Família escrita por Ariel F H


Capítulo 1
Família


Notas iniciais do capítulo

oi ♥
então, eu tava pensando sobre o Nico ser apaixonado por história e fazer esse curso em alguma faculdade e essa fanfic nasceu asdpofasdfas

Espero que gostem ♥ deixem suas opiniões nos comentários e me desculpem qualquer erro ♥

Paz, amor e empatia



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— Por que você está lendo tanto sobre guerras ultimamente?

— Eu gosto de saber sobre história.

— Você está ficando meio obcecado.

Nico não respondeu, apenas manteve-se concentrado na leitura. Talvez Will tivesse razão, afinal. Gostava mesmo de saber sobre o passado, principalmente o período entre os anos 30 e 50.

— Você não precisa ficar aqui, Will. Se não quiser.

Nico estava sentado na grama, com as costas apoiadas no tronco de uma árvore e um grande livro sobre a Guerra Fria em seu colo. No momento, estava focado em saber mais sobre como o homem foi para a lua. Era interessante, aquela coisa toda. Tantos testes, tantas falhas até conseguirem finalmente.

— Eu gosto de ficar aqui com você. — Will disse, sentando-se ao seu lado. — Além do mais, não tenho nada para fazer na enfermaria no momento.

Will apoiou a cabeça no ombro de Nico. Era um gesto normal, inocente, mas fez com que Nico se lembrasse da noite anterior. Ele sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas decidiu ignorar aquilo e se concentrou em grifar uma parte do texto que achou especialmente interessante.

— Sobre o que está lendo?

— Guerra Fria.

— Hum. Rússia e Estados Unidos, certo? Eu lembro de ver isso na escola. Eu acho.

— Homem na lua e etc.

Estava meio que acostumado a ter essas conversas enquanto lia. Will não era muito de ficar calado, e não gostava muito do silêncio.

Nico esticou as pernas, o que Will interpretou como um convite para que se deitasse e apoiasse a cabeça em suas coxas.

Alguma coisa dentro de si dizia que algo não estava muito certo. Will costumava sempre lhe dar um beijo, nem que fosse na bochecha, toda vez que o via. Nico fingia que aquilo não era nada demais, mas a verdade é que aquela era apenas uma das coisas que amava cada dia mais. Ergueu o livro para ver o rosto do namorado. Will tinha os olhos fechados, parecia pensar em algo. Voltando a atenção para o que estava lendo, pensou se não deveria dizer alguma coisa.

Na noite passada, Will finalmente disse algo sobre Nico estar “se esquivando cada vez mais”. Era a realidade. Não gostava de admitir aquilo, mas era. Quando começaram a namorar, Nico era quase uma ameba quando se tratava de relações humanas. Com o tempo, melhorou nessa questão. E estava indo tudo muito bem, obrigado. Mas Nico não era Nico sem suas paranoias, aparentemente.

O aniversário de sua mãe veio e passou e Nico não comentou nada com ninguém. Ela estava morta, afinal, não havia sentido em dizer qualquer coisa. Sequer sabia como ainda tinha aquela data em mente. O problema é que tal ocasião fez com que pensasse mais do que o normal sobre família.

Talvez Nico não falasse nada em voz alta porque ele sabia que poderia soar como um idiota, mas a questão é que seu maior medo sempre foi rejeição. De alguma forma, ele precisava viver com o fantasma de sua mãe o assombrando. Aquilo criava uma “possível rejeição” que mesmo sendo hipotética o assustava de formas inimagináveis.

Em um universo paralelo, Maria di Angelo estaria viva. Viva o suficiente para saber que seu filho está namorando outro garoto, e como Nico poderia viver sem saber o que ela teria a falar sobre isso?

Parte dele sabia que Maria ficaria muito bem com a situação toda, mas outra parte — e essa parte o dominava — sentia que não, não estaria nada bem. Porque, afinal, estariam nos anos 30. E anos 30 não era século 21. Muitas coisas mudaram.

A família de Nico se resumia à Hazel, Will, Jason e Reyna. Era as pessoas mais próximas à ele. Aprendera que família não tem muita coisa a ver com sangue, mas sim com sentimento.

Jason não teve problemas em aceitar Nico como ele é. Foi a primeira pessoa que soube, e isso trouxe uma luz para o garoto. Mas com Hazel foi diferente.

Hazel foi a única pessoa que Nico chamou para conversar e disse com todas as palavras o que precisava dizer. Sabia que ela era uma boa pessoa. Mas, merda, ela também não veio do século 21. Ela foi criada de outra forma. Ela não tinha culpa de precisar pedir um tempo para pensar sobre aquilo tudo. Essa história, esse pedido, assustou tanto Nico e ele teve tanto medo de perder mais uma irmã.

Mas tudo ocorreu bem. No dia seguinte, Hazel abraçou o irmão e disse que o amava. Sempre.

Com Reyna nunca houve realmente uma conversa, mas Nico sabia que ela sempre soube, e estava tudo bem. Na verdade, os dois não eram muito de falar de sentimentos pessoais. Eram parecidos demais nesse sentido, e talvez fosse o que os aproximaram tanto.

A outra parte da família, a parte morte, era basicamente Maria e Bianca.

Conhecia muito bem as duas, elas eram pessoas incríveis, mas como confirmar qual a reação que teriam?

Era por isso que, toda vez que Will o tocava, Nico sentia que estava decepcionando alguém. Era tão doloroso, porque ele realmente queria ficar perto de Will cada minuto do seu tempo, mas havia pequenas vozes que pareciam plantar a semente da discórdia em sua mente.

