— Você! – revelei, seus olhos arregalaram e seu rosto esquentou.

— Verdade? – Perguntou Percy, parecia muito chocado.

— Pois é – Estava sem graça, não conseguia encarar ele, mas pelo canto do olho, pude notar que ele estava sorrindo, um sorriso de orelha a orelha. Não entendo o que está acontecendo comigo, antes dessa aproximação repentina eu nunca conseguiria revelar meus sentimentos, esse segredinho tão pessoal, mas eu me sinto tão segura com ele...

— Sabe, estive pensando, semana que vem pedi folga durante as tardes no mercado, para poder estudar... Pensei que você pudesse ir lá em casa para podermos estudar juntos? – Chamou, sei que não era um encontro, mas com os últimos acontecimentos e este convite meu subconsciente só conseguia transmitir AI CARAMBA, AI CARAMBA, AI CARAMBA, mas na tentativa de soar o mais natural possível apenas disse:

— Vou ver se minha mãe deixa, mas acho que sim, que posso - e sorri e de alguma forma consegui olhar novamente em seus olhos.

— Casal sensação, sei que nessa fase de início de namoro a gente fica um grude e tudo mais, mas estou tentando prestar atenção na aula, será que poderiam falar no mínimo mais baixo? – Pediu Piper, uma garota morena de cabelos longos lisos, magra só que baixinha, e que por algum motivo eu não sabia identificar a cor de seus olhos. Se não fosse por Percy, duvido que ela teria dirigido a palavra a mim, justamente que durante o ano todo ela nunca nem me cumprimentou.

— Nós não... – Comecei, mas como de costume fui interrompida por Percy.

— Desculpe Piper, iremos maneirar – e piscou para mim.

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Toda essa história com Percy me fez me sentir uma inútil, ele faz um trilhão de coisas, ele luta e sabe o que quer, e eu simplesmente fico em casa o dia inteiro, moscando. Sei o que quero de faculdade, o ramo que quero seguir, mas a convivência com ele me fez ter um choque de realidade, me fez notar que as coisas não iram cair do céu e que já passou da hora de eu correr atrás para conquistar meus objetivos.

Tenho 16 anos, tenho conhecimento de mundo que tive com os livros, preciso de experiências, preciso amadurecer. Vou apenas concluir a semana de provas e irei pesquisar tudo o que preciso saber para poder ingressar na faculdade e se necessário montar um planejamento de estudos. Mas como meta crucial, procurar e conseguir um emprego, minha família não pode me ajudar financeiramente.

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 Na manhã de quinta feira, acordo com uma mensagem de Percy:

— Annie vou chegar atrasado à aula, será que pode receber a Thalia? Ela é uma prima minha e conseguiu uma vaga na nossa sala. Como ela foi transferida agora, pede se ela já fez as provas e tudo mais? Qualquer coisa depois empresto meus cadernos a ela... – dizia a mensagem.

— Claro Percy, mas certeza que você vai hoje à aula? – Pedi para confirmar.

— Não perco de te ver nem nos meus sonhos – disse - Vou ir atrás dos cachorrinhos, até mais tarde!!

— Até - e mandei um emoji de beijinho.

Sorri e me encaminhei paro o colégio.

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A coordenadora bateu na porta, uma mulher loira e baixinha, parecia ser mais velha do que a idade que tinha, interrompendo o início de aula para apresentar a nova aluna. Por algum motivo, pensei que Thalia fosse parecida com Percy, mas nem no físico e muito menos no estilo. Parecia ser uma modelo, alta, magra, extremamente branca, cabelo preto e olhos azuis eletrizantes. E claro, as vestimentas, seu estilo parecia ser punk, mas estava tão bem vestida que poderia dizer que ela era uma patricinha que gosta de preto.

Ela parecia estar à procura de alguém na sala, provavelmente o Jackson. Mas quando seus olhos focaram em mim, ela sorriu.

— Turma esta e a senhorita Grace, Thalia Grace e irá estudar com vocês neste final de semestre e pelo o que me consta no próximo ano. – apresentou-a a coordenadora.

Seria o destino ou pura coincidência, mas o aluno que liberou vaga para Thalia sentava-se ao meu lado, o que significa que a aproximação que Percy pediu será mais fácil.

