O gato saiu da caixa escrita por Misaki


Capítulo 1
A descoberta


Notas iniciais do capítulo

Não consegui colocar todos os personagens na tag, mas quase todos estão presentes.



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Marinette estava salvando o dia, como sempre, com Chat Noir. Eles tinham uma ótima sintonia, era como se suas mentes estivessem ligadas, ao menos quando estavam trabalhando juntos.

Mas quando terminavam e salvavam a pobre pessoa do akuma de Hawkmoth, se criava uma barreira entre eles e suas mentes se distanciavam,  como um fio que se quebra, voltando a ser quem realmente eram. Ladybug virava Marinette, a garota atrapalhada, gentil e tímida, e Chat Noir virava Adrien, um garoto que vivia sob a máscara de bom menino.

Todos os dias Chat era o último a sair, ele sempre a olhava como se perguntasse se aquele seria o dia que se revelariam para o outro, mas ela sempre o respondia com um olhar frio e ia embora pulando de prédio em prédio.

Ele não entendia o medo que ela sentia da verdade, afinal, ele era confiante, sabia que o ele fora da máscara de Chat Noir era impressionante para todo mundo — pelo menos ao seu redor. Ele era modelo, filho de Gabriel Agreste, sabia esgrimir, falar chinês, tocar piano, era um bom aluno, um bom amigo. Todos os admiravam, até mesmo a filha do prefeito de Paris era apaixonada por ele. E como se não bastasse, ele ainda tinha poderes, era um super herói.

Ele esperava que ela tivesse confiança nele, confiança de que ele protegeria seu segredo. Mas Marinette não sentia isso, ela não usava sua identidade secreta para ser quem ela realmente era como ele, ela gostava de ser Marinette, uma garota normal que ajuda os pais em sua pâtissier, tem uma melhor amiga maluca e é apaixonada pelo colega de classe — Adrien.

Ela se sentia bem com sua própria vida, claro, podia ser melhor, mas era confortável e todo dia era um dia bom.

— Adivinha só? — Alya nunca a cumprimentava com "oi", ela sempre pulava para suas supostas descobertas sobre Ladybug. Mas dessa vez ela disse:— Nino nos chamou para ir ao boliche com ele e Adrien. Você finalmente vai poder ir a um encontro com Adrien!

Marinete, obviamente, surtou e fez suas bobagens típicas, como cair da escada, derrubar os livros, gaguejar, ficar vermelha, pular, abraçar Alya. Ela estava com um pressentimento bom, até mesmo Tikki disse "É um bom começo, Marinette! Ele finalmente vai ver que ótima garota você é!".

Ela se arrumou o máximo que pôde — já que suas roupas eram todas iguais mesmo —, até soltou as maria-chiquinhas e usou um laço vermelho com bolinhas pretas.

Alya chegara para buscá-la, estava animada como sempre, mas não surtando como Marinette.

— Fique calma ou ele vai se assustar! Vamos, finja que eu sou ele, me cumprimente!

— Hã…É…Errr…Hum…Eu não consigo!— choramingou, escondendo o rosto nas mãos.

— Marinette, você já disse tanta coisa embaraçosa para ele, como é que não se acostumou? Ele nem deve mais ligar. Você já chamou ele de "hot stuff", já disse que ninguém é mais incrível que ele, falou diversas vezes que ele é lindo e deu uma pirueta quando ele falou com você.

Isso só fez com que ela se sentisse pior e mais patética, quase desistiu de entrar no boliche, mas como poderia se perdoar se perdesse a chance única de provar que ela não era uma idiota que não consegue completar frases simples, queria mostrar a ele que ela era normal e mentalmente saudável, e que ele poderia gostar dela se prestasse atenção em seu atributos.

Respirou fundo, segurou o braço de Alya e entrou no salão. Ela não teve muito tempo para se preparar, pois os meninos estavam no balcão, pedindo seus números de sapato para trocarem. Nino piscou para Alya e cumprimentou Marinette com um soquinho de mão. Adrien sorriu de forma educada e acenou com a mão.

— O seu cabelo ficou ótimo assim, Marinette — elogiou Adrien, calmo.

Ele dizia aquilo, mas não parecia estar afetado. Não como ela.

— Hã…hum..é…era…ah…Você é lindo! Quer dizer, o quê? Hã…Obrigada!— balbuciou, ficando vermelha como um tomate.