Sentia—se não apenas um péssimo namorado, mas uma péssima pessoa, porque sinceramente não conseguia lembrar da última vez em que Will o beijou e Nico não teve um surto interno e afastou—se. Ou quando foi a última vez em que os dois estiveram sozinhos em algum lugar e Nico não precisou contar até três para não chorar.

E se a sua mãe estivesse viva para poder dizer alguma coisa? E se ela realmente não aceitasse nada daquilo?

Nico não notou que estava chorando até que uma gota de uma lágrima molhou a página do livro.

 

 

*~*~*~**

 

 

— Nós já estamos chegando.

Nico e Will caminhavam devagar pela calçada. O sol estava quase se pondo.

Will havia convencido Nico de que viajar de ônibus era dez vezes melhor do que viajar pelas sombras, porém também era muito mais demorado e contava com uma pequena caminhada no pacote.

— Hum... Eu preciso avisar que minha mãe não é muito convencional.

Nico olhou para Will.

— Como assim?

— Ela é meio... Hippie.

Nico sorriu.

— Você não falou muito sobre ela.

E era verdade. Sabia pouca coisa sobre Naomi Solace. A viagem era com o propósito de que Nico a conhecesse e de que Will a visse depois de meses, mas mesmo assim os dois pareceram evitar falar sobre ela. Era um assunto delicado.

— Eu nasci quando ela era muito jovem. — explicou Will. — Acho que nunca esteve nos planos dela. — suspirou, pensando. — Eu amo a minha mãe e sei que ela me ama, mas também sei que ela odeia ser mãe.

Nico segurou a mão do namorado.

— Will...

Ele não olhou para Nico, mas apertou sua mão.

— É verdade. Eu sempre senti como se ela fosse uma irmã mais velha meio irresponsável. A gente tem uma relação meio estranha. — olhou para Nico, que o observava com atenção. — Por isso eu decidi ficar no acampamento. Meio que é um fardo pra ela ter essa responsabilidade de ter um filho, por mais que ela tente... Não dá muito certo. Minha mão tinha quinze anos quando engravidou. Era uma criança. E a família dela nunca ajudou em muita coisa. Eu não estou reclamando nem nada, ela fez o melhor que pôde, meio que não era pra ser...

Caminharam em silêncio, de mãos dadas, até chegar em uma pequena casa com as paredes pintadas em um tom amarelo dourado. Quando notou, Nico estava em frente à porta e Will parecia hesitante em tocar a campainha.

— Está nervoso? — perguntou.

— Faz... Quase um ano.

— Tenho certeza que ela vai amar te ver.

Will sorriu.

— E você?

— Eu o que?

— Parece nervoso.

— É a sua mãe. Eu estou surtando.

Will sorriu mais ainda e beijou a testa de Nico.

— Você é uma gracinha.

Nico fez uma careta.

— Não sou não.

— Ah, certo, você é o Rei Fantasma, a própria escuridão, a morte em pessoa, a encarnação do ma...

— Will, pare de...

Antes que pudesse terminar de falar, a porta se abriu e uma mulher apareceu. Nico soltou a mão de Will por impulso.

Ela não parecia ter mais do que trinta anos. O cabelo longo, louro e cacheado, os olhos azuis vibrantes e a pele bronzeada fizeram Nico logo deduzir que aquela era Naomi.

Quando Will disse que ela era hippie, Nico formou uma imagem parecida com a realidade.

A mulher usava uma saia longa florida e uma blusa branca manchada de tinta verde. No pescoço, um grande colar com pingente de estrela. Ela deu um grande sorriso assim que seus olhos encontraram o filho.

— Willian! Eu pensei ter ouvido sua voz. Sabia que não estava ficando louca.

Nico assistiu à um abraço demorado enquanto Naomi dizia como Will tinha crescido.

— Oi, mãe. Desculpe não avisar antes...

— Ah, meu querido, sabe que não precisa. É sempre bem vindo aqui. Eu estava ficando preocupada. Quando disse que ficaria no acampamento eu não sabia que era por tanto tempo, seu danadinho.

Naomi soltou Will e olhou para Nico.

— E quem é essa coisinha pequenininha aqui?

Antes mesmo que Nico pudesse ficar tenso, ou mesmo levemente envergonhado por aquela pergunta, Will respondeu:

— O nome dele é Nico. É meu namorado, mãe.

Naomi olhou para Will, e então para Nico, e abriu os braços para Nico. Segundos depois o filho de Hades estava sendo esmagado pelos braços de Naomi em um longo abraço. Will estava rindo.

— Bem vindo a família! — ela disse.

Nico não estava acostumado com abraços, exceto os de Will (e talvez de Jason) mas não sentiu incomodado em abraça-la.

O principal motivo para os dois semideuses estarem ali era porque Nico finalmente contou tudo o que sentia em relação a Maria di Angelo. Will queria lhe mostrar uma mãe que o aceitasse. Mesmo que ela não fosse nada convencional.

Naomi girou os calcanhares e entrou para dentro de casa, chamando os dois para comerem alguma espécie de biscoito vegano que tinha acabado de assar.

— E para você, Nico, vou preparar alguns legumes. Está tão magro!

Nico sorriu quando sentiu Will segurar sua mão e o guiar para a cozinha.

Ele realmente tinha uma família. E melhor, sabia que essa família o aceitava.


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