Rua Lillgston escrita por SmileLove


Capítulo 5
Ei, Batatinhas!


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários! Amo vocês, mesmo ♡



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No segundo que passei pela porta do meu apartamento, achei que fosse desmaiar. A quantidade de água que saiu de lá era o suficiente para causar um tsunami na cidade. O gatinho estava em cima da mesa, deitado numa laranja como se fosse uma galinha chocando os ovos. Ele me olhou com os olhos cor de mel, e eu quis aparte - lo com todas as minhas forças! Mesmo que ele estivesse enchendo minhas frutas de pelo.

Passei o resto do dia tentando colocar  as coisas no lugar. Tirei meus sapatos e tudo que deu para fora, no corredor. Levantei a barra da calça e pus a mão na " água". Só consegui organizar tudo quando eram oito da noite, estava tão morta que me limitei a tomar o banho de gato - O gatinho ficou na porta me olhando e tentou entrar no chuveiro, por incrível que pareça - mais rápido de todos.

Cai na cama com todas as minhas forças, não passou nem um minuto e eu já estava no décimo nono sono. Em algum momento, senti uma bola de pelos cinza se aconchegar no meu travesseiro, perto do meu rosto.

Impossível não sorrir. Foi por esse e outros motivos, que eu decidi pega - lo para mim. Lógico que não sem antes perguntar a dona Azeléia se ele não era dela. - Apesar dela ter tantos gatos que provavelmente nem iria se lembrar-

Na manhã seguinte, passei as aulas com a cara afundada na carteira da faculdade, não consegui raciocinar e compreender qualquer coisa que saísse da boca dos meus professores. Parecia Mandarim.

Quando cheguei no Mystery ballosagna, fiquei atrás do balcão rezando para que a quantidade de clientes hoje fosse menor.
Três dias depois, eu estava morrendo. Literalmente. Era impossível cuidar do balcão e ajudar na cozinha ao mesmo tempo, fora que os outros funcionários - que eram só a garota daquele dia dos bolinhos e mais um moço, que eu também não sabia o nome -  sempre faltavam e eu tinha que cuidar de tudo sozinha.

Cozinhar não é o meu forte e está longe de ser, por isso consegui queimar umas cinco fornadas de bolinhos nos últimos três dias.
Para piorar a minha situação, O garoto Rock Star aparecia lá no mínimo duas vezes ao dia. Não que eu achasse isso algo ruim, muito pelo contrário, mas ele tinha o poder de aparecer nos momentos mais obscenos e constrangedores possíveis.

A primeira vez eu estava atrás do balcão, com uma forma de cupcakes verdes limão com recheio de....Bom, limão. - comi um escondido - Estava concentrada em acrescentar entrelinhas de beijinho em cima de cada um, com um coque desgrenhado e a roupa suja de açúcar e farinha quando ele passou pela porta.

Nem me dei ao trabalho de olhar, e então ele disse uma frase muito usada nos últimos dias:

— Ei, batatinhas!

Meu coração falhou uma pequena batida e eu ergui a cabeça para olha- lo. Nunca tinha parado para reparar específicamente e detalhadamente no seu rosto. A pela era exageradamente branca, assim como a minha. Os cabelos castanhos claros e olhos âmbar em baixo de cílios grandes de dar inveja em qualquer garota. Também tinha sardas em baixo dos olhos e no nariz, mas ao contrário de mim, nele ficavam bem melhor. Sai do transe, o respondendo:

— Ah...Oi! - lancei um sorriso atrapalhado. Hoje usava uma touca azul, e era incrível o fato de que ele ficava bonito de qualquer jeito. Dava raiva. Só percebi que o encarava a tempo demais, quando vi um semblante curioso se formar em seu rosto. Limpei a garganta. - Então....O que vai querer?

Me olhou mais atentamente. Percebi seus olhos estudarem o meu rosto e pararem nas bochechas. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios:

— Não sabia que era fã do Gasparzinho!

O olhei confusa, mas foquei na vitrine atrás do rapaz.

Que.....Merda!

Meu rosto estava completamente sujo de farinha de trigo! E ainda por cima havia uma camada pequena de glacê no meu queixo. Como não percebi aquilo?

Antes que pudesse responder, seus olhos saíram do meu rosto e varreram os cupcakes atrás do vidro. Não pude deixar de notar que ele franzia levemente a testa quando estava em dúvida.

— Hmmmm. ......- fez um pequeno e fofo biquinho, ainda encarando o vidro. Depois me olhou, sorridente - Vou querer o azul, por favor - Apontou para a touca - Sabe, combina.

Ri com o comentário. Me virei, pronta para pegar o cupcake, quando escorreguei no mini e inútil tapete azul de balão que ficava em frente ao balcão. Meu corpo foi ao encontro do chão gelado. Soltei um gritinho e, para piorar, a bandeija de cupcakes de limão caiu no chão comigo, causando um estrondo. Minhas costas doíam, o coração batia igual louco no peito e ainda tinha a maldita vergonha.

— Está tudo bem aí?- Sua voz era carregada de curiosidade, preocupação e uma pitada de diversão.

Soltei um grunhido, apertando os olhos. Tentei juntar forças do além para me levantar. Não adiantou, a vergonha era tanta que resolvi permanecer ali.

— Está sim. - respondi. Ouvi sua risada.

— Okay! Vou pegar o cupcake e deixar o dinheiro aqui em cima, tá bem?

Ele não me esperou responder. Mesmo no chão, vi suas mãos pegarem o Cupcake e deixarem o dinheiro em cima do balcão. Quando achei que ele já havia ido embora, ouvi o barulho de moedas e percebi que ele tinha deixado uma gorjeta do potinho de gorjetas. - Sim, eu criei um corpinho de gorjetas, sem-vergonha, eu sei. -

A segunda vez em que ele apareceu foi pior ainda, e eu percebi que além de ter o poder de aparecer nos momentos mais constrangedores, ele também tinha o poder de fazer eu me estatelar igual merda no chão.

Estava em cima de uma das mesas, tentado trocar uma lâmpada. Tinha ficado fula da vida! Minha obrigação não era trocar lâmpadas!
Meus olhos estavam focados e eu girava a lâmpada para coloca - lá no lugar, quando ele chegou:

— Ei, batatinhas!

Fui pega completamente de surpresa. E assim como dá outra vez, no segundo seguinte eu estava espatifada no chão. A lâmpada foi junto, se quebrando em cima da mesa e fazendo cacos caírem no meu cabelo. Dessa vez a gargalhada dele foi muito mais alta, e logo depois ele estava me ajudado a levantar, preocupado. Seus dedos foram de encontro ao meu cabelo, tirando os cacos de lá. Depois de eu agradecer, ele só sorriu e subiu no palco, pronto para cantar.

Não posso negar o quanto seu gosto músical é bom! A música que começou era Flores, do Titãs.

Voltei para trás do balcão, cantarolando a música com o meu sorriso nada discreto e me obrigando a ir aos fundos, pronta para pegar uma vassoura e arrumar a bagunça.


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Notas finais do capítulo

Bye bye.....♡♡♡♡ talvez poste o outro hoje, porque esse é pequeno!



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