Todos riram, mas não escarnecendo-a, mas se divertindo, pois ela era assim, estranha. Alya deu uma cotovelada nela, tentando aliviar a tensão. Marinette percebeu que sua amiga estava certa, Adrien não parecia ligar para o que ela falava. Aliás, ele não parecia prestar atenção em ninguém.

Ele estava feliz por estar ali, mas não era nada demais. Estava com amigos.

Adrien e Marinette ficaram no mesmo time, e é claro, ela quase morreu do coração todas as vezes que ele falou com ela, gritou quando ele fez strike, corou quando ele elogiou as jogadas dela — impecáveis —, quase enfartou quando suas mãos se tocaram ao escolherem suas bolas.

Eles formavam um bom time, venceram Alya e Nino de lavada e ganharam milk shakes como prêmio. Estavam radiantes e alegres, mas nada parecia diferente, não para ele.

Ela estava nas nuvens até mesmo quando mais tarde foi salvar o dia  com Chat Noir, ele percebeu, e comentou:

— Aconteceu alguma coisa boa hoje, My lady?

Ela geralmente teria dito alguma coisa para brincar de volta, mas estava tão boba alegre que disse a verdade.

— Ele é demais — suspirou.

Chat Noir enrijeceu e empalideceu.

— Você…gosta de alguém, My lady?

Ela não respondeu, mas seu vermelhão, sim. Ele franziu e todo seu ar brincalhão se foi. A garota que ele gostava estava afim de outro. Ele se perguntou quem era o tal garoto, quão melhor que ele era, o que ele fazia para ser especial.

Ele estava tão consternado que até fizera com que eles quase perdessem para Hawkmoth, ela até brigou com ele por isso, mas ele continuou em silêncio. Assim que terminaram, ele correu para um beco, magoado e exausto. Se transformou de volta e tentou se acalmar.

— Ahhh, que fome! Vamos embora, Adrien!— resmungou Plagg. — Eu quero camembert! CAMEMBERT!

Adrien estava tão alterado, tão irritado, que mandou Plagg calar a boca. Ele nem ao menos notou que sua lady o seguira, para tentar conversar, tentar entender aquele comportamento insólito dele. Ela teria se virado para não vê-lo se transformar, mas fora tudo tão rápido que ela não pôde evitar, e agora ela sabia, o garoto que ela amava, o garoto quieto que era deixado de lado pelo pai, era seu companheiro de luta, a pessoa que dava em cima dela o tempo todo e a fazia rir.

Ela havia tratado ele de forma comum, havia desviado de sua afeição, havia falado com ele sem gaguejar, interagido, eles até tinham seu próprio toque e tinham fotos juntos. E mesmo assim, ela nunca desconfiara, nunca vira a menor semelhança entre eles, entre o extrovertido Chat e Adrien, que nunca conseguia dizer não para as pessoas.

Apesar de estar feliz, ela estava com raiva, uma raiva que a consumia de dentro para fora, como se ela estivesse ficando podre. Ele a enganara, ele não era quem se fazia parecer na escola, ele não era realmente como ela achara, ele gostava dela como Ladybug, mas nunca prestara atenção nela como Marinette.

Aquilo era devastador e seu peito doía.

Quando chegou em casa, arrancou todas as fotos de Adrien de sua parede, tirou ele do plano de fundo do computador, apagou as fotos do celular. Ela queria ligar para Alya, mas não podia, Alya não deveria saber a identidade deles.

— Calma, Marinette — murmurou Tikki. — Certo, você não estava esperando, mas isso não é bom? Adrien gosta de você! Ele só tem olhos para você!

— Para mim?— ela riu de forma fria. — Veja como ele me trata todo dia na escola e como me trata como Ladybug, quem você acha que ele realmente gosta? Da heroína forte que salva o traseiro felino dele e Paris, ou a garota desajeitada que vive tropeçando? Se ele descobrir que eu sou a Ladybug, ele ficará decepcionado e nunca mais vai olhar para mim.

— Como pode ter certeza? Talvez ele aprenda a te amar como você realmente é!

— Tikki, não deve se aprender a amar alguém, é algo que acontece naturalmente, você não força.