— Thalia, pode se sentar ao lado da senhorita Chase - encaminhou-a e eu levantei a minha mão para que ela soubesse quem era, mas sua expressão era como se ela já me conhecesse.

— Com licença professor - e desta forma a coordenadora se retirou.

E conforme o professor retomava a aula, tentei puxar assunto com ela.

— Olá, tudo bem? Meu nome é Annabeth, Percy pediu para mim te receber porque ele teve um contratempo hoje cedo - contei, estava insegura de falar com ela, ela não era o Jackson que com seu sorriso me tranqüilizava, na verdade ela parecia me analisar.

— Oie, sim e você? Percy me disse tudo sobre você, ele me mandou mensagem explicando e tudo mais, não se preocupe. Agora entendo porque ele está tão apaixonado, você é tão linda quanto ele fala – revelou e eu só consegui ficar parecendo um pimentão, o que ela disse seria verdade? – Espera você não sabia isso o que te contei? – Pediu e simplesmente neguei com a cabeça – Ah merda, por favor, não diga que revelei isso, Perceu iria me matar, eu achava que vocês já estavam namorando e tudo mais – e apoiou a cabeça nas mãos.

Eu não sabia o que dizer, parecia que uma bomba tinha explodido na minha cabeça, será que ela simplesmente não havia exagerado!? Apenas soltei um “tudo bem”.

Passados 5 minutos que havíamos voltado nossa atenção ao professor, o assunto do meu constrangimento entrou na sala. Estava com uma expressão cansada, contudo não deixou de sorrir quando seu olhar cruzou com o meu e uma parte de mim se derreteu. Sorriu ao ver Thalia e a cumprimentou com um Oi. E quando finalmente se sentou atrás de mim, com um hábito que ele diz que irá manter, me cutucou e ao olhar para trás, puxou meu rosto para que desse um beijo estralado em minha bochecha e eu apenas ri, ficando vermelha até meu último fio de cabelo, ainda mais com ele me olhando como se estivesse maravilhado com algo.

— Lindos – exclamou Thalia.

Seria possível eu ficar mais vermelha?

— Somos Cara de Pinheiro – disse Percy, rindo pelo apelido que disse a Thalia, esta que apenas mostrou a língua para nós.

— Jackson, por favor, sem tumultuar a aula – Pediu o professor.

Percy apenas concordou e ajeitou seu material para prestar atenção na aula.

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Estávamos na escada, que saia do saguão do colégio, cantinho meu e de Percy e agora também de Thalia, lanchando. 

— É que em uma de nossas viagens de infância, a gente foi acampar – Começou a contar Percy, rindo enquanto Thalia tentava tampar a sua boca.

— Jackson se você contar se considere morto! – Esbravejou Thalia, mas ela não parecia estar realmente brava, só constrangida.

— Então, por algum motivo eu, ela e o irmão dela começamos a fazer uma competição de subir em árvores – Continuou ele, tentando sair de perto de Thalia que insistia em dar lhe tapas – e a Thalia ganhou essa competição só que teve um problema, AI THALIA TA DOENDO – depois um tabefe que ela deu em seu braço, que assim que o fez, começou a rir – ENFIM, - tentou finalizar massageando o braço olhando de cara feia para ela – A THALIA não conseguiu descer, ela ficou PRESA no topo do pinheiro, por isso Cara de Pinheiro, porque ela morre de medo de altura e não conseguiu descer da árvore sozinha, tivemos que chamar os bombeiros e tudo – e todos nós desatamos a rir. Simplesmente não conseguia acreditar que isso pudesse ter acontecido.

— Nem é para tanto – comentou a Cara de Pinheiro, fingindo um desdém.

E das sombras alguém apareceu, ainda me pergunto de que lugar que ele pode ter vindo, porque me pegou totalmente desprevenida.

— AI DI ANGELO – exclamei, caindo para o lado, no caso em Percy, colocando a mão no coração, tentando me acalmar. Thalia por sua vez, sem grito ou som, seu susto resultou em algo como se impulsionasse o corpo para trás ao mesmo tempo em que tinha uma tremedeira. Porem Percy, parecia acostumado com as aparições repentinas, desta forma me ajudou a me levantar.

