com todo sofrimento, agonia e solidão que já senti. Bem agora eu estou descendo do ônibus depois de 4 dias e 13 horas de viagem.

 

Como São Paulo é uma cidade bonita! Por Deus nunca vi tanto progresso junto num lugar só! Moraria aqui, se pudesse, independente de tudo. Agora eu preciso descobrir onde fica o Credicard Hall. Faltam três dias para o grande show da minha vida e eu não tenho onde ficar até lá. Bem, eu me arranjo, se Deus quiser. Pedi informações pra um monte de gente e finalmente, depois de duas horas ,eu cheguei em frente ao local do show. Na parede havia um cartaz anunciando o show deles, dos meus meninos. O Bill estava absolutamente perfeito na foto! Bem ele é perfeito de qualquer jeito...

 

Quando me viro, tomo um dos grandes sustos da minha vida. Um cara estava praticamente junto de mim. Somente cerca de dez passos nos separavam. Ele disse:

 

-Ei garota! Passa essa mochilinha que você está usando e todo o dinheiro que você tem. Agora! – Não é possível! Meu Pai Eterno, ele vai me assaltar, levar tudo o que eu tenho e com isso o sonho da minha vida vai se tornar um pesadelo! Deus me ajuda pelo amor do seu filho! Por favor me ajuda! Eu senti que estava recuando enquanto ele se aproximava mais de mim. Sinto a parede atrás de mim. Agora não havia como fugir! Era o meu fim!

 

-Ô moleque, deixa a garota em paz! – O assaltante se virou e eu pude ver um homem de mais ou menos trinta anos e uma mulher ao lado dele.

 

Havia sido ele que tinha dito aquelas palavras. Ai obrigado Senhor, por me enviar esse casal naquele momento! O homem partiu pra cima do assaltante e eu corri pra perto da mulher. Depois do homem dar quatro socos no assaltante, ele fugiu e eu me senti mais aliviada.

 

-Você está bem querida? Aquele moleque te fez algum mal? –Perguntou a mulher, que aparentava ter seus vinte e poucos anos.

 

-Eu estou bem sim. Obrigada por me ajudarem. – Disse eu.

 

- Esses carinhas ficam muito por ai, garota. Você tem que tomar cuidado. – Disse o rapaz massageando as mãos.

 

- Você quer que a gente te acompanhe até a sua casa? – Perguntou a mulher sorrindo abertamente.

 

- Bem, na verdade eu não sou daqui de São Paulo. – Eles me olharam estranhamente. – Eu sou de Maceió. Eu vim de lá pro show da banda alemã Tokio Hotel. Cheguei em São Paulo faz mais ou menos duas horas.

 

-Nossa que coragem menina. – Disse o rapaz.

 

-E você tem lugar pra ficar... qual o seu nome? É mais fácil. – Perguntou a mulher.

 

-Meu nome é Marie.

 

-O meu é Larissa e esse é o meu marido, Renan. Muito prazer.

 

-O prazer é meu. E respondendo a sua pergunta: eu não tenho lugar pra ficar, só tenho 150 reais no bolso, meu ingresso e a passagem de volta pra Maceió. Nada mais.

 

-Nossa que coragem você tem Marie. O que você acha de ficar em nossa casa até o dia do show? – Perguntou Larissa.

 

-Você tá falando serio? Serio mesmo? – Perguntei eu, eufórica.

 

-É claro que ela está menina. – Disse Renan.

 

-Claro Marie! E não precisa nos pagar em nada. Estamos fazendo isso de coração. Não podemos deixar você sozinha depois do que aconteceu.

 

-Obrigada! Muito Obrigada mesmo!

 

Depois disso seguimos para a casa deles, que não era muito longe do local do show. Eu fiquei meio que receosa, porque eu não os conhecia direito e eles podiam fazer algo contrai mm, mas o receio foi embora conforme o dia se passou. Os dois foram super legais e eu os agradeço muito. Eu passei dois dias na casa daqueles dois estranhos que me ajudaram sem pedir nada em troca por isso. Só Deus mesmo para colocá-los em minha vida num momento como esse.

 

Os dois dias em que eu fiquei com Larissa e Renan na casa deles, me diverti muito e esqueci um pouco dos problemas. Eu tentei ligar pros meus pais, mas ninguém atendeu em casa.

 

O tempo passou muito rápido e quando eu percebi, já era dia 18: o dia do show. Agradeci Renan e Larissa pelo abrigo na casa deles, que me levaram até o Credicard  Hall, por precaução. É graças a esses dois que eu não sei se vou rever, mas nunca vou esquecer, que estou aqui arrumada, cheirosa e com a barriga cheia, aguardando os rapazes entrarem em 15 minutos. Quero que tudo seja especial, que tudo valha a pena. E vai valer, eu sei.

 

Não esqueço do que já vivi, e não perco as esperanças das coisas bespeoas que ro viver. Fico aqui pensando nas coisas que eu passei na última semana, nos sacrifícios que eu fiz para estar aqui hoje aguardando ansiosamente a maior experiência da minha vida começar. Mas pensando bem, o que seria da vida sem os sacrifícios? O que seria da coragem se não houvesse o medo? O que seria da felicidade se não houvesse a tristeza? Eu digo o que seriam... seriam apenas nada. A vida não teria a mínima graça sem os riscos e sofrimentos.

 

E eu digo: não me arrependo de nenhum passo que dei até aqui pois agora estou feliz e arrepiada. Sabe por quê?

 

Porque as luzes se acenderam. Gustav está na bateria, Georg pega seu baixo e Tom sua guitarra. Por último entra ele: Absolutamente lindo, mais lindo do que todas as vezes que eu o vi na TV. Bill Kaulitz assume o vocal.

 

O Show começou e eu finalmente percorri a Alameda dos meus sonhos, sonhos estes que me trouxeram até eles.

 

 


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Notas finais do capítulo

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