Marinette passou a noite acordada, nutrindo raiva o bastante para chamar atenção de Hawkmoth, mas nada aconteceu. Ela continuou triste e sozinha.

Adrien também sentia raiva, raiva porque não se sentia o suficiente pela primeira vez na vida, ele se sentia um garoto comum que fora rejeitado. Ele só queria que ela entendesse que nunca no mundo, nem daqui um milhão de anos, haveria alguém vivo que a amasse como ele a amava. Por que ela não via isso? O que ele tinha que fazer para ela ver que ele faria de tudo para fazê-la feliz? Ela era a princesa da vida dele, ou melhor, a rainha.

No outro dia, ambos estavam péssimos. Alya notou a feição da amiga, os olhos inchados de chorar e olhar vago de quem estava deprimido. Ela pressionou, mas Marinette apenas disse:

— Ele é um mentiroso, ele…— Teve que parar de falar para não chorar na classe. Alya não entendeu.

Nino também não entendeu quando Adrien chegou atrasado, com olheiras e deitou em cima de sua mesa.

— O que foi, cara?

Adrien sentia dor no corpo todo, parecia doente, como se todo o seu corpo tivesse sido quebrado em partes, assim como seu coração. Ele queria afundar na mesa e morrer. Queria que um vilão o matasse.

— Ela não gosta de mim.

— Ela quem? E que garota não gosta de você?— Nino nunca vira uma garota não gostar de Adrien. Nem ao menos sabia que seu amigo gostava de alguém, quer dizer, sabia que ele nunca olhava para garota alguma e que estava sempre meio sonhador, mas não havia ligado os pontos.

— A única garota.

Ninguém pensou que pudesse haver alguma ligação entre a depressão dos dois colegas de classe, afinal, pelo o que todos sabiam, eles não conversavam muito.

— Chegou uma revista nova do Adrien, veja! Ele está vestido para o natal com suéteres horríveis! E olha só, tem uma entrevista dele! — Alya mostrou a revista para sua amiga, que não deu bola e escondeu a cabeça nos braços. — Ele diz aqui que é um grande fã da Ladybug!

Isso fez com que a cabeça de Marinette fervesse. Ela se levantou e deixou Alya falando sozinha, não queria descontar nela, mas não aguentava ela falando sobre Adrien e Ladybug.

Estava tão mal que nem ligou quando Chloe agarrou Adrien e o chamou de gatinho. Ela só queria distância dele. Não pôde deixar de olhá-lo, e quando ele a olhou de volta, ela mostrou desprezo e se afastou.

Adrien achou estranho, Marinette sempre agia de forma estranha, mas nunca hostil, até mesmo com Chloe ela parecia ser razoável, mas agora ela estava com nojo dele? O que ele fizera para ela?

Ele ficou com piolho atrás da orelha sobre isso. Talvez ela esteja brava em geral, não comigo, pensou. Mas a hipótese foi descartada quando ele a viu conversando normalmente com Nathaniel, o garoto que desenhava e gostava dela. Ele parecia preocupado com ela e ela o disse que estava tudo bem.

Ele pediu para desenhá-la e ela concordou, já que ele era um ótimo artista. Ele se sentou ao lado dela e o fez. Alya estava filmando o processo — ela sempre filmava tudo.

Adrien sentiu um pequeno desconforto. Ela estava brava com ele, e só com ele. Ela não estava toda desajeitada perto dele, ela não o cumprimentara — ou tentara —, ela não sorrira. Mas ali estava ela com Nathaniel.

— O que foi? Quer ver o desenho dele?— perguntou Nino, também observando a cena. — Eu com certeza quero, ela linda e ele desenha bem. Ei, Nathaniel! Deixe-me ver!

Nino foi até lá, se juntando ao grupo de pessoas, observando o desenho, ele parabenizou Nathaniel e se sentou ao lado de Alya. Adrien se sentiu patético sozinho ali, vendo tudo a distância. Decidiu se aproximar e agir como se tudo estivesse bem.

Ele chegou perto aos poucos, ninguém tinha notado até que Nino falou com ele. Todos olharam para ele, Nathaniel não gostava dele por saber que Marinette gostava dele, por isso revirou os olhos. Adrien não notou, estava concentrado na reação dela, que foi brusca. Ela virou o rosto e cruzou os braços.

— Marinette, poderia olhar para mim para que eu terminasse o desenho?

