Mais um dia de aula, dor e sofrimento, a questão era clara, eu preferia estar em casa, fazendo qualquer outra coisa. Não aguentava mais essa pressão da sociedade, para dar o meu máximo. Eu não considerava isso vida, porém via como oportunidade de sair daqui, de ver o mundo. E por trás de toda a minha fissura por estudos, lá estava ele, Percy Jackson, minha distração depois dos livros e séries.

Conheci ele esse ano, primeiro ano de colegial, todos eram novatos mas ele logo encontrou sua turminha. Garotos conseguem facilmente fazer amizades. E uma adolescência baseada em likes na rede social, Perceu, tão fotogênico quanto é, logo foi tachado de modinha. Não o considero galinha, mas sei que muitas garotas da sala crusham por ele, não as culpo, 1,75 de altura, magro e forte, cabelos escuros e olhos verdes, acharia estranho se não arrancasse surpiros. Mas não se engane, não é porque ele é meu crush que lambo por onde ele passa, sou racional de mais para isso, só gosto dele.

E assim o sinal bateu indicando o início das aulas naquela manhã, me acordando dos meus devaneios. O mais estranho é que ao isso acontecer, Percy que até o momento estava sentado do outro lado da sala se levantou bruscamente, parecia bravo dizendo alto e claro:

— Não vou fazer isso!

E o único lugar vago era atrás de mim, atrás da Annanerd, mas quando ele correu os olhos pela sala não pareceu se importar com este detalhe, talvez só quisesse sair de lá o mais rápido possível.

Não, ele nunca me zoou ou coisa  do tipo, só que a imagem de nerd e queridinha dos professores me fez acostumar a não ser notada. Mais uma vez perdida em meus pensamentos, quase não noto alguém me cutucando, mais precisamente ele, Perceu Jackson, me cutucando para que eu me virasse para trás. Eu nem havia percebido que ele havia se sentado atrás de mim.

— Annabeth será que pode me emprestar uma caneta? Deixei a minha com Luke e sinceramente não estou afim de pedir de volta no momento. – Pediu.

Apenas consenti e lhe entreguei a caneta.

— Obrigada – murmurou.

O professor estava passando o conteúdo no quadro para depois explicar, não o tinha visto entrando na sala, de qualquer forma fazia sentido a caneta emprestada.

— Annabeth? – Chamou Percy.

Espera, é a segunda vez que ele fala comigo em um dia, o que está acontecendo? Virei para trás em um gesto de estou ouvindo.

— Você não vai me perguntar nada ou só falar comigo? E que até agora foi a única que não me mandou bilhetinho para saber o que aconteceu... – Ele disse.

— É que achei que não tivéssemos intimidade para conversar, principalmente sobre um assunto particular. - comentei.

— Bem, acho que preciso de novas amizades - ele disse de forma convicta.

Virei-me para frente, o professor iria começar a explicar, o ignorando. Novas “amizades”.

E ele me cutucou novamente.

— Que foi? – Pedi rápido, o professor poderia se incomodar.

— A parte dos bilhetinhos era mentira. - revelou.

— Por que mentiu? – Pedi.

— Só queria puxar um assunto com você - Disse como se fosse óbvio, espera,  aquilo era um sorriso de canto?

Inevitavelmente eu sorri e ele também, um sorriso lindo, nem parecia que agora pouco ele estava bravo.

— Aliás, foi uma péssima desculpa para falar comigo. – comentei, com ar de humor e ele apenas continuou sorrindo, logo se virando para prestar atenção no professor.