— Desculpe – Pediu Nico Di Ângelo, baixando a cabeça rindo baixo do nosso susto.

— O que te trás aqui? – Pediu Percy, ele parecia querer ser ríspido por conta de Nico ser do grupo de Luke ao mesmo que, achava que não deveria ter essa reação. Espera, pelo olhar consigo entender as atitudes de Percy? Ou será que estou lendo pensamentos?

— Então, como sei que vocês dois Annie e Percy já estão fazendo o trabalho de fim de semestre de história juntos, como meio que sobrei na turma, vim chamar a Thalia, ver se ela aceitaria ser incluída no meu trabalho, para ganhar nota e tals – disse, parecia com vergonha, entretanto sua atitude na minha concepção parecia ser tão legal, que apenas foquei em suas palavras – É que já me mudei algumas vezes de escola, sei como é complicado realizar os trabalhos, quando as duplas e grupos já foram formados, só queria ajudar – explicou, e nos olhou com expectativa esperando uma resposta.

— Caramba, que atitude legal – exclamou Thalia e sorriu. Essa frase dela foi o bastante para que os ombros tensionados de Di Ângelo relaxassem. Ela por sua vez, nos olhou de soslaio como se pedisse se era seguro concordar com aquilo, natural, ela não o conhecia. Eu apenas sorri em forma positiva para atitude, o Jackson que parecia estar em uma disputa épica em seus pensamentos por fim olhou para mim e para ela, e como Nico seus ombros relaxaram em rendição ao convite. – Por mim tudo bem, obrigada – Por fim disse Thalia.

— Tudo bem, depois a gente combina certinho – E desta vez se redirecionando a Percy – Jackson a gente pode conversar... Em particular? – Pediu.

— Está bem – Concordou e saíram.

— Os garotos estão com problemas, brigas, garotas? – Perguntou Thalia, preocupada.

— É por aí... – comecei – é uma longa história, mas acho que o Di Ângelo foi o primeiro a dar ao passo para que tudo se resolva, mas acho que se for para contar, o ideal seria o Percy, é algo pessoal dele – completei.

— Você gosta mesmo dele... – disse ela me analisando.

— Gosto – E pensativa, sorri. 

—--//---

Percy chegou ao último minuto que poderia entrar na sala após o recreio, seguido de Nico. Estes não pareciam bravos.

— Está tudo bem? – De costume, cochichei para Percy durante a aula.

— Sim, acho que voltamos a sermos amigos – contou.

— Ele veio pedir desculpas? – Pedi.

— Bem, ele não tinha do que pedir desculpas, sempre foi um cara legal, mas de qualquer forma pediu, por ter ficado ao lado de Luke, por ter confiado no que ele dizia, mas de acordo com ele, depois que sai, as atitudes de Luke pioraram e “exigiu” que Di Ângelo fizesse suas tarefas, como na minha experiência, ele considerou a gota d’água. Se você notar o Castellan está dormindo em todas as aulas – contou.

— Acha que os outros garotos vão tentar se reconciliar com contigo? – Perguntei.

— Nico havia me dito que eles estavam envergonhados, mas que acreditava que iriam vir falar comigo – comentei – Alias, ele disse que tentaria mudar para esse lado da sala e concordei dele sentar conosco no recreio, formar o nosso grupinho – e piscou.

E eu ri, era legal ter um grupo de amigos, ter alguém com quem contar, mesmo que fossem pessoas recentes entrando na minha vida.

— Gosto dessa nova fase de ter um grupo de amigos – sorri. Eu estava sorrindo muito ultimamente.

— Gosto dessa fase da minha vida, que tenho você presente nela – Disse, mas logo ficou vermelho, como se tivesse pensado em voz alta. E como de costume, meu rosto esquentou.

— Eu também – revelei ainda mais enrubescida. Ele também estava sorrindo muito mais nos últimos tempos, muito mais de quando observava ele de longe.

— Estou sentindo algo, não sei como explicar, só é uma sensação incrível, como se eu consegui-se sentir minha vida indo a algum lugar, como se eu acabasse de descobrir como ela boa, acho que devo isso a você Sabidinha – E seu sorriso aumentou, tanto quanto o meu ao ouvir aquilo.