Mas como Adrien estava atrás de Nathaniel e ela teria que olhá-lo, ela disse:

— Podemos fazer isso outro dia? Estou cansada de ficar nessa posição…— Ela se levantou e correu para o banheiro.

Adrien sentiu uma pontada, a mesma que sentira  quando ouvira Ladybug falando sobre o garoto que gostava.

— O que aconteceu com ela?— perguntou para Alya.

— Eu não sei, ela está estranha hoje. Ela nem quis ler a revista favorita dela — resmungou, triste. — Tinha até uma entrevista sua!

— Eu não lembro de ter feito nada para ela…Eu fiz?

Nino e Alya se olharam, eles também não sabiam. Mas ambos sabiam que Marinette gostava dele. Eles não sabiam se tinha algo a ver.

Ele tentou falar com ela durante a aula, mas ela não o olhava. Tentou mandar bilhetes, mas ela não os lia. Esperou por ela fora da escola então. Estava chovendo, como na primeira vez que conversaram, quando ele contara a ela que nunca havia tido amigos ou frequentado a escola antes, quando ele a dera o guarda-chuva.

Ele estava com o mesmo guarda-chuva quando ela apareceu, mas ao contrário daquela vez, a chuva não a impediu, ela se molhou e continuou andando, como se nada mais importasse.

— Ei, Marinette — murmurou, quando ela passou por ele. Ele nunca ficara sem jeito ao falar com alguém antes, fora o seu pai, mas agora se sentia uma formiga. — Podemos conversar?

Ela parou onde estava e olhou para ele por cima do ombro.

— Eu não falo com fraudes — foi tudo que ela disse.

Ele congelou, e ficou ali por muito tempo, até ela desaparecer nas ruas de Paris, naquela chuva terrível. Ele só se mexeu quando Plagg disse:

— Não fique triste! Coma um camembert!

Ele nem prestou atenção quando os ataques do novo vilão começaram, Plagg tivera que avisá-lo. Ele se transformou e foi atrás dos rastros. Ladybug já estava em ação, lutando com o Homem-Rancor. Aparentemente ele se transformava na pessoa cuja qual você guardava rancor.

E estranhamente, o Homem-Rancor tinha a aparência de Adrien e lutava com a Ladybug. Ela tentava prendê-lo com seu ioiô, mas sempre que estava perto de tocar nele para tirar seu colar e destruir o akuma, sua mão tremia e ela o perdia.

Por que ela estava com raiva dele, ele não sabia. Era como se todas as pessoas estivessem com raiva dele no mundo, mas na verdade era só Marinette e ela.

— Qual o plano, Bugaboo?— perguntou a ela, girando seu bastão.

— Eu consigo lidar com ele sozinha, pode ir embora — respondeu, enquanto levava um murro do Homem-Rancor que vestia o rosto de Adrien.

— Nós somos uma equipe!— continuou, atirando seu bastão no vilão, fazendo com que ele desviasse sua atenção. O Homem-Rancor se virou para ele, e ao invés de se tornar outra pessoa, continuou como Adrien.

A pessoa que ele mais odiava naquele momento, era ele mesmo, o ele que havia perdido sua Ladybug para outro, o ele que havia magoado a Marintte. O ele que não prestava para nada, que no final das contas.

Ele estava distraído, não foi difícil para o Homem-Rancor dar uma surra nele e quase pegar seu Miraculous. Ladybug interviu, chutando para longe o vilão, ela olhou para o Chat Noir com desprezo, mas havia um pouco de preocupação escondida.

Ele se levantou e ajudou ela a cercar o vilão. Mas não adiantou muito, eles ficavam atordoados ao verem Adrien. Marinette não conseguia atacar, era como atacar o garoto que amava, mesmo que ele estivesse ao seu lado, mascarado.

Chat Noir vendo que ela não conseguiria, usou Catacliysm e cortou o colar do Homem-Rancor. Ela purificou o akuma e saiu correndo antes que ele pudesse falar.

No outro dia, na escola, o clima estava ruim ainda, pelo menos Marinette conseguia ao menos fingir que estava bem para Alya, mas não cumprimentou Adrien nem sorriu para ele.

Aquilo literalmente estava enlouquecendo-o, ele não entendia por que ela achava que ele era uma fraude. Ele teve que tomar uma atitude, uma bem idiota e irracional.

Ele entrou no banheiro feminino, onde ela foi para se esconder dele. As garotas que estavam dentro gritaram. Ele pediu gentilmente para que elas saíssem, elas o fizeram. Só sobrara Marinette, dentro de um compartimento.

Ele não sabia se ela não ouvira ele entrando ou se ela simplesmente não se importava, mas não fazia diferença, ele não sairia dali até ela falar com ele. O silêncio deixou aparente que ela estava chorando. Isso doeu mais nele do que ele imaginara que faria.

Adrien se aproximou da porta do compartimento e colocou a mão, delicadamente. Ele não sabia o que dizer, não sabia como curar aquelas feridas.

— Marinette — sussurrou.

Ela caiu da privada — onde estava sentada, abraçando os joelhos — de susto. Ela ouvira as garotas gritando mas não soubera por quê, agora entendia, Adrien estava no banheiro feminino. Ela assoou o nariz e disse:

— O que está fazendo aqui?

Ele sentira um alívio imenso ao ouvir a voz dela. Ele nunca havia reparado como a voz dela soava bem.

— Você…poderia abrir a porta?— ele quase gaguejara. Aquilo nunca acontecera antes.

Ela hesitou. Não queria vê-lo, não sabia quanto tempo sua muralha ia aguentar, ela havia se sustentado usando o ódio, mas quando o visse e sentisse de verdade que ele não gostava da Marinette, dela de verdade, ela iria quebrar.

Ela acabou abrindo a porta. Ele deu um passo para trás para que ela saísse. Ele notou os olhos azuis dela, olhos inchados, as bochechas molhadas, a franja. Ele já vira tudo aquilo antes, todos os dias, mas parecia novo, parecia diferente. E ao mesmo, ele conhecia como a palma da mão. Era o rosto que ele amava. Mais do que nunca agora.

Foi quando tudo fez sentido.

— Você…é a Ladybug…?

Ela não ficou surpresa, mas sim, irritada. Agora ele mudaria como agia, a trataria diferente, esperaria atos heróicos dela quando na verdade ela não era assim. Isso a magoou.

— Engraçado, não é? Você me vê todos os dias, me ignora todos os dias, me chama de colega, mas quando eu coloco a máscara, você me idolatra, me coloca no centro de tudo. Você não sabe quem eu sou de verdade, e se soubesse, não ia gostar.

Isso surtiu efeito, ele achou que fosse desmaiar, nunca doera tanto. Ele só queria sentar e morrer. Ela estava certa, ela estivera ali sempre e ele não prestara atenção porque ele queria a Ladybug, mas aquela era a Ladybug.

— E por que eu sou uma fraude?

— Você finge que é esse menino legal, humilde, que não tira vantagem de ser modelo e rico, que só quer ser amiguinho de todo mundo, que é quietinho e não sabe se defender, quando na verdade você é um metido, galinha, com péssimas piadas sobre gatos e com super poderes.

— Quando eu me transformo no Chat, sinto que posso ser eu mesmo, ninguém vai me julgar, meu pai não vai estar lá para ver, ninguém vai me cobrar atitudes de um garoto de ouro. Da mesma forma que você se sente livre sendo uma garota normal. Mas eu nunca quis enganar ninguém, eu só fiz o que esperavam de mim.

— Porque você tem medo. Mas não está certo, não só para mim, mas para você mesmo, viver sufocado numa mentira. Eu duvido que qualquer um vá te deixa de lado se agir como o você de verdade, na realidade, acho que vai até aumentar a sua popularidade.

Ele franziu. Ela estava brava com ele e mesmo assim estava dizendo coisas para o bem dele, estava ajudando-o a ser livre, estava dando-o coragem. Ela era, sim, corajosa, boa, heróica, mesmo como uma garota normal, e o que ele sentia não mudaria. Nem se ela mudasse de Ladybug para Cockroach.

— Você…hã…acha que se eu agir como realmente sou…vai gostar de mim?

— Quem? Aposto que Chloe vai desmaiar.

— Você, Marinette. Você vai gostar de mim?

Pela primeira vez depois de que descobrira quem ele realmente era, ela corou.

— Hã...hum..Veremos. — Ela sorriu.

Ele abriu a porta do banheiro.

— Você primeiro, My lady.

 

 